She Shot Me Down – Frank Sinatra
NOTA: 8,5/10
Outro ano se passa, e Sinatra volta para um lado mais tradicional com She Shot Me Down, que relembra seus tempos com sua antiga gravadora. Após o lançamento do ambicioso Trilogy: Past Present Future, que explorou diferentes fases da vida e do tempo, Sinatra voltou ao estúdio para gravar um álbum que ressoava com a melancolia e a introspecção que haviam caracterizado seus trabalhos mais sombrios nas décadas de 1950 e 1960, na época da Capitol Records. Neste ponto, Sinatra estava perto dos 70 anos, e suas escolhas refletiam tudo o que ele tinha vivido. A produção foi conduzida por Don Costa, com arranjos feitos em sua grande maioria por Gordon Jenkins, sendo que apenas a última canção foi arranjada por Nelson Riddle. A sonoridade é marcada por orquestrações que, apesar de ricas, muitas vezes são sombrias, complementando o tom introspectivo das canções. A produção é fiel ao estilo clássico de Sinatra, focando na qualidade da interpretação vocal e na criação de atmosferas emocionais profundas. O repertório é quase excelente (não desmerecendo, pois é claro que é muito bom) com cada canção belíssima, como as emocionantes Thanks For The Memory e I Loved Her, além de outras músicas como Hey Look, No Cryin’, A Long Night e Monday Morning Quarterback, que têm ótimas interpretações. No final de tudo, apesar de ter sido um fracasso comercial, é um belo disco, mas que escondeu vários acontecimentos nos bastidores.
L.A. Is My Lady – Frank Sinatra
NOTA: 8,3/10
Duets – Frank Sinatra
NOTA: 8/10
Depois de quase dez anos, em 1993, saiu um dos últimos álbuns de Frank Sinatra, que não trazia material inédito, mas incluía vários duetos. O cantor estava perto dos 78 anos e já não gravava novos materiais havia algum tempo, mas sua influência e popularidade permaneciam intactas. A gravadora Capitol e o produtor Phil Ramone foram essenciais na concepção do projeto, com a intenção de criar um álbum que destacasse o legado de Sinatra através de colaborações com artistas de diferentes estilos musicais. A produção foi totalmente controversa, pois Sinatra gravou suas partes muito antes, enquanto a maioria dos duetos foi gravada separadamente pelos outros artistas, que estavam em diferentes locais ao redor do mundo. As gravações foram então mixadas para parecer que Sinatra e seus parceiros estavam cantando juntos. A decisão de gravar dessa forma foi bastante criticada por alguns fãs e críticos, que acreditavam que isso tirava a autenticidade das performances, mas também foi uma solução prática, dado o estado de saúde e a idade avançada de Sinatra. O repertório é composto por músicas já conhecidas, com destaque para as canções New York, New York com Tony Bennett e Witchcraft com Anita Baker, além do ótimo dueto com Bono, vocalista do U2, em I've Got You Under My Skin, o que não posso dizer o mesmo de Julio Iglesias em Summer Wind. Enfim, essa primeira parte até que é consistente, apesar de sua concepção.
Duets II – Frank Sinatra
NOTA: 7,8/10
Fitsful Of Metal – Anthrax
NOTA: 8,7/10
Há exatos 30 anos, o Anthrax lançava seu primeiro álbum de estúdio, o violento e estranho Fistful of Metal. A banda foi formada em 1981 em Nova York pelos colegas de escola Scott Ian (guitarrista) e Dan Lilker (baixista), que eram inspirados pelas bandas famosas da época. Durante os primeiros anos, a banda passou por várias mudanças de formação, mas a principal mudança veio com a adição do vocalista Neil Turbin e do baterista Charlie Benante. Com essa formação, o Anthrax começou a ganhar atenção na cena underground, e em 1983 assinou um contrato com a gravadora independente Megaforce, que também havia lançado o primeiro álbum do Metallica, o Kill 'Em All. Esse álbum foi produzido por Carl Canedy, que já tinha experiência no cenário metal com sua própria banda, The Rods. A produção reflete a energia bruta da banda, com um som pesado, distorcido e direto ao ponto, típico daquele começo do Thrash Metal na época. No entanto, o álbum também apresenta vários problemas, com uma clara influência do Speed Metal e, às vezes, a banda imitar o Judas Priest. O repertório é muito bom e tem muitas canções pesadas, como Metal Thrashing Mad no início, I'm Eighteen, que é um cover de uma canção do Alice Cooper, e Panic, além da excelente Howling Furies, que é precedida pela ótima faixa instrumental Across the River. No final, é um bom disco de estreia, apesar de a banda estar cheia de incertezas e conflitos.
Speading The Disease – Anthrax
NOTA: 9,6/10
No ano seguinte, a banda volta a todo vapor com o clássico e sensacional Spreading the Disease. Após o Fistful of Metal, o Anthrax passou por uma mudança significativa em sua formação. Neil Turbin, o vocalista original, foi expulso da banda devido a diferenças criativas e de personalidade. Para substituí-lo, a banda recrutou Joey Belladonna, que trouxe uma nova dimensão melódica ao som da banda, que, até então, estava muito alinhada ao Speed Metal. Belladonna tinha uma abordagem mais versátil, com influências do Hard Rock e do Metal tradicional, o que contrastava com o estilo mais gritante de Turbin. Além disso, Frank Bello substituiu Dan Lilker no baixo, e assim nascia a formação clássica da banda. Esse novo trabalho foi produzido novamente por Carl Canedy. A produção deixou a sonoridade mais polida e coesa em comparação ao seu antecessor, refletindo o amadurecimento musical da banda. O som é mais claro, com uma mistura que permite que cada riff de Scott Ian e Dan Spitz brilhe, e a produção destaca os vocais melódicos de Belladonna, sem sacrificar a agressividade dos instrumentos no geral. O repertório é sensacional, com muitas músicas pesadas e agressivas uma atrás da outra. As que mais se destacam são as do início, como A.I.R., Lone Justice, S.S.C./Stand or Fall e, claro, o clássico Madhouse, além das quase melódicas Armed and Dangerous e Medusa. Enfim, esse álbum é um verdadeiro clássico e certamente um dos melhores da banda.
Among The Living – Anthrax
NOTA: 9,5/10
Dois anos se passaram, e o Anthrax retorna com outro disco maravilhoso, Among the Living, que não trazia nenhuma mudança significativa. Após o sucesso de Spreading the Disease, a banda havia ganhado destaque na cena do Thrash Metal, tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. Com tudo definido, e depois de alguns membros lançarem um projeto paralelo que trouxe algumas coisas interessantes (mas isso fica para depois), a banda fez um esforço para capturar a energia bruta e a intensidade de suas apresentações ao vivo, enquanto refinava ainda mais o som que haviam desenvolvido nos álbuns anteriores. Além disso, o álbum marca uma fase em que eles começam a explorar temas variados e complexos em suas letras, como política, violência e abuso de drogas. O álbum foi produzido por Eddie Kramer, famoso por seu trabalho com artistas como Jimi Hendrix, Led Zeppelin e Kiss. As gravações ocorreram no Quadradial Studios, em Miami, com a mixagem sendo feita no Compass Point Studios, nas Bahamas. Sob a direção de Kramer, o Anthrax conseguiu um som mais polido e potente, sem perder aquele lado thrasheiro. Novamente, o repertório é excelente, cheio de canções maravilhosas, como a faixa-título, a caótica Caught in a Mosh, I Am the Law, inspirada no personagem de quadrinhos Judge Dredd, e as poderosíssimas A Skeleton in the Closet e Indians, além de outras canções muito boas. No fim, esse álbum é espetacular e seguiu muito bem a fórmula do seu antecessor.
State Of Euphoria – Anthrax
NOTA: 8,2/10
Pouco tempo depois, a banda lançou seu 4º álbum, o State Of Euphoria, que, de certo modo, trouxe algumas mudanças. Após Among the Living, que consolidou ainda mais a imagem do Anthrax como uma das bandas mais importantes do Thrash Metal, a expectativa para o próximo trabalho era alta. A banda estava em uma fase de grande visibilidade e pressão, com constantes turnês e a crescente popularidade do gênero. A produção ficou a cargo de Mark Dodson, que já havia trabalhado com a banda em um EP recém-lançado. Ele foi escolhido para produzir este disco devido ao seu trabalho com Judas Priest e Metal Church, conforme afirmado por Scott Ian. O processo de produção foi completamente apressado, e a banda mais tarde expressou certo descontentamento com o resultado final, sentindo que o álbum poderia ter sido mais trabalhado. No entanto, a produção é boa, pois a sonoridade é pesada e agressiva, mas com uma ênfase mais melódica. O repertório é interessante, com faixas fortes como Be All, End All, Out Of Sight, Out Of Mind e Schism, principalmente pelos seus temas, além de um ótimo cover de Antisocial da banda Trust. As faixas que mais se destacam são a pesadíssima Make Me Laugh e a sombria Now It’s Dark. O único erro foi nas duas últimas faixas, onde o interlúdio 13 não combina com a canção Finale. Mas enfim, apesar de ser um álbum mais leve que os anteriores, ele é muito bom, embora tenha sido subestimado.
Persistence Of Time – Anthrax
NOTA: 9/10
Indo para o Persistence of Time, que é o 5º álbum do Anthrax, que trouxe um lado ainda mais sombrio. Naquele período, a banda já estava consolidada como uma das principais do gênero, sendo parte do Big Four do Thrash, ao lado do Metallica, Slayer e Megadeth. O disco anterior, apesar de ser muito bom, acabou sendo subestimado por não atingir a mesma aclamação do clássico Among the Living. Com isso tudo, o Anthrax buscou um som mais sombrio e maduro nesse novo trabalho, refletindo as tensões pessoais e a crescente seriedade que permeavam a banda no final da década de 80. O álbum foi produzido pela própria banda em conjunto com Mark Dodson. A gravação foi muito complicada, pois nas primeiras sessões houve um incêndio, fazendo com que a banda perdesse seus equipamentos e seu estúdio de ensaio. Após esse desastre, a banda teve que se mudar para um estúdio diferente. Mas a produção foi muito boa, pois ela deixou a sonoridade mais crua e direta, deixando de lado aquele clima melódico e explorando temas mais sombrios e complexos. O repertório é, mais uma vez, excelente, com várias canções arrasadoras como Time, Blood e Gridlock, além da ótima faixa instrumental Intro to Reality que antecede as sensacionais Belly of the Beast e o cover de Got the Time do Joe Jackson, além da excelente Keep It in the Family que tem uma letra afiadíssima e reflexiva. No final de tudo, é um ótimo trabalho que iguala o que o seu antecessor não conseguiu fazer.
Sound Of White Nose – Anthrax
NOTA: 8,8/10
Três anos se passam, e o Anthrax retorna totalmente diferente com o seu novo álbum, Sound of White Noise. No início de 1992, a banda assinou com a Elektra Records e, logo após refletirem sobre todos os momentos de tensão, Joey Belladonna foi demitido do Anthrax. Depois disso, os membros restantes do Anthrax fizeram testes com vários vocalistas, e o escolhido foi John Bush, que era vocalista da banda Armored Saint. Além disso, a banda procurou renovar seu som para se adaptar ao clima musical em constante mudança do início dos anos 90. A produção ficou a cargo de Dave Jerden, conhecido por seu trabalho com bandas como Alice in Chains e Jane’s Addiction, o que ajudou a moldar o som mais moderno e polido desse álbum. Ele trouxe uma abordagem mais texturizada e experimental, incorporando elementos do Grunge e deixando a sonoridade muito próxima do Groove Metal, ou seja, eles groovaram o som e largaram suas influências mais thrasherias. Além disso, a performance de John Bush como vocalista trouxe um tom mais grave e emocional, contrastando com o estilo mais agudo e energético de Belladonna. O repertório, de certo modo, é muito interessante, com muitas músicas legais como Potters Field, Packaged Rebellion, Invisible e C11 H17 N2 O2 S Na (que, para quem não sabe, é a fórmula química do barbitúrico tiopental). Além delas, há também as excelentes Only e 1000 Points of Hate. Enfim, apesar de ser controverso, esse trabalho é muito bom e tem o seu devido valor.
Então é isso, um abraço e flw!!!