segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Analisando Discografias - Pearl Jam, CPM 22 e Eazy-E (RA: XXII)

           

Gigaton – Pearl Jam





















NOTA: 5,8/10


Depois de sete anos sem qualquer tipo de lançamento novo, o Pearl Jam retornou em 2020 com Gigaton, que foi lançado já na época em que a pandemia estourou. Mais uma vez, esse trabalho demorou bastante por várias razões, como, por exemplo, algumas turnês, trabalhos de caridade e, logicamente, a carreira solo de alguns integrantes, sem contar que Matt Cameron lançou seu primeiro disco solo logo após o Soundgarden ter novamente acabado, após Chris Cornell ter tirado sua própria vida. Foi justamente no ano de 2017 que começaram as gravações desse disco, e em determinados momentos mostrou ser uma produção bastante inconsistente, principalmente porque teve um novo produtor, Josh Evans, que trouxe uma sonoridade diferente dos discos anteriores, sendo ainda mais experimental e tendo bem pouquinho de grunge em seus arranjos, mas não sendo sujo, e sim com uns sons eletrônicos muito estranhos. Dessa vez, o repertório até começa bem com as quatro primeiras faixas: Who Ever Said, Superblood Wolfmoon, Dance Of The Clairvoyants, que tem uma vibe de funk com New Wave, e a excelente Quick Escape, que é a canção mais pesada desse álbum. Só que, logo depois, o repertório acaba se mostrando bastante bagunçado, com as outras canções sendo muito chatas, como Alright, Buckle Up e Comes Then Goes a única exceção é Never Destination. No final de tudo, é um álbum que eu não diria que é ruim, apenas mediano, sendo um tropeço feio da banda.

Dark Matter – Pearl Jam 





















NOTA: 9,5/10


Após a queda com Gigaton, há exatamente um mês é lançado o Dark Matter, que é simplesmente assustador. No período da pandemia em 2021, o Pearl Jam já começou a planejar no que eles teriam que melhorar em seu novo disco para não cometessem os mesmos erros, e logo a banda percebeu que estava na hora de voltar às suas origens. Então, eles começaram a gravar esse disco com o produtor Andrew Watt, que já tinha acabado de produzir o último disco solo do Eddie Vedder, sem contar que ele também tinha trabalhado com Ozzy Osbourne e o Rolling Stones. As gravações desse disco começaram no estúdio caseiro do Watts e apenas dois anos depois ele foi terminado no estúdio Shangri-La em Malibu e toda a sonoridade foge daquele lado experimental, e foca num som alternativo mais moderno e com Hard Rock que lembra muito o ‘‘Abacatezera’’, mostrando um baita acerto desse trabalho independente da banda que desde o Backspacer é lançado pelo selo da Monkeywrench. O repertório é recheado de faixas brilhantes como Scared of Fear, Wreckage, Won’t Tell e claro a incrível faixa título, além de canções introspectivas como Upper Hand e Running e também vale destacar Waiting For Stevie que tem um riff de guitarra maravilhoso do Mike McCready, um repertório maravilhoso. No final, é um álbum brilhante, sendo um ótimo retorno às suas origens e eu não duvido que futuramente possa se tornar um clássico da banda.

CPM 22 – CPM 22 





















NOTA: 9,3/10


Após uma estreia bem interessante, é lançado o autointitulado segundo álbum do CPM 22, que é uma verdadeira maravilha. Logo após A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum e sua marcante demo de 1998, que ajudou a construir sua base de fãs, o CPM acabou se saindo tão bem nesses trabalhos que fez eles explodirem no underground, levando a banda a assinar com a Arsenal Music, que era distribuída pela gravadora Abril. Esse disco foi produzido por Rick Bonadio, que deu uma pequena largada no Charlie Brown nessa época e foi produzir esse trabalho aqui, acabando por capturar uma energia pesada e o espírito rebelde da banda, ao mesmo tempo que trouxe um som muito mais polido. Trazendo vocais mais agressivos do Badauí, e riffs de guitarra mais energéticos e rápidos, além de ter uma sonoridade com Hardcore Melódico e Pop Punk. Dessa vez, o repertório é uma verdadeira maravilha. Claro que a maioria das faixas são regravações do álbum anterior, como o hit O Mundo Dá Voltas, O Perdedor (Bohrizloser), 60 Segundos e Mais um Dia, que ficaram muito boas, mas as canções que tiveram regravação tão excelentes quanto a original foram Anteontem e Regina Let’s Go. Além disso, não posso esquecer de destacar o hit Tarde de Outubro, que tem uma letra esperançosa muito marcante, e também a subestimadíssima canção A Velha História, que também poderia ter virado um hit. No final de tudo, é um disco maravilhoso que consolidou a banda vinda de Barueri.

Chegou a Hora de Recomeçar – CPM 22





















NOTA: 10/10


Um ano se passa e é lançada a sequência ainda mais incrível, o Chegou a Hora de Recomeçar, com sua capa que mais parece alguém sofrendo pela morena que tinha dado um fora nele. Enfim, após o CPM 22 ter atingido o mainstream no seu último disco, eles sabiam que, se quisessem ainda estar no topo, precisavam inovar o seu som para que não caíssem na mesmice. Então, logo após extensas turnês, eles finalmente foram gravar esse novo trabalho. Esse álbum foi produzido por três produtores diferentes: Rick Bonadio, que produziu o antecessor, e os produtores Paul Anhaia e Rodrigo Castanho, que deram uma sonoridade muito parecida com as bandas californianas, só que, é claro, com um som polido. O título desse álbum se deve à frase contida em uma das canções, que para a banda, por ser um trabalho novo, eles não queriam ficar parados no mesmo lugar, isso foi afirmado pelo guitarrista Wally. Falando do repertório, ele é espetacular, parecendo ser uma coletânea e cheio de hits como Dias Atrás, Desconfio, Ontem, que podemos dizer que é uma continuação de Anteontem, e a incrível e melancólica Não Sei Viver Sem Ter Você, que é a canção que tem a frase que deu título a esse disco. Além disso, tem mais duas regravações de canções do seu álbum de estreia, Garota da TV e Peter, que ficaram melhores que as originais e também tem a ótima participação do Rodrigo Lima do Dead Fish na canção Atordoado. Em suma, é um disco maravilhoso e um dos melhores da banda em tão pouco tempo.

Felicidade Instantânea – CPM 22 





















NOTA: 9,8/10


Depois de três anos, foi lançado o 4º álbum de estúdio do CPM 22, o também icônico Felicidade Instantânea. Esse álbum chegou após o baixista Portoga ter deixado a banda, e quem assumiu o baixo foi justamente o guitarrista Luciano Garcia, que nesse trabalho acabou gravando não só a guitarra como também o baixo. Durante os shows, obviamente, eles não podiam tentar fazer essa proeza, mas calma, no próximo álbum eu falo o que aconteceu. Outra coisa importante foi que eles perceberam que precisavam fazer um disco que tivesse músicas mais rápidas e lentas, exatamente como no começo da banda. A produção continuou sendo a mesma, embora o maior destaque entre os três produtores tenha sido Paul Anhaia. É possível perceber de imediato que a gravação de cada faixa não mostra um erro sequer da banda. Além disso, a sonoridade é uma ótima mistura de Hardcore Melódico e Punk Rock dos anos 90. Mais uma vez, o repertório segue a mesma excelência dos trabalhos anteriores. Ele é recheado de canções muito boas e de certo modo subestimadas, como Recíproca, Park, Park e Contagem Regressiva. Além, é claro, dos hits como a melódica Irreversível e a maravilhosa e clássica Um Minuto Para o Fim do Mundo, que surgiu de um antigo riff do Wally e que a banda já tinha composto há anos, mas que somente nesse álbum resolveram gravar. No final de tudo, é um disco muito bom, cheio de arranjos incríveis, sendo mais um trabalho brilhante do CPM.

Cidade Cinza – CPM 22 





















NOTA: 9,8/10


Logo após o sucesso do último disco e de seu MTV Ao Vivo, a banda retorna mais uma vez dois anos depois com seu 5º álbum de estúdio. Dessa vez, o COM percebeu que estava na hora de fazer um trabalho que deixasse o romantismo mais de lado e que fosse mais reflexivo e crítico, como algumas bandas do mesmo gênero faziam, como no caso do Dead Fish. Outra mudança foi que, enfim, eles conseguiram um novo baixista o Fernando Sanches, que havia saído da banda Hateen, entrou para o CPM 22. Além disso, o Japinha também tocava bateria nessa banda e meio que foi um impulso para o Fernandinho entrar. O disco, mais uma vez, foi muito bem produzido pelos mesmos três produtores de sempre: Rick, Rodrigo e Paulo, que mais uma vez deixaram a sonoridade impecável, focando muito mais no Hardcore Melódico. Além disso, você consegue sentir os vocais do Badauí ainda mais rebeldes e, sem contar que o Wally arrebentou mais uma vez na guitarra. E, outra vez, o repertório é genial, cheio de canções incríveis, como as três primeiras faixas Estranho no Espelho, Nossa Música e Ano Que Vem Talvez, além das canções Depois de Horas e Tempo, todas complementadas por canções mais críticas como 1000 Motivos e a própria faixa-título. Enfim, esse álbum, apesar de ter sido bastante diferente dos seus anteriores, é subestimado de forma injusta, porque ele é um discaço!

Depois de Um Longo Inverno – CPM 22 





















NOTA: 9/10


Depois de um tempo bem longo, a banda retorna com mais um novo álbum, só que agora estava tudo completamente diferente do que era. Nessa época, em 2011, a banda tinha recém voltado a ser um quarteto novamente, pois o Wally tinha saído da banda, o que foi um verdadeiro tiro nas costas. Logo depois, ele acabou montando outra banda, o Astafix. Outro problema foi que a banda estava passando por um momento delicado, o que fez eles perceberem que teriam que apresentar um amadurecimento pela parte de todos. Dessa vez, o Fernando Sanches, além de estar no baixo, acabou sendo o produtor desse disco, até porque depois do Cidade Cinza, a banda saiu da Arsenal Music e, dessa vez, produziram e lançaram por um selo independente, a Performance. As letras estavam mais sérias e demonstravam aquele período que a banda havia passado sem nenhum lançamento. As faixas desse disco, por mais que não sejam super memoráveis como nos últimos álbuns, mesmo assim demonstram ser um repertório bem competente, com várias canções maravilhosas como Vida ou Morte e Sofridos e Excluídos, que são ótimos Ska, além das incríveis Filme Que Eu Nunca Vi, Na Melodia Certa e Cavaleiro Metal, cuja letra é meio que um recadinho para o Wally. Além de terem uma faixa intitulada com o nome da banda, que tentou ser um hino, mas flopou, mas ainda assim ela é excelente. Novamente, eles fizeram mais um ótimo álbum, que também não é muito lembrado pelos fãs.

Suor e Sacrifício – CPM 22 





















NOTA: 4,4/10


Depois de terem lançado o seu primeiro trabalho acústico em 2013 e com um intervalo de seis anos, chega enfim mais um álbum. Após o último disco, o baixista Fernando Sanches deixou a banda por questões pessoais, e o Heitor Gomes, que estava no Charlie Brown Jr., acabou o substituindo. Em seguida, após a participação no acústico, o guitarrista Philippe Fargnoli se juntou ao CPM após ter saído do Dead Fish, o que foi uma escolha muito boa. E quando eles começaram a gravar esse disco, o Heitor Gomes nem esteve por trás, tanto que ele vazou em 2016, e o Fernandinho acabou retornando. Dessa vez, a banda novamente esteve vinculada a uma gravadora, no caso a Universal Music, e teve a produção do renomado Paul Ralphes, que deixou uma sonoridade polida, porém ele desbalanceou as guitarras pesadas e os vocais melódicos do Badauí, sem contar que eles deixaram de lado as influências do Ska. E o repertório é muito ruim, são um compilado de músicas sem emoção e que não se complementam. As únicas exceções são Pagar Pra Ver?!, Ser Mais Simples, Linha de Frente, Segunda Chance e Destemido, agora o resto é um bando de letras que não motivam nem um papagaio, como a chatíssima Conta Comigo e as pavorosas Honrar Teu Nome e Todos por 1. Em suma, é um disco muito ruim e que mostra o seu total nível de inconsistência.

Enfrente – CPM 22  





















NOTA: 9,2/10


No início desse mês, chegou o 8º álbum de estúdio do CPM 22, totalmente diferente de tudo que foi apresentado em seu fraco último trabalho. Esse disco começou a ser preparado há dois anos e não repetiu os erros que seu antecessor teve, sendo um trabalho que traz letras reflexivas e fala sobre a sociedade atual. Este foi o primeiro álbum da banda com o baixista Ali Zaher e o baterista Daniel Siqueira, já que o Fernando Sanches (Fernandinho) saiu da banda e o Japinha, que era um dos membros mais importantes, acabou sendo demitido após uma conversa dele, de 2012, com uma adolescente de 16 anos, que foi vazada no dia 4 de junho de 2020 de forma anônima, em um perfil no Twitter. No fim, o CPM teve essa baixa no período da pandemia, mas logo eles se recuperaram. A produção ficou muito boa, estando por trás a própria banda, apesar de os destaques serem Luciano Garcia e Ali Zaher, que todos conseguiram emular o som dos dois primeiros álbuns, com aquele Hardcore de sempre junto com um Punk Rock dos anos 90 com inspiração no Weezer, Green Day, The Offspring, Pennywise, e entre outros. E o repertório é um verdadeiro espetáculo, recheado de canções muito boas como Dono da Verdade, Mágoas Passadas e O Ano Em Que a Terra Passou, que provavelmente virariam hits, além de outras canções boas como Alívio Imediato e Urbano. No fim, é um disco muito bom e bem consistente. Viu, Green Day? É assim que se faz um novo álbum.

Eazy-Duz-It – Eazy-E 





















NOTA: 9,7/10


Meses após o lançamento do Straight Outta Compton, foi lançado o primeiro álbum solo do Eazy-E, embora ele ainda estivesse no N.W.A. Mas calma, eu explico qual foi a fita. O E que é um dos principais fundadores do infame grupo, vindo diretamente de Compton (acho que deu para entender a referência), já estava estabelecido como uma figura proeminente no subgênero do gangsta rap. O álbum foi idealizado para capitalizar o sucesso não só do rapper, mas também do N.W.A, divulgando um pouco mais o disco de estreia do grupo e também o Hip Hop da Costa Oeste, que estava crescendo na época. Quem trabalhou nessa produção magnífica foi Dr. Dre e DJ Yella, destacando-se o talento de Dre em mostrar o quanto ele já sabia produzir muito bem. O álbum tem batidas pesadas, amostras muito legais e uma vibe crua, mostrando aquele lado mais para a ‘‘putaria’’. E lembrando, embora seja um álbum exclusivo do Eazy-E, todos os membros do N.W.A estiveram envolvidos na produção ou composição, podendo ser chamado de uma espécie de álbum ‘‘mascarado’’ do grupo, só que com Eazy-E à frente do projeto. E assim, o repertório é muito bem ordenado e espetacular, com todas as faixas sendo muito boas, como Nobody Move, Eazy-er Said Than Dunn, No More?'s, a própria faixa título e o incrível remix de Boyz-n-The-Hood, que é muito melhor que a versão original. Enfim, esse disco é maravilhoso e bastante essencial para aqueles que gostam do Hip Hop/Rap americano.

 Então é isso e flw!!!

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