sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Analisando Discografias - Ratos de Porão: Parte 3

                 

Guerra Civil Canibal – Ratos de Porão





















NOTA: 8/10


Entrando nos anos 2000, o Ratos de Porão lançou o EP Guerra Civil Canibal (sim, a capa é pesadíssima). Após o Carniceria Tropical, o começo do século foi movimentado para a banda, pois eles também regravaram seu primeiro álbum e decidiram lançar esse EP, que traz uma pegada diversificada, mas com temas um pouco mais viscerais. A produção ficou a cargo do Marcello Pompeu (fundador da injustiçada banda Korzus) junto com Ratos, garantindo uma sonoridade crua e direta, sem grandes excessos de instrumentação, como se fosse algo que ficou bastante guardado. O repertório é bem interessante, trazendo canções agressivas feitas em tempo real, que conseguiram ser bem encadeadas. No fim, é um trabalho bem legal, que vale a pena ser apreciado. 

Melhores Faixas: Fire To Burn, Toma Trouxa 
Vale a Pena Ouvir: Guerra Civil Canibal, Biotech Is Godzilla

Onisciente Coletivo – Ratos de Porão





















NOTA: 9,5/10


Aí, dois anos se passaram e o Ratos retornou lançando mais um disco, o Onisciente Coletivo, que trouxe novidades. Após o Guerra Civil Canibal, o baixista Rafael, vulgo Pica-Pau, que havia saído da banda, foi substituído por Fralda, que acabou sendo efetivado. A banda continuava ativa na cena musical, participando de coletâneas internacionais e mantendo sua relevância no cenário Punk/Hardcore. A produção ficou novamente a cargo do Alex Newport, que deixou tudo bem equilibrado, com uma mixagem que realça a potência dos instrumentos sem perder a agressividade. Um dos destaques são as guitarras, que trazem riffs cortantes e uma forte influência do Crossover Thrash, enquanto o baixo ficou mais presente e bem marcado. O repertório é muito bom, e as canções, além de agressivas, refletiam temas da época, como terrorismo e críticas à sociedade. No final, é um disco incrível, porém criminosamente subestimado. 

Melhores Faixas: O Sistema Me Engoliu, Engrenagem, Conspiração Subliminar, Necrochorume 
Vale a Pena Ouvir: Medo, Onisciente Coletivo (tem participação do rapper Rappin’ Hood), Problemão, Rabia Social

Inimigo do Homem – Ratos de Porão





















NOTA: 8,7/10


Quatro anos se passaram e o Ratos lançou seu 10º álbum de estúdio, o Inimigo do Homem, que trouxe uma abordagem mais afiada. Após o Onisciente Coletivo, eles enfrentaram um período de inatividade devido a problemas de saúde do vocalista João Gordo. Além disso, mais uma vez um baixista saiu, sendo dessa vez o Fralda, e entrou no seu lugar o Juninho, que permanece até hoje na banda. A produção foi feita por Bernardo Pacheco e Daniel "Ganjaman", que equilibraram a crueza do Punk com a clareza necessária para destacar a técnica de cada um. Com isso, eles capturaram muito da essência agressiva da banda, resultando em um som orgânico que remete às raízes dos anos 80, mas com uma abordagem contemporânea, que se aproxima mais do Hardcore Punk. O repertório até que é legal, tem algumas canções interessantes, mas algumas ficaram excessivas e no mínimo estranhas. Enfim, é um disco bom, mesmo sendo o mais fraco da banda. 

Melhores Faixas: Expresso Da Escravidão, H.I.D.H., PMs De Satã, Covardia De Plantão, Testemunhas Do Apocalipse 
Piores Faixas: Lucidez, Ao Pé Da Força, DNA da Pilantragem, Otário Involuntário

Século Sinistro – Ratos de Porão





















NOTA: 9,3/10


Então, o tempo se passou e o Ratos de Porão retornou em 2014, lançando mais um álbum, o Século Sinistro. Após o Inimigo do Homem, a banda havia passado por um período de relativa inatividade em termos de novos materiais de estúdio, embora continuasse a se apresentar ao vivo. Durante esse intervalo, a banda manteve sua relevância na cena musical brasileira, participando de shows e festivais. A produção, feita pelo próprio João Gordo, é totalmente crua e direta, capturando a energia visceral da banda e evitando excessos de pós-produção. A sonoridade faz aquela fusão de Crossover Thrash com Hardcore Punk e um pouquinho de D-beat, estilos que a banda vem explorando ao longo de sua carreira. O repertório é ótimo, e as canções refletem muitas das questões da época, como os casos de corrupção do governo e até críticas à Copa de 2014, todas afiadíssimas. No geral, é um baita disco que relembrou os tempos do 4º álbum. 

Melhores Faixas: Grande Bosta, Século Sinistro, Sangue & Bunda, Viciado Digital, Pra Fazer Pobre Chorar 
Vale a Pena Ouvir: Puta, Viagra e Corrupção, Boiada Pra Bandido, Conflito Violento, Prenúncio De Treta

Necropolítica – Ratos de Porão





















NOTA: 9,8/10


Então, chegamos no último álbum até o momento do Ratos, lançado em 2022, o Necropolítica, que é muito temático. Após o Século Sinistro, a banda manteve uma agenda de shows intensa, mas demorou oito anos para lançar um novo material. Os temas foram influenciados pelo período em que o Brasil passou por mudanças políticas significativas, incluindo a ascensão do bolsonarismo, o avanço da extrema-direita, a crise sanitária da COVID-19 e o aumento da desigualdade social. A produção, feita por Rafael Ramos, manteve a característica crueza e agressividade da banda, mas trouxe uma gravação moderna. Com uma sonoridade que mantém o peso característico da banda, combinando guitarras distorcidas, baixo pulsante e bateria veloz, em uma fusão precisa entre Hardcore, Punk e Crossover Thrash. O repertório é maravilhoso, as canções têm críticas afiadíssimas e são bem acompanhadas por uma ótima instrumentação. No fim, é um baita disco, que já é um clássico. 

Melhores Faixas: Aglomeração, Alerta Antifascista, Guilhotinado Em Cristo, Bostanágua 
Vale a Pena Ouvir: Necropolítica, Entubado, Passa Pano Pra Elite

Isentön Päunokü – Ratos de Porão





















NOTA: 8,2/10


Então, no ano seguinte, eles lançam outro EP intitulado Isentön Päunokü, que trazia covers de uma banda muito importante no cenário. Após o Necropolítica, o Ratos de Porão decidiu prestar tributo ao Terveet Kädet, uma das bandas pioneiras do Hardcore Punk finlandês, fazendo assim uma releitura do EP deles, o Ääretön Joulu. As músicas originais foram adaptadas com letras em português por João Gordo, trazendo críticas sociais e políticas alinhadas ao contexto brasileiro contemporâneo. A produção, feita pela banda junto com o engenheiro de som David Menezes Davox, mantém a sonoridade crua e direta, remetendo às raízes Punk da banda, com gravações rápidas e enérgicas que capturam a urgência das mensagens transmitidas. O repertório é muito bom, as canções foram bem interpretadas e têm duração de 40 segundos a 1 minuto. Enfim, é um trabalho bem legal e que cumpriu com seu papel. 

Melhores Faixas: Roubalheira Surreal, Vacinaa 
Vale a Pena Ouvir: Vai Pra Porra!, Fei e Burro, Anormal

         Então um abraço e flw!!!           

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