segunda-feira, 19 de maio de 2025

Analisando Discografias - Jeff Beck: Parte 3

                  

Who Else! – Jeff Beck





















NOTA: 8,8/10


Se passaram dez anos, e o Jeff Beck volta lançando mais um disco, o Who Else!. Após o Jeff Beck's Guitar Shop, ele chegou a lançar um trabalho reinterpretando canções do Gene Vincent e, depois, dedicou seu tempo ao aficionamento por carros antigos. Até que, no fim da década ele passou a se interessar por música eletrônica, drum and bass e techno. Isso o levou à busca por uma nova sonoridade, que unisse seu virtuosismo analógico com batidas digitais. A produção foi feita novamente por ele, junto a Tony Hymas. Juntos, buscaram uma sonoridade híbrida, fundindo elementos de Jazz Rock e Blues. A guitarra do Beck continua sendo o centro emocional do disco, mas os arranjos são cuidadosamente construídos com baterias programadas, sintetizadores densos e texturas atmosféricas, muito por conta da Jennifer Batten. O repertório é bem interessante, com canções atmosféricas e um toque futurista. Enfim, é um disco muito bom e bastante ousado. 

Melhores Faixas: Brush With The Blues, Space For The Papa, Declan 
Vale a Pena Ouvir: THX138, Psycho Sam, Another Place

You Had It Coming – Jeff Beck





















NOTA: 8,5/10


Indo para 2001, Jeff Beck lança mais um disco: You Had It Coming, que segue por um caminho mais experimental. Após o Who Else!, Jeff Beck consolidou uma nova fase em sua carreira, aquela em que a guitarra tradicional se funde com texturas digitais e ritmos eletrônicos contemporâneos. Só que, desta vez, ele decidiu apostar em um som mais abrasivo, denso e, em vários momentos, quase industrial. O foco maior está nos grooves hipnóticos, nas texturas saturadas e no timing preciso dos efeitos. Com produção de Andy Wright, o som ficou mais pesado e texturizado do que o do antecessor. A abordagem busca gerar impacto imediato, tanto nas faixas agressivas quanto nas contemplativas. A guitarra é usada como sintetizador, percussão, voz e até como ruído, com influências que vão do Rock industrial, techno e até idolatrado Post-Rock. O repertório é bem interessante, com canções pesadas e outras mais imersivas. Enfim, é um disco bom, que foi para um lado mais expressivo. 

Melhores Faixas: Earthquake, Rosebud 
Vale a Pena Ouvir: Loose Cannon, Rollin' And Tumblin', Blackbird

Jeff – Jeff Beck





















NOTA: 8/10


Se passaram dois anos até que ele lançasse mais um trabalho, intitulado apenas Jeff. Após o You Had It Coming, Jeff Beck estava em uma fase artística profundamente experimental, abraçando a música eletrônica, o industrial, o Trip-hop, o techno e o drum and bass como novas linguagens para sua guitarra. A produção foi bem diversificada, contando com Andy Wright e até com o grupo eletrônico Apollo 440, o que resultou em uma sonoridade que oscila entre faixas extremamente processadas e texturizadas e outras com uma pegada mais “natural”. A diversidade de produtores torna o álbum fragmentado, mas essa colagem de estilos é justamente parte de sua proposta, com a guitarra de Beck funcionando como um complemento rítmico. O repertório é legalzinho, com canções energéticas e outras um pouco mais imersivas. No final de tudo, é um trabalho interessante e bastante árduo. 

Melhores Faixas: Grease Monkey, Why Lord Oh Why? 
Vale a Pena Ouvir: Hot Rod Honeymoon, Pay Me No Mind (Jeff Beck Remix), Plan B, Trouble Man

Emotion & Commotion – Jeff Beck





















NOTA: 8,2/10


Indo para 2010, foi lançado o penúltimo álbum de Jeff Beck, intitulado Emotion & Commotion. Após o Jeff, ele passou os anos seguintes participando de eventos e projetos colaborativos (como o tributo a Les Paul e apresentações no Crossroads Guitar Festival), enquanto gradualmente gestava um novo conceito artístico. Só que ele decidiu criar um álbum deliberadamente emocional, utilizando a orquestra sinfônica como tecido harmônico e textural, e incluindo vocalistas convidados com vozes etéreas e arrebatadoras. Com produção do Steve Lipson e Trevor Horn, o trabalho teve um foco absoluto na clareza, no espaço e na dinâmica. A orquestra nunca sobrecarrega a guitarra, respirando junto com os fraseados de Beck e criando um diálogo quase cinematográfico, mergulhando em um lado envolvente. O repertório é muito bom, e as canções são imersivas e introspectivas. No geral, é um disco interessante e que não foi feito para ouvidos medíocres. 

Melhores Faixas: I Put A Spell On You, Nessun Dorma 
Vale a Pena Ouvir: Hammerhead, Serene, Elegy For Dunkirk

Loud Hailer – Jeff Beck





















NOTA: 7,6/10


Então chegamos a 2016, quando foi lançado o último álbum da carreira do Jeff Beck, o Loud Hailer. Após o Emotion & Commotion, a expectativa era de que ele seguiria por um caminho ainda mais contemplativo. No entanto, Beck quebrou todas as expectativas e voltou à cena com um disco abrasivo, politizado e incendiário. Na década de 2010, o mundo enfrentava turbulências sociais intensas, como o Brexit, Donald Trump e a crise dos refugiados. Jeff Beck, então com 72 anos, decidiu conectar sua arte à revolta contemporânea. Com produção feita por ele junto do Filippo Cimatti, o álbum é totalmente agressivo e abrangente. A guitarra dele parte para riffs mais rasgantes e distorcidos. A dupla que ele chamou, a vocalista Rosie Bones e a guitarrista Carmen Vandenberg, se complementa muito bem. O repertório é bom, com canções reflexivas e outras sem graça. É uma pena que esse tenha sido seu último disco, já que viria a falecer em 2023, fazendo uma despedida decente. 

Melhores Faixas: Thugs Club, Scared For The Children, The Ballad Of The Jersey Wives, Shame 
Piores Faixas: Shrine, O.I.L.

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