The New Sounds – Miles Davis
NOTA: 8,5/10
Em 1951, Miles Davis lançava seu 1º álbum de estúdio, o The New Sounds, que seria um marco para a época. O nosso lendário trompetista, que em seu início de carreira era fissurado no também lendário Charlie Parker, começou sua trajetória na metade da década de 40, sendo músico de estúdio de outros artistas de Jazz. Ele chegou a criar um noneto, mas não ficou muito tempo com o grupo. Depois, assinou com a Capitol Records, onde iniciou seus experimentos no Birth of the Cool (1949–1950), que rompeu com as convenções do Bebop. Mais tarde, Davis fechou contrato com a Prestige Records, fazendo assim o primeiro lançamento de 10 polegadas da gravadora. A produção ficou a cargo do Bob Weinstock, que trouxe uma sonoridade crua, direta, sem retoques excessivos, o que dá um ar muito orgânico às faixas. Falando nisso, o repertório é bem interessante, com 4 canções muito boas e bastante imersivas. No fim, é um ótimo disco de estreia e um grande marco.
Melhores Faixas: My Old Flame, Conception
Vale a Pena Ouvir: Dig?, It's Only A Paper Moon
Young Man With A Horn – Miles Davis
NOTA: 8,8/10
Melhores Faixas: How Deep Is The Ocean, Yesterdays
Vale a Pena Ouvir: Donna
Blue Period – Miles Davis
NOTA: 8/10
Meses depois, foi lançado seu 3º álbum, intitulado Blue Period, que foi gravado antes de seu álbum de estreia. Após o Young Man With A Horn, a Prestige decidiu restaurar esse material que tinha sido guardado, e então colocaram esse título que remete à fase artística de Pablo Picasso, podendo ser lido como uma metáfora para o estado emocional e musical de Miles: introspectivo, contido, lírico. Nessa fase, Miles começava a se afastar das exigências técnicas do Bebop e a valorizar cada vez mais a economia de notas, o uso do espaço e uma sensibilidade mais melancólica e melódica. A produção, feita por Bob Weinstock, é simples e direta, com poucos overdubs e sem grandes edições, o que contribui para uma sensação de espontaneidade e intimidade, com parte do material sendo gravada em janeiro e a outra em outubro daquele mesmo ano de 1951. O repertório contém 3 faixas decentes, muito bem encadeadas. Enfim, é um belo disco e bastante virtuoso.
Melhores Faixas: Out Of The Blue
Vale a Pena Ouvir: Bluing, Blue Room
Miles Davis Vol. 2 – Miles Davis
NOTA: 8/10
Melhores Faixas: Kelo, Enigma
Vale a Pena Ouvir: C.T.A.
Miles Davis Vol. 3 – Miles Davis
NOTA: 8/10
No ano seguinte, Miles Davis lança o Volume 3, que foi para um lado ainda mais abrangente. Após o Miles Davis Vol. 2, com ele já flertando com uma estética mais introspectiva e espaçosa em registros anteriores, este disco marca o início de uma nova confiança em sua sonoridade. Nesse momento, Miles estava se recuperando do vício em heroína, algo que havia atrapalhado sua carreira e sua vida pessoal nos anos anteriores. Livre do vício, ele começou a soar mais centrado, controlado e emocionalmente expressivo. A produção foi novamente conduzida por Alfred Lion, que manteve aquele estilo simples, direto, mas incrivelmente fiel ao som natural dos instrumentos. Juntando um quarteto sem saxofones, com as presenças do Horace Silver e Art Blakey, ambas figuras centrais do Hard Bop, o disco traz um swing forte, direto, terreno. O repertório, novamente, é muito bom, e as canções são mais envolventes. Em suma, é um bom disco e totalmente ousado.
Melhores Faixas: Weirdo
Vale a Pena Ouvir: It Never Entered My Mind, The Leap
Miles Davis Quartet – Miles Davis
NOTA: 8,6/10
Meses depois, foi lançado Miles Davis Quartet, que foi ainda mais abrangente. Após o Miles Davis Vol. 3, naquele período o trompetista estava em fase de reconstrução pessoal. Havia recentemente saído do período mais intenso de dependência em heroína e buscava se reposicionar artisticamente. Aqui, ele deixa de lado a velocidade do Bebop e abraça as baladas, as pausas e o lirismo melódico. A produção foi feita novamente por Bob Weinstock, que manteve aquela característica crua das primeiras sessões da Prestige: gravações feitas em uma única sessão, quase sem overdubs e com poucas interferências. Isso dá ao álbum um caráter íntimo e direto. Fora isso, acertaram muito bem no time, composto por John Lewis e Percy Heath, que fariam parte do Modern Jazz Quartet, e Max Roach, que já era um dos maiores bateristas do Bebop. O repertório é muito legal, e as canções ficaram mais profundas e intimistas. No geral, é um ótimo disco, mais imersivo e emocional.
Melhores Faixas: Four, Miles Ahead
Vale a Pena Ouvir: Blue Haze, Smooch
All Star Sextet – Miles Davis
NOTA: 8/10
Logo depois, foi lançado outro disco do Miles Davis, intitulado All Star Sextet, que era bem mais ambicioso. Após o Miles Davis Quartet, o trompetista começou a chamar atenção de novo com suas sessões na Blue Note e na Prestige, e esse disco representa uma transição clara do Bebop para o Hard Bop, tendo mais groove, blues e peso rítmico. A produção foi praticamente a mesma de sempre, com foco em capturar o som natural dos músicos. Aliás, esse time é essencial para a formação do Hard Bop: Horace Silver com seu estilo bluesy e percussivo, Kenny Clarke com sua bateria moderna, J.J. Johnson e Lucky Thompson como grandes melodistas e improvisadores, além do consistente baixista Percy Heath. O repertório contém apenas duas faixas, muito boas, que têm vários toques de improvisação e uma imersão de certo modo explosiva. Enfim, é um disco muito bom e que foi só uma base para os trabalhos futuros do Miles.
Melhores Faixas: Blue 'N' Boogie
Vale a Pena Ouvir: Walkin’
The Musings Of Miles – Miles Davis
NOTA: 8/10
Entrando no ano de 1955, Miles Davis lança outro disco importante, o The Musings of Miles. Após o All Star Sextet, a gravadora Prestige, vendo o sucesso que o trompetista estava conseguindo, decidiu que esse fosse seu primeiro trabalho em LP de 12 polegadas, com coesão formal de álbum. Ele traz um quarteto enxuto, sofisticado e sensível, funcionando como um laboratório para o estilo introspectivo, lírico e melódico que Miles desenvolveria plenamente no seu First Great Quintet. A produção foi feita pelo mesmo produtor de sempre, seguindo praticamente o mesmo modelo: sem overdubs, com poucos takes e ênfase na performance ao vivo no estúdio. Enquanto isso, aquela formação começava a se desenhar com o pianista Red Garland e o baterista Philly Joe Jones. O repertório contém seis faixas bem encadeadas e com um toque melódico. Enfim, é um belo disco, e era só o começo.
Melhores Faixas: Will You Still Be Mine?
Vale a Pena Ouvir: A Night In Tunisia, I Didn't
Blue Moods – Miles Davis
NOTA: 7,2/10
Pouco tempo depois, foi lançado outro álbum, o Blue Moods, que foi para algo ainda mais envolvente. Após o The Musings of Miles, Miles Davis se apresentou no Newport Jazz Festival, onde chamou atenção de todos, inclusive de uma certa gravadora. Ao mesmo tempo, o contrabaixista Charles Mingus, que ainda não era o gênio reconhecido que se tornaria, havia fundado seu próprio selo independente: a Debut Records. A ideia era criar um disco com mais liberdade de direção musical, centrado numa estética mais "europeia". A produção foi conduzida pelo próprio Charles Mingus, e ele formou um quinteto com instrumentos que não eram típicos das sessões do Miles, como a trompa e a tuba, o que dá ao disco uma sonoridade mais grave, densa e orquestral. Apesar de interessante, acontecem alguns erros. O repertório tem quatro faixas, com apenas uma abaixo da média, mas no geral é bem coeso. Enfim, é um disco bom, mas que teve muito pouco planejamento.
Melhores Faixas: Alone Together, Nature Boy, There's No You
Piores Faixas: Easy Living
Miles: The New Miles Davis Quintet – Miles Davis
NOTA: 8/10
Mais um ano se passou, e Miles Davis lança outro disco, intitulado Miles: The New Miles Davis Quintet. Após o Blue Moods, Miles Davis finalmente conquista um contrato com a Columbia Records, graças ao executivo George Avakian. No entanto, ele ainda tinha obrigações contratuais com a Prestige Records, que o impediam de lançar imediatamente discos pela nova gravadora. Para acelerar o encerramento do contrato com a Prestige, Miles entra em estúdio para uma série de gravações rápidas. A produção foi conduzida por Bob Weinstock, que trouxe aquela sonoridade crua, e foi aqui que se iniciou o lendário quinteto formado pelo saxofonista John Coltrane, pianista Red Garland, contrabaixista Paul Chambers e baterista Philly Joe Jones, trazendo ao Jazz uma nova síntese entre o lirismo do Cool, a intensidade do Hard Bop e a liberdade do fraseado. O repertório é muito legal, e as canções são mais profundas. Em suma, é um ótimo disco e foi só uma base do que viria.
Melhores Faixas: There Is No Greater Love
Vale a Pena Ouvir: The Theme, Just Squeeze Me
Bom é isso, então flw!!!