segunda-feira, 14 de julho de 2025

Analisando Discografias - Ramones: Parte 2

                   

Subterranean Jungle – Ramones





















NOTA: 5,9/10


Dois anos se passaram e a banda voltou lançando mais um disco, o Subterranean Jungle. Após o Pleasant Dreams, os integrantes, especialmente Johnny Ramone, ansiavam por um retorno ao som mais cru e agressivo dos primeiros álbuns. Esse álbum, portanto, é uma espécie de tentativa de resgate das raízes Punk da banda. Contudo, os problemas pessoais se intensificavam. Dee Dee Ramone enfrentava sérios problemas com drogas. Além disso, Joey e Johnny já nem se falavam mais por conta de uma briga envolvendo uma mulher. A produção ficou a cargo do Ritchie Cordell e Glen Kolotkin, que optaram por arranjos mais trabalhados e experimentações sutis, incluindo o uso de teclados e backing vocals em algumas faixas. Eles também adotaram uma estética inspirada no Rock dos anos 60, o que acabou gerando certo desequilíbrio. O repertório é bastante mediano, com algumas canções boas e outras bem fracas. Enfim, trata-se de um trabalho bastante irregular da banda. 

Melhores Faixas: What'd Ya Do?, Highest Trails Above, I Need Your Love 
Piores Faixas: Time Bomb, Time Has Come Today, Somebody Like Me

Too Tough To Die – Ramones





















NOTA: 9,1/10


Indo para 1984, foi lançado o 8º álbum da banda, o Too Tough to Die, que foi para um lado energético. Após o Subterranean Jungle, a saída do baterista Marky Ramone por conta do alcoolismo e a crescente instabilidade emocional de Dee Dee Ramone refletiam uma banda à beira do colapso. Para preencher a vaga na bateria, entra Richie Ramone, que não só traz energia nova, como também compõe e canta. Fora isso, o cenário musical já não tinha mais o Punk como tendência, mas, naquele período, o Hardcore Punk começava a borbulhar na cena underground, então eles seguiram por esse caminho. A produção contou com o retorno do Tommy Ramone, ao lado do Ed Stasium, que deixou o som mais seco, com guitarras ríspidas e vocais viscerais. Também é o primeiro álbum, desde os primeiros tempos, em que Johnny ficou empolgado com o resultado final. O repertório é bem legal, e as canções são divertidas e diversificadas. No fim, é um belo disco e bastante consistente. 

Melhores Faixas: Too Tough To Die, Chasing The Night, Daytime Dilemma (Dangers Of Love), Howling At The Moon (Sha-La-La), I'm Not Afraid Of Life, Wart Hog 
Vale a Pena Ouvir: No Go, Danger Zone, Mama's Boy

Animal Boy – Ramones





















NOTA: 7,2/10


Mais um tempo se passou e foi lançado mais um trabalho dos Ramones, o Animal Boy. Após o Too Tough to Die, que marcou uma revitalização no som, eles entraram em um novo ciclo com relativa confiança criativa. O disco anterior havia resgatado a agressividade Punk e reacendido o entusiasmo da banda. Entretanto, as tensões internas permaneciam. Dee Dee Ramone, cada vez mais mergulhado em problemas com drogas, ainda era o compositor mais prolífico, mas sua relação com Joey e Johnny continuava desgastada. A produção, conduzida por Jean Beauvoir, trouxe uma abordagem moderna para os padrões da época, com mixagens mais limpas, sintetizadores discretos em algumas faixas, vocais mais tratados e uma tentativa clara de transformar os Ramones em uma banda mais comercial. Ainda era Punk, mas havia amostras do Hard Rock. O repertório é bom, com canções legais e outras mais fracas. No fim, é um trabalho interessante, apesar de seus erros. 

Melhores Faixas: Somebody Put Something In My Drink, My Brain Is Hanging Upside Down (Bonzo Goes To Bitburg), Love Kills, Animal Boy, Hair Of The Dog 
Piores Faixas: Apeman Hop, Eat That Rat

Halfway To Sanity – Ramones





















NOTA: 8/10


Outro ano se passa e eles retornam lançando outro trabalho questionável, o Halfway to Sanity. Após o Animal Boy, os Ramones continuavam tentando manter relevância no cenário musical dos anos 80. Internamente, Dee Dee Ramone estava cada vez mais instável, envolvido com drogas e conflitos com os colegas. Joey e Johnny continuavam a manter uma relação estritamente profissional, sem diálogo fora do palco. Richie Ramone, que havia contribuído fortemente nos dois discos anteriores, começava a se sentir desvalorizado, muito porque não recebia royalties adequados. A produção foi feita por Daniel Rey, que optou por um caminho mais seco e cru, com poucos efeitos e um som mais áspero que o dos antecessores imediatos. É visível a tentativa de retornar a uma estética mais agressiva e despojada, mas há de se concordar que o disco precisava de mais acabamento. O repertório ficou legal, com canções interessantes e imersivas. No geral, é um trabalho bom, mas faltou moldagem. 

Melhores Faixas: Garden Of Serenity, A Real Cool Time 
Vale a Pena Ouvir: Death Of Me, I Wanna Live, Bye Bye Baby, I Lost My Mind

Brain Drain – Ramones





















NOTA: 8,7/10


Pulando para o fim dos anos 80, os Ramones lançavam o excêntrico Brain Drain. Após o Halfway to Sanity, Marky Ramone havia retornado à bateria, o que trouxe um pouco de estabilidade rítmica, mas não resolveu os atritos pessoais. A relação entre Joey e Johnny permanecia gelada. Cada um gravava suas partes em horários separados e praticamente não se falavam fora do palco. Enquanto isso, Dee Dee Ramone estava completamente maluco, chegando até a lançar um disco de Rap (pois é, mas daqui a pouco eu falo). A produção, feita por Bill Laswell, Jean Beauvoir e Daniel Rey, foi mais fragmentada e inseriu um tom sombrio e melancólico que percorre todo o álbum. Ainda há as influências do Punk como sempre, mas com mais experimentações, numa vibe meio gótica. O repertório ficou bem legal, com canções divertidas e outras mais profundas. No final de tudo, é um disco bacana e que tem sua qualidade. 

Melhores Faixas: Pet Semetary, I Believe In Miracles, Don't Bust My Chops, Merry Christmas (I Don't Want To Fight Tonight) 
Vale a Pena Ouvir: All Screwed Up, Can't Get You Out Of My Mind, Palisades Park, Ignorance Is Bliss

Mondo Bizarro – Ramones





















NOTA: 9/10


Pulando para 1992, os Ramones lançavam mais um disco, intitulado Mondo Bizarro. Após o Brain Drain, Dee Dee Ramone acabou saindo de vez da banda. Entrou, então, C.J. Ramone, jovem e carismático substituto que trouxe sangue novo à banda e ajudou a revitalizar sua presença ao vivo. Além disso, a banda encerrou seu vínculo com a gravadora Sire (subsidiária da Warner Music) e acabou assinando com a Radioactive Records. A produção, feita novamente por Ed Stasium, trouxe uma sonoridade limpa, potente e profissional, com um som robusto que busca equilibrar o ataque Punk dos anos 70 com a sonoridade do Rock alternativo dos anos 90. As guitarras do Johnny Ramone estão mais encorpadas, os vocais do Joey Ramone soam maduros e bem gravados, e C.J. estreia com presença sólida tanto no baixo quanto nos vocais. O repertório é muito bom, e as canções são bem melódicas e diretas. No geral, é um álbum surpreendente e bastante consistente. 

Melhores Faixas: Poison Heart, Cabbies On Crack, Main Man (C.J. Ramone amassando nos vocais), It's Gonna Be Alright 
Vale a Pena Ouvir: I Won't Let It Happen, Touring, Anxiety

Acid Eaters – Ramones





















NOTA: 6/10


Em 1993, foi lançado o penúltimo album dos Ramones que era repleto de reinterpretações, o Acid Eaters. Após o Mondo Bizarro, como o clima na banda estava até um pouco melhor, eles decidiram lançar um album inteiramente de covers focado em clássicos psicodélicos e garageiros dos anos 60, músicas que, em sua maioria, influenciaram os próprios Ramones na juventude. A ideia era, ao mesmo tempo, homenagear essas bandas e adaptar suas canções ao estilo Punk acelerado e direto dos Ramones. Produção conduzida por Scott Hackwith, foi bem limpa e pesada, buscando dar uniformidade às faixas, mesmo com suas origens tão distintas. Os Ramones adaptam as canções ao seu formato: duração curta, batida reta, vocais sem firulas e guitarras barulhentas, só que muita coisa acaba não funcionando bem tirando a essência dos arranjos originais. O repertório é bem mediano, tendo covers legais outros nem tanto. No final, é um trabalho fraco que dava para caprichar mais. 

Melhores Faixas: When I Was Young (The Animals), Journey To The Center Of The Mind (Amboy Dukes), Have You Ever Seen The Rain (Creedence Clearwater Revival) 
Piores Faixas: 7 And 7 Is (Love), Surf City (Jan and Dean), Somebody To Love (Jefferson Airplane)

¡Adios Amigos! – Ramones





















NOTA: 8,5/10


Então chegamos ao ano de 1995, quando foi lançado o álbum de despedida dos Ramones, o ¡Adios Amigos! (capa irônica, meio que os dinossauros do Punk se despedindo). Após o Acid Eaters, com 20 anos de estrada, conflitos internos e pouco reconhecimento comercial (apesar do culto gigantesco ao redor deles), os Ramones decidiram encerrar suas atividades com dignidade. O clima nas gravações era mais estável do que em anos anteriores. Joey, Johnny e C.J. estavam mais em sintonia, e até Dee Dee colaborou nas composições. A produção, feita por Daniel Rey, oferece um som limpo, mas ainda cru e direto, equilibrando a sonoridade Punk Raiz com a clareza técnica dos anos 90. A mixagem valoriza os riffs secos do Johnny, a voz já envelhecida, porém comovente, do Joey, e os vocais do C.J. Ramone. O repertório é interessante, com canções sérias, mas ainda com a energia de sempre. No fim, é um belo disco de despedida, que fechou um capítulo importante da música. 

Melhores Faixas: The Crusher, Cretin Family, She Talks To Rainbows 
Vale a Pena Ouvir: Scattergun, I Don't Want To Grow Up, Born To Die In Berlin, Life's A Gas

 

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