domingo, 10 de agosto de 2025

Analisando Discografias - Alice In Chains

                   

Sap – Alice In Chains





















NOTA: 7/10


Antes do lançamento do seu próximo álbum em 1992, no início do ano, o Alice In Chains lançou o EP Sap. Após o maravilhoso Facelift, a banda decidiu seguir por um caminho oposto, registrando um EP acústico. A gênese do projeto é quase lúdica: o baterista Sean Kinney sonhou que a banda gravava um disco acústico chamado Sap. Eles acharam engraçado o suficiente para realmente gravar algo nesse molde, aproveitando um intervalo antes de entrar de vez na produção do Dirt. A produção foi conduzida pela própria banda junto com Rick Parashar, onde colocaram timbres orgânicos e arranjos que deixassem espaço para o ar e a reverberação. A captação priorizou a naturalidade: violões cristalinos, vocais bem à frente e pouca interferência de efeitos, ainda seguindo toda a estética fria do Grunge. O repertório contém apenas 5 faixas, sendo uma delas fraca, pois o restante ficou muito bom e conta com participações de velhos conhecidos da cena. Enfim, é um EP bem descontraído e detalhado. 

Melhores faixas: Am I Inside, Right Turn (participação do Chris Cornell, do Soundgarden, e Mike Arm, do Mudhoney), Brother (junto com Am I Inside tem participação da Ann Wilson, do Heart), Got Me Wrong 
Pior faixa: Untitled/Love Song

Dirt – Alice In Chains





















NOTA: 10/10


Então, em setembro daquele ano, foi lançado o atemporal 2º álbum deles, o Dirt, que foi uma virada de chave. Após o lançamento do EP Sap, a banda vivia uma tensão entre o sucesso crescente e problemas pessoais, como o uso de drogas por Layne Staley, que influenciou tanto a vida quanto as letras. O clima cultural da época, a perda de colegas de cena (a morte do Andrew Wood) e a atmosfera sombria de Seattle, alimentou composições que eram confissões, memórias e confrontos com a mortalidade. A produção foi feita por Dave Jerden junto com a banda, optando por um som mais comprimido e opressor, com guitarras graves do Jerry Cantrell que soam como paredes, e a voz do Layne Staley que sobe como feridas abertas. A escolha por timbres graúdos, guitarras com ganho, baixo encorpado e bateria com ataque seco cria uma textura quase “industrial”, mostrando a veia Heavy Metal deles. No fim, é certamente uma obra-prima e um dos melhores álbuns de todos os tempos. 

Melhores Faixas: Would?, Rooster, Them Bones, Down In A Hole, Dam That River, Angry Chair 
Vale a Pena Ouvir: Dirt, Sickman, God Smack

Jar Of Flies – Alice In Chains





















NOTA: 8/10


Dois anos se passaram, e foi lançado mais um EP do Alice In Chains, intitulado Jar of Flies. Após o clássico Dirt, Layne Staley continuava enfrentando problemas graves com dependência, e a tensão interna estava alta. No entanto, essa turbulência também criou espaço para um registro diferente, mais calmo e sensível. O EP nasceu de uma sessão de gravação improvisada e muito rápida, feita em cerca de uma semana no London Bridge Studio, em Seattle. A produção foi conduzida inteiramente pela própria banda, que buscou uma sonoridade despojada, transparente e natural, evidenciando o lado mais melódico e sombrio deles. Com foco maior na dinâmica, na ressonância dos instrumentos acústicos e no espaço entre as notas, criou-se uma atmosfera quase reverente, com até o uso de violino, cello e violão dedilhado. O repertório é bem legal, tendo ótimas canções e algumas que são fraquinhas. No geral, esse EP é muito mais amplo e interessante. 

Melhores Faixas: No Excuses, Rotten Apple, I Stay Away 
Piores Faixas: Nutshell, Swing On This

Alice In Chains – Alice In Chains





















NOTA: 9/10


Entrando no ano de 1995, foi lançado o 3º álbum autointitulado do Alice In Chains. Após o EP Jar of Flies, o abuso de drogas do Layne já era notório, mas mesmo assim eles queriam manter sua relevância e expressar sua evolução musical. Continuando a explorar tensões entre peso e melodia, mas com uma abordagem ainda mais sombria e experimental. A produção feita por Toby Wright traz uma sonoridade mais polida, porém densa, mostrando o peso dos riffs pesados com camadas atmosféricas e efeitos sonoros. Os vocais do Layne Staley são tratados com cuidado, destacando suas linhas melódicas e sua expressividade dramática. O baixo e a bateria ganham destaque. Tudo isso gira em torno do Grunge, mas também explora aquela veia metaleira, incorporando elementos do Doom Metal e Sludge Metal. O repertório ficou muito bom, com canções são todas pesadíssimas. No geral, é um belo trabalho, e ninguém imaginava que seria um encerramento de ciclo. 

Melhores Faixas: Heaven Beside You, Grind, Sludge Factory, Frogs 
Vale a Pena Ouvir: So Close, Head Creeps, Nothin' Song

Black Gives Way To Blue – Alice In Chains





















NOTA: 8,9/10


Em 2009, surpreendentemente, eles retornaram lançando um novo álbum intitulado Black Gives Way to Blue. Após o último álbum de 1995, e mesmo com o sucesso do memorável MTV Unplugged, o Alice In Chains entrou em um hiato, mas durante esse período ocorreu a morte trágica do Layne Staley, em 2002, causada por complicações relacionadas ao vício. Durante anos, o futuro do Alice parecia incerto, até que os membros restantes decidiram retomar, convidando William DuVall para assumir os vocais. A produção, conduzida por Nick Raskulinecz e lançada pelo selo Virgin/EMI, preservou o peso característico da banda, mas o detalhamento dos instrumentos. Com a guitarra do Jerry Cantrell sendo texturizada; a bateria firme do Sean Kinney; o baixo sólido do Mike Inez; e os vocais, divididos entre DuVall e Cantrell, que são mixados para ressaltar harmonias. O repertório é muito bom, e as canções são bem profundas. Em suma, é um ótimo álbum e foi um retorno em grande estilo. 

Melhores Faixas: Check My Brain, All Secrets Known, Take Her Out, When The Sun Rose Again 
Vale a Pena Ouvir: Your Decision, Private Hell

The Devil Put Dinosaurs Here – Alice In Chains





















NOTA: 8,5/10


Quatro anos se passaram, e foi lançado mais um trabalho do Alice In Chains, o The Devil Put Dinosaurs Here. Após o Black Gives Way to Blue, a banda se manteve firme na sua fase de renascimento pós-Layne Staley. Por volta de 2011, o baixista original Mike Starr, que participou dos dois primeiros álbuns, faleceu devido a uma overdose. Para esse álbum, eles exploraram com mais confiança sua sonoridade, mesclando peso e atmosferas sombrias, mas com uma produção e letras que refletem um olhar muito mais crítico. A produção, feita mais uma vez por Nick Raskulinecz, trouxe uma sonoridade polida, porém firme, onde o peso das guitarras é balanceado por texturas claras e vocais bem destacados. A gravação privilegia a dinâmica e a diversidade sonora, que segue nas influências do Grunge, com toques do Sludge e Doom Metal. O repertório é bem legal, e as canções são todas bem encadeadas e melódicas. Em suma, é um trabalho muito bom e bem subestimado. 

Melhores Faixas: Voices, The Devil Put Dinosaurs Here, Phantom Limb 
Vale a Pena Ouvir: Scalpel, Stone, Choke

Rainier Fog – Alice In Chains





















NOTA: 7,8/10


Então chegamos a 2018, quando foi lançado o último álbum até o momento do Alice In Chains, o Rainier Fog. Após o The Devil Put Dinosaurs Here, eles decidiram que seu próximo trabalho seria uma homenagem às suas raízes em Seattle e, em particular, ao Monte Rainier, uma figura simbólica para a região e para o grupo. O título e a arte remetem à conexão da banda com sua cidade natal e à cena Grunge que ajudaram a construir. A produção contou com o mesmo produtor de sempre e apresenta um trabalho moderno e rico em detalhes, valorizando a densidade dos riffs do Jerry Cantrell, a precisão rítmica do Sean Kinney e Mike Inez, e a força das harmonias vocais entre William DuVall e Cantrell. O som é limpo e poderoso, mas mantém uma textura orgânica que evita soar excessivamente artificial, apesar de algumas falhas no encadeamento. O repertório é interessante, com canções boas e outras mais descartáveis. Enfim, é um trabalho bom, mas com algumas inconsistências. 

Melhores Faixas: Fly, Never Fade, Red Giant, Rainier Frog 
Piores Faixas: Deaf Ears Blind Eyes, All I Am, Drone
 

                                        Então é isso, um abraço e flw!!!     

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