sábado, 15 de março de 2025

Analisando Discografias - Augustus Pablo: Parte 1

                 

This Is Augustus Pablo – Augustus Pablo





















NOTA: 8/10


Em 1974, Augustus Pablo lançou seu álbum de estreia intitulado This Is Augustus Pablo. Nascido em St. Andrews, na Jamaica, começou sua carreira trabalhando com o produtor Herman Chin Loy. O jovem músico desenvolveu um som único, combinando melodias hipnóticas na melódica com as batidas profundas e reverberantes do Reggae instrumental, e tudo isso graças a uma garota que lhe emprestou o instrumento. A produção, feita por Clive Chin, que impulsionou sua carreira, foca totalmente na instrumentação, criando uma experiência sonora hipnótica. O uso da melódica como instrumento principal era algo incomum no Reggae até então, mas ele a transformou em sua marca registrada. As influências do Dub já começam a aparecer nesse álbum, com efeitos sutis de eco e reverb adicionando profundidade às faixas instrumentais. O repertório é muito bom, com músicas leves e belíssimas. No fim, é um trabalho muito bom que começou com o pé direito. 

Melhores Faixas: Point Blank, Too Late 
Vale a Pena Ouvir: Arabian Rock, Skateland Rock, Lover's Mood

Ital Dub – Augustus Pablo





















NOTA: 8/10


Ainda naquele mesmo ano, foi lançado seu 2º álbum de estúdio, o Ital Dub, que trouxe poucas mudanças. Após o This Is Augustus Pablo, que contribuiu para o desenvolvimento do Dub na Jamaica, sendo um dos pioneiros do estilo, ele se estabeleceu como um dos principais músicos do Reggae instrumental, trazendo um lado melódico para o gênero e contribuindo para uma estética mística e etérea. A produção, feita por Tommy Cowan e Warwick Lyn, com King Tubby trabalhando na mixagem, trouxe um uso intenso de reverb, eco, dropouts e filtragens, criando um ambiente sonoro hipnótico e etéreo. Manipulando os arranjos para que essa instrumentação criasse experiências psicodélicas, onde os elementos rítmicos e melódicos surgem e desaparecem de maneira imprevisível. O repertório é muito bom, com canções atmosféricas e que vão para um lado totalmente relaxante. No fim, é um belo disco que ajudou o multi-instrumentista a melhorar suas técnicas. 

Melhores Faixas: Hillside Airstrip, Eli's Move 
Vale a Pena Ouvir: Curly Dub, House Raid, Road Block

Thriller – Augustus Pablo





















NOTA: 7,2/10


No ano seguinte, Augustus Pablo retornou lançando seu 3º álbum intitulado Thriller (eu sei que você lembrou do Michael Jackson). Após o Ital Dub, a cena do Dub estava crescendo rapidamente na Jamaica, com King Tubby, Lee "Scratch" Perry e outros produtores experimentando técnicas de remixagem, reverb e manipulação de faixas instrumentais. Esse novo trabalho apresenta um equilíbrio entre o Reggae instrumental e a influência do Dub de forma mais contida. A produção, feita por Enos McLeod, trouxe uma abordagem mais sutil, utilizando ecos e reverbs de forma mais discreta. A instrumentação contém guitarras rítmicas cortantes e percussão minimalista, além dos improvisos no teclado de Pablo. O repertório é bem legal, com canções envolventes e leves. Em suma, é um ótimo disco que tentou ser mais técnico. 

Melhores Faixas: Pablo In Red, Rocky Road 
Vale a Pena Ouvir: Fat Girl Jean, Last Of Jestering, Striker

King Tubbys Meets Rockers Uptown – Augustus Pablo





















NOTA: 10/10


Então, mais um ano se passa, e é lançado o espetacular e clássico King Tubbys Meets Rockers Uptown. Após o Thriller, surgiu a oportunidade de acontecer uma colaboração definitiva entre Augustus Pablo, mestre da melodica e do Reggae instrumental, e King Tubby, pioneiro do Dub e das manipulações sonoras em estúdio, o que acabou acontecendo. E tudo isso foi feito pegando demos do Pablo que foram desconstruídas e remixadas por Tubby. A produção, feita por Horace Swaby, conseguiu mostrar as técnicas inovadoras do King Tubby, como o baixo e a bateria, fundamentais no Reggae, que ganharam ainda mais destaque. A melodica do Augustus Pablo adiciona um toque melódico etéreo às faixas, reforçando a identidade espiritual do álbum, deixando tudo bem coeso e bem construído, e proporcionando uma sonoridade meditativa. O repertório é sensacional, com canções profundas e bem relaxantes. No fim, é um baita disco e um clássico do Reggae. 

Melhores Faixas: King Tubby Meets Rockers Uptown, 555 Dub Street, Keep On Dubbing, Frozen Dub, Skanking Dub 
Vale a Pena Ouvir: Say So, Young Generation Dub

East Of The River Nile – Augustus Pablo





















NOTA: 9/10


Outro ano se passou, e Augustus Pablo lançava mais um disco, o East Of The River Nile. Após o clássico King Tubbys Meets Rockers Uptown, o multi-instrumentista decidiu ir para um lado mais instrumental, explorando de forma mais profunda sua abordagem melódica e espiritual. Trazendo uma sonoridade que misturava elementos orientais, africanos e jamaicanos, criando um som transcendental e hipnótico. A produção, feita por Horace Swaby, colocou uma abordagem minimalista, dando bastante espaço para os instrumentos respirarem. A melodica do Pablo lidera a maior parte das faixas, acompanhada por teclados, guitarras rítmicas, linhas de baixo pulsantes e uma percussão cuidadosamente trabalhada. Não abusando de efeitos como eco e reverb, permitindo que as melodias soem de forma mais limpa e envolvente. Com isso, o repertório é bem legal, tendo canções atmosféricas e envolventes. No geral, é um disco muito legal e totalmente imersivo. 

Melhores Faixas: Unfinished Melody, Nature Dub, Jah Light, Addis A Baba 
Vale a Pena Ouvir: Natural Way, Chapter 2, Upfull Living

Africa Must Be Free By... 1983 Dub – Augustus Pablo





















NOTA: 8,8/10


Indo para 1979, Augustus Pablo lança outro disco que é uma verdadeira joia rara escondida, o Africa Must Be Free By... 1983 Dub. Após o East Of The River Nile, o multi-instrumentista decidiu fazer uma versão Dub do disco de mesmo nome de Hugh Mundell, no qual Pablo esteve por trás da produção. O título do álbum original reflete a filosofia rastafari de libertação africana, ecoando o desejo de emancipação e autodeterminação para os povos africanos. Essa mensagem foi amplamente disseminada pelo Reggae nos anos 70. A produção, feita por ele mesmo, colocou uma abordagem bem diferente; ao invés de efeitos exagerados e cortes bruscos, as faixas são trabalhadas de forma mais sutil, criando um ambiente meditativo e introspectivo. Com isso, o repertório é muito legal, com canções profundas e uma abordagem altamente atmosférica. Enfim, é um trabalho belíssimo e que vale a pena ser apreciado. 

Melhores Faixas: Judgement Dub, Africa Dub, Unity Dub 
Vale a Pena Ouvir: My Mind Dub, Revolution Dub

Rockers Meets King Tubbys In A Fire House – Augustus Pablo





















NOTA: 8,4/10


No ano seguinte, ele retorna lançando outro álbum de estúdio, o Rockers Meets King Tubby In A Fire House. Após o Africa Must Be Free By... 1983 Dub, o começo dos anos 80 marcou um período de transição para o Reggae, com a ascensão do Dancehall e uma abordagem mais digital nas produções. No entanto, Pablo permaneceu fiel às raízes do Dub analógico, mantendo a profundidade meditativa e a atmosfera hipnótica que caracterizavam suas obras. A produção, feita por ele mesmo novamente junto de King Tubby, teve um foco melódico, com a melodica do Augustus Pablo sendo o elemento mais proeminente, mas com a dinâmica do Dub dada pela manipulação dos efeitos por Tubby. A qualidade de som é orgânica e crua, mas com uma sensação espacial que se tornaria um dos pilares do Reggae nos anos seguintes. O repertório é muito legal, com canções envolventes e que são bem experimentais. No fim, é um ótimo disco e muito bem ambientado. 

Melhores Faixas: Jah Say Dub, Jah Mouly Ital Sip 
Vale a Pena Ouvir: Zion Is A Home, Simeon Tradition, Son Of Jah Dub

                                                         Então é isso e flw!!!    

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