quarta-feira, 23 de abril de 2025

Analisando Discografias - Angra: Parte 1

                 

Angels Cry – Angra





















NOTA: 9,4/10


No final de 1993, foi lançado o álbum de estreia do Angra, o aclamado Angels Cry. Formada dois anos antes em São Paulo pelo guitarrista Rafael Bittencourt e pelo vocalista André Matos, após sua saída do Viper, a banda surgiu com uma proposta ousada: misturar Power Metal com elementos progressivos e ritmos brasileiros. Graças aos contatos com o empresário Toninho Pirani, Rafael recrutou seus amigos de faculdade: o baixista Luís Mariutti, o baterista Marco Antunes e o guitarrista André Linhares, que logo foi substituído por André Hernandes e, posteriormente, por Kiko Loureiro. Com isso, assinaram com a gravadora JVC e partiram para a Alemanha. A produção, conduzida por Charlie Bauerfeind, capturou com precisão a complexidade do som deles: guitarras rápidas e melódicas, vocais operísticos do André Matos. O repertório é maravilhoso, e as canções são todas profundas e com uma vibe épica. No fim, é um baita disco de estreia e certamente um clássico do Metal nacional. 

Melhores Faixas: Carry On, Wuthering Heights (cover da música da Kate Bush), Streets Of Tomorrow, Angels Cry 
Vale a Pena Ouvir: Never Understand, Time, Evil Warning

Holy Land – Angra





















NOTA: 10/10


Três anos se passam, e o Angra retorna lançando seu 2º disco, o sensacional Holy Land. Após o Angels Cry, em vez de repetir a fórmula neoclássica do anterior, a banda decidiu aprofundar a fusão entre o Metal e a cultura brasileira, criando uma obra conceitual inspirada na chegada dos portugueses ao Brasil no século XVI. André Matos, Rafael Bittencourt, Kiko Loureiro, Luís Mariutti e Ricardo Confessori estavam em plena maturação artística e criativa, e eles estavam longe de ser uma boy band, como já diria Regis Tadeu. A produção ficou novamente por conta do Charlie Bauerfeind e Sascha Paeth, que mantiveram uma sonoridade cristalina, com sons da natureza, instrumentos folclóricos brasileiros (como berimbau, tamborim e flautas indígenas), além de orquestrações, coros, pianos e uma grande riqueza de timbres. O repertório é maravilhoso, e as canções têm um lado mais atmosférico e profundo. No fim, é um disco sensacional e uma verdadeira obra-prima da banda. 

Melhores Faixas: Nothing To Say, Holy Land, Deep Blue, Make Believe 
Vale a Pena Ouvir: Carolina IV, The Shaman

Fireworks – Angra





















NOTA: 8,5/10


Dois anos se passaram e, então, eles lançam mais um álbum: Fireworks, em um período marcado por mudanças. Após o Holy Land, o Angra se consolidou como uma das maiores bandas do Metal melódico, vulgo “Metal espadinha”. No entanto, internamente, o clima já não era o mesmo. Pressionada pela gravadora, a banda foi levada a internacionalizar ainda mais o som, com menos regionalismo e menos elementos brasileiros. Além disso, divergências criativas e tensões entre os membros começaram a emergir com mais força. A produção foi conduzida pelo renomado Chris Tsangarides, que imprimiu uma sonoridade mais pesada, seca e direta, priorizando guitarras mais cruas e menos processadas, com menos orquestrações e teclados, e estruturas de canções mais voltadas para o Metal tradicional. O repertório é bem legal, e as músicas ficaram mais melódicas, seguindo um caminho mais sombrio. Em suma, é um disco muito bom e que marcaria o fim de uma era. 

Melhores Faixas: Lisbon, Metal Icarus, Extreme Dream 
Vale a Pena Ouvir: Gentle Change, Paradise

Rebirth – Angra





















NOTA: 8,7/10


Três anos se passam, e o Angra volta lançando seu 4º álbum, o Rebirth. Após o Fireworks, a insatisfação criativa, o desgaste nas relações internas e as diferenças de visão sobre o futuro da banda culminaram na saída do André Matos, Ricardo Confessori e Luís Mariutti, em 2000, que mais tarde formariam o Shaman. Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro, determinados a manter o legado vivo, recrutaram três músicos que seriam fundamentais na nova fase: o vocalista Edu Falaschi (ex-Symbols), o baterista Aquiles Priester (ex-Hangar) e o jovem e virtuoso baixista Felipe Andreoli (ex-Karma). Produzido por Dennis Ward, o álbum tem uma sonoridade cristalina e balanceada, combinando influências do Power Metal europeu, música brasileira, elementos progressivos e orquestrações pontuais, o que se reflete nos vocais limpos do Edu. O repertório é muito bom, e as canções são todas melódicas e suaves. Enfim, é um ótimo disco, que mostrou que a banda não tinha morrido. 

Melhores Faixas: Rebirth, Heroes Of Sand, Nova Era, Unholy Wars 
Vale a Pena Ouvir: Running Alone, Acid Rain

Temple Of Shadows – Angra





















NOTA: 9,4/10


Em 2004, eles retornam lançando o aclamadíssimo Temple of Shadows, que trouxe algo totalmente novo. Após o Rebirth, surgiu a ideia de criar um álbum conceitual, algo arriscado e grandioso. Rafael Bittencourt foi o principal responsável pelo enredo. A história acompanha o Shadow Hunter, um cavaleiro templário que abandona a fé dogmática e passa a seguir uma visão mística baseada em um “Livro das Sombras”, que prega tolerância, sabedoria e transcendência espiritual. Com produção feita por Dennis Ward, colocou uma sonoridade cristalina e dinâmica, valorizando tanto os momentos pesados quanto os mais sutis, com uso de instrumentação exótica (percussão árabe, flamenco, música celta), além de corais e orquestrações que ampliam o aspecto épico. O repertório é incrível, todas as canções são tematizadas e muito bem escritas, sem contar as participações ilustres, que são excelentes. No final, é um disco sensacional e que é, sem dúvida, um clássico. 

Melhores Faixas: Spread Your Fire, Wishing Well, Late Redemption (participação do Milton Nascimento), Sprouts Of Time, Winds Of Destination (participação do Hansi Kürsch do Blind Guardian) 
Vale a Pena Ouvir: Morning Star, Angels And Demons, The Shadow Hunter
  

    Então um abraço e flw!!!             

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