terça-feira, 8 de abril de 2025

Analisando Discografias - Miles Davis: Parte 2

                 

Quintet/Sextet – Miles Davis & Milt Jackson





















NOTA: 8,8/10


Pouco tempo depois, Miles Davis lançou um álbum colaborativo com Milt Jackson intitulado Quintet/Sextet. Após o Miles: The New Miles Davis Quintet, ele decidiu convidar o pianista Red Garland, o baterista Philly Joe Jones, o baixista Oscar Pettiford, o vibrafonista Milt Jackson (do Modern Jazz Quartet) e o saxofonista Jackie McLean, que trazia uma pegada mais crua e nervosa. O álbum surge em um momento em que Miles se afasta um pouco do Cool Jazz que explorava no início dos anos 50 e começa a introduzir um Hard Bop mais quente e nervoso, estilo que ele abraçaria ao longo da década. A produção foi feita por Bob Weinstock, com aquele som típico da Prestige nessa época: direto, sem muita edição, capturando a interação dos músicos com naturalidade. A química entre os músicos flui de forma totalmente natural e não chega a conflitar na instrumentação. O repertório contém 4 faixas muito boas e vibrantes. No fim, é um ótimo disco, porém muito subestimado. 

Melhores Faixas: Changes, Bitty Ditty 
Vale a Pena Ouvir: Minor March, Dr. Jackle

Birth Of The Cool – Miles Davis





















NOTA: 8,3/10


Em 1957, saiu o primeiro lançamento com sua nova gravadora, que foi Birth of the Cool. Após o Quintet/Sextet, a Capitol Records, que agora tinha Miles Davis como um de seus artistas, decidiu resgatar gravações do início de sua carreira, entre 1949 e 1950, resultando em uma coletânea, so que extremamente essencial. Sendo feita em uma fase em que Miles percebeu que o Bebop já estava se saturando e decidiu buscar uma abordagem mais suave, com foco nos arranjos, menos improvisação frenética e uma paleta tímbrica muito mais variada, dando origem ao Cool Jazz. A produção do Walter Rivers e Pete Rugolo trouxe um frescor à instrumentação ao combinar o Jazz com uma pequena big band, permitindo arranjos densos. Músicos como Gil Evans, Gerry Mulligan, John Lewis e outros se revezaram, sempre buscando o equilíbrio entre escrita e improviso. Com um repertório mais extenso, cheio de canções leves e improvisadas. Enfim, é um belo disco que vale a pena conhecer. 

Melhores Faixas: Budo, Rouge, Jeru 
Vale a Pena Ouvir: Moon Dreams, Boplicity, Deception

'Round About Midnight – Miles Davis





















NOTA: 9,7/10


Em questão de semanas, saiu um dos grandes álbuns de Miles Davis, o 'Round About Midnight. Após o Birth of the Cool e depois de tantas experiências com Bebop, Cool Jazz e colaborações pontuais (como em Birth of the Cool e várias sessões para a Prestige), Miles Davis chega à metade dos anos 50 com um objetivo claro: liderar uma banda sólida, com som próprio, e marcar seu nome como artista central do Jazz moderno. É apresentada oficialmente a formação do chamado First Great Quintet, uma das mais lendárias do gênero. A produção, feita por George Avakian, foi mais cuidadosa. Os takes foram escolhidos com atenção, a mixagem dá destaque ao lirismo do Miles, e o som é mais limpo e equilibrado. O foco era capturá-lo em um tom mais refinado, mais introspectivo, sem perder o vigor da interação do grupo. O repertório é sensacional, com canções mais cadenciadas e um toque mais leve. Em suma, é um baita disco e um grande clássico de sua carreira. 

Melhores Faixas: 'Round Midnight, Bye Bye Blackbird, Ah-Leu-Cha 
Vale a Pena Ouvir: Tadd's Delight

Cookin’ – Miles Davis





















NOTA: 8/10


Meses depois, foi lançado outro álbum intitulado Cookin’, esse sendo lançado por sua antiga gravadora. Após o 'Round About Midnight, Miles Davis ainda precisava gravar alguns álbuns para a Prestige Records, para então, quem sabe, se desvincular de vez deles. O objetivo era simples: capturar o som cru e direto do seu quinteto em estúdio, como se fosse uma jam session estendida. A produção foi feita pelo mesmo produtor de sempre, e o que aconteceu foi o seguinte: eles apenas entraram no estúdio e tocaram. Miles escolheu os temas na hora, e os músicos de seu lendário quinteto praticamente não ensaiaram. Isso dá ao disco um frescor impressionante, baseado na pura improvisação. O repertório é muito legal, com 4 faixas envolventes que vão para um lado bastante swingado (quem lembra daqueles álbuns do Frank Sinatra sabe bem o porquê). Enfim, é um disco muito interessante e bem consistente. 

Melhores Faixas: My Funny Valentine 
Vale a Pena Ouvir: Blues By Five, Tune Up / When Lights Are Low, Airegin

Miles Ahead – Miles Davis + 19




















NOTA: 8,4/10


Pouco tempo depois, ele retorna lançando outro disco intitulado Miles Ahead, que trouxe novidades. Após o Cookin’, Miles Davis queria ir além do quinteto e das formações convencionais do Hard Bop. Em busca de um som mais orquestral e mais cinemático, voltou a se aproximar de um parceiro criativo dos tempos do Birth of the Cool: Gil Evans. Gil era um arranjador brilhante, com um ouvido refinado para timbres, texturas e cores. Enquanto naquela época já indicava um flerte com a música de câmara e o Jazz orquestrado, este álbum leva esse conceito ao extremo: uma suíte contínua com Miles solando sobre uma orquestra de Jazz cuidadosamente arranjada. A produção foi feita por George Avakian e Cal Lampley. Aqui, Miles é o único solista em destaque, tocando flugelhorn (em vez do seu tradicional trompete) sobre uma orquestra com madeiras, metais e seção rítmica. O repertório, em si, é muito bom, com canções bem atmosféricas. Enfim, é um disco legal e ousado. 

Melhores Faixas: The Maids Of Cadiz, Miles Ahead 
Vale a Pena Ouvir: My Ship, Blues For Pablo, The Meaning Of The Blues

Relaxin’ – Miles Davis





















NOTA: 9,1/10


No ano seguinte, foi lançado outro álbum de Miles Davis, Relaxin’, que trazia um conteúdo interessante. Após o Miles Ahead, a Prestige Records decidiu lançar mais um daqueles trabalhos do trompetista, gravado como se fossem apresentações ao vivo, praticamente sem cortes, overdubs ou edições, sendo realizado em apenas duas sessões de estúdio. A produção foi conduzida, como sempre, por Bob Weinstock, e, como de costume na gravadora, os músicos apenas entravam no estúdio e tocavam. Diferente de álbuns mais conceituais, aqui temos um retrato direto da interação e do swing natural do Miles com seu lendário quinteto. Um dos grandes destaques certamente foi John Coltrane, já pegando uma base que serviria para seus lançamentos futuros, mas, no geral, todos aqui apresentam uma performance impressionante. O repertório é excepcional, com canções elegantes e totalmente descontraídas. No geral, é um belíssimo disco e que é bem fluido. 

Melhores Faixas: If I Were A Bell, It Could Happen To You 
Vale a Pena Ouvir: I Could Write A Book, Woody'n You

                                                 Então é isso, um abraço e flw!!!         

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