domingo, 29 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Frank Sinatra (RA: XLVI)

                            

Francis A. & Edward K. – Frank Sinatra





















NOTA: 7,1/10


No começo de 1968, Frank Sinatra lançou mais um trabalho colaborativo, desta vez juntamente com o renomadíssimo Duke Ellington. Lançado em um momento em que Sinatra já era uma lenda da música e estava se adaptando à sonoridade do Pop contemporâneo, enquanto Duke Ellington, um ícone do Jazz, também tentava se moldar. Este álbum marcou a primeira e única vez que esses dois gigantes se reuniram em um projeto completo. A ideia do álbum surgiu como uma oportunidade de mesclar o estilo sofisticado e acessível de Sinatra com a complexidade e a riqueza instrumental de Ellington. Mais uma vez, Sonny Burke produziu o trabalho do cantor, e os arranjos ficaram a cargo de Billy May. Porém, Duke Ellington e sua orquestra tiveram um papel crucial no som do álbum, trazendo o inconfundível estilo de big band de Jazz. Sinatra sempre admirou a música de Ellington, e Ellington valorizava a habilidade vocal e o carisma dele. Apesar de a parceria tentar produzir uma química, eles não estavam muito inspirados, tanto que algumas melodias parecem até simples demais. Embora o repertório seja interessante, com algumas boas canções como Follow Me, Sunny, Yellow Days e Come Back to Me, há também algumas faixas extremamente fraquinhas, como Indian Summer e I Like the Sunrise. No fim, apesar de ser um bom disco, a tão esperada colaboração entre Sinatra e Ellington acabou não atendendo às expectativas.

The Sinatra Family Wish You A Merry Christmas – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,1/10


Passou mais um tempo e, estando longe de chegar o Natal, Frank Sinatra lançou mais um álbum temático nesse estilo, que era colaborativo. Naquele período, o cantor teve a ideia de fazer um novo projeto natalino que incluísse colaborações com sua família. Diferente daquele último álbum temático de 1964, este nasceu com o desejo de criar algo que ressoasse tanto pessoalmente quanto com seus fãs, celebrando o espírito natalino. Então, ele chamou seu filho, Frank Sinatra Jr., e suas duas filhas, Nancy e Tina Sinatra (que, por sinal, esta última nem quis seguir uma carreira musical, diferente dos outros dois). A produção desse disco foi praticamente a mesma, com quase nenhuma novidade. Esse trabalho teve dois arranjadores: Don Costa e Nelson Riddle, que juntos, novamente, fizeram arranjos ricos e sofisticados, que complementavam perfeitamente todo o conceito de cada música. A sonoridade em si é caracterizada por arranjos orquestrais clássicos, mas que ainda permitem que o carisma e a personalidade da família Sinatra brilhem. O repertório é muito bom, e cada música tem interpretações diferentes. As que mais se destacam são a de Nancy em It’s Such a Lonely Time of Year e a do próprio Frank Sinatra em Whatever Happened to Christmas?, além das outras interpretações de Sinatra Jr. em Some Children See Him e da Tina na canção O Bambino. No fim, esse disco é muito bom e, de certo modo, uma joia na discografia do cantor.

Cycles – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


Em novembro, Frank Sinatra lançou mais um trabalho novo, Cycles, que, de certo modo, era puxado para as tendências da época. Depois de ter lançado um álbum natalino com sua família, Sinatra continuava a enfrentar um cenário musical em transformação, com o surgimento do Rock e o crescimento da música Folk e Pop. Em resposta, ele começou a explorar novos estilos e temas que poderiam ressoar com as sensibilidades modernas. Como o cantor já tinha lançado um trabalho como The World We Knew, que também mostrava seu interesse em temas contemporâneos, mas que continuava retraído em arranjos orquestrais tradicionais, esse disco aqui trazia um lado mais ousado, tanto em termos de repertório quanto de produção, com Sinatra mergulhando em baladas introspectivas e reflexivas que abordam temas como perda, arrependimento e renovação. A produção ficou totalmente a cargo de Don Costa, que, diferente dos outros discos em que já tinha trabalhado, desta vez não só fez os arranjos como também cuidou de tudo. Ele acabou utilizando cordas suaves e arranjos acústicos que permitiram que a voz de Sinatra se destacasse, criando um ambiente íntimo e emocional. O repertório tem várias músicas legais, como Rain in My Heart, Both Sides Now, Little Green Apples e Moody River, todas elas com uma pegada Country, além, é claro, da excelente faixa-título. Enfim, esse álbum, apesar de não ter rendido muito, é um ótimo trabalho do cantor.

My Way – Frank Sinatra





















NOTA: 9/10


Indo para 1969, o ano em que o homem pisou na lua, e também um ano em que Frank Sinatra lançou outro trabalho muito interessante, o My Way. Naquele momento, Sinatra já era uma lenda viva da música, tendo explorado vários estilos musicais, do Jazz ao Pop tradicional. Nesse disco, ele buscava solidificar seu legado com um trabalho que combinasse canções contemporâneas com sua inconfundível interpretação clássica. Novamente, a produção foi conduzida por Don Costa e Sonny Burke, dois colaboradores de longa data do cantor, que mais uma vez trouxeram arranjos detalhados. Don Costa, em particular, trouxe uma mistura de grandiosidade e intimidade ao álbum, utilizando arranjos elaborados que complementavam a voz do cantor. Apesar de mais madura, sua voz ainda estava carregada de emoção e tinha aquele timbre inconfundível. Todo o trabalho de produção foi meticuloso, com ênfase na qualidade sonora e na integração entre voz e orquestra. O repertório é magnífico e inclui várias canções interessantes, como as baladas melódicas Watch What Happens, Didn’t We e A Day In The Life Of a Fool, além de contar com belíssimas interpretações na divertida Hallelujah, I Love Her So, em Yesterday, aquela clássica dos Beatles, e, claro, a faixa-título, que se tornou o grande hit desse álbum. No final de tudo, é um disco sensacional e um trabalho bastante divertido de Sinatra.

A Man Alone: The Words and Music of McKuen – Frank Sinatra 





















NOTA: 7,2/10


Em agosto, Sinatra lança o seu 50º álbum de estúdio, uma marca totalmente inimaginável e que foi lançado como uma espécie de tributo. Neste trabalho, o cantor se afasta de seu estilo habitual de grandes arranjos orquestrais e canções românticas para se concentrar em um trabalho mais introspectivo. As letras e os poemas foram escritos por Rod McKuen, um poeta e compositor que ganhou popularidade na década de 1960 por sua sensibilidade melancólica e sentimental. Essa colaboração trouxe a Sinatra a oportunidade de explorar temas mais pessoais e profundos. Novamente, a produção foi feita por Sonny Burke, com Don Costa por trás dos arranjos. A produção é deliberadamente simples, com arranjos minimalistas que dão destaque à voz de Sinatra e às palavras de McKuen. Em vez de usar grandes bandas ou orquestras, como era comum em seus álbuns anteriores, Sinatra opta por um acompanhamento mais contido, criando uma atmosfera mais íntima. O que fez muitas pessoas não entenderem essa mudança, mas temos que concordar que isso dava uma sonoridade mais aberta, apesar de ser muito limitado. O repertório até que é interessante, e tem algumas canções boas, como I’ve Been To Town, The Beautiful Strangers e, claro, a faixa-título, além de conter a sensacional The Single Man. Fora algumas faixas faladas que são boas, embora as últimas três faixas sejam bem arrastadas. No fim, é um álbum até que interessante do cantor, apesar de ele ter cometido vários erros em sua concepção.

Watertown – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,9/10


Virando para a nova década, Frank Sinatra lança mais um álbum conceitual que até dá para chamá-lo de uma espécie de ópera-rock, intitulado Watertown. O surgimento desse álbum ocorreu após os últimos trabalhos do cantor não terem rendido, surgindo uma colaboração com Bob Gaudio e Frankie Valli, membros do grupo The Four Seasons, e Jake Holmes, responsável pelas letras. Juntos, eles criaram uma narrativa trágica e emocionalmente rica sobre um homem comum de uma pequena cidade cujo casamento está desmoronando. O álbum representa uma das poucas incursões de Sinatra em um trabalho conceitual, onde todas as músicas estão conectadas por um fio narrativo contínuo. A produção desse disco foi um desvio da fórmula tradicional de Sinatra, notando-se a ausência da orquestra ao vivo com a qual ele estava acostumado. Em vez disso, a base instrumental foi gravada por músicos de estúdio antes de Sinatra gravar seus vocais. A produção buscava um som mais contemporâneo, mas ainda respeitava o tom emocional e aquela entrega vocal característica. O repertório é incrível, muito bem ordenado e com cada parte contendo temas totalmente encaixados, como na primeira parte, que traz músicas com reflexões do protagonista, como Goodbye (She Quietly Says), For a While e I Would Be in Love, e na segunda parte, carregada de melancolia, como em Elizabeth, She Says e a dolorosa despedida em The Train. No final de tudo, é um disco excelente, mas não uma gigantesca obra-prima.

Sinatra & Company – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,7/10


Pouco tempo depois, o cantor lança outro trabalho que é quase colaborativo, intitulado Sinatra & Company. Após o último álbum ter rendido bastante, Sinatra continuou a experimentar novas direções musicais. Ele já havia colaborado com Tom Jobim, um dos maiores expoentes da Bossa nova, o que abriu as portas para a exploração de ritmos brasileiros. A década de 1970 também foi um período de transição para o cantor, tanto pessoal quanto profissionalmente, explorando diferentes estilos e buscando se reinventar. A produção foi bem dividida, pois contou com Sonny Burke junto com Don Costa e Eumir Deodato; esses dois estiveram por trás dos arranjos. Costa, um colaborador de longa data de Sinatra, trouxe um toque orquestral clássico ao projeto, enquanto Deodato, um arranjador e produtor brasileiro, adicionou elementos de Bossa Nova e até mesmo da música popular brasileira (MPB), mantendo a autenticidade das influências latinas no álbum. Assim, a produção reflete a fusão de dois mundos musicais, com arranjos excelentes e uma ótima instrumentação. O repertório é muito interessante, sendo dividido em duas partes: as primeiras sete faixas com Tom Jobim, incluindo as sensacionais Drinking Water, Someone to Light Up My Life e One Note Samba; e a segunda e última parte, que contém músicas de Soft Rock como I Will Drink the Wine, Bein’ Green e My Sweet Lady, além de outras canções belíssimas. No fim, é um álbum muito bom, que traz uma ótima consistência.

Ol’ Blue Eyes Is Back – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,4/10


Dois anos se passaram, e a aposentadoria de Frank Sinatra acaba sendo interrompida, pois ele lança mais um disco, o Ol’ Blue Eyes Is Back. Após um breve período de "aposentadoria" que começou em 1971, e também afastando-se das frequentes apresentações no hotel Caesars Palace, onde até teve um incidente em que um executivo sacou uma arma contra ele, Voltando, Sinatra fez um retorno triunfante ao mundo da música com o lançamento desse álbum em 1973. Durante os dois anos em que esteve afastado, Sinatra se dedicou a outros interesses, como atuar em filmes e passar tempo com a família. No entanto, a música continuava a ser uma parte essencial de sua vida, e o desejo de voltar ao estúdio era inevitável. O título do álbum, uma referência ao apelido carinhoso de Sinatra, reflete esse retorno ao cenário musical. O álbum foi produzido por Don Costa, um colaborador frequente de Sinatra, conhecido por seu trabalho meticuloso e habilidade em capturar a essência do cantor. Além de ter trabalhado junto com Gordon Jenkins nos arranjos, a orquestração é totalmente luxuosa, refletindo o estilo clássico de Sinatra, mas também adaptando-se às mudanças musicais da época. Contendo um repertório muito interessante e com muitas canções melódicas como You Will Be My Music e Dream Away, além de outras faixas sensacionais como a contagiante Winners, e as introspectivas Nobody Wins e Noah, todas músicas belíssimas. No fim, é um baita disco de retorno, apesar de não ser tão triunfante.

Some Nice Things I’ve Missed – Frank Sinatra  





















NOTA: 8,5/10


Na metade do ano seguinte, mais um álbum é lançado, trazendo uma fórmula clássica/atual nas concepções de Frank Sinatra. Após o sucesso de Ol' Blue Eyes Is Back, que marcou o retorno de Sinatra ao cenário musical após um breve período de aposentadoria, Some Nice Things I’ve Missed representa uma tentativa de Sinatra de interpretar algumas das canções populares da época que ele havia "perdido" durante seu hiato, revisitando o material mais recente e dando-lhe seu toque clássico. A produção foi praticamente a mesma do trabalho anterior, com arranjos orquestrados que se encaixavam perfeitamente com a voz do cantor, carregada de emoção. No entanto, a produção buscou incorporar elementos contemporâneos, misturando o som tradicional de big band com influências do Pop e do Rock daquela década. Claro que não há elementos como Rock Progressivo ou Hard Rock, mas tudo é feito da forma mais tradicional. Essa fusão de estilos foi uma tentativa de Sinatra de se manter relevante em uma era musical que estava mudando rapidamente. O repertório é muito bom e inclui canções com ótimas interpretações, como Sweet Caroline do Neil Diamond e Satisfy Me One More Time, mas os maiores destaques vão para You Turned My World Around, I’m Gonna Make It All The Way, Bad, Bad Leroy Brown e You Are The Sunshine Of My Life do Stevie Wonder, todas com excelente interpretação. Enfim, este disco que explora as tendências da época é muito bom.

Trilogy: Past Present Future – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,2/10


Seis anos se passaram, mais uma década se iniciava, e Frank Sinatra lança não apenas um, mas sim um álbum triplo, o Trilogy: Past Present Future. Era o começo dos anos 80, e com esses três discos distintos, cada um representando uma fase diferente do tempo, o álbum reflete tanto a nostalgia de Sinatra por tempos passados quanto sua vontade de se manter relevante no presente e especular sobre o futuro. Após mais de quatro décadas de carreira, Sinatra ainda sentia a necessidade de explorar novos territórios musicais e expressar suas visões e sentimentos sobre a vida, a história e o que está por vir. O álbum foi produzido por Sonny Burke, que trabalhou com Sinatra ao longo de muitos anos. Além disso, a produção é diversificada, refletindo os diferentes temas e estilos musicais abordados. O projeto envolveu uma orquestração expansiva, incluindo grandes arranjos sinfônicos, e mostrou o alcance vocal e interpretativo de Sinatra em uma época em que muitos artistas de sua geração já estavam desacelerando. Os arranjos foram divididos entre Billy May, Don Costa e Gordon Jenkins. O repertório é bastante complexo e dividido em três partes: a primeira parte, The Past, com Street of Dreams e All of You; a segunda parte, The Present, com o hit Theme from New York, New York e Something dos Beatles; e, por fim, a terceira e última parte, The Future, onde a trilogia das faixas-título se destaca. Enfim, apesar de ser um álbum extenso e, em alguns momentos, parecer até desnecessário, é um belo disco.
 

   

Analisando Discografias - ††† (Croses)

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