Cada Dia Mais Sujo e Agressivo – Ratos De Porão
NOTA: 9/10
No ano seguinte, o Ratos de Porão lançou seu 3º álbum de estúdio, o Cada Dia Mais Sujo e Agressivo. Após o Descansa em Paz, a banda passava por um período turbulento internamente, com mudanças na formação. Com João Gordo nos vocais, Jão na guitarra, Jabá no baixo e Spaghetti na bateria. Além disso, o contexto político-social também moldou o álbum. O Brasil ainda vivia sob os resquícios da ditadura militar, e a situação econômica e social do país era caótica. Produzido por Marcos Gauguin, a sonoridade ficou mais encorpada e suja, mas, ao mesmo tempo, mais bem definida. Os maiores destaques são as guitarras de Jão, que estão mais pesadas e técnicas, com palhetadas precisas. João Gordo usa mais vocais guturais que beiram o Thrash Metal, sem perder a pegada Hardcore. O repertório, novamente, é espetacular e cheio de canções incríveis. No fim, é um ótimo disco e tem muita consistência.
Melhores Faixas: Sentir Ódio..., Plano Furado, Morte e Desespero (tem participação do Max Cavalera e Andreas Kisser do Sepultura), V.C.D.M.S.A.
Vale a Pena Ouvir: Ignorância, Não Há Outras Vidas, Peste Sexual
Brasil – Ratos de Porão
NOTA: 10/10
Dois anos se passaram, e o Ratos de Porão lançou outro clássico atemporal, o Brasil, que é cheio de realidade. Após o Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, que teve divulgação no exterior, eles saíram da Cogumelo Records e assinaram com a Roadrunner (aquela gravadora que também tinha o Sepultura), tornando-se um dos principais representantes da estética do Crossover Thrash na América Latina. A produção ficou a cargo de Harris Johns, renomado produtor alemão que já havia trabalhado com bandas como Kreator, Sodom e Voivod. Sua experiência no Metal extremo ajudou a refinar o som da banda, tornando o álbum mais técnico e polido, sem perder a agressividade e a crueza características da banda. O repertório é maravilhoso, parecendo uma coletânea, e as canções são totalmente reflexivas e cheias de críticas sociais duras e atuais. Em suma, é uma obra-prima do Rock nacional que não envelheceu em nada.
Melhores Faixas: Aids, Pop, Repressão, Beber Até Morrer, Amazônia Nunca Mais, Crianças Sem Futuro, S.O.S. País Falido, Vida Animal, Lei Do Silêncio
Vale a Pena Ouvir: Retrocesso, Maquina Militar, Plano Furado 2, Traidor
Anarkophobia – Ratos de Porão
NOTA: 10/10
Outro ano se passa e, embalados pelo sucesso e reconhecimento, eles lançam mais um disco, o Anarkophobia. Após o sensacional Brasil, que trouxe um som mais lapidado e profissional, a banda começou a ganhar mais reconhecimento internacional. Além disso, eles decidiram continuar criticando o governo brasileiro, comandado por Collor e repleto de corrupção, abordando também a ascensão da mídia sensacionalista e o aumento da repressão policial. Produzido novamente por Harris Johns, ficou mais polido do que os trabalhos anteriores, deixando cada instrumento bem definido e garantindo um impacto sonoro brutal. Além disso, as músicas ficaram mais longas, não se limitando a 1 ou 2 minutos. Com uma sonoridade que não se prende apenas ao Crossover Thrash, ele novamente trouxe toques do Hardcore Punk. O repertório, mais uma vez, é sensacional, e as canções continuam cheias de profundidade. No fim, é um baita disco que seguiu os passos de seu antecessor.
Melhores Faixas: Sofrer, Ódio 3, Morte Ao Rei, Anarkophobia Vale a Pena Ouvir: Commando, Ascenção e Queda, Igreja Universal
Just Another Crime In Massacreland – Ratos de Porão
NOTA: 8,7/10
Em 1994, eles retornam lançando Just Another Crime in Massacreland, que traz uma abordagem totalmente diferente. Após o Anarkophobia, o baixista Jabá e o baterista Spaghetti saíram, dando lugar a Walter Bart e Boka (este, que segue até hoje na banda). Além disso, eles decidiram lançar um trabalho cantado totalmente em inglês, não sendo exclusivamente para o exterior. A produção, feita por Alex Newport, é bem mais limpa e poderosa do que nos trabalhos anteriores, com uma mixagem que destaca os riffs cortantes do Jão e a bateria explosiva do Boka. A sonoridade é focada no Crossover Thrash, mas também incorpora elementos do Groove Metal e até do Death Metal, tornando-o um dos trabalhos mais pesados da banda. O repertório é bem interessante, com muitas canções agressivas, embora algumas tenham ficado abaixo da média. No fim, é um ótimo disco, apesar de não ser muito surpreendente.
Melhores Faixas: Breaking All Rules, Massacreland, Real Enemies, Suposicollor, Bad Trip
Piores Faixas: The Right Side Of A Wrong Life, Video Macumba, Ultra Seven No Uta Ultra Seven No Uta
Feijoada Acidente – Ratos de Porão
NOTA: 8,8/10
Mais um tempo se passa, e eles lançam mais um álbum, só que, dessa vez, de covers, o Feijoada Acidente. Após o Just Another Crime in Massacreland, Walter Bart saiu, e em seu lugar entrou Rafael, mais conhecido como Pica-Pau. Então, João Gordo e companhia decidiram revisitar suas raízes. O que fez esse trabalho se destacar foi o repertório extenso e variado, com muitas bandas do cenário Punk/Hardcore brasileiro. A produção, feita pela banda junto com RH Jackson, manteve um som sujo e direto, característico do Hardcore, mas sem perder a pegada pesada que o Ratos de Porão desenvolveu ao longo dos anos. O objetivo era preservar a essência das músicas originais, mas adicionando o peso e a energia que se tornaram marcas registradas da banda. O repertório ficou muito bom, e as canções ficaram esmagadoras e cruas. Enfim, é um trabalho bem interessante, assim tem uma versão internacional, mas essa deixamos de lado.
Melhores Faixas: Falsa Liberdade, Desemprego, Buracos Suburbanos, Só Pensa Em Matar
Vale a Pena Ouvir: Lobotomia, Câncer, Medo De Morrer, Corrupção, Direito De Fumar / Nós Somos A Turma
Carniceria Tropical – Ratos de Porão
NOTA: 8,9/10
Mais dois anos se passam, e o Ratos de Porão lança mais um disco, o Carniceria Tropical, que trouxe poucas mudanças. Após o Feijoada Acidente, eles encerraram seu vínculo com a Roadrunner e decidiram lançar seus trabalhos de forma independente, pelo selo Paradoxx Music, resgatando suas influências mais primitivas e focando em um som mais direto e menos polido. A produção ficou a cargo do Billy Anderson, conhecido por seu trabalho com bandas de Metal e Punk. Anderson conseguiu capturar a energia bruta do Ratos, resultando em uma sonoridade que mescla a crueza do Punk com uma intensidade Thrasheira. A mixagem destaca os vocais potentes do João Gordo, os riffs agressivos do Jão, o baixo pulsante do Pica-Pau e a bateria precisa do Boka. O repertório é incrível, e as canções são avassaladoras e muito bem encadeadas. No geral, é um disco muito legal, que remete à fase mais antiga da banda.
Melhores Faixas: Vá Se Virar, Estilo De Vida Miserável, Atitude Zero, Autoguerrilha
Vale a Pena Ouvir: Bico Do Corvo, Pedra (tem participação do Rhossi e DJ Branco do Pavilhão 9), Difícil De Entender
Então é isso, um abraço e flw!!!