domingo, 29 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Frank Sinatra e Anthrax (RA: XLVII)

                

She Shot Me Down – Frank Sinatra





















NOTA: 8,5/10


Outro ano se passa, e Sinatra volta para um lado mais tradicional com She Shot Me Down, que relembra seus tempos com sua antiga gravadora. Após o lançamento do ambicioso Trilogy: Past Present Future, que explorou diferentes fases da vida e do tempo, Sinatra voltou ao estúdio para gravar um álbum que ressoava com a melancolia e a introspecção que haviam caracterizado seus trabalhos mais sombrios nas décadas de 1950 e 1960, na época da Capitol Records. Neste ponto, Sinatra estava perto dos 70 anos, e suas escolhas refletiam tudo o que ele tinha vivido. A produção foi conduzida por Don Costa, com arranjos feitos em sua grande maioria por Gordon Jenkins, sendo que apenas a última canção foi arranjada por Nelson Riddle. A sonoridade é marcada por orquestrações que, apesar de ricas, muitas vezes são sombrias, complementando o tom introspectivo das canções. A produção é fiel ao estilo clássico de Sinatra, focando na qualidade da interpretação vocal e na criação de atmosferas emocionais profundas. O repertório é quase excelente (não desmerecendo, pois é claro que é muito bom) com cada canção belíssima, como as emocionantes Thanks For The Memory e I Loved Her, além de outras músicas como Hey Look, No Cryin’, A Long Night e Monday Morning Quarterback, que têm ótimas interpretações. No final de tudo, apesar de ter sido um fracasso comercial, é um belo disco, mas que escondeu vários acontecimentos nos bastidores.

L.A. Is My Lady – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,3/10


Por fim, em 1984, é lançado aquele que é verdadeiramente o último álbum de estúdio de Frank Sinatra, intitulado L.A. Is My Lady. Na época, o cantor tinha 68 anos e já era uma lenda viva, com uma carreira que se estendia por mais de quatro décadas. Este álbum veio como uma tentativa de Sinatra de se conectar com uma nova geração de ouvintes e celebrar sua relação com a cidade de Los Angeles, que ele considerava sua casa adotiva. Além disso, esse trabalho acabou sendo lançado pelo selo da Qwest, já que sua própria gravadora, a Reprise, que há muito tempo havia sido desativada pela Warner, acabou sendo extinta de vez. Contando com a produção de Quincy Jones, um dos maiores produtores musicais da época, Jones trouxe um toque moderno e sofisticado ao álbum, mantendo o estilo clássico de big band que Sinatra dominava. A produção contou com arranjos de músicos talentosos como Sammy Nestico e o próprio Quincy Jones, e o álbum foi gravado com uma banda composta por grandes nomes do Jazz, incluindo Lionel Hampton, George Benson e Ray Brown. Com isso, o repertório é totalmente decente, começando com a excelente faixa-título, seguida das ótimas The Best of Everything e How Do You Keep the Music Playing?, e continuando com outras belas canções como Mack the Knife, If I Should Lose You e A Hundred Years From Today. Enfim, apesar de não ter sido promovido como um disco de despedida, ele cumpre muito bem esse papel.

Duets – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


Depois de quase dez anos, em 1993, saiu um dos últimos álbuns de Frank Sinatra, que não trazia material inédito, mas incluía vários duetos. O cantor estava perto dos 78 anos e já não gravava novos materiais havia algum tempo, mas sua influência e popularidade permaneciam intactas. A gravadora Capitol e o produtor Phil Ramone foram essenciais na concepção do projeto, com a intenção de criar um álbum que destacasse o legado de Sinatra através de colaborações com artistas de diferentes estilos musicais. A produção foi totalmente controversa, pois Sinatra gravou suas partes muito antes, enquanto a maioria dos duetos foi gravada separadamente pelos outros artistas, que estavam em diferentes locais ao redor do mundo. As gravações foram então mixadas para parecer que Sinatra e seus parceiros estavam cantando juntos. A decisão de gravar dessa forma foi bastante criticada por alguns fãs e críticos, que acreditavam que isso tirava a autenticidade das performances, mas também foi uma solução prática, dado o estado de saúde e a idade avançada de Sinatra. O repertório é composto por músicas já conhecidas, com destaque para as canções New York, New York com Tony Bennett e Witchcraft com Anita Baker, além do ótimo dueto com Bono, vocalista do U2, em I've Got You Under My Skin, o que não posso dizer o mesmo de Julio Iglesias em Summer Wind. Enfim, essa primeira parte até que é consistente, apesar de sua concepção.

Duets II – Frank Sinatra





















NOTA: 7,8/10


E aí, no ano seguinte, chega o que é tratado cronologicamente como o último álbum de Frank Sinatra, que era a parte dois desses duetos. Após o sucesso comercial que sua primeira parte teve, que recebeu críticas mistas, mas cujo desempenho nas paradas e a curiosidade gerada pelas colaborações justificaram a produção de um segundo volume. Sinatra, com 78 anos, já havia gravado a maior parte de seu repertório clássico, e este novo projeto se apresentava como uma forma de revisitar sua obra, contando com a ajuda de novos parceiros. Duets II manteve a mesma equipe e abordagem do primeiro álbum, com Phil Ramone novamente como produtor. Assim como no primeiro volume, Sinatra gravou suas partes em Los Angeles, enquanto seus duetos foram adicionados posteriormente pelos outros artistas, que gravaram em diferentes estúdios ao redor do mundo, ou seja, eles usaram a mesma técnica de antes. A produção, tecnicamente desafiadora, foi feita para criar a ilusão de que Sinatra estava realmente cantando ao lado de seus parceiros. Novamente, o repertório tem o mesmo propósito, e os melhores são Come Fly With Me com Luis Miguel, Fly Me to the Moon com Tom Jobim, e My Kind of Town com seu próprio filho, mas também tem outros duetos fraquíssimos com Jon Secada, Linda Ronstadt e Lorrie Morgan em dose dupla. No fim, apesar de problemático e controverso, é um disco que encerra muito bem a carreira de Sinatra.

Fitsful Of Metal – Anthrax 





















NOTA: 8,7/10


Há exatos 30 anos, o Anthrax lançava seu primeiro álbum de estúdio, o violento e estranho Fistful of Metal. A banda foi formada em 1981 em Nova York pelos colegas de escola Scott Ian (guitarrista) e Dan Lilker (baixista), que eram inspirados pelas bandas famosas da época. Durante os primeiros anos, a banda passou por várias mudanças de formação, mas a principal mudança veio com a adição do vocalista Neil Turbin e do baterista Charlie Benante. Com essa formação, o Anthrax começou a ganhar atenção na cena underground, e em 1983 assinou um contrato com a gravadora independente Megaforce, que também havia lançado o primeiro álbum do Metallica, o Kill 'Em All. Esse álbum foi produzido por Carl Canedy, que já tinha experiência no cenário metal com sua própria banda, The Rods. A produção reflete a energia bruta da banda, com um som pesado, distorcido e direto ao ponto, típico daquele começo do Thrash Metal na época. No entanto, o álbum também apresenta vários problemas, com uma clara influência do Speed Metal e, às vezes, a banda imitar o Judas Priest. O repertório é muito bom e tem muitas canções pesadas, como Metal Thrashing Mad no início, I'm Eighteen, que é um cover de uma canção do Alice Cooper, e Panic, além da excelente Howling Furies, que é precedida pela ótima faixa instrumental Across the River. No final, é um bom disco de estreia, apesar de a banda estar cheia de incertezas e conflitos.

Speading The Disease – Anthrax 





















NOTA: 9,6/10


No ano seguinte, a banda volta a todo vapor com o clássico e sensacional Spreading the Disease. Após o Fistful of Metal, o Anthrax passou por uma mudança significativa em sua formação. Neil Turbin, o vocalista original, foi expulso da banda devido a diferenças criativas e de personalidade. Para substituí-lo, a banda recrutou Joey Belladonna, que trouxe uma nova dimensão melódica ao som da banda, que, até então, estava muito alinhada ao Speed Metal. Belladonna tinha uma abordagem mais versátil, com influências do Hard Rock e do Metal tradicional, o que contrastava com o estilo mais gritante de Turbin. Além disso, Frank Bello substituiu Dan Lilker no baixo, e assim nascia a formação clássica da banda. Esse novo trabalho foi produzido novamente por Carl Canedy. A produção deixou a sonoridade mais polida e coesa em comparação ao seu antecessor, refletindo o amadurecimento musical da banda. O som é mais claro, com uma mistura que permite que cada riff de Scott Ian e Dan Spitz brilhe, e a produção destaca os vocais melódicos de Belladonna, sem sacrificar a agressividade dos instrumentos no geral. O repertório é sensacional, com muitas músicas pesadas e agressivas uma atrás da outra. As que mais se destacam são as do início, como A.I.R., Lone Justice, S.S.C./Stand or Fall e, claro, o clássico Madhouse, além das quase melódicas Armed and Dangerous e Medusa. Enfim, esse álbum é um verdadeiro clássico e certamente um dos melhores da banda.

Among The Living – Anthrax 





















NOTA: 9,5/10


Dois anos se passaram, e o Anthrax retorna com outro disco maravilhoso, Among the Living, que não trazia nenhuma mudança significativa. Após o sucesso de Spreading the Disease, a banda havia ganhado destaque na cena do Thrash Metal, tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. Com tudo definido, e depois de alguns membros lançarem um projeto paralelo que trouxe algumas coisas interessantes (mas isso fica para depois), a banda fez um esforço para capturar a energia bruta e a intensidade de suas apresentações ao vivo, enquanto refinava ainda mais o som que haviam desenvolvido nos álbuns anteriores. Além disso, o álbum marca uma fase em que eles começam a explorar temas variados e complexos em suas letras, como política, violência e abuso de drogas. O álbum foi produzido por Eddie Kramer, famoso por seu trabalho com artistas como Jimi Hendrix, Led Zeppelin e Kiss. As gravações ocorreram no Quadradial Studios, em Miami, com a mixagem sendo feita no Compass Point Studios, nas Bahamas. Sob a direção de Kramer, o Anthrax conseguiu um som mais polido e potente, sem perder aquele lado thrasheiro. Novamente, o repertório é excelente, cheio de canções maravilhosas, como a faixa-título, a caótica Caught in a Mosh, I Am the Law, inspirada no personagem de quadrinhos Judge Dredd, e as poderosíssimas A Skeleton in the Closet e Indians, além de outras canções muito boas. No fim, esse álbum é espetacular e seguiu muito bem a fórmula do seu antecessor.

State Of Euphoria – Anthrax 





















NOTA: 8,2/10


Pouco tempo depois, a banda lançou seu 4º álbum, o State Of Euphoria, que, de certo modo, trouxe algumas mudanças. Após Among the Living, que consolidou ainda mais a imagem do Anthrax como uma das bandas mais importantes do Thrash Metal, a expectativa para o próximo trabalho era alta. A banda estava em uma fase de grande visibilidade e pressão, com constantes turnês e a crescente popularidade do gênero. A produção ficou a cargo de Mark Dodson, que já havia trabalhado com a banda em um EP recém-lançado. Ele foi escolhido para produzir este disco devido ao seu trabalho com Judas Priest e Metal Church, conforme afirmado por Scott Ian. O processo de produção foi completamente apressado, e a banda mais tarde expressou certo descontentamento com o resultado final, sentindo que o álbum poderia ter sido mais trabalhado. No entanto, a produção é boa, pois a sonoridade é pesada e agressiva, mas com uma ênfase mais melódica. O repertório é interessante, com faixas fortes como Be All, End All, Out Of Sight, Out Of Mind e Schism, principalmente pelos seus temas, além de um ótimo cover de Antisocial da banda Trust. As faixas que mais se destacam são a pesadíssima Make Me Laugh e a sombria Now It’s Dark. O único erro foi nas duas últimas faixas, onde o interlúdio 13 não combina com a canção Finale. Mas enfim, apesar de ser um álbum mais leve que os anteriores, ele é muito bom, embora tenha sido subestimado.

Persistence Of Time – Anthrax  





















NOTA: 9/10


Indo para o Persistence of Time, que é o 5º álbum do Anthrax, que trouxe um lado ainda mais sombrio. Naquele período, a banda já estava consolidada como uma das principais do gênero, sendo parte do Big Four do Thrash, ao lado do Metallica, Slayer e Megadeth. O disco anterior, apesar de ser muito bom, acabou sendo subestimado por não atingir a mesma aclamação do clássico Among the Living. Com isso tudo, o Anthrax buscou um som mais sombrio e maduro nesse novo trabalho, refletindo as tensões pessoais e a crescente seriedade que permeavam a banda no final da década de 80. O álbum foi produzido pela própria banda em conjunto com Mark Dodson. A gravação foi muito complicada, pois nas primeiras sessões houve um incêndio, fazendo com que a banda perdesse seus equipamentos e seu estúdio de ensaio. Após esse desastre, a banda teve que se mudar para um estúdio diferente. Mas a produção foi muito boa, pois ela deixou a sonoridade mais crua e direta, deixando de lado aquele clima melódico e explorando temas mais sombrios e complexos. O repertório é, mais uma vez, excelente, com várias canções arrasadoras como Time, Blood e Gridlock, além da ótima faixa instrumental Intro to Reality que antecede as sensacionais Belly of the Beast e o cover de Got the Time do Joe Jackson, além da excelente Keep It in the Family que tem uma letra afiadíssima e reflexiva. No final de tudo, é um ótimo trabalho que iguala o que o seu antecessor não conseguiu fazer.

Sound Of White Nose – Anthrax 





















NOTA: 8,8/10


Três anos se passam, e o Anthrax retorna totalmente diferente com o seu novo álbum, Sound of White Noise. No início de 1992, a banda assinou com a Elektra Records e, logo após refletirem sobre todos os momentos de tensão, Joey Belladonna foi demitido do Anthrax. Depois disso, os membros restantes do Anthrax fizeram testes com vários vocalistas, e o escolhido foi John Bush, que era vocalista da banda Armored Saint. Além disso, a banda procurou renovar seu som para se adaptar ao clima musical em constante mudança do início dos anos 90. A produção ficou a cargo de Dave Jerden, conhecido por seu trabalho com bandas como Alice in Chains e Jane’s Addiction, o que ajudou a moldar o som mais moderno e polido desse álbum. Ele trouxe uma abordagem mais texturizada e experimental, incorporando elementos do Grunge e deixando a sonoridade muito próxima do Groove Metal, ou seja, eles groovaram o som e largaram suas influências mais thrasherias. Além disso, a performance de John Bush como vocalista trouxe um tom mais grave e emocional, contrastando com o estilo mais agudo e energético de Belladonna. O repertório, de certo modo, é muito interessante, com muitas músicas legais como Potters Field, Packaged Rebellion, Invisible e C11 H17 N2 O2 S Na (que, para quem não sabe, é a fórmula química do barbitúrico tiopental). Além delas, há também as excelentes Only e 1000 Points of Hate. Enfim, apesar de ser controverso, esse trabalho é muito bom e tem o seu devido valor.
 

Então é isso, um abraço e flw!!!

Analisando Discografias - Frank Sinatra (RA: XLVI)

                            

Francis A. & Edward K. – Frank Sinatra





















NOTA: 7,1/10


No começo de 1968, Frank Sinatra lançou mais um trabalho colaborativo, desta vez juntamente com o renomadíssimo Duke Ellington. Lançado em um momento em que Sinatra já era uma lenda da música e estava se adaptando à sonoridade do Pop contemporâneo, enquanto Duke Ellington, um ícone do Jazz, também tentava se moldar. Este álbum marcou a primeira e única vez que esses dois gigantes se reuniram em um projeto completo. A ideia do álbum surgiu como uma oportunidade de mesclar o estilo sofisticado e acessível de Sinatra com a complexidade e a riqueza instrumental de Ellington. Mais uma vez, Sonny Burke produziu o trabalho do cantor, e os arranjos ficaram a cargo de Billy May. Porém, Duke Ellington e sua orquestra tiveram um papel crucial no som do álbum, trazendo o inconfundível estilo de big band de Jazz. Sinatra sempre admirou a música de Ellington, e Ellington valorizava a habilidade vocal e o carisma dele. Apesar de a parceria tentar produzir uma química, eles não estavam muito inspirados, tanto que algumas melodias parecem até simples demais. Embora o repertório seja interessante, com algumas boas canções como Follow Me, Sunny, Yellow Days e Come Back to Me, há também algumas faixas extremamente fraquinhas, como Indian Summer e I Like the Sunrise. No fim, apesar de ser um bom disco, a tão esperada colaboração entre Sinatra e Ellington acabou não atendendo às expectativas.

The Sinatra Family Wish You A Merry Christmas – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,1/10


Passou mais um tempo e, estando longe de chegar o Natal, Frank Sinatra lançou mais um álbum temático nesse estilo, que era colaborativo. Naquele período, o cantor teve a ideia de fazer um novo projeto natalino que incluísse colaborações com sua família. Diferente daquele último álbum temático de 1964, este nasceu com o desejo de criar algo que ressoasse tanto pessoalmente quanto com seus fãs, celebrando o espírito natalino. Então, ele chamou seu filho, Frank Sinatra Jr., e suas duas filhas, Nancy e Tina Sinatra (que, por sinal, esta última nem quis seguir uma carreira musical, diferente dos outros dois). A produção desse disco foi praticamente a mesma, com quase nenhuma novidade. Esse trabalho teve dois arranjadores: Don Costa e Nelson Riddle, que juntos, novamente, fizeram arranjos ricos e sofisticados, que complementavam perfeitamente todo o conceito de cada música. A sonoridade em si é caracterizada por arranjos orquestrais clássicos, mas que ainda permitem que o carisma e a personalidade da família Sinatra brilhem. O repertório é muito bom, e cada música tem interpretações diferentes. As que mais se destacam são a de Nancy em It’s Such a Lonely Time of Year e a do próprio Frank Sinatra em Whatever Happened to Christmas?, além das outras interpretações de Sinatra Jr. em Some Children See Him e da Tina na canção O Bambino. No fim, esse disco é muito bom e, de certo modo, uma joia na discografia do cantor.

Cycles – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


Em novembro, Frank Sinatra lançou mais um trabalho novo, Cycles, que, de certo modo, era puxado para as tendências da época. Depois de ter lançado um álbum natalino com sua família, Sinatra continuava a enfrentar um cenário musical em transformação, com o surgimento do Rock e o crescimento da música Folk e Pop. Em resposta, ele começou a explorar novos estilos e temas que poderiam ressoar com as sensibilidades modernas. Como o cantor já tinha lançado um trabalho como The World We Knew, que também mostrava seu interesse em temas contemporâneos, mas que continuava retraído em arranjos orquestrais tradicionais, esse disco aqui trazia um lado mais ousado, tanto em termos de repertório quanto de produção, com Sinatra mergulhando em baladas introspectivas e reflexivas que abordam temas como perda, arrependimento e renovação. A produção ficou totalmente a cargo de Don Costa, que, diferente dos outros discos em que já tinha trabalhado, desta vez não só fez os arranjos como também cuidou de tudo. Ele acabou utilizando cordas suaves e arranjos acústicos que permitiram que a voz de Sinatra se destacasse, criando um ambiente íntimo e emocional. O repertório tem várias músicas legais, como Rain in My Heart, Both Sides Now, Little Green Apples e Moody River, todas elas com uma pegada Country, além, é claro, da excelente faixa-título. Enfim, esse álbum, apesar de não ter rendido muito, é um ótimo trabalho do cantor.

My Way – Frank Sinatra





















NOTA: 9/10


Indo para 1969, o ano em que o homem pisou na lua, e também um ano em que Frank Sinatra lançou outro trabalho muito interessante, o My Way. Naquele momento, Sinatra já era uma lenda viva da música, tendo explorado vários estilos musicais, do Jazz ao Pop tradicional. Nesse disco, ele buscava solidificar seu legado com um trabalho que combinasse canções contemporâneas com sua inconfundível interpretação clássica. Novamente, a produção foi conduzida por Don Costa e Sonny Burke, dois colaboradores de longa data do cantor, que mais uma vez trouxeram arranjos detalhados. Don Costa, em particular, trouxe uma mistura de grandiosidade e intimidade ao álbum, utilizando arranjos elaborados que complementavam a voz do cantor. Apesar de mais madura, sua voz ainda estava carregada de emoção e tinha aquele timbre inconfundível. Todo o trabalho de produção foi meticuloso, com ênfase na qualidade sonora e na integração entre voz e orquestra. O repertório é magnífico e inclui várias canções interessantes, como as baladas melódicas Watch What Happens, Didn’t We e A Day In The Life Of a Fool, além de contar com belíssimas interpretações na divertida Hallelujah, I Love Her So, em Yesterday, aquela clássica dos Beatles, e, claro, a faixa-título, que se tornou o grande hit desse álbum. No final de tudo, é um disco sensacional e um trabalho bastante divertido de Sinatra.

A Man Alone: The Words and Music of McKuen – Frank Sinatra 





















NOTA: 7,2/10


Em agosto, Sinatra lança o seu 50º álbum de estúdio, uma marca totalmente inimaginável e que foi lançado como uma espécie de tributo. Neste trabalho, o cantor se afasta de seu estilo habitual de grandes arranjos orquestrais e canções românticas para se concentrar em um trabalho mais introspectivo. As letras e os poemas foram escritos por Rod McKuen, um poeta e compositor que ganhou popularidade na década de 1960 por sua sensibilidade melancólica e sentimental. Essa colaboração trouxe a Sinatra a oportunidade de explorar temas mais pessoais e profundos. Novamente, a produção foi feita por Sonny Burke, com Don Costa por trás dos arranjos. A produção é deliberadamente simples, com arranjos minimalistas que dão destaque à voz de Sinatra e às palavras de McKuen. Em vez de usar grandes bandas ou orquestras, como era comum em seus álbuns anteriores, Sinatra opta por um acompanhamento mais contido, criando uma atmosfera mais íntima. O que fez muitas pessoas não entenderem essa mudança, mas temos que concordar que isso dava uma sonoridade mais aberta, apesar de ser muito limitado. O repertório até que é interessante, e tem algumas canções boas, como I’ve Been To Town, The Beautiful Strangers e, claro, a faixa-título, além de conter a sensacional The Single Man. Fora algumas faixas faladas que são boas, embora as últimas três faixas sejam bem arrastadas. No fim, é um álbum até que interessante do cantor, apesar de ele ter cometido vários erros em sua concepção.

Watertown – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,9/10


Virando para a nova década, Frank Sinatra lança mais um álbum conceitual que até dá para chamá-lo de uma espécie de ópera-rock, intitulado Watertown. O surgimento desse álbum ocorreu após os últimos trabalhos do cantor não terem rendido, surgindo uma colaboração com Bob Gaudio e Frankie Valli, membros do grupo The Four Seasons, e Jake Holmes, responsável pelas letras. Juntos, eles criaram uma narrativa trágica e emocionalmente rica sobre um homem comum de uma pequena cidade cujo casamento está desmoronando. O álbum representa uma das poucas incursões de Sinatra em um trabalho conceitual, onde todas as músicas estão conectadas por um fio narrativo contínuo. A produção desse disco foi um desvio da fórmula tradicional de Sinatra, notando-se a ausência da orquestra ao vivo com a qual ele estava acostumado. Em vez disso, a base instrumental foi gravada por músicos de estúdio antes de Sinatra gravar seus vocais. A produção buscava um som mais contemporâneo, mas ainda respeitava o tom emocional e aquela entrega vocal característica. O repertório é incrível, muito bem ordenado e com cada parte contendo temas totalmente encaixados, como na primeira parte, que traz músicas com reflexões do protagonista, como Goodbye (She Quietly Says), For a While e I Would Be in Love, e na segunda parte, carregada de melancolia, como em Elizabeth, She Says e a dolorosa despedida em The Train. No final de tudo, é um disco excelente, mas não uma gigantesca obra-prima.

Sinatra & Company – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,7/10


Pouco tempo depois, o cantor lança outro trabalho que é quase colaborativo, intitulado Sinatra & Company. Após o último álbum ter rendido bastante, Sinatra continuou a experimentar novas direções musicais. Ele já havia colaborado com Tom Jobim, um dos maiores expoentes da Bossa nova, o que abriu as portas para a exploração de ritmos brasileiros. A década de 1970 também foi um período de transição para o cantor, tanto pessoal quanto profissionalmente, explorando diferentes estilos e buscando se reinventar. A produção foi bem dividida, pois contou com Sonny Burke junto com Don Costa e Eumir Deodato; esses dois estiveram por trás dos arranjos. Costa, um colaborador de longa data de Sinatra, trouxe um toque orquestral clássico ao projeto, enquanto Deodato, um arranjador e produtor brasileiro, adicionou elementos de Bossa Nova e até mesmo da música popular brasileira (MPB), mantendo a autenticidade das influências latinas no álbum. Assim, a produção reflete a fusão de dois mundos musicais, com arranjos excelentes e uma ótima instrumentação. O repertório é muito interessante, sendo dividido em duas partes: as primeiras sete faixas com Tom Jobim, incluindo as sensacionais Drinking Water, Someone to Light Up My Life e One Note Samba; e a segunda e última parte, que contém músicas de Soft Rock como I Will Drink the Wine, Bein’ Green e My Sweet Lady, além de outras canções belíssimas. No fim, é um álbum muito bom, que traz uma ótima consistência.

Ol’ Blue Eyes Is Back – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,4/10


Dois anos se passaram, e a aposentadoria de Frank Sinatra acaba sendo interrompida, pois ele lança mais um disco, o Ol’ Blue Eyes Is Back. Após um breve período de "aposentadoria" que começou em 1971, e também afastando-se das frequentes apresentações no hotel Caesars Palace, onde até teve um incidente em que um executivo sacou uma arma contra ele, Voltando, Sinatra fez um retorno triunfante ao mundo da música com o lançamento desse álbum em 1973. Durante os dois anos em que esteve afastado, Sinatra se dedicou a outros interesses, como atuar em filmes e passar tempo com a família. No entanto, a música continuava a ser uma parte essencial de sua vida, e o desejo de voltar ao estúdio era inevitável. O título do álbum, uma referência ao apelido carinhoso de Sinatra, reflete esse retorno ao cenário musical. O álbum foi produzido por Don Costa, um colaborador frequente de Sinatra, conhecido por seu trabalho meticuloso e habilidade em capturar a essência do cantor. Além de ter trabalhado junto com Gordon Jenkins nos arranjos, a orquestração é totalmente luxuosa, refletindo o estilo clássico de Sinatra, mas também adaptando-se às mudanças musicais da época. Contendo um repertório muito interessante e com muitas canções melódicas como You Will Be My Music e Dream Away, além de outras faixas sensacionais como a contagiante Winners, e as introspectivas Nobody Wins e Noah, todas músicas belíssimas. No fim, é um baita disco de retorno, apesar de não ser tão triunfante.

Some Nice Things I’ve Missed – Frank Sinatra  





















NOTA: 8,5/10


Na metade do ano seguinte, mais um álbum é lançado, trazendo uma fórmula clássica/atual nas concepções de Frank Sinatra. Após o sucesso de Ol' Blue Eyes Is Back, que marcou o retorno de Sinatra ao cenário musical após um breve período de aposentadoria, Some Nice Things I’ve Missed representa uma tentativa de Sinatra de interpretar algumas das canções populares da época que ele havia "perdido" durante seu hiato, revisitando o material mais recente e dando-lhe seu toque clássico. A produção foi praticamente a mesma do trabalho anterior, com arranjos orquestrados que se encaixavam perfeitamente com a voz do cantor, carregada de emoção. No entanto, a produção buscou incorporar elementos contemporâneos, misturando o som tradicional de big band com influências do Pop e do Rock daquela década. Claro que não há elementos como Rock Progressivo ou Hard Rock, mas tudo é feito da forma mais tradicional. Essa fusão de estilos foi uma tentativa de Sinatra de se manter relevante em uma era musical que estava mudando rapidamente. O repertório é muito bom e inclui canções com ótimas interpretações, como Sweet Caroline do Neil Diamond e Satisfy Me One More Time, mas os maiores destaques vão para You Turned My World Around, I’m Gonna Make It All The Way, Bad, Bad Leroy Brown e You Are The Sunshine Of My Life do Stevie Wonder, todas com excelente interpretação. Enfim, este disco que explora as tendências da época é muito bom.

Trilogy: Past Present Future – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,2/10


Seis anos se passaram, mais uma década se iniciava, e Frank Sinatra lança não apenas um, mas sim um álbum triplo, o Trilogy: Past Present Future. Era o começo dos anos 80, e com esses três discos distintos, cada um representando uma fase diferente do tempo, o álbum reflete tanto a nostalgia de Sinatra por tempos passados quanto sua vontade de se manter relevante no presente e especular sobre o futuro. Após mais de quatro décadas de carreira, Sinatra ainda sentia a necessidade de explorar novos territórios musicais e expressar suas visões e sentimentos sobre a vida, a história e o que está por vir. O álbum foi produzido por Sonny Burke, que trabalhou com Sinatra ao longo de muitos anos. Além disso, a produção é diversificada, refletindo os diferentes temas e estilos musicais abordados. O projeto envolveu uma orquestração expansiva, incluindo grandes arranjos sinfônicos, e mostrou o alcance vocal e interpretativo de Sinatra em uma época em que muitos artistas de sua geração já estavam desacelerando. Os arranjos foram divididos entre Billy May, Don Costa e Gordon Jenkins. O repertório é bastante complexo e dividido em três partes: a primeira parte, The Past, com Street of Dreams e All of You; a segunda parte, The Present, com o hit Theme from New York, New York e Something dos Beatles; e, por fim, a terceira e última parte, The Future, onde a trilogia das faixas-título se destaca. Enfim, apesar de ser um álbum extenso e, em alguns momentos, parecer até desnecessário, é um belo disco.
 

   

sábado, 28 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Frank Sinatra (RA: XLV)

                            

Softly, as I Leave You – Frank Sinatra





















NOTA: 8,8/10


Perto do fim de 1964, Sinatra lança o Softly, as I Leave You, que trazia algumas novidades em toda sua concepção. Naquele período, Sinatra estava explorando novas direções musicais, e o álbum reflete uma mistura de influências de baladas orquestradas e temas que seguiam um rumo mais contemporâneo. O álbum foi lançado durante um período em que o Rock e a nova música Pop estavam dominando as paradas, mas o cantor queria manter sua fidelidade ao estilo vocal clássico e, ao mesmo tempo, tentar incorporar um pouco dessas tendências. O álbum foi produzido por Sonny Burke, um colaborador frequente de Sinatra durante a década de 1960, com a ajuda de Jimmy Bowen. A produção deles trouxe arranjos sofisticados e orquestrações que complementam o estilo vocal inconfundível de Sinatra. A gravação contou com a colaboração de alguns dos melhores músicos de estúdio da época, e os arranjos ficaram a cargo de Nelson Riddle, Don Costa e outros, que deram um toque suave ao repertório. Falando nele, o repertório é bastante interessante e inclui várias canções melódicas incríveis, como Here’s to the Losers, Love Isn’t Just for the Young, Pass Me By e, claro, a faixa-título, cuja base veio de uma música italiana intitulada Piano. Além dessas faixas, há outras notáveis, como Dear Heart e I Can’t Believe I’m Losing You. Enfim, esse álbum, apesar de tentar seguir algumas tendências, é muito bom.

September of My Years – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,4/10


No ano seguinte, perto de completar 50 anos de vida, Frank Sinatra retorna com outro trabalho conceitual, depois de muito tempo. Como Sinatra estava prestes a completar meio século de vida, ele quis refletir sua introspecção sobre o envelhecimento, a passagem do tempo e a mortalidade. Este álbum é frequentemente citado como uma espécie de obra-prima de Sinatra e foi lançado durante uma época em que ele já havia consolidado sua reputação como um dos maiores intérpretes da música popular americana. Novamente, Sonny Burke, que já havia trabalhado com Sinatra em outros projetos, produziu esse álbum. Os arranjos foram criados por Gordon Jenkins, um dos colaboradores mais frequentes e confiáveis de Sinatra, conhecido por seu talento em orquestrações que complementavam perfeitamente a voz do cantor. A produção é totalmente sofisticada pela forma como captura a maturidade vocal de Sinatra. Jenkins utilizou arranjos exuberantes em cordas e sopros que deram ao álbum um ar nostálgico e reflexivo. O repertório é muito bom, com várias canções introspectivas, como a faixa-título, How Old Am I?, It Gets Lonely Early e I See It Now, que demonstram o quanto Sinatra refletia sobre como seriam seus próximos anos de vida. Essa reflexão também aparece nas sensacionais Last Night When We Were Young e Once Upon a Time. No fim, é um ótimo álbum, mas que não chega a ser uma verdadeira obra-prima.

Sentimental Journey – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


Pouco tempo depois, foi lançado um trabalho muito obscuro de Frank Sinatra, o desconhecido Sentimental Journey. Naquela época, era comum que as músicas do cantor fossem reunidas em coletâneas, especialmente após ele ter deixado a Capitol Records. No entanto, a Capitol continuava a lançar compilações com material que Sinatra havia gravado durante sua era com a gravadora. O que provavelmente aconteceu é que houve algum tipo de acordo com o cantor, que transformou isso em um álbum de estúdio, com canções que traziam um lado mais emotivo e introspectivo dele. Com isso, o disco teve vários produtores e arranjadores diferentes, como Nelson Riddle, Gordon Jenkins e Billy May. A produção dessas músicas fez parte do esforço contínuo da Capitol em capitalizar a popularidade de Sinatra, oferecendo uma seleção que capturava a profundidade emocional e a sofisticação musical de suas interpretações. De certo modo, o repertório está bem organizado e reúne alguns clássicos, como I Get Along Without You Very Well e There Will Never Be Another You, além, é claro, da ótima faixa-título e da bela canção These Foolish Things, apesar de incluir a sem graça That Old Black Magic. No fim, apesar de ser uma boa coletânea, ela nem sequer é mencionada em nenhum lugar. A única coisa notória é sua capa dourada, que provavelmente torna sua edição original raríssima.

My Kind of Broadway – Frank Sinatra





















NOTA: 8,2/10


Indo para My Kind of Broadway, que era mais um novo trabalho de Sinatra, mas que também tinha aquele problema de ser uma coletânea ou um álbum novo. No entanto, ele é, de fato, um álbum de estúdio. Como sabemos, Frank Sinatra explorava diferentes estilos. Esse trabalho é uma espécie de coleção de músicas de vários musicais, reunidas de várias sessões de gravação nos quatro anos anteriores. O álbum apresenta músicas de nove arranjadores e compositores, o maior número já registrado em um único álbum de Sinatra. A produção do álbum foi novamente feita pelo mesmo produtor de sempre, mas com vários arranjadores diferentes, como Nelson Riddle, Don Costa, Quincy Jones, entre outros, que ajudaram a criar uma coleção coesa, apesar das gravações terem ocorrido em momentos diferentes. Os arranjos são variados, mas todos mantêm a sofisticação característica das produções de Sinatra, com predominância de arranjos orquestrais que destacam sua voz poderosa. Com um repertório muito interessante e com canções como Golden Moment, Hello, Dolly! (que não tem nada a ver com o Dollynho) e Yesterdays. Além disso, há duas faixas que são a sensacional They Can’t Take That Away From Me e a ótima Nice Work If You Can Get It, que foram escritas para trilhas sonoras de filmes e não para musicais da Broadway. No final de tudo, é um trabalho até que interessante, apesar de trazer a mesma confusão que houve com Sentimental Journey.

A Man and His Music – Frank Sinatra 





















NOTA: 9/10


Logo depois, o cantor lança um disco duplo intitulado A Man and His Music, que traz aquelas músicas conhecidas com algumas diferenças. Esse álbum duplo foi feito para ser uma verdadeira retrospectiva, celebrando sua longa jornada musical e mostrando sua evolução como artista. Mas, ao invés de usar as gravações originais feitas para a RCA, Columbia e Capitol Records, que não estavam licenciadas para uso por sua gravadora atual, a Reprise, Sinatra optou por versões regravadas para a maioria das músicas do álbum, selecionando faixas de seus álbuns anteriores com a Reprise. Ou seja, ele fez algo parecido com o que Taylor Swift faz hoje com seus "Taylor’s Version", só que de uma forma indireta. A produção foi praticamente a mesma, com arranjos revisados e aprimorados por aquela equipe de arranjadores que já conhecemos. Regravando as canções, Sinatra trouxe interpretações mais maduras. Além disso, ele adicionou narrações suas em várias faixas. O repertório é incrível, e no Disco 1 algumas canções se destacam, como The One I Love Belongs To Somebody Else e Night and Day. Já o Disco 2 é muito superior, com vários clássicos totalmente renovados, que são How Little We Know, Learnin' the Blues, In the Wee Small Hours of the Morning e My Kind of Town, além de incluir um hilário interlúdio com Frank Sinatra e dois comediantes fazendo uma espécie de stand-up, sério que coisa fascinante. Enfim, esse disco é maravilhoso, mas é uma pena que ele não seja muito lembrado.

Moonlight Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 9,6/10


Em março de 1966, foi lançado o Moonlight Sinatra, mais um trabalho conceitual do cantor. O tema central era a lua. Em vez de abordar uma variedade de emoções ou fases da vida, como fez em outros álbuns, Sinatra escolheu um tema mais específico e poético, criando uma atmosfera romântica e contemplativa ao longo de todas as faixas. O álbum foi gravado em um momento em que Sinatra já havia solidificado sua carreira, e ele estava experimentando novos conceitos e ideias em seus projetos musicais, como álbuns colaborativos ou trilhas sonoras de filmes. A produção foi novamente conduzida por Sonny Burke, mantendo sua frequência em trabalhos do cantor. Os arranjos orquestrados foram conduzidos por Nelson Riddle, que neste disco, ele optou por orquestrações suaves, muitas vezes etéreas, que evocam a serenidade e o mistério associados ao luar. A produção é impecável, com cada detalhe cuidadosamente trabalhado para criar uma experiência sonora coesa e imersiva. O repertório é perfeito, com cada canção belíssima, como as do início: Moonlight Becomes You, Moon Song e Moonlight Serenade, que têm arranjos sensacionais. Além, é claro, de Moonlight Mood. Fora elas, há outras canções muito boas, como I Wished On The Moon, The Moon Got In My Eyes e The Moon Was Yellow, todas com leves diferenças. Enfim, esse álbum é fantástico e um dos mais encantadores de Sinatra.

Strangers In The Night – Frank Sinatra 





















NOTA: 10/10


Dois meses depois, ele lança outro trabalho fantástico, o Strangers in the Night, que traz uma vibe completamente nostálgica. Este álbum marcou o retorno de Sinatra ao topo das paradas após alguns anos de menor visibilidade, reafirmando sua posição como um dos maiores artistas da música popular. Esse disco chega num momento em que Sinatra estava experimentando diferentes estilos e influências musicais, incluindo elementos da nova música Pop e do Rock, que, como já mencionado, estavam dominando a grande mídia. Ao mesmo tempo, ele manteve suas raízes no Jazz e nas grandes orquestrações, equilibrando tradição e inovação de maneira brilhante. A produção de Strangers in the Night foi liderada por Jimmy Bowen, que trouxe uma abordagem mais moderna e acessível. A orquestração ficou a cargo do renomado arranjador Nelson Riddle, que estava ali novamente. Ele conseguiu incorporar elementos contemporâneos sem comprometer a sofisticação que era a marca registrada de Sinatra. A combinação da orquestra de Riddle com a produção de Bowen resultou em um som que era ao mesmo tempo polido e vibrante. Contendo um repertório que mais uma vez parece ser uma coletânea, pois é só música incrível. As que mais se destacam são a faixa-título, Summer Wind, All or Nothing at All, My Baby Just Cares for Me e Yes Sir, That’s My Baby, todas com melodias bastante contagiantes. No fim, é um completo clássico de Frank Sinatra e certamente um dos melhores trabalhos dele.

That’s Life – Frank Sinatra 





















NOTA: 9,3/10


Perto do final do ano, chega mais um disco do cantor, que tentava ser mais um trabalho conceitual, apesar de ele não ter muito a ver com isso. Após o sucesso de Strangers in the Night, que marcou o retorno de Sinatra ao topo das paradas, That’s Life continua a explorar a junção entre o estilo vocal tradicional de Sinatra e as influências contemporâneas que dominavam a cena musical naquela época. A produção foi novamente supervisionada por Jimmy Bowen, que trouxe uma abordagem mais ousada, incorporando elementos de música Soul e até toques de Rhythm and Blues (ou R&B), para criar uma sonoridade que fosse contemporânea e acessível, sem perder a sofisticação que era a marca de Sinatra. A orquestração ficou a cargo de Ernie Freeman, um arranjador conhecido por seu trabalho em músicas Pop e R&B, que trouxe algumas novidades. Ele meio que substituiu Nelson Riddle, já que o álbum anterior foi o último em parceria com Sinatra. A gravação desse disco foi completamente acelerada, com o cantor gravando a maioria das faixas em poucas tomadas, demonstrando sua habilidade em capturar a essência das músicas de forma imediata. O repertório é mais uma vez excelente, com canções incríveis como a sensacional faixa-título, que tem uma letra totalmente reflexiva, as baladas I Will Wait for You e What Now My Love, e The Impossible Dream (The Quest), que é uma completa inspiração na Bossa nova. Enfim, esse álbum é maravilhoso e segue bem o caminho do seu antecessor.

Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim – Frank Sinatra e Tom Jobim  





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, em março de 1967, Frank Sinatra lança outro álbum colaborativo, só que este foi um dos mais importantes, pois foi junto com uma das melhores vozes que o Brasil já teve, no caso Tom Jobim. O que aconteceu foi que o cantor ligou pessoalmente para Tom, convidando-o a gravar um disco. Isso aconteceu num dia em que ele estava num bar e recebeu um convite totalmente irrecusável, que marcou uma colaboração histórica. O álbum surgiu em um momento em que a Bossa nova estava ganhando popularidade internacional, com artistas como João Gilberto e Stan Getz ajudando a levar o gênero a públicos fora do país. A produção do álbum foi liderada por Sonny Burke, com arranjos de Claus Ogerman, um maestro alemão que trouxe uma abordagem delicada e sofisticada aos arranjos, que combinam elementos da Bossa nova com a sensibilidade orquestral que Sinatra dominava. A escolha de gravar com Jobim foi um movimento ousado do cantor, já que o álbum exigia uma mudança significativa em seu estilo vocal, que precisou adotar uma abordagem mais sutil. Só que isso não afetou quase nada, já que o repertório é magnífico e as canções estão em outro patamar, como Change Partners, Corcovado, Amor em Paz e, claro, a clássica Garota de Ipanema (e eu não duvido nada que, quando Helo Pinheiro ouviu essa versão, ela deve ter chorado de pura emoção). No final de tudo, esse disco é um clássico e certamente um dos melhores álbuns colaborativos de todos os tempos.

The World We Knew – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,8/10


Já na metade do ano seguinte, depois de muita espera, Frank Sinatra lança The World We Knew, que era bem experimental. O álbum foi lançado em um momento em que Sinatra estava buscando manter sua relevância em um cenário musical de completa mudança. Sempre atento às tendências, Sinatra começou a incorporar elementos contemporâneos em seu trabalho, sem perder a essência do seu estilo clássico. Esse álbum reflete essa tentativa de se manter moderno, com Sinatra totalmente experimentalista. A produção foi conduzida novamente por Jimmy Bowen, que havia colaborado com Sinatra em outros projetos e ajudou a adaptar o som de Sinatra para um público mais jovem, combinando sua voz inconfundível com arranjos modernos. A produção também contou com vários arranjadores, alguns que já haviam trabalhado com o cantor, como Gordon Jenkins, e outros novos, como Ernie Freeman. O som do álbum é mais elaborado, com orquestrações ricas e o uso de instrumentos eletrônicos, que ajudaram a criar uma sonoridade contemporânea e totalmente polida. O repertório, de certo modo, é bastante interessante e tem algumas músicas melódicas, como You Are There e, logicamente, a faixa-título, além de canções com foco em outros estilos, como Somethin’ Stupid, que conta com a participação de sua filha, Nancy Sinatra, e This Town, que tem influências do Country e até do Blues em Drinking Again. No fim, é um ótimo trabalho de Sinatra, apesar de ser totalmente diferente de seus trabalhos anteriores.
 

      Por hoje é só, então flw!!!  

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