Midnight Believer – B.B. King
NOTA: 8/10
Indo para 1978, foi lançado mais um trabalho do guitarrista, intitulado Midnight Believer. Após o To Know You Is To Love You, B.B. King passou a trabalhar em sintonia com a Stax e com produtores ligados a essa escola de Memphis, como o baixista e compositor Wilton Felder (dos Crusaders), que se tornaria peça-chave nesse álbum. O disco surge justamente nesse contexto de renovação: não se trata de um álbum de Blues cru, mas sim de um mergulho maior na Soul music e no Funk. Produzido por Stewart Levine, uniu o timbre inconfundível de B. B. King, sua guitarra “Lucille” e sua voz calorosa, com uma roupagem moderna e radiofônica. A sonoridade é marcada por grooves consistentes, teclados elétricos e arranjos que misturam o Blues ao Jazz-Funk dos Crusaders. O repertório ficou muito bom, e as canções são mais intimistas e voltadas para um lado mais dançante. Enfim, é outro disco legal e que mantém sua consistência.
Melhores Faixas: Never Make A Move Too Soon, Midnight Believer
Vale a Pena Ouvir: A World Full Of Strangers, When It All Comes Down (I'll Still Be Around)
Six Silver Strings – B.B. King
NOTA: 3/10
Lá na metade dos anos 80, foi lançado mais um álbum de B.B. King, o Six Silver Strings. Após o Midnight Believer, naquele período, o Blues vivia uma fase de redefinição: enquanto nos Estados Unidos o gênero sofria para manter espaço diante da força do Pop, do Rock de arena e do R&B contemporâneo, na Europa e no Japão havia um público fiel que venerava os artistas clássicos. King, consciente disso, buscava gravar álbuns que equilibrassem tradição e contemporaneidade. Produzido por David Crawford, John Landis e Ira Newborn, e lançado pelo selo da MCA, o disco trouxe arranjos mais radiofônicos, com forte influência de teclados, sintetizadores e metais polidos. No entanto, devido a diversos problemas, metade do disco soa mais próxima do R&B/Soul sofisticado dos anos 80, enquanto a outra parte tenta resgatar uma veia mais tradicional, embora sem abandonar a estética modernizada da época. Com isso, o repertório é bem fraco, e as canções são bastante esquecíveis; poucas se salvam. No final, é um disco ruim e bem inconsistente.
Melhores Faixas: My Lucille, In The Midnight Hour
Piores Faixas: My Guitar Sings The Blues, Big Boss Man
Deuces Wild – B.B. King
NOTA: 8/10
No ano de 1997, foi lançado um álbum colaborativo de B.B. King, o Deuces Wild. Após o fraquíssimo Six Silver Strings, o Blues tradicional, naquele período, voltava a ganhar espaço, em parte graças ao revival do gênero promovido por nomes como Eric Clapton e à série de tributos que aproximava roqueiros e jazzistas do universo do Blues. Basicamente, o título já entrega a proposta: um álbum de duetos (“duetos selvagens”), em que ele canta e toca ao lado de grandes nomes de diferentes estilos, numa celebração de sua universalidade. Produzido por John Porter, que garantiu um acabamento polido, mas sem apagar a essência de King. A guitarra Lucille permanece como fio condutor, embora na maioria das faixas mais contida, deixando espaço para os convidados brilharem. Cada faixa tem identidade própria, conforme o convidado traz sua marca sonora. O repertório ficou muito bom, e as canções são todas bem reinterpretadas. No final, é um ótimo trabalho e respeitoso.
Melhores Faixas: Rock Me Baby (Eric Clapton), The Thrill Is Gone (Tracy Chapman), Bring It Home To Me (Paul Carrack)
Vale a Pena Ouvir: Paying The Cost To Be The Boss (The Rolling Stones), Baby I Love You (D’Angelo), Dangerous Mood (Joe Cocker)
Riding With The King – B.B. King & Eric Clapton
NOTA: 9/10
Três anos se passaram, e foi lançado um álbum colaborativo de B.B. King com Eric Clapton, intitulado Riding With The King. Após o Deuces Wild, surgiu a chance de realizar o grande sonho de Clapton desde a juventude. Ainda nos anos 60, quando os Bluesmen norte-americanos eram redescobertos pelo público britânico, Clapton já declarava B.B. King como uma de suas maiores influências. King, por sua vez, acompanhava com interesse a trajetória de Clapton, que ajudou a introduzir o Blues elétrico no Rock mainstream. Produzido pelo próprio Eric Clapton junto com Simon Climie, o disco ganhou um acabamento sofisticado, mas ao mesmo tempo respeitoso com as raízes do Blues. O som é limpo e balanceado, valorizando os diálogos entre Clapton e B.B. King. Com isso, o repertório é magnífico, e as canções são envolventes e descontraídas, trazendo até algumas mais antigas. No final, é um baita disco que mostrou uma química absurda entre eles.
Melhores Faixas: Riding With The King, Ten Long Years, I Wanna Be, Three O'Clock Blues, When My Heart Beats Like A Hammer
Vale a Pena Ouvir: Hold On I'm Coming, Help The Poor
One Kind Favor – B.B. King
NOTA: 8,5/10
No ano de 2008, foi lançado o último álbum de estúdio de B.B. King, o One Kind Favor. Após o Riding With The King, B.B. King já somava quase seis décadas de carreira. Aos 83 anos, o Rei do Blues estava consagrado como um dos maiores músicos do século XX e ainda se mantinha ativo. Porém, o Blues já não era mais um gênero em disputa por espaço no mercado, mas sim um patrimônio cultural, e King, consciente disso, decidiu meio que retornar às suas raízes. Produção feita por T Bone Burnett, que deixou uma sonoridade calorosa e sem concessões ao Pop. Gravado praticamente “ao vivo em estúdio”, o álbum privilegia timbres naturais, com pouca pós-produção. O resultado é um som encorpado, mas intimista: dá-se a impressão de estar ouvindo-o em uma sala pequena, quase em sessão privada. O repertório ficou muito bom, com ótimas canções, todas bem reinterpretadas. No final, mesmo com sua morte em 2015, ele deixou um ótimo disco, uma despedida decente e reverente.
Melhores Faixas: Get These Blues Off Me, Backwater Blues, How Many More Years
Vale a Pena Ouvir: My Love Is Down, See That My Grave Is Kept Clean, Tomorrow Night