Analisando Discografias - Ramones: Parte 1

                 

Ramones – Ramones

NOTA: 10/10

Agora vamos para 1976, quando foi lançado o álbum de estreia dos pais do Punk, ou seja, os Ramones. Formados em Forest Hills, no bairro do Queens, em Nova York, eles surgiram num momento em que a juventude queria ouvir algo que falasse com ela, já que não aguentava mais o virtuosismo do Rock progressivo. Com isso, locais como o CBGB e nomes como Television, Patti Smith, Blondie e, sobretudo, os Ramones estavam moldando um som radicalmente diferente: simples, barulhento e curto. Joey (vocal), Johnny (guitarra), Dee Dee (baixo) e Tommy (bateria) decidiram seguir essa fórmula meio Twist. Com produção do Craig Leon, as faixas foram gravadas em pouquíssimos takes, com microfones posicionados para capturar uma bateria seca, guitarras sem efeitos e os vocais do Joey mixados para soar ao mesmo tempo intensos e distantes. O repertório é simplesmente maravilhoso, com canções divertidas. No fim, é um trabalho marcante e revolucionário. 

Melhores Faixas: Blitzkrieg Bop, Beat On The Brat, Listen To My Heart, I Don't Wanna Go Down To The Basement, Let's Dance 

Vale a Pena Ouvir: Havana Affair, 53rd & 3rd, I Don't Wanna Walk Around With You, Loudmouth

Leave Home – Ramones

NOTA: 9,5/10

E já no começo do ano seguinte, eles voltam rapidamente lançando seu 2º álbum, o Leave Home. Após o esquisito, porém brilhante álbum de estreia, os Ramones já eram considerados uma das bandas mais influentes da cena underground de Nova York. Apesar da recepção modesta em termos de vendas, a banda ganhava status cult, principalmente no CBGB. Em meio ao crescimento do movimento punk e impulsionados por críticas positivas, eles logo voltaram ao estúdio. A produção, agora conduzida por Tony Bongiovi e Tommy Ramone (o baterista da banda), manteve a essência crua e direta do debut, mas com um som um pouco mais polido e com mais espaço para experimentações sonoras. O orçamento ainda era modesto, mas houve um cuidado maior na mixagem, resultando em faixas com mais definição. O repertório ficou muito legal, e as canções seguem com toda aquela energia e rapidez. Enfim, mais um belo trabalho que, infelizmente, não vendeu nada. 

Melhores Faixas: I Remember You, California Sun, Glad To See You Go, Swallow My Pride, Suzy Is A Headbanger, Oh Oh I Love Her So 

Vale a Pena Ouvir: Pinhead, Carbona Not Glue, You're Gonna Kill That Girl, What's Your Game

Rocket To Russia – Ramones

NOTA: 10/10

Aí, para o final daquele ano, foi lançado outro clássico e uma verdadeira obra-prima: Rocket to Russia. Após o Leave Home, os Ramones já eram uma banda cultuada na cena underground de Nova York e começavam a conquistar fãs no exterior, especialmente na Inglaterra, onde o Punk estava explodindo. Com um orçamento maior e mais experiência em estúdio, a banda entrou para gravar seu 3º álbum com a expectativa de criar um disco que mantivesse sua essência crua, mas que também apresentasse uma sonoridade mais acessível e diversificada. A produção foi praticamente a mesma, mas com uma sonoridade mais polida e clara, dando maior ênfase à definição dos instrumentos e permitindo que os riffs de guitarra e as linhas de baixo ficassem mais evidentes. Ou seja, tudo ficou mais elaborado, mas sem perder a urgência Punk. O repertório é maravilhoso, sendo praticamente uma coletânea. No final de tudo, é um álbum sensacional e um dos melhores de todos os tempos. 

Melhores Faixas: Rockaway Beach, Sheena Is A Punk Rocker, We're A Happy Family, Do You Wanna Dance, Locket Lover, Surfin' Bird, I Wanna Be Well 

Vale a Pena Ouvir: Here Today, Gone Tomorrow, Ramona, I Don't Care

Road To Ruin – Ramones

NOTA: 9,4/10

Se passava mais um ano e era lançado mais um trabalho da banda, intitulado Road to Ruin. Após o Rocket to Russia, os Ramones estavam sob pressão para expandir seu som e manter a relevância no cenário Punk, que passava por uma rápida transformação. A cena estava se tornando mais diversa, com outras bandas experimentando arranjos mais complexos e buscando maior alcance comercial. Além disso, o baterista original, Tommy Ramone, deixou a banda para focar mais na produção e foi substituído por Marky Ramone. Com a produção novamente feita por Tommy e Ed Stasium, que viria a trabalhar extensivamente com a banda, o álbum ganhou uma sonoridade mais polida e balanceada, com maior destaque para as melodias, harmonias vocais e solos de guitarra. A bateria do Marky tem um papel central, com uma pegada mais firme e consistente. O repertório é incrível, e as canções são mais dinâmicas e frenéticas. Em suma, é outro trabalho maravilhoso e essencial. 

Melhores Faixas: I Wanna Be Sedated, Needles And Pins, I'm Against It, I Wanted Everything, I Just Want To Have Something To Do 

Vale a Pena Ouvir: Bad Brain, I Don't Want You, Go Mental

End Of The Century – Ramones

NOTA: 8,6/10

Aí entramos na década de 1980, e os Ramones lançavam mais um álbum, o End of the Century. Após o Road to Ruin, a banda enfrentava o desafio de manter sua relevância em um cenário musical que começava a valorizar produções mais elaboradas e um som mais comercial. Por outro lado, os Ramones estavam interessados em alcançar um público mais amplo, que pudesse alavancar suas canções nas rádios. A produção ficou a cargo de Phil Spector e é caracterizada pelo uso do famoso “Wall of Sound”, uma técnica que cria um som denso e cheio, com múltiplas camadas instrumentais, reverberações e um polimento Pop que se distancia bastante da crueza Punk dos trabalhos anteriores. A gravação foi tensa e marcada por conflitos, mas acabou funcionando. O repertório é bem legal, com canções divertidas e melódicas. Enfim, apesar de ser um trabalho interessante, certamente Joey Ramone guardou ressentimentos em relação a ele até sua morte. 

Melhores Faixas: Rock 'N' Roll High School, Chinese Rock, Let's Go, All The Way 

Vale a Pena Ouvir: I'm Affected, Baby, I Love You, The Return Of Jackie And Judy

Pleasant Dreams – Ramones

NOTA: 9/10

No ano seguinte, eles decidiram voltar a um formato mais raiz com Pleasant Dreams. Após o controverso End of the Century, os Ramones buscavam retornar a um som mais direto, mas ainda assim manter certa sofisticação e variedade em suas composições. Além disso, esse trabalho marcou a estreia do baixista Dee Dee Ramone nos vocais em algumas faixas, e a banda também queria voltar a um estilo mais agressivo, explorando temas mais sombrios e pessoais, incorporando influências do Hard Rock. A produção, conduzida por Graham Gouldman, apresentou uma sonoridade mais limpa e controlada, buscando um equilíbrio entre a crueza Punk original e uma abordagem mais polida e contemporânea para o início dos anos 80, com guitarras mais definidas e bateria mais precisa. O repertório ficou muito legal, com canções divertidas e um pouco mais melódicas. Em suma, é um trabalho sólido e bastante subestimado. 

Melhores Faixas: The KKK Took My Baby Away, Don't Go, She's A Sensation, We Want The Airwaves 

Vale a Pena Ouvir: Come On Now, You Sound Like You're Sick, Sitting In My Room

  Por hoje é só, então flw!!!