domingo, 11 de maio de 2025

Analisando Discografias - George Harrison: Parte 2

                 

All Things Must Pass – George Harrison





















NOTA: 10/10


Entra o ano de 1970, e George Harrison nos presenteia com o maravilhoso álbum triplo All Things Must Pass. Após o Electronic Sound, durante a fase final dos Beatles, George se aproximou espiritualmente da filosofia hindu e musicalmente de artistas como Bob Dylan, Eric Clapton, Delaney & Bonnie e Billy Preston. O ambiente tumultuado das sessões do Let It Be e Abbey Road o empurrou ainda mais para a vontade de seguir por conta própria. Com isso, ele decidiu restaurar suas composições mais antigas e fazer algo totalmente pessoal. A produção foi conduzida por ele junto com Phil Spector e contou com músicos conhecidos, alguns já citados. A sonoridade era basicamente aquele Pop Rock tradicional, com misturas do Folk Rock e toques mais psicodélicos e do Blues. Resultando em um repertório sensacional que, apesar de extenso, apresenta apenas canções arrasadoras. Enfim, é um disco maravilhoso, uma verdadeira obra-prima. 

Melhores Faixas: My Sweet Lord, What Is Life, Hear Me Lord, Isn't It A Pity (Version One), I Dig Love, All Things Must Pass, Run Of The Mill 
Vale a Pena Ouvir: Apple Scruffs, What Is Life, Wah-Wah, I Remember Jeep

Living In The Material World – George Harrison





















NOTA: 8,8/10


E aí se passaram três anos até que ele retornasse lançando seu 4º álbum, o Living in the Material World. Após o All Things Must Pass e o sucesso do aclamado Concerto para Bangladesh, George Harrison alcançou um patamar de prestígio, mas se sentia sobrecarregado pelas exigências do mundo material, incluindo questões legais envolvendo a Apple, as finanças do concerto beneficente e os crescentes holofotes sobre sua imagem de “guru do rock”. A produção foi feita inteiramente por ele mesmo, que buscou um som mais limpo, direto e menos bombástico. A formação incluía nomes renomados: Nicky Hopkins (piano), Jim Keltner (bateria), Klaus Voormann (baixo), Gary Wright (teclados), Ringo Starr (bateria), além de um refinado quarteto de cordas e sopros, que contribuíram com uma sonoridade suave e sofisticada. O repertório é muito bom, com canções belíssimas e outras mais envolventes. No geral, é um ótimo disco, com bastante profundidade. 

Melhores Faixas: Give Me Love (Give Me Peace On Earth), Be Here Now, The Light That Has Lighted The World, That Is All 
Vale a Pena Ouvir: Sue Me, Sue You Blues, Living In The Material World

Dark Horse – George Harrison





















NOTA: 8/10


No final do ano de 1974, saiu o 5º álbum do George Harrison, intitulado Dark Horse. Após o Living in the Material World, Harrison fundou a Dark Horse Records, gravadora criada com o intuito de lançar álbuns de amigos como Ravi Shankar e Billy Preston. Só que ele passava pela separação com Pattie Boyd, que começou a se relacionar com Eric Clapton, e depois ele próprio se envolveu com Maureen Starkey, ex-esposa do Ringo (síndrome de Mauro Icardi, antes do argentino nascer). O cantor também desenvolvia uma afonia crônica, resultado de estresse, excesso de trabalho e abuso vocal, o que se tornaria um problema. A produção foi conduzida pelo próprio George Harrison, de forma mais fragmentada e apressada. A sonoridade alterna entre Funk Rock, R&B, Folk e até ragas indianas, mas mantém uma certa consistência. O repertório é bem interessante, com canções legais e um toque imersivo. Enfim, é um disco bom e que é muito injustiçado. 

Melhores Faixas: Dark Horse, Far East Man, So Sad 
Vale a Pena Ouvir: Bye Bye, Love, Simply Shady

Extra Texture (Read All About It) – George Harrison





















NOTA: 9/10


Mais um ano se passou, e foi lançado mais um disco do cantor: Extra Texture (Read All About It). Após o Dark Horse, ele passou por um período de reflexão sobre o próprio papel como artista, músico espiritual e figura pública. Essa incerteza e introspecção ressoam bastante neste projeto, que segue por um caminho em que suas letras são desprovidas de qualquer mensagem espiritual óbvia. A produção, como sempre, foi conduzida pelo próprio George Harrison, que adotou uma sonoridade mais polida. O álbum mantém elementos do Pop Rock, mas se aproxima da Soul music, com traços de Rhythm & Blues e Funk, refletindo sua inclinação pela música negra americana. Tudo soa bem coeso e com um lado melódico interessante, lembrando o que viria a ser a Disco music. O repertório é maravilhoso, com canções envolventes e ótimas baladas. No geral, é um belo disco e que vale muito a pena ser apreciado. 

Melhores Faixas: Can't Stop Thinking About You, You, Tired Of Midnight Blue, His Name Is Legs (Ladies & Gentlemen) 
Vale a Pena Ouvir: A Bit More Of You, The Answer's At The End

Thirty Three & 1/3 – George Harrison





















NOTA: 7,1/10


No ano seguinte, foi lançado mais um trabalho de George Harrison, o Thirty Three & 1/3. Após o Extra Texture (Read All About It), ele encerrou seu vínculo com a Apple Records e iniciou uma nova fase em sua vida e carreira, decidindo lançar esse trabalho por meio de sua própria gravadora, a Dark Horse. Porém, a transição não foi fácil, pois Harrison enfrentou acusações de plágio e, além disso, contraiu hepatite viral, o que o deixou debilitado por semanas. Por outro lado, iniciou um novo relacionamento com Olivia Arias, com quem se casaria em 1978. A produção foi feita por ele junto com Tom Scott, mantendo uma base rockeira, mas incorporando elementos de R&B, Soul, Jazz Fusion e um Funk leve, com arranjos refinados, embora muitos deles soem bastante semelhantes. O repertório é bem legal, com canções interessantes e envolventes, embora algumas sejam um pouco mais fracas. No fim, é um bom disco, com sua devida coesão. 

Melhores Faixas: Woman Don't You Cry For Me, It's What You Value, Crackerbox Palace, Beautiful Girl 
Piores Faixas: See Yourself, Learning How To Love You, Pure Smokey

George Harrison – George Harrison





















NOTA: 6/10


Três anos depois, foi lançado seu 8º álbum, autointitulado, que seguiu por um caminho mais leve. Após o Thirty Three & 1/3, George Harrison entrou em um período de calmaria. Seu relacionamento com Olivia Arias se fortaleceu (os dois se casariam em setembro de 1978), e o nascimento de seu filho Dhani lhe trouxe uma sensação de plenitude. Além disso, ele reduziu drasticamente as aparições públicas, dedicando-se à jardinagem, à paternidade e aos negócios da Dark Horse Records. A produção foi conduzida por ele junto com Russ Titelman, optando por uma abordagem mais orgânica, com forte presença de violões, pianos elétricos, teclados Rhodes, guitarras limpas e arranjos vocais discretos. A instrumentação é essencialmente suave, com toques de Country Rock, Folk e Yacht Rock, embora tudo permaneça bastante limitado. O repertório é mediano, com algumas canções boas, mas outras bem tediosas. Em suma, é um trabalho irregular, que poderia ter mais consistência temática. 

Melhores Faixas: Here Comes The Moon, Love Comes To Everyone, Faster 
Piores Faixas: Your Love Is Forever, Soft Touch, Soft-Hearted Hana

Somewhere In England – George Harrison





















NOTA: 3/10


Entrando na década de 80, no ano de 1981, foi lançado mais um disco, Somewhere in England. Após seu álbum autointitulado, George Harrison começou a enfrentar dificuldades para manter a relevância comercial em um cenário dominado pelo Punk, Disco music e a emergente New Wave. O material inicialmente seria composto por faixas introspectivas, leves e um tanto melancólicas, só que a distribuidora, a Warner, rejeitou a versão original, considerando o conteúdo “não comercial o suficiente”, e ele teve que regravá-lo. A produção foi feita por ele junto com Ray Cooper, misturando seu Pop Rock refinado com influências espirituais, mas com uma presença mais acentuada de sintetizadores que acabaram saturando muitos dos arranjos, deixando-os pasteurizados e sem coesão rítmica. Com isso, o repertório é fraquíssimo, com poucas canções boas e o restante bastante medíocre. No final de tudo, é um disco ruim e bastante inexpressivo. 

Melhores faixas: All Those Years Ago (música em homenagem a John Lennon, inclusive com participação do Paul McCartney), Baltimore Oriole 
Piores faixas: Writing's on the Wall, Unconsciousness Rules, Blood from a Clone


                                              Então é isso, um abraço e flw!!!          

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