segunda-feira, 12 de maio de 2025

Analisando Discografias - Ringo Starr: Parte 1

                  

Sentimental Journey – Ringo Starr





















NOTA: 8,2/10


Então, em 1970, Ringo Starr lançava seu 1º trabalho solo, o Sentimental Journey. Após o fim dos Beatles, o baterista decidiu gravar um disco de standards das décadas de 1920 e 1940. A motivação era pessoal: Ringo queria homenagear sua família, especialmente sua mãe, Elsie, que cantava essas canções em festas em Liverpool. Assim, o projeto nasceu como um gesto sentimental, despretensioso, e também como uma forma de Ringo experimentar o estúdio como vocalista solo. A produção foi feita por George Martin, que deixou tudo refinado, com arranjos elaborados e gravações em estéreo bastante nítidas, criando uma atmosfera leve nas sessões. Cada faixa foi arranjada por um maestro diferente, só nomes como Quincy Jones e Richard Perry, nada demais. O repertório é muito legal, e as canções são todas bem interpretadas. Em suma, é um disco bacana, mas que foi terrivelmente injustiçado, algo que seria comum em sua carreira solo. 

Melhores Faixas: Sentimental Journey, Night And Day, Dream 
Vale a Pena Ouvir: Star Dust, Have I Told You Lately That I Love You?, Bye Bye Blackbird

Beaucoups Of Blues – Ringo Starr





















NOTA: 8,5/10


Meses depois, ele retornou lançando seu 2º álbum de estúdio, o Beaucoups of Blues. Após o Sentimental Journey, Ringo Starr decidiu lançar um trabalho mais voltado para o Country tradicional. A ideia nasceu durante as sessões de gravação do álbum do George Harrison, All Things Must Pass, em que Ringo conheceu o lendário guitarrista e produtor de pedal steel Pete Drake, que era reverenciado em Nashville, tendo tocado com Bob Dylan e Elvis Presley. Ringo mencionou casualmente seu amor pela Country music, e Drake imediatamente o convidou para gravar em Nashville. Com isso, o próprio Pete Drake produziu o álbum, colocando toda aquela temática pura do Country, com violões acústicos, pedal steel guitar, baixo marcado, piano honky-tonk e backing vocals femininos. O ambiente criado foi acolhedor para Ringo, adaptando os arranjos à sua voz limitada, porém calorosa. O repertório é muito bom, e as canções são todas aconchegantes. Enfim, outro ótimo disco, bem consistente. 

Melhores Faixas: Without Her, Waiting, $15 Draw 
Vale a Pena Ouvir: I Wouldn't Have You Any Other Way, Silent Homecoming, Love Don't Last Long

Ringo – Ringo Starr





















NOTA: 9,3/10


Três anos se passaram, e foi lançado mais um disco dele, intitulado apenas Ringo. Após o Beaucoups of Blues, o ex-Beatle ficou relativamente recluso musicalmente, concentrando-se em filmes e projetos esporádicos. No entanto, em 1973, a Apple estava em seus momentos finais, e os ex-integrantes dos Beatles buscavam novas afirmações individuais. Nesse cenário, Ringo Starr decidiu gravar um álbum mais acessível, com grande produção e convidados ilustres. Com Richard Perry na produção, tudo foi deixado mais refinado em termos de arranjo e atmosfera, muitas vezes combinando o estilo do Ringo com o de seus convidados. A sonoridade transita pelo Pop Rock, com elementos de Soul, Rockabilly e Folk, tudo bem encaixado e harmonizado. O repertório é maravilhoso, e as canções são todas incríveis, com algumas compostas por seus antigos parceiros dos Beatles. No final, é um baita disco e bastante coeso. 

Melhores Faixas: Photograph, Devil Woman, You're Sixteen, Have You Seen My Baby, Oh My My 
Vale a Pena Ouvir: You And Me (Babe), I'm The Greatest

Goodnight Vienna – Ringo Starr





















NOTA: 8/10


Indo para o ano seguinte, Ringo lançava mais um trabalho, o Goodnight Vienna. Após seu terceiro álbum, vendo que sua fórmula havia funcionado, ele chamou novamente vários convidados, como Billy Preston, Elton John, Dr. John, Klaus Voormann, Robbie Robertson e Harry Nilsson. O título, uma gíria inglesa que significa “é o fim” ou “já era”, reforça o tom bem-humorado típico de Starr, que aqui consolida sua persona como uma “celebridade pop despretensiosa”. A produção, novamente a cargo do Richard Perry, adota uma abordagem cinematográfica, com arranjos detalhados e uso estratégico de metais, cordas e backing vocals. Tudo é tecnicamente refinado, com um som limpo, caloroso e radiofônico, enquadrando-se bem na essência dos anos 70 e flertando com Soft Rock, Soul music, Boogie e até R&B. O repertório é bem legal, com canções mais melódicas e vibrantes. No final, é um trabalho interessante e uma ótima continuação. 

Melhores Faixas: Only You (And You Alone), All By Myself, No No Song 
Vale a Pena Ouvir: Easy For Me, Occapella

Ringo's Rotogravure – Ringo Starr





















NOTA: 4/10


Dois anos se passaram, e foi lançado mais um trabalho dele, o Ringo's Rotogravure. Após o Goodnight Vienna, ele deixou a Apple Records e assinou com a Polydor (Reino Unido) e a Atlantic (EUA), dando início a uma nova fase em sua carreira solo. O título do projeto faz referência a um tipo de impressão usada em jornais, sugerindo uma mistura de colagem, tabloide e espetáculo Pop. A produção foi conduzida por Arif Mardin, que buscou algo mais refinado, trazendo sua experiência no R&B, Soul e Pop sofisticado para equilibrar os estilos variados de Ringo Starr. Com isso, ele utilizou bastante teclados, cordas e sopros, mas tudo ficou excessivamente polido, deixando a vocalização de Ringo mal implementada e sem vigor. O repertório é fraquíssimo, com canções totalmente medíocres e pouquíssimas que se salvam. No final de tudo, é um disco muito ruim e que carece de consistência. 

Melhores Faixas: Pure Gold, This Be Called A Song 
Piores Faixas: Lady Gaye, Las Brisas, I'll Still Love You, Cookin' (In The Kitchen Of Love)

Ringo The 4th – Ringo Starr





















NOTA: 7/10


No ano seguinte, foi lançado seu 6º álbum de estúdio, intitulado Ringo the 4th, que trouxe mudanças. Após o Ringo's Rotogravure, e sem contar com colaborações diretas de John, Paul ou George neste novo projeto, Ringo sentiu-se forçado a se reinventar. A segunda metade dos anos 70 estava dominada pela Disco music e pelo Soft Rock. Nesse contexto, Ringo tentou modernizar seu som, afastando-se do estilo nostálgico e “beatlemaníaco” dos álbuns anteriores. A produção, novamente a cargo de Arif Mardin, seguiu uma abordagem luxuosa, repleta de camadas de sintetizadores, grooves de baixo, vocais femininos e seções de sopros e cordas típicas do Disco e do Soul da Atlantic. Mesmo que a voz de Ringo não combinasse muito com o estilo, ele se esforçou bastante e entregou algo decente em sua vocalização. O repertório é bom, com algumas canções genéricas, mas a maioria funciona muito bem. Enfim, é um disco legal, que vale pela sua ousadia. 

Melhores Faixas: Gave It All Up, It’s Not Secret, Simple Love Song, Wings 
Piores Faixas: Sneaking Sally Through The Alley, Out On The Streets, Drowning In The Sea Of Love

Bad Boy – Ringo Starr





















NOTA: 2/10


Se passou mais um ano, e o Ringo lançou mais um álbum intitulado Bad Boy, que trouxe alguns problemas. Após o Ringo the 4th, o ex-Beatle decidiu voltar ao básico, abandonando as aspirações de seguir tendências modernas e tentando recuperar algum prestígio com uma abordagem mais enxuta. Ficando apenas com contrato com a gravadora Polydor, esse trabalho foi basicamente concebido, gravado e finalizado em um espaço de apenas três semanas, e isso não era um bom sinal. A produção, feita dessa vez por Vini Poncia, é totalmente crua e seca, como uma banda de estrada tocando Rock básico. Só que as linhas vocais do Ringo não sustentam o álbum em termos de energia ou identidade, tudo soa muito sem graça, como se não houvesse sequer um arranjo envolvente. Isso se reflete em um repertório péssimo, com reinterpretações muito ruins e poucas faixas que se mostram minimamente competentes. Em suma, é um trabalho terrível e que foi um completo fiasco. 

Melhores Faixas: Who Needs A Heart, Old Time Relovin' 
Piores Faixas: Monkey See-Monkey Do, Bad Boy, A Man Like Me, Hard Times

                                                         Então é isso e flw!!!      

Review: The Same Old Wasted Wonderful World do Motion City Soundtrack

                   The Same Old Wasted Wonderful World – Motion City Soundtrack NOTA: 8,2/10 Dias atrás, o Motion City Soundtrack retornou, ...