sábado, 28 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Frank Sinatra (RA: XLV)

                            

Softly, as I Leave You – Frank Sinatra





















NOTA: 8,8/10


Perto do fim de 1964, Sinatra lança o Softly, as I Leave You, que trazia algumas novidades em toda sua concepção. Naquele período, Sinatra estava explorando novas direções musicais, e o álbum reflete uma mistura de influências de baladas orquestradas e temas que seguiam um rumo mais contemporâneo. O álbum foi lançado durante um período em que o Rock e a nova música Pop estavam dominando as paradas, mas o cantor queria manter sua fidelidade ao estilo vocal clássico e, ao mesmo tempo, tentar incorporar um pouco dessas tendências. O álbum foi produzido por Sonny Burke, um colaborador frequente de Sinatra durante a década de 1960, com a ajuda de Jimmy Bowen. A produção deles trouxe arranjos sofisticados e orquestrações que complementam o estilo vocal inconfundível de Sinatra. A gravação contou com a colaboração de alguns dos melhores músicos de estúdio da época, e os arranjos ficaram a cargo de Nelson Riddle, Don Costa e outros, que deram um toque suave ao repertório. Falando nele, o repertório é bastante interessante e inclui várias canções melódicas incríveis, como Here’s to the Losers, Love Isn’t Just for the Young, Pass Me By e, claro, a faixa-título, cuja base veio de uma música italiana intitulada Piano. Além dessas faixas, há outras notáveis, como Dear Heart e I Can’t Believe I’m Losing You. Enfim, esse álbum, apesar de tentar seguir algumas tendências, é muito bom.

September of My Years – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,4/10


No ano seguinte, perto de completar 50 anos de vida, Frank Sinatra retorna com outro trabalho conceitual, depois de muito tempo. Como Sinatra estava prestes a completar meio século de vida, ele quis refletir sua introspecção sobre o envelhecimento, a passagem do tempo e a mortalidade. Este álbum é frequentemente citado como uma espécie de obra-prima de Sinatra e foi lançado durante uma época em que ele já havia consolidado sua reputação como um dos maiores intérpretes da música popular americana. Novamente, Sonny Burke, que já havia trabalhado com Sinatra em outros projetos, produziu esse álbum. Os arranjos foram criados por Gordon Jenkins, um dos colaboradores mais frequentes e confiáveis de Sinatra, conhecido por seu talento em orquestrações que complementavam perfeitamente a voz do cantor. A produção é totalmente sofisticada pela forma como captura a maturidade vocal de Sinatra. Jenkins utilizou arranjos exuberantes em cordas e sopros que deram ao álbum um ar nostálgico e reflexivo. O repertório é muito bom, com várias canções introspectivas, como a faixa-título, How Old Am I?, It Gets Lonely Early e I See It Now, que demonstram o quanto Sinatra refletia sobre como seriam seus próximos anos de vida. Essa reflexão também aparece nas sensacionais Last Night When We Were Young e Once Upon a Time. No fim, é um ótimo álbum, mas que não chega a ser uma verdadeira obra-prima.

Sentimental Journey – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


Pouco tempo depois, foi lançado um trabalho muito obscuro de Frank Sinatra, o desconhecido Sentimental Journey. Naquela época, era comum que as músicas do cantor fossem reunidas em coletâneas, especialmente após ele ter deixado a Capitol Records. No entanto, a Capitol continuava a lançar compilações com material que Sinatra havia gravado durante sua era com a gravadora. O que provavelmente aconteceu é que houve algum tipo de acordo com o cantor, que transformou isso em um álbum de estúdio, com canções que traziam um lado mais emotivo e introspectivo dele. Com isso, o disco teve vários produtores e arranjadores diferentes, como Nelson Riddle, Gordon Jenkins e Billy May. A produção dessas músicas fez parte do esforço contínuo da Capitol em capitalizar a popularidade de Sinatra, oferecendo uma seleção que capturava a profundidade emocional e a sofisticação musical de suas interpretações. De certo modo, o repertório está bem organizado e reúne alguns clássicos, como I Get Along Without You Very Well e There Will Never Be Another You, além, é claro, da ótima faixa-título e da bela canção These Foolish Things, apesar de incluir a sem graça That Old Black Magic. No fim, apesar de ser uma boa coletânea, ela nem sequer é mencionada em nenhum lugar. A única coisa notória é sua capa dourada, que provavelmente torna sua edição original raríssima.

My Kind of Broadway – Frank Sinatra





















NOTA: 8,2/10


Indo para My Kind of Broadway, que era mais um novo trabalho de Sinatra, mas que também tinha aquele problema de ser uma coletânea ou um álbum novo. No entanto, ele é, de fato, um álbum de estúdio. Como sabemos, Frank Sinatra explorava diferentes estilos. Esse trabalho é uma espécie de coleção de músicas de vários musicais, reunidas de várias sessões de gravação nos quatro anos anteriores. O álbum apresenta músicas de nove arranjadores e compositores, o maior número já registrado em um único álbum de Sinatra. A produção do álbum foi novamente feita pelo mesmo produtor de sempre, mas com vários arranjadores diferentes, como Nelson Riddle, Don Costa, Quincy Jones, entre outros, que ajudaram a criar uma coleção coesa, apesar das gravações terem ocorrido em momentos diferentes. Os arranjos são variados, mas todos mantêm a sofisticação característica das produções de Sinatra, com predominância de arranjos orquestrais que destacam sua voz poderosa. Com um repertório muito interessante e com canções como Golden Moment, Hello, Dolly! (que não tem nada a ver com o Dollynho) e Yesterdays. Além disso, há duas faixas que são a sensacional They Can’t Take That Away From Me e a ótima Nice Work If You Can Get It, que foram escritas para trilhas sonoras de filmes e não para musicais da Broadway. No final de tudo, é um trabalho até que interessante, apesar de trazer a mesma confusão que houve com Sentimental Journey.

A Man and His Music – Frank Sinatra 





















NOTA: 9/10


Logo depois, o cantor lança um disco duplo intitulado A Man and His Music, que traz aquelas músicas conhecidas com algumas diferenças. Esse álbum duplo foi feito para ser uma verdadeira retrospectiva, celebrando sua longa jornada musical e mostrando sua evolução como artista. Mas, ao invés de usar as gravações originais feitas para a RCA, Columbia e Capitol Records, que não estavam licenciadas para uso por sua gravadora atual, a Reprise, Sinatra optou por versões regravadas para a maioria das músicas do álbum, selecionando faixas de seus álbuns anteriores com a Reprise. Ou seja, ele fez algo parecido com o que Taylor Swift faz hoje com seus "Taylor’s Version", só que de uma forma indireta. A produção foi praticamente a mesma, com arranjos revisados e aprimorados por aquela equipe de arranjadores que já conhecemos. Regravando as canções, Sinatra trouxe interpretações mais maduras. Além disso, ele adicionou narrações suas em várias faixas. O repertório é incrível, e no Disco 1 algumas canções se destacam, como The One I Love Belongs To Somebody Else e Night and Day. Já o Disco 2 é muito superior, com vários clássicos totalmente renovados, que são How Little We Know, Learnin' the Blues, In the Wee Small Hours of the Morning e My Kind of Town, além de incluir um hilário interlúdio com Frank Sinatra e dois comediantes fazendo uma espécie de stand-up, sério que coisa fascinante. Enfim, esse disco é maravilhoso, mas é uma pena que ele não seja muito lembrado.

Moonlight Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 9,6/10


Em março de 1966, foi lançado o Moonlight Sinatra, mais um trabalho conceitual do cantor. O tema central era a lua. Em vez de abordar uma variedade de emoções ou fases da vida, como fez em outros álbuns, Sinatra escolheu um tema mais específico e poético, criando uma atmosfera romântica e contemplativa ao longo de todas as faixas. O álbum foi gravado em um momento em que Sinatra já havia solidificado sua carreira, e ele estava experimentando novos conceitos e ideias em seus projetos musicais, como álbuns colaborativos ou trilhas sonoras de filmes. A produção foi novamente conduzida por Sonny Burke, mantendo sua frequência em trabalhos do cantor. Os arranjos orquestrados foram conduzidos por Nelson Riddle, que neste disco, ele optou por orquestrações suaves, muitas vezes etéreas, que evocam a serenidade e o mistério associados ao luar. A produção é impecável, com cada detalhe cuidadosamente trabalhado para criar uma experiência sonora coesa e imersiva. O repertório é perfeito, com cada canção belíssima, como as do início: Moonlight Becomes You, Moon Song e Moonlight Serenade, que têm arranjos sensacionais. Além, é claro, de Moonlight Mood. Fora elas, há outras canções muito boas, como I Wished On The Moon, The Moon Got In My Eyes e The Moon Was Yellow, todas com leves diferenças. Enfim, esse álbum é fantástico e um dos mais encantadores de Sinatra.

Strangers In The Night – Frank Sinatra 





















NOTA: 10/10


Dois meses depois, ele lança outro trabalho fantástico, o Strangers in the Night, que traz uma vibe completamente nostálgica. Este álbum marcou o retorno de Sinatra ao topo das paradas após alguns anos de menor visibilidade, reafirmando sua posição como um dos maiores artistas da música popular. Esse disco chega num momento em que Sinatra estava experimentando diferentes estilos e influências musicais, incluindo elementos da nova música Pop e do Rock, que, como já mencionado, estavam dominando a grande mídia. Ao mesmo tempo, ele manteve suas raízes no Jazz e nas grandes orquestrações, equilibrando tradição e inovação de maneira brilhante. A produção de Strangers in the Night foi liderada por Jimmy Bowen, que trouxe uma abordagem mais moderna e acessível. A orquestração ficou a cargo do renomado arranjador Nelson Riddle, que estava ali novamente. Ele conseguiu incorporar elementos contemporâneos sem comprometer a sofisticação que era a marca registrada de Sinatra. A combinação da orquestra de Riddle com a produção de Bowen resultou em um som que era ao mesmo tempo polido e vibrante. Contendo um repertório que mais uma vez parece ser uma coletânea, pois é só música incrível. As que mais se destacam são a faixa-título, Summer Wind, All or Nothing at All, My Baby Just Cares for Me e Yes Sir, That’s My Baby, todas com melodias bastante contagiantes. No fim, é um completo clássico de Frank Sinatra e certamente um dos melhores trabalhos dele.

That’s Life – Frank Sinatra 





















NOTA: 9,3/10


Perto do final do ano, chega mais um disco do cantor, que tentava ser mais um trabalho conceitual, apesar de ele não ter muito a ver com isso. Após o sucesso de Strangers in the Night, que marcou o retorno de Sinatra ao topo das paradas, That’s Life continua a explorar a junção entre o estilo vocal tradicional de Sinatra e as influências contemporâneas que dominavam a cena musical naquela época. A produção foi novamente supervisionada por Jimmy Bowen, que trouxe uma abordagem mais ousada, incorporando elementos de música Soul e até toques de Rhythm and Blues (ou R&B), para criar uma sonoridade que fosse contemporânea e acessível, sem perder a sofisticação que era a marca de Sinatra. A orquestração ficou a cargo de Ernie Freeman, um arranjador conhecido por seu trabalho em músicas Pop e R&B, que trouxe algumas novidades. Ele meio que substituiu Nelson Riddle, já que o álbum anterior foi o último em parceria com Sinatra. A gravação desse disco foi completamente acelerada, com o cantor gravando a maioria das faixas em poucas tomadas, demonstrando sua habilidade em capturar a essência das músicas de forma imediata. O repertório é mais uma vez excelente, com canções incríveis como a sensacional faixa-título, que tem uma letra totalmente reflexiva, as baladas I Will Wait for You e What Now My Love, e The Impossible Dream (The Quest), que é uma completa inspiração na Bossa nova. Enfim, esse álbum é maravilhoso e segue bem o caminho do seu antecessor.

Francis Albert Sinatra & Antônio Carlos Jobim – Frank Sinatra e Tom Jobim  





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, em março de 1967, Frank Sinatra lança outro álbum colaborativo, só que este foi um dos mais importantes, pois foi junto com uma das melhores vozes que o Brasil já teve, no caso Tom Jobim. O que aconteceu foi que o cantor ligou pessoalmente para Tom, convidando-o a gravar um disco. Isso aconteceu num dia em que ele estava num bar e recebeu um convite totalmente irrecusável, que marcou uma colaboração histórica. O álbum surgiu em um momento em que a Bossa nova estava ganhando popularidade internacional, com artistas como João Gilberto e Stan Getz ajudando a levar o gênero a públicos fora do país. A produção do álbum foi liderada por Sonny Burke, com arranjos de Claus Ogerman, um maestro alemão que trouxe uma abordagem delicada e sofisticada aos arranjos, que combinam elementos da Bossa nova com a sensibilidade orquestral que Sinatra dominava. A escolha de gravar com Jobim foi um movimento ousado do cantor, já que o álbum exigia uma mudança significativa em seu estilo vocal, que precisou adotar uma abordagem mais sutil. Só que isso não afetou quase nada, já que o repertório é magnífico e as canções estão em outro patamar, como Change Partners, Corcovado, Amor em Paz e, claro, a clássica Garota de Ipanema (e eu não duvido nada que, quando Helo Pinheiro ouviu essa versão, ela deve ter chorado de pura emoção). No final de tudo, esse disco é um clássico e certamente um dos melhores álbuns colaborativos de todos os tempos.

The World We Knew – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,8/10


Já na metade do ano seguinte, depois de muita espera, Frank Sinatra lança The World We Knew, que era bem experimental. O álbum foi lançado em um momento em que Sinatra estava buscando manter sua relevância em um cenário musical de completa mudança. Sempre atento às tendências, Sinatra começou a incorporar elementos contemporâneos em seu trabalho, sem perder a essência do seu estilo clássico. Esse álbum reflete essa tentativa de se manter moderno, com Sinatra totalmente experimentalista. A produção foi conduzida novamente por Jimmy Bowen, que havia colaborado com Sinatra em outros projetos e ajudou a adaptar o som de Sinatra para um público mais jovem, combinando sua voz inconfundível com arranjos modernos. A produção também contou com vários arranjadores, alguns que já haviam trabalhado com o cantor, como Gordon Jenkins, e outros novos, como Ernie Freeman. O som do álbum é mais elaborado, com orquestrações ricas e o uso de instrumentos eletrônicos, que ajudaram a criar uma sonoridade contemporânea e totalmente polida. O repertório, de certo modo, é bastante interessante e tem algumas músicas melódicas, como You Are There e, logicamente, a faixa-título, além de canções com foco em outros estilos, como Somethin’ Stupid, que conta com a participação de sua filha, Nancy Sinatra, e This Town, que tem influências do Country e até do Blues em Drinking Again. No fim, é um ótimo trabalho de Sinatra, apesar de ser totalmente diferente de seus trabalhos anteriores.
 

      Por hoje é só, então flw!!!  

Analisando Discografias - ††† (Croses)

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