terça-feira, 27 de agosto de 2024

Analisando Discografias - Eazy-E, 50 Cent e Snot (RA: XXIII)

            

5150: Home 4 tha Sick – Eazy-E





















NOTA: 8/10


Em uma época cheia de conflitos, chega o 1º EP do Eazy-E, 5150: Home 4 tha Sick, que foi lançado dez dias antes do Natal de 1992. Após sua excelente estreia em sua carreira solo (que nem estava), Eazy-E se mostrou como um dos pioneiros do Gangsta rap. Só que um ano antes, o N.W.A. havia lançado seu último álbum, e após isso, o grupo se desfez devido a várias brigas e conflitos internos. Este disco realmente marcou o início de um trabalho totalmente solo do rapper. O EP contou com vários produtores, entre eles o trio Naughty by Nature, que tinha uma certa popularidade na época. Claro, quem foi o produtor executivo desse disco foi o próprio E, imprimindo a característica do som da Costa Oeste, com batidas pesadas, amostras de Funk e Soul, e uma vibe sombria que se complementa com letras mais agressivas. O repertório, embora conte apenas com 5 faixas, inclui uma introdução bem chatinha e cheia de risadas. As canções que vêm a seguir são até legais, como Neighborhood Sniper e Niggaz My Height Don’t Fight, que abordam como é viver nos guetos. Além disso, temos a ostentação mostrada em Only If You Want It e a cômica canção de Natal Merry Muthafuckin’ Xmas, que, se vocês acham que Eu Fumei Uma Árvore de Natal do Wiu uma putaria, esta aqui merece 10 vezes esse título. No fim, é uma obra bem legal, embora mostre sua inconsistência em seus arranjos, só que esse disco acabou sendo ofuscado pelo álbum de estreia do Dr. Dre, que foi lançado no mesmo dia.

It’s On (Dr. Dre) 187um Killa – Eazy-E 





















NOTA: 8,8/10


Um ano depois é lançado o segundo EP do Eazy-E, It’s On (Dr. Dre) 187um Killa, que já mostra uma pequena provocação ao ex-companheiro do N.W.A. Esse EP surgiu como uma continuação do seu último trabalho e que reforçou ainda mais a treta entre Eazy-E e Dr. Dre. Quando Dre saiu do grupo e co-fundou a Death Row Records com Suge Knight, ele lançou seu álbum solo de estreia, The Chronic, onde em vários momentos atacou Eazy-E e a Ruthless Records. Em resposta, Eazy-E lançou esse trabalho aqui, que inicialmente era pra ser uma consequência do 5150: Home 4 tha Sick e intitulado de Temporary Insanity. Tendo uma produção, mais uma vez, decente e contando com vários produtores como Cold 187um, Rhythum D e DJ Yella que contribuíram para a sonoridade dominada por beats pesados e com uma agressividade típica do Gangsta Rap daquela época. O repertório desta vez conta com 8 faixas, todas muito boas, incluindo a intro. Vale destacar canções como It’s On, Still a Nigga, além de outro ótimo remix de Boyz-n-the-Hood, além da nem tão romântica Gimmie That Nutt e a incrível resposta em forma de diss Real Muthaphuckkin G’s, onde temos que concordar que o rapper amassou o Dre e o Snoop Dogg. Mas, apesar de não ter sido um trabalho que conseguiu alcançar o The Chronic, ele é um baita disco, apesar de ter sido o último em vida do padrinho do Gangsta Rap.

Str8 off tha Streetz of Muthaphukkin Compton – Eazy-E 




















NOTA: 8,3/10


Alguns meses após o falecimento do rapper, foi lançado seu 2º e último álbum de estúdio como um trabalho póstumo, em janeiro de 1996. Lembrando que, para quem não sabe, Eazy-E morreu devido a complicações relacionadas ao HIV/AIDS, embora ainda existam ‘‘dúvidas’’ sobre como ele contraiu o vírus. Mas pelo menos o E deixou material de 1992 e 1995 que ficou de fora das sessões dos seus dois últimos EPs. O álbum foi liderado por diversos produtores, alguns sendo os mesmos, e apenas um novo, que é Roger Troutman da banda Zapp (que apareceu em algumas canções de outros rappers como 2Pac e Snoop Dogg). Lembrando que a sonoridade continua sendo a mesma de sempre, apesar de ter ido para um lado mais de Hardcore Hip Hop e ter um uso de sintetizadores e efeitos sonoros, criando uma atmosfera imersiva. Desta vez, o repertório tem muito mais faixas que os últimos trabalhos e está cheio de músicas legais como Wut Would You Do, Creep n Crawl, Nutz on Ya Chain, a maravilhosa Ole School Shit e Slippin on a 40, que tiveram ótimas feats. Esse disco se encerra com a homenagem de Yella em Eternal E, mas ainda existem umas 3 faixas totalmente chatas e genéricas neste trabalho: a introdução, My Baby’z Mama e Gangsta Beat 4 tha Street. Mas, no final, é um álbum bem legal e que demonstra o legado que Eazy-E deixou.

Impact of a Legend – Eazy-E





















NOTA: 7,9/10


Sete anos se passaram após a morte do Eazy-E, e foi lançado o seu último trabalho póstumo, mais uma vez em formato de EP. Lançado em um momento em que sua influência no Rap Americano ainda era profundamente sentida, o EP foi proposto para celebrar o legado de Eazy-E, além de relembrar sua carreira e introduzir sua música a uma nova geração contemporânea. Tanto que uma das pessoas que promoveu esse disco foi Ice Cube, com quem Eazy fez as pazes pouco antes de sua morte em 1995. Além disso, foi lançado também um DVD bônus com um pequeno documentário, biografia e videoclipes. A produção contou mais uma vez com Rhythum D e com a supervisão da viúva do rapper, Tomica Wright, e tem uma sonoridade clássica de sempre com elementos contemporâneos dos anos 2000, mostrando, em determinados momentos, um som mais polido, até fugindo um pouco da essência do Gangsta Rap e do Hip Hop da Costa Oeste. Novamente, o repertório contém 8 faixas, e todas elas são decentes, como Eazy 1, 2, 3, Ruthless Life, No More Tears e o ótimo encerramento em Still Fuckem, que alterna entre reflexão e um lado mais espontâneo em suas letras. Sendo assim, é um trabalho até que decente, embora seja um dos mais fracos do rapper, já não estando em vida. Vale a pena escutar essa joia que está completamente perdida.

Get Rich or Die Tryin’ – 50 Cent 





















NOTA: 9,8/10


Em fevereiro de 2003, foi lançado o álbum de estreia do 50 Cent, que chegou causando um verdadeiro abalo na comunidade do Rap americano. 50 Cent já era bastante conhecido no underground com suas mixtapes, especialmente em Guess Who's Back? e 50 Cent Is the Future. No entanto, o começo de tudo poderia já ter sido meteórico de forma fatal, já que ele sobreviveu a um ataque em 2000, onde foi baleado nove vezes. Esse evento, juntamente com sua capacidade de criar rimas cativantes e agressivas, chamou a atenção do Eminem e Dr. Dre, que assinaram com o rapper para Shady e Aftermath Records, planejando inicialmente lançar mais uma mixtape. E o que a produção maravilhosa desse disco fez é algo indescritível, trazendo batidas pesadas, flows incríveis e amostras que se encaixam perfeitamente com as letras. O trabalho de alguns produtores, como Dr. Dre, Eminem, Sha Money XL e vários outros, ficou perfeito. E o repertório, nem preciso dizer, é espetacular do início ao fim, super consistente e recheado de faixas esplêndidas como If I Can’t, Patiently Waiting, Heat, além dos hits In Da Club, P.I.M.P e Many Men (Wish Death), que aborda exatamente o que aconteceu com o rapper no dia em que foi baleado. Sem contar outras canções, como a romântica 21 Questions e a antiga diss Life’s on the Line, que não foi só para o Ja Rule. Em suma, é um álbum de estreia maravilhoso, uma verdadeira pancada essa obra do 50 (Fifty).

The Massacre – 50 Cent 





















NOTA: 9,5/10


Indo para seu segundo álbum, o The Massacre, 50 Cent chega com a mesma fórmula de sua maravilhosa estreia, por mais que mostre uma grande diferença. Inicialmente, esse disco era para se chamar The St. Valentine's Day Massacre, em homenagem à onda de assassinatos de gangues de Chicago em 1929, porém isso acabou sendo descartado. Além disso, o rapper estava sob intensa pressão da mídia para manter o mesmo sucesso. Então ele buscou expandir seu som e abordar mais temas, enquanto mantinha a agressividade que caracterizou seu disco de estreia. Com a mesma produção de antes, apesar de que o rapper esteve muito envolvido na produção, eles garantiram que o álbum mantivesse uma gigantesca qualidade, que se mostrou em amostras mais diversificadas, por mais que as batidas continuaram sendo pesadas e mostrassem um uso de sintetizadores, que logicamente não foram abusados para não prejudicar toda a sonoridade apresentada. Por mais que as faixas do repertório desse disco não consigam superar a estreia, ele tem muitas músicas legais e interessantes como My Toy Soldier, I’m Supposed To Die Tonight (uma alusão àquele fato mais uma vez) e Ryder Music, além é claro dos hits que se diferenciam entre a descontraída Disco Inferno, a nem tão romântica Just A Lil Bit e a chicletuda putaria contida em Candy Shop. Enfim, mais um ótimo repertório. No fim, é um trabalho que continua de uma forma diferente da sua estreia, mas que não deixa de ser maravilhoso.

Curtis – 50 Cent 





















NOTA: 6,4/10


Em mais um intervalo de dois anos, chega mais um álbum do 50 Cent intitulado com seu primeiro nome, que, para quem não sabe, é Curtis. Mas o título inicial era para ser Curtis SSK, e SSK significa SoundScan Killer, que por trás mostrava a pressão que o 50 (Fifty) sentia pelo seu sucesso. E esse trabalho foi lançado no mesmo dia do álbum Graduation do Kanye West. Que fez uma rivalidade entre os dois rappers gerou muita publicidade, o que aumentou as expectativas para ambos os lançamentos. A produção desse disco, mais uma vez, foi bastante diversificada pelo pessoal da Shady e Aftermath, além de alguns novos como o Timbaland e Jake One. Só que eles deixaram uma sonoridade totalmente desbalanceada, mesclando batidas pesadas com um som polido só para deixar o rapper ainda no topo das paradas, mas dá para se notar que foi completamente feito às pressas. Além disso, o repertório é completamente inconsistente e demonstra uma ordem errada, apesar de ter algumas canções muito boas como I Get Money, I’ll Still Kill, Movin On Up e Straight To The Bank, que por mais que seja uma vangloriação, ela é brilhante. Mas, logicamente, tem canções fraquíssimas que mostram que são muito forçadas, como Man Down, Ayo Technology com Justin Timberlake (culpa não foi dele), Curtis 187 e Follow My Lead. Apesar de toda a competição com o Kanye West, que nem preciso dizer quem venceu, é um disco mediano e que mostrou uma queda do rapper.

Before I Self-Destruct – 50 Cent 





















NOTA: 2/10


Agora chegamos ao problemático Before I Self-Destruct, que, por mais que a capa seja muito daora, o disco em si, meu Deus. Após seu último trabalho, que se mostrou muito irregular e forçado por conta da competição de lançamento com Kanye West, 50 Cent tentou se recuperar e trazer sua abordagem mais crua e agressiva dos seus primeiros trabalhos. Lembrando que inicialmente foi planejado para ser o álbum de 2007, só que ele decidiu lançar seu antecessor primeiro e adiou para o ano seguinte, por mais que tenham ocorrido algumas coisas que fizeram esse disco ser lançado somente em 2009, já mostrando a bagunça. Falando nisso, nem preciso dizer que a produção foi a mesma e, por mais que a sonoridade seja sombria e pesada e que tenha fugido da grande mídia, ele acabou se mostrando uma verdadeira porcaria em forma de arranjos que não conseguem nem um pouco te fazer sentir uma emoção boa. Tendo um repertório que, logicamente, é recheado de canções que parecem que não passam de faixas demo, a única música que eu posso dizer que é boa e que tem uma certa qualidade é Psycho, que tem feat do Eminem. Agora o resto tudo não passa de um bando de lixo, as que mais vale destacar são Stretch, o hit Baby By Me, que nem sei como isso bombou, e Flight 187, que novamente é uma penúltima faixa de um disco dele que termina com essa numeração. No fim, é um disco pavoroso e totalmente maçante que, logo depois, futuramente marcou o fim de uma parceria com duas gravadoras.

Animal Ambition: An Untamed Desire to Win – 50 Cent  






















NOTA: 3/10


Cinco anos se passaram e, após algumas mixtapes lançadas junto com a G-Unit, chega o 5º álbum do 50 Cent. Tentando não repetir o mesmo nível baixo do seu trabalho anterior, o rapper deixou a Shady Records, Aftermath Entertainment e Interscope Records, após 12 anos, e posteriormente assinou ele mesmo e a G-Unit Records com a Caroline, uma distribuidora independente do Capitol Music Group. Além disso, ele sabia que agora, estando em uma gravadora independente, poderia reafirmar sua relevância na indústria musical. Por mais que houvesse uma produção bastante variável, outra vez eles tentaram misturar elementos mais antigos do Hip-Hop com batidas modernas e flows mais suaves, só que, né, por mais que a proposta tenha sido boa, os mesmos erros do seu último disco acabam reaparecendo. Mas dessa vez, o repertório foi outro problema. Além de ele ter ficado bagunçado, trouxe mais uma coleção de músicas tediosas que não hipnotizam nem mesmo o leão que tá nessa capa. Podemos citar vários exemplos de faixas mal-arranjadas como Pilot, Smoke, Hustler e Chase the Paper; as únicas exceções são a faixa-título e Irregular Heartbeat, que lembram bastante os temas contidos no primeiro álbum. Depois disso, se passaram 10 anos e nenhum álbum novo foi lançado. 50 (Fifty) até planejou lançar em muitas oportunidades o Street King Immortal, só que só em 2021 acabou sendo cancelado. Mas enfim, esse último álbum até que melhorou em alguns pontos, mas não deixa de ser ruim.

Get Some – Snot 





















NOTA: 9/10


Agora falando de uma das melhores estreias do gênero Nu Metal, que é o álbum de estreia e único da banda californiana Snot. Formada em 1995 pelo vocalista Lynn Strait e pelo guitarrista Mike Doling, que logo depois chegaram Sonny Mayo, John Fahnestock e Jamie Miller pra fechar com a formação, e que em um ano eles já obtiveram uma popularidade no underground, assinando com a Geffen Records, sim, aquela mesma que lançou o Nevermind do Nirvana. Eles trabalharam com o produtor T-Ray, que tinha produzido um dos álbuns recentes do Cypress Hill. A sonoridade é totalmente pesada, energética e crua. Além disso, as influências não são apenas de Nu Metal, mas também de Hardcore Punk e Funk Metal, principalmente por conta das linhas de baixo do Fahnestock e, é claro, da linha vocal arrasadora do Strait, que em determinados momentos se assemelha ao Fred Durst do Limp Bizkit. E falando no repertório, ele é maravilhoso e com uma ordem certinha. O começo já é espetacular com a faixa do nome da banda, Stoopid, Joy Ride e The Box. Além delas, tem outras maravilhosas como a melódica I Jus’ Lie, Tecato e My Balls, que acho que só o título explica a putaria que sai na letra. Mas, apesar de um pequeno sucesso desse lançamento e uma participação no Ozzfest no final de 1998, o Lynn Strait e o seu cachorro Dobbs, que é o que está na capa desse disco, acabaram morrendo em um acidente de carro. Apesar disso, esse álbum é uma verdadeira maravilha, por mais que não seja reconhecido por todos.

 Bom é isso, então flw!!!

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Analisando Discografias - Pearl Jam, CPM 22 e Eazy-E (RA: XXII)

           

Gigaton – Pearl Jam





















NOTA: 5,8/10


Depois de sete anos sem qualquer tipo de lançamento novo, o Pearl Jam retornou em 2020 com Gigaton, que foi lançado já na época em que a pandemia estourou. Mais uma vez, esse trabalho demorou bastante por várias razões, como, por exemplo, algumas turnês, trabalhos de caridade e, logicamente, a carreira solo de alguns integrantes, sem contar que Matt Cameron lançou seu primeiro disco solo logo após o Soundgarden ter novamente acabado, após Chris Cornell ter tirado sua própria vida. Foi justamente no ano de 2017 que começaram as gravações desse disco, e em determinados momentos mostrou ser uma produção bastante inconsistente, principalmente porque teve um novo produtor, Josh Evans, que trouxe uma sonoridade diferente dos discos anteriores, sendo ainda mais experimental e tendo bem pouquinho de grunge em seus arranjos, mas não sendo sujo, e sim com uns sons eletrônicos muito estranhos. Dessa vez, o repertório até começa bem com as quatro primeiras faixas: Who Ever Said, Superblood Wolfmoon, Dance Of The Clairvoyants, que tem uma vibe de funk com New Wave, e a excelente Quick Escape, que é a canção mais pesada desse álbum. Só que, logo depois, o repertório acaba se mostrando bastante bagunçado, com as outras canções sendo muito chatas, como Alright, Buckle Up e Comes Then Goes a única exceção é Never Destination. No final de tudo, é um álbum que eu não diria que é ruim, apenas mediano, sendo um tropeço feio da banda.

Dark Matter – Pearl Jam 





















NOTA: 9,5/10


Após a queda com Gigaton, há exatamente um mês é lançado o Dark Matter, que é simplesmente assustador. No período da pandemia em 2021, o Pearl Jam já começou a planejar no que eles teriam que melhorar em seu novo disco para não cometessem os mesmos erros, e logo a banda percebeu que estava na hora de voltar às suas origens. Então, eles começaram a gravar esse disco com o produtor Andrew Watt, que já tinha acabado de produzir o último disco solo do Eddie Vedder, sem contar que ele também tinha trabalhado com Ozzy Osbourne e o Rolling Stones. As gravações desse disco começaram no estúdio caseiro do Watts e apenas dois anos depois ele foi terminado no estúdio Shangri-La em Malibu e toda a sonoridade foge daquele lado experimental, e foca num som alternativo mais moderno e com Hard Rock que lembra muito o ‘‘Abacatezera’’, mostrando um baita acerto desse trabalho independente da banda que desde o Backspacer é lançado pelo selo da Monkeywrench. O repertório é recheado de faixas brilhantes como Scared of Fear, Wreckage, Won’t Tell e claro a incrível faixa título, além de canções introspectivas como Upper Hand e Running e também vale destacar Waiting For Stevie que tem um riff de guitarra maravilhoso do Mike McCready, um repertório maravilhoso. No final, é um álbum brilhante, sendo um ótimo retorno às suas origens e eu não duvido que futuramente possa se tornar um clássico da banda.

CPM 22 – CPM 22 





















NOTA: 9,3/10


Após uma estreia bem interessante, é lançado o autointitulado segundo álbum do CPM 22, que é uma verdadeira maravilha. Logo após A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum e sua marcante demo de 1998, que ajudou a construir sua base de fãs, o CPM acabou se saindo tão bem nesses trabalhos que fez eles explodirem no underground, levando a banda a assinar com a Arsenal Music, que era distribuída pela gravadora Abril. Esse disco foi produzido por Rick Bonadio, que deu uma pequena largada no Charlie Brown nessa época e foi produzir esse trabalho aqui, acabando por capturar uma energia pesada e o espírito rebelde da banda, ao mesmo tempo que trouxe um som muito mais polido. Trazendo vocais mais agressivos do Badauí, e riffs de guitarra mais energéticos e rápidos, além de ter uma sonoridade com Hardcore Melódico e Pop Punk. Dessa vez, o repertório é uma verdadeira maravilha. Claro que a maioria das faixas são regravações do álbum anterior, como o hit O Mundo Dá Voltas, O Perdedor (Bohrizloser), 60 Segundos e Mais um Dia, que ficaram muito boas, mas as canções que tiveram regravação tão excelentes quanto a original foram Anteontem e Regina Let’s Go. Além disso, não posso esquecer de destacar o hit Tarde de Outubro, que tem uma letra esperançosa muito marcante, e também a subestimadíssima canção A Velha História, que também poderia ter virado um hit. No final de tudo, é um disco maravilhoso que consolidou a banda vinda de Barueri.

Chegou a Hora de Recomeçar – CPM 22





















NOTA: 10/10


Um ano se passa e é lançada a sequência ainda mais incrível, o Chegou a Hora de Recomeçar, com sua capa que mais parece alguém sofrendo pela morena que tinha dado um fora nele. Enfim, após o CPM 22 ter atingido o mainstream no seu último disco, eles sabiam que, se quisessem ainda estar no topo, precisavam inovar o seu som para que não caíssem na mesmice. Então, logo após extensas turnês, eles finalmente foram gravar esse novo trabalho. Esse álbum foi produzido por três produtores diferentes: Rick Bonadio, que produziu o antecessor, e os produtores Paul Anhaia e Rodrigo Castanho, que deram uma sonoridade muito parecida com as bandas californianas, só que, é claro, com um som polido. O título desse álbum se deve à frase contida em uma das canções, que para a banda, por ser um trabalho novo, eles não queriam ficar parados no mesmo lugar, isso foi afirmado pelo guitarrista Wally. Falando do repertório, ele é espetacular, parecendo ser uma coletânea e cheio de hits como Dias Atrás, Desconfio, Ontem, que podemos dizer que é uma continuação de Anteontem, e a incrível e melancólica Não Sei Viver Sem Ter Você, que é a canção que tem a frase que deu título a esse disco. Além disso, tem mais duas regravações de canções do seu álbum de estreia, Garota da TV e Peter, que ficaram melhores que as originais e também tem a ótima participação do Rodrigo Lima do Dead Fish na canção Atordoado. Em suma, é um disco maravilhoso e um dos melhores da banda em tão pouco tempo.

Felicidade Instantânea – CPM 22 





















NOTA: 9,8/10


Depois de três anos, foi lançado o 4º álbum de estúdio do CPM 22, o também icônico Felicidade Instantânea. Esse álbum chegou após o baixista Portoga ter deixado a banda, e quem assumiu o baixo foi justamente o guitarrista Luciano Garcia, que nesse trabalho acabou gravando não só a guitarra como também o baixo. Durante os shows, obviamente, eles não podiam tentar fazer essa proeza, mas calma, no próximo álbum eu falo o que aconteceu. Outra coisa importante foi que eles perceberam que precisavam fazer um disco que tivesse músicas mais rápidas e lentas, exatamente como no começo da banda. A produção continuou sendo a mesma, embora o maior destaque entre os três produtores tenha sido Paul Anhaia. É possível perceber de imediato que a gravação de cada faixa não mostra um erro sequer da banda. Além disso, a sonoridade é uma ótima mistura de Hardcore Melódico e Punk Rock dos anos 90. Mais uma vez, o repertório segue a mesma excelência dos trabalhos anteriores. Ele é recheado de canções muito boas e de certo modo subestimadas, como Recíproca, Park, Park e Contagem Regressiva. Além, é claro, dos hits como a melódica Irreversível e a maravilhosa e clássica Um Minuto Para o Fim do Mundo, que surgiu de um antigo riff do Wally e que a banda já tinha composto há anos, mas que somente nesse álbum resolveram gravar. No final de tudo, é um disco muito bom, cheio de arranjos incríveis, sendo mais um trabalho brilhante do CPM.

Cidade Cinza – CPM 22 





















NOTA: 9,8/10


Logo após o sucesso do último disco e de seu MTV Ao Vivo, a banda retorna mais uma vez dois anos depois com seu 5º álbum de estúdio. Dessa vez, o COM percebeu que estava na hora de fazer um trabalho que deixasse o romantismo mais de lado e que fosse mais reflexivo e crítico, como algumas bandas do mesmo gênero faziam, como no caso do Dead Fish. Outra mudança foi que, enfim, eles conseguiram um novo baixista o Fernando Sanches, que havia saído da banda Hateen, entrou para o CPM 22. Além disso, o Japinha também tocava bateria nessa banda e meio que foi um impulso para o Fernandinho entrar. O disco, mais uma vez, foi muito bem produzido pelos mesmos três produtores de sempre: Rick, Rodrigo e Paulo, que mais uma vez deixaram a sonoridade impecável, focando muito mais no Hardcore Melódico. Além disso, você consegue sentir os vocais do Badauí ainda mais rebeldes e, sem contar que o Wally arrebentou mais uma vez na guitarra. E, outra vez, o repertório é genial, cheio de canções incríveis, como as três primeiras faixas Estranho no Espelho, Nossa Música e Ano Que Vem Talvez, além das canções Depois de Horas e Tempo, todas complementadas por canções mais críticas como 1000 Motivos e a própria faixa-título. Enfim, esse álbum, apesar de ter sido bastante diferente dos seus anteriores, é subestimado de forma injusta, porque ele é um discaço!

Depois de Um Longo Inverno – CPM 22 





















NOTA: 9/10


Depois de um tempo bem longo, a banda retorna com mais um novo álbum, só que agora estava tudo completamente diferente do que era. Nessa época, em 2011, a banda tinha recém voltado a ser um quarteto novamente, pois o Wally tinha saído da banda, o que foi um verdadeiro tiro nas costas. Logo depois, ele acabou montando outra banda, o Astafix. Outro problema foi que a banda estava passando por um momento delicado, o que fez eles perceberem que teriam que apresentar um amadurecimento pela parte de todos. Dessa vez, o Fernando Sanches, além de estar no baixo, acabou sendo o produtor desse disco, até porque depois do Cidade Cinza, a banda saiu da Arsenal Music e, dessa vez, produziram e lançaram por um selo independente, a Performance. As letras estavam mais sérias e demonstravam aquele período que a banda havia passado sem nenhum lançamento. As faixas desse disco, por mais que não sejam super memoráveis como nos últimos álbuns, mesmo assim demonstram ser um repertório bem competente, com várias canções maravilhosas como Vida ou Morte e Sofridos e Excluídos, que são ótimos Ska, além das incríveis Filme Que Eu Nunca Vi, Na Melodia Certa e Cavaleiro Metal, cuja letra é meio que um recadinho para o Wally. Além de terem uma faixa intitulada com o nome da banda, que tentou ser um hino, mas flopou, mas ainda assim ela é excelente. Novamente, eles fizeram mais um ótimo álbum, que também não é muito lembrado pelos fãs.

Suor e Sacrifício – CPM 22 





















NOTA: 4,4/10


Depois de terem lançado o seu primeiro trabalho acústico em 2013 e com um intervalo de seis anos, chega enfim mais um álbum. Após o último disco, o baixista Fernando Sanches deixou a banda por questões pessoais, e o Heitor Gomes, que estava no Charlie Brown Jr., acabou o substituindo. Em seguida, após a participação no acústico, o guitarrista Philippe Fargnoli se juntou ao CPM após ter saído do Dead Fish, o que foi uma escolha muito boa. E quando eles começaram a gravar esse disco, o Heitor Gomes nem esteve por trás, tanto que ele vazou em 2016, e o Fernandinho acabou retornando. Dessa vez, a banda novamente esteve vinculada a uma gravadora, no caso a Universal Music, e teve a produção do renomado Paul Ralphes, que deixou uma sonoridade polida, porém ele desbalanceou as guitarras pesadas e os vocais melódicos do Badauí, sem contar que eles deixaram de lado as influências do Ska. E o repertório é muito ruim, são um compilado de músicas sem emoção e que não se complementam. As únicas exceções são Pagar Pra Ver?!, Ser Mais Simples, Linha de Frente, Segunda Chance e Destemido, agora o resto é um bando de letras que não motivam nem um papagaio, como a chatíssima Conta Comigo e as pavorosas Honrar Teu Nome e Todos por 1. Em suma, é um disco muito ruim e que mostra o seu total nível de inconsistência.

Enfrente – CPM 22  





















NOTA: 9,2/10


No início desse mês, chegou o 8º álbum de estúdio do CPM 22, totalmente diferente de tudo que foi apresentado em seu fraco último trabalho. Esse disco começou a ser preparado há dois anos e não repetiu os erros que seu antecessor teve, sendo um trabalho que traz letras reflexivas e fala sobre a sociedade atual. Este foi o primeiro álbum da banda com o baixista Ali Zaher e o baterista Daniel Siqueira, já que o Fernando Sanches (Fernandinho) saiu da banda e o Japinha, que era um dos membros mais importantes, acabou sendo demitido após uma conversa dele, de 2012, com uma adolescente de 16 anos, que foi vazada no dia 4 de junho de 2020 de forma anônima, em um perfil no Twitter. No fim, o CPM teve essa baixa no período da pandemia, mas logo eles se recuperaram. A produção ficou muito boa, estando por trás a própria banda, apesar de os destaques serem Luciano Garcia e Ali Zaher, que todos conseguiram emular o som dos dois primeiros álbuns, com aquele Hardcore de sempre junto com um Punk Rock dos anos 90 com inspiração no Weezer, Green Day, The Offspring, Pennywise, e entre outros. E o repertório é um verdadeiro espetáculo, recheado de canções muito boas como Dono da Verdade, Mágoas Passadas e O Ano Em Que a Terra Passou, que provavelmente virariam hits, além de outras canções boas como Alívio Imediato e Urbano. No fim, é um disco muito bom e bem consistente. Viu, Green Day? É assim que se faz um novo álbum.

Eazy-Duz-It – Eazy-E 





















NOTA: 9,7/10


Meses após o lançamento do Straight Outta Compton, foi lançado o primeiro álbum solo do Eazy-E, embora ele ainda estivesse no N.W.A. Mas calma, eu explico qual foi a fita. O E que é um dos principais fundadores do infame grupo, vindo diretamente de Compton (acho que deu para entender a referência), já estava estabelecido como uma figura proeminente no subgênero do gangsta rap. O álbum foi idealizado para capitalizar o sucesso não só do rapper, mas também do N.W.A, divulgando um pouco mais o disco de estreia do grupo e também o Hip Hop da Costa Oeste, que estava crescendo na época. Quem trabalhou nessa produção magnífica foi Dr. Dre e DJ Yella, destacando-se o talento de Dre em mostrar o quanto ele já sabia produzir muito bem. O álbum tem batidas pesadas, amostras muito legais e uma vibe crua, mostrando aquele lado mais para a ‘‘putaria’’. E lembrando, embora seja um álbum exclusivo do Eazy-E, todos os membros do N.W.A estiveram envolvidos na produção ou composição, podendo ser chamado de uma espécie de álbum ‘‘mascarado’’ do grupo, só que com Eazy-E à frente do projeto. E assim, o repertório é muito bem ordenado e espetacular, com todas as faixas sendo muito boas, como Nobody Move, Eazy-er Said Than Dunn, No More?'s, a própria faixa título e o incrível remix de Boyz-n-The-Hood, que é muito melhor que a versão original. Enfim, esse disco é maravilhoso e bastante essencial para aqueles que gostam do Hip Hop/Rap americano.

 Então é isso e flw!!!

domingo, 25 de agosto de 2024

Analisando Discografias - Pearl Jam (RA: XXI)

          

Vs. – Pearl Jam





















NOTA: 9,9/10


Depois do estrondoso sucesso do Pearl Jam com seu álbum de estreia, o Ten, dois anos depois eles retornam com seu segundo álbum, o Vs. (a pronúncia é "versus", tá). Antes do seu lançamento, a banda tinha recém-mudado de baterista, já que Dave Krusen, que gravou o primeiro álbum, acabou saindo da banda. No lugar dele, entrou o Dave Abbruzzse e outro fato é que a banda sofreu bastante pressão para que esse disco superasse as expectativas, algo que aconteceu com a maioria das bandas de Grunge, principalmente o Nirvana, Alice In Chains, Soundgarden e o Stone Temple Pilots. A produção dessa vez ficou por conta do Brendan O’Brien (sim, ele de novo aqui), e ele trouxe uma sonoridade para esse disco muito mais crua e pesada, saindo daquele lado mais detalhista apresentado na sua estreia, e isso funcionou muito bem. Além disso, o repertório é maravilhoso e começa de uma forma bem pesada com as faixas Go, Animal, além de outras que vêm mais à frente, como Rearviewmirror e Rats. Logo surgem canções mais melódicas como Dissident, Daughter, que tem uma letra bem tensa que aborda abuso infantil, e também Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town, que, apesar do seu título gigantesco, é uma canção lindíssima. Tudo isso conseguiu calar a boca do Kurt Cobain, que dizia que o Pearl Jam era apenas um bando de oportunistas. Enfim, esse disco acabou sendo uma ótima continuação para a banda, mostrando ser um trabalho tão brilhante quanto o Ten.

Vitalogy – Pearl Jam 





















NOTA: 9,4/10


Um ano se passa, e chega o terceiro álbum do Pearl Jam, o Vitalogy, que já mostra algumas mudanças radicais no seu som. Lançado na época em que o Grunge chegou ao fim após uma queda enorme nos shows da banda, a morte de Kurt Cobain e uma grande mudança que viria na grande mídia, Eddie Vedder e companhia perceberam que teriam que mudar sua sonoridade se quisessem continuar nos holofotes. Então, eles foram para o estúdio mais uma vez com a produção de Brendan O’Brien e fizeram novamente uma sonoridade crua e também experimental. Tanto que não é à toa que esse disco mostra alguns pequenos elementos do Grunge, mas foca em uma sonoridade muito mais de Punk Rock com Hardcore, mostrando a banda mais autêntica. O repertório pode até não ser melhor do que o dos trabalhos anteriores, mas ele tem muitas faixas boas, como Spin the Black Circle e Not For You, que são canções bastante reflexivas, Better Man e Immortality, que trazem um lado mais melancólico e melódico deste álbum, além de uma outra faixa bem curiosa que é Bugs, que traz o Vedder tocando uma ‘‘sanfona’’ e tem uma sonoridade bem interessante, por mais que seja tratada como uma canção confusa. Depois do lançamento, foi revelado que Dave Abbruzzese tinha sido demitido e, novamente, o Pearl Jam estava sem baterista. Enfim, esse disco cumpre muito bem o seu papel, sendo um dos mais interessantes da banda.

No Code – Pearl Jam 





















NOTA: 8,5/10


Após um certo período, chega o No Code, que mostrou um momento em que a banda se afastou de tudo que já tinha feito antes e saindo dos holofotes. Depois de todo aquele conflito durante a turnê conflituosa da época do Vitalogy, que envolveu um processo contra a Ticketmaster, além de algumas tretas dentro do estúdio que quase fizeram Mike McCready sair da banda, só quem acabou saindo, ou melhor, sendo demitido, foi o baterista Dave Abbruzzese. Quem entrou em seu lugar foi Jack Irons, que chegou na época em que o álbum anterior estava sendo terminado. Enfim, a produção continuou com a mesma pessoa por trás, mas desta vez houve bastante colaboração de cada membro da banda na sonoridade, que mostrou um som sem qualquer elemento do Grunge e trouxe influências de Garage Rock e Art Rock. Muitos já falavam que esse gênero tinha sido experimentado no 3º álbum, só que aqui é muito mais explícito e abordado. O repertório traz faixas com toque de baladas e com letras mais maduras, refletidas nas canções Off He Goes, Who You Are, Smile, além de outras canções energéticas como Hail, Hail, Mankind (que lembra muito Foo Fighters) e Present Tense, que começa de um jeito melódico e depois fica mais animado, sendo assim um repertório com várias faixas que nem são muito lembradas. No fim, é um trabalho bem mais sombrio e abaixo comparado com seus anteriores, mas que não deixa de ser legal.

Yield – Pearl Jam





















NOTA: 9,7/10


Depois de uma pequena queda, o Pearl Jam retorna com seu 5º álbum de estúdio, trazendo um som mais acessível. Em uma época de transição para a banda e após o No Code não ter atingido as expectativas, eles precisavam lançar um trabalho que fosse ainda mais coeso e que conseguisse reconciliar tanto a parte interna da banda quanto seus fãs, que não ficaram muito contentes com o último álbum. A produção desse disco foi totalmente diferente, pois ele se tornou muito mais colaborativo, com músicas escritas por todos os membros da banda, e não apenas com o Eddie Vedder tomando as decisões finais. A sonoridade continuou tendo as mesmas influências de antes, mas sem o Art Rock e sendo muito mais pesada. Esse álbum foi gravado em duas sessões, em lugares diferentes. O repertório desse disco conseguiu ser bem melhor que o dos 2 últimos trabalhos, com canções muito boas como Faithful, Wishlist, Low Light e Pilate, além das maravilhosas faixas Given to Fly, que é bastante semelhante a Going to California do Led Zeppelin, e Do the Evolution, que tem um clipe animado dirigido pelo ilustrador Todd McFarlane, que é uma verdadeira obra-prima. Este foi o primeiro clipe lançado pela banda após 6 anos, desde a época da sua estreia. Em suma, é um disco injustamente subestimado, pois é um dos melhores após a mudança de sonoridade da banda.

Binaural – Pearl Jam 





















NOTA: 6,7/10


Mais uma vez, após um período de dois anos de espera, chega o Binaural, que foi um dos discos mais conturbados da banda. Basicamente, isso ocorreu devido a várias coisas. Primeiro, o Pearl Jam novamente trocou de baterista, já que Jack Irons saiu por não querer mais fazer turnês extensas, e no seu lugar entrou o ex-baterista do Soundgarden, Matt Cameron (lembrando que o Soundgarden tinha recém-acabado). Outra mudança foi que a banda ainda estava explorando novas direções musicais. Dessa vez, Brendan O’Brien não ficou por trás da produção; ele acabou mixando esse disco. Quem foi o produtor da vez foi Tchad Blake, que fez com que a banda novamente fosse para uma sonoridade mais experimental, utilizando técnicas de gravação binaural, que utilizam microfones posicionados de forma a imitar a audição humana para criar um efeito tridimensional no som. Isso cria uma vibe de um trabalho voltado mais para a neopsicodelia e com elementos de Post-punk. O repertório começa de um jeito até legal com as seis primeiras faixas, como Breakerfall, Light Years e Thin Air, só que logo depois vêm canções fraquíssimas que não empolgam nem um bicho-preguiça, como Of The Girl, Sleight of Hand e Parting Ways. E olha que as únicas músicas que prestam no final desse disco são Rival e Soon Forget. Esse álbum, por mais que tenha um começo bom, o restante dele decepciona muito, sendo assim um trabalho muito irregular.

Lost Dogs – Pearl Jam 





















NOTA: 7/10


Por mais que seja uma compilação em forma de disco duplo, ela contém várias raridades, alguns singles já lançados e lados B. Esse material inteiro é uma junção de coisas que vem lá desde o surgimento da banda em 1991 até 2003, sendo totais sobras de estúdio que, por várias razões, não entraram nos discos finais no período em que foram gravadas. Bem como a produção é totalmente diversificada, desde Rick Parashar, que produziu o Ten, a Brendan O’Brien, Tchad Blake e Adam Kasper, e até alguns outros que estiveram por trás das mixagens dos últimos trabalhos. Logicamente, todo material que não tinha sido lançado, exceto os singles, era tudo demos, e aí eles tiveram apenas que remasterizar e melhorar a qualidade sonora das faixas. O repertório, por mais que seja meio bagunçado nos dois discos, tem muitas canções legais como Down, Hard To Imagine e Let Me Sleep (It’s Christmas Time), que sim, é uma canção de Natal e bem melancólica. Além disso, tem outras canções espetaculares que também estão aqui, como Alone, Yellow Ledbetter, que é um lado B do hit Jeremy, e a maravilhosa Last Kiss, que, para quem não sabe, é um cover de Wayne Cochran. Mas, apesar disso, tem outras faixas que era melhor nem terem sido gravadas, como Dead Man, Hold On e Black, Red, Yellow, que tem um título que parece música infantil. No fim, esse compilado de raridades é bastante interessante e vale a pena escutar todo esse material.

Riot Act – Pearl Jam 





















NOTA: 9,3/10


Depois de um trabalho muito abaixo, chega o Riot Act, lançado em uma época muito conturbada que o Pearl Jam estava passando. A banda havia passado por um período de um ano de pausa logo após a tragédia do festival de Roskilde em 2000, onde nove fãs morreram pisoteados durante a apresentação, e isso acabou impactando muito a banda. Quando eles foram gravar esse disco, tinham recém acontecido os ataques de 11 de setembro, e isso resultou em letras mais politizadas e reflexivas. Dessa vez, a produção ficou a cargo de Adam Kasper, que junto com a banda incorporou uma sonoridade de Art Rock, Folk e, logicamente, trouxe um som mais alternativo e experimental. Dessa vez, Eddie Vedder e companhia ficaram satisfeitos, diferente da produção de Tchad Blake no Binaural. Novamente, o repertório está recheado de canções legais e com uma ótima ordenação, tendo várias canções maravilhosas como as três primeiras faixas Can’t Keep, Save You e Love Boat Captain, todas muito pesadas e que já te hipnotizam, além dos maravilhosos hits I Am Mine e Thumbing My Way, que são ótimas baladas. Sem contar que há uma faixa muito boa, que é You Are, muito subestimada por sinal em que o Matt Cameron toca uma guitarra rítmica, largando a bateria dessa vez. Enfim, esse álbum é muito bom, sendo bastante reflexivo e um verdadeiro avanço após um último trabalho mediano.

Pearl Jam – Pearl Jam 





















NOTA: 9,3/10


Após uma longa pausa de quatro anos, chega o seu álbum autointitulado, que é bastante conhecido como o disco do Abacate, mas no meu caso eu o chamo de ‘‘Abacatezera’’, tô nem aí que é estranho. Enfim, o Abacatezera chegou após o Pearl Jam ter saído da Epic e ter assinado com a J Records, que foi uma decisão bem pensada, pois a banda queria revitalizar seu som e voltar às suas raízes, agora estando numa nova gravadora que poderia trazer um público mais amplo. Novamente, Adam Kasper produziu mais um trabalho da banda de Seattle, e mais uma vez foi gravado no Estúdio X, com a intenção de capturar uma energia crua e mais direta. Tanto que esse disco é conhecido como o álbum Hard Rock do Pearl Jam. Mas não foi só esse gênero que foi a novidade desse trabalho também houve certos flertes, depois de muito tempo, com o gênero que os consolidou: o Grunge. Outra vez, o repertório é muito bom e aqui mostra uma ordenação muito certeira, cheio de canções ainda mais maravilhosas como Life Wasted, World Wide Suicide, Comatose, Unemployable e Inside Job, que têm temas muito reflexivos, cheios de críticas sociais e à futilidade da sociedade mundial. Além disso, tem baladas lindíssimas como Parachutes, Come Back e Inside Job (inclusive, desde o Yield, a última faixa desses discos sempre tem uma faixa oculta contida, e todas elas foram muito legais). Enfim, esse disco é excelente, só que ele é criminosamente subestimado.

Backspacer – Pearl Jam  





















NOTA: 8,8/10


Indo agora para o Backspacer, depois de terem tido um ótimo trabalho no ‘‘Abacatezera’’, a banda percebeu que tinha seguido um ótimo caminho. Nesse contexto, o Pearl Jam queria novamente capturar a energia de suas performances ao vivo e explorar uma abordagem mais otimista, em contraste com os tons mais sombrios dos trabalhos anteriores. Novamente, eles voltaram a trabalhar com Brendan O’Brien, que já havia trabalhado com a banda em vários álbuns anteriores, exceto nos três últimos discos: em dois deles, ele apenas mixou, e no último, ele não participou. E novamente, ele capturou muito bem a essência da banda, e a sonoridade focou mais uma vez em um som alternativo com um pouco de Hard Rock, mantendo um som limpo e polido, mas preservando a intensidade característica do Pearl Jam. O repertório, mais uma vez, é muito interessante, contendo 11 faixas bem legais, como Gonna See My Friend e Get Some, que abrem o disco de uma forma bem energética. Depois, vêm algumas baladas lindíssimas como Speed Of Sound, The End e, logicamente, o hit Just Breathe, que tem um lado mais puxado para o Folk, tanto que um tempo depois teve um cover de um ‘‘tal’’ de Willie Nelson. Outra faixa que vale destacar é The Fixer, que passa uma ótima mensagem de você conseguir enfrentar seus próprios desafios. E só um adendo: este foi o primeiro álbum sem uma faixa oculta depois de muito tempo. Em suma, é um disco muito bom e teve um ótimo retorno àquele som mais característico da banda.

Lightning Bolt – Pearl Jam 






















NOTA: 9/10


Mais alguns anos se passaram e foi lançado o décimo álbum do Pearl Jam, que, vamos concordar, tem uma capa que mais parece um logo de uma rádio de Nova Iorque. Mas, focando no álbum, depois de uma pequena pausa da banda inteira para descansar após mais um longo período de turnê, nesse meio tempo, alguns integrantes gravaram seus discos solos, principalmente Eddie Vedder, que já tinha lançado o seu segundo disco solo, Ukulele Songs. E após isso, a banda retornou ao estúdio para gravar esse trabalho junto com o mesmo produtor de sempre e, dessa vez, eles capturaram um som mais pesado e incorporaram aquele conceito experimental do Backspacer, mostrando arranjos um pouco mais técnicos e, novamente, houve bastante colaboração de todos os membros da banda. O repertório desse trabalho não decepciona, com muitas músicas que chegam a lembrar o brilhantismo dos três primeiros álbuns, tendo várias canções legais e energéticas como Getaway, a faixa-título e Swallowed Whole, além das interessantíssimas baladas Future Days, que encerra muito bem esse disco, e o hit Sirens, que tem um arranjo perfeito. Além disso, há uma canção chamada Sleeping By Myself, que é uma regravação de uma das canções lançadas por Vedder em sua carreira solo, que ficou ainda mais complexa. Enfim, esse disco é um dos mais legais da banda e um dos trabalhos que mais se assemelha ao trio Ten, Vs. e Vitalogy.

Por hoje é só, então flw!!!

Review: Eu Odeio o Dia Dos Namorados do Orochi

                     Eu Odeio o Dia Dos Namorados – Orochi NOTA: 3,8/10 E novamente o Orochi retorna lançando mais um trabalho novo, o Eu Od...