Transgressão – Clara Lima
NOTA: 7/10
Em 2017, foi lançado o primeiro trabalho de Clara Lima no formato EP, intitulado Transgressão. Sua carreira começou por volta de 2014, quando participava de várias batalhas, em que conseguiu vencer algumas vezes, e acabou se tornando um destaque na cena do Rap mineiro. Ela passou a integrar a DV Tribo junto com FBC, Djonga, Hot e Oreia. Graças a toda aquela visibilidade que teve na Rap Box com a música Diáspora, cada um começou a preparar seu projeto solo, e Clara foi mais uma a fazer isso. A produção, conduzida por Coyote Beatz e Fernal, é marcada pelo uso de beats densos e orgânicos, característicos do pessoal da DV, transitando entre uma sonoridade que vai do Boom Bap ao Trap, que casa bem com as linhas da rapper, puxadas para o freestyle. O repertório contém apenas 6 faixas, algumas bem interessantes e outras descartáveis. No geral, para um trabalho de apresentação, até que ficou interessante.
Melhores Faixas: Nocaute, Vida Luxo (boa feat do Djonga), Selva (FBC indo bem aqui), Pra Lembrar Piores Faixas: Negócios, Transgressão
SELFIE – Clara Lima
NOTA: 7,2/10
Pulando para 2019, Clara Lima lançava seu álbum de estreia, intitulado Selfie, que foi mais variado. Após o EP Transgressão, a rapper continuou tendo certa visibilidade, chegando a participar ainda naquele bendito ano lírico do Poetas No Topo 3.1 da Pineapple, e, após isso, ela focou mais na sua carreira solo, lembrando que um ano antes a DV Tribo acabou, então era cada um no seu canto. Para seu primeiro trabalho, ela quis fazer algo bem mais ambicioso e profundo. A produção, feita por Go Dassisti e Gee Rocha, foi para um lado bem refinado e variado, seguindo uma sonoridade mais focada no Trap, mas que também transita entre R&B, Rap acústico, Funk e alguns momentos com influência de Samba, apesar de haver algumas irregularidades nas rimas, que não se encaixam muito bem com a proposta do som. O repertório foi um pouquinho mais extenso, tendo músicas bem legais e outras que são bem mais fracas. Em suma, é um bom álbum de estreia, apesar de seus erros.
Melhores Faixas: Talvez Bem Mais, Tudo Muda (Chris MC sendo bem diferenciado aqui), Noite Quente de Verão
Piores Faixas: Pensando em Nós, Caracóis
Só Sei Falar de Amor – Clara Lima
NOTA: 2/10
Dois anos se passaram, e Clara retorna lançando mais um EP, o Só Sei Falar de Amor. Após o Selfie, a rapper continuava focada principalmente em seus shows, fazendo algumas participações e outros projetos, e para seu próximo trabalho solo ela decidiu focar muito mais em love songs, o que já é bem óbvio pelo título, algo que ela havia explorado em seu álbum de estreia. A produção, conduzida inteiramente por Go Dassisti, seguiu uma abordagem bem intimista e refinada, mais puxada para o R&B contemporâneo e Trap Soul, mas tudo ficou bastante repetitivo e faltou mais imersão na maioria das letras. Com isso, o repertório é fraquíssimo, as canções são bem ruins e há apenas uma que conseguiu se salvar. Enfim, é um trabalho péssimo e que careceu de muito complemento.
Melhor Faixa: Só Sei Falar de Amor
Piores Faixas: Amor e Paz (Luccas Carlos nem salvou que decepção), Toda Toda, Só por uma Noite, Seu Lugar (aguentar a Duquesa é foda)
Além – Clara Lima
NOTA: 8/10
Melhores Faixas: Devo P**** Nenhuma, Suíte Master
Vale a Pena Ouvir: Além, Filhas do Improvável, Água Rosè (MC Anjim indo bem aqui)
Jersey Culture BR – Clara Lima
NOTA: 8/10
No ano seguinte, foi lançado outro EP dela, intitulado Jersey Culture BR, que foi bem mais específico. Após o Além, Clara continuou a explorar novas sonoridades até decidir seguir uma estética mais ousada, pegando toda aquela essência do Jersey e, mais precisamente, em um Rap mais focado em música eletrônica, quase nos estilos do Grime. A produção, feita por Rizzi Get Busy, RealLamak e DJ Guizin do Trem, foi bem mais variada, com arranjos envolventes e beats mais eletrônicos, seguindo toda a estética do Jersey Club, e com os flows de Clara Lima se encaixando muito bem. Certamente, uma das inspirações foi o álbum Toda Noite, do Abbot, mas aqui o trabalho seguiu um lado mais urbano e voltado para vivências das ruas. O repertório contém 6 faixas muito boas e envolventes. No geral, é um trabalho bem legal e que foi injustamente ignorado.
Melhores Faixas: Jersey Culture BR, Chuva de Bala
Vale a Pena Ouvir: Primeira da Lista
As Ruas Sabem – Clara Lima
NOTA: 8,4/10
Então chegamos em 2025, quando recentemente foi lançado seu 3º álbum de estúdio, As Ruas Sabem. Após o Jersey Culture BR, Clara Lima continuou focada em explorar coisas novas e, depois de participar do Poetisas no Topo 4 pela Pineapple, anunciou que estava preparando o álbum que relembrasse todas suas raízes no início da carreira, voltando para aquele período das batalhas. A produção foi bem diversificada, contando com Coyote Beatz, Madre Beatz, BEATDOMK, TEAGA, entre outros, que seguiram toda a estética do Boom Bap e um pouco do Jazz Rap, colocando beats densos e orgânicos, com uma abordagem quase Lo-fi. Tudo é bem consistente e segue perfeitamente aquele lado mais improvisado que Clara sabe fazer muito bem, combinado com toda a imersão do Rap consciente. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem reflexivas, com uma lírica precisa. No fim, é um ótimo álbum e um dos melhores de sua carreira.
Melhores Faixas: Demanda, Nível Profissional (Sant amassou demais), As Ruas Sabem, Praticando a Fé
Vale a Pena Ouvir: Um Brinde Aos Reais, Bom Dia, Fumaça Pro Alto