sábado, 16 de agosto de 2025

Analisando Discografias - Clara Lima

                 

Transgressão – Clara Lima





















NOTA: 7/10


Em 2017, foi lançado o primeiro trabalho de Clara Lima no formato EP, intitulado Transgressão. Sua carreira começou por volta de 2014, quando participava de várias batalhas, em que conseguiu vencer algumas vezes, e acabou se tornando um destaque na cena do Rap mineiro. Ela passou a integrar a DV Tribo junto com FBC, Djonga, Hot e Oreia. Graças a toda aquela visibilidade que teve na Rap Box com a música Diáspora, cada um começou a preparar seu projeto solo, e Clara foi mais uma a fazer isso. A produção, conduzida por Coyote Beatz e Fernal, é marcada pelo uso de beats densos e orgânicos, característicos do pessoal da DV, transitando entre uma sonoridade que vai do Boom Bap ao Trap, que casa bem com as linhas da rapper, puxadas para o freestyle. O repertório contém apenas 6 faixas, algumas bem interessantes e outras descartáveis. No geral, para um trabalho de apresentação, até que ficou interessante. 

Melhores Faixas: Nocaute, Vida Luxo (boa feat do Djonga), Selva (FBC indo bem aqui), Pra Lembrar 
Piores Faixas: Negócios, Transgressão

SELFIE – Clara Lima





















NOTA: 7,2/10


Pulando para 2019, Clara Lima lançava seu álbum de estreia, intitulado Selfie, que foi mais variado. Após o EP Transgressão, a rapper continuou tendo certa visibilidade, chegando a participar ainda naquele bendito ano lírico do Poetas No Topo 3.1 da Pineapple, e, após isso, ela focou mais na sua carreira solo, lembrando que um ano antes a DV Tribo acabou, então era cada um no seu canto. Para seu primeiro trabalho, ela quis fazer algo bem mais ambicioso e profundo. A produção, feita por Go Dassisti e Gee Rocha, foi para um lado bem refinado e variado, seguindo uma sonoridade mais focada no Trap, mas que também transita entre R&B, Rap acústico, Funk e alguns momentos com influência de Samba, apesar de haver algumas irregularidades nas rimas, que não se encaixam muito bem com a proposta do som. O repertório foi um pouquinho mais extenso, tendo músicas bem legais e outras que são bem mais fracas. Em suma, é um bom álbum de estreia, apesar de seus erros. 

Melhores Faixas: Talvez Bem Mais, Tudo Muda (Chris MC sendo bem diferenciado aqui), Noite Quente de Verão 
Piores Faixas: Pensando em Nós, Caracóis

Só Sei Falar de Amor – Clara Lima





















NOTA: 2/10


Dois anos se passaram, e Clara retorna lançando mais um EP, o Só Sei Falar de Amor. Após o Selfie, a rapper continuava focada principalmente em seus shows, fazendo algumas participações e outros projetos, e para seu próximo trabalho solo ela decidiu focar muito mais em love songs, o que já é bem óbvio pelo título, algo que ela havia explorado em seu álbum de estreia. A produção, conduzida inteiramente por Go Dassisti, seguiu uma abordagem bem intimista e refinada, mais puxada para o R&B contemporâneo e Trap Soul, mas tudo ficou bastante repetitivo e faltou mais imersão na maioria das letras. Com isso, o repertório é fraquíssimo, as canções são bem ruins e há apenas uma que conseguiu se salvar. Enfim, é um trabalho péssimo e que careceu de muito complemento. 

Melhor Faixa: Só Sei Falar de Amor 
Piores Faixas: Amor e Paz (Luccas Carlos nem salvou que decepção), Toda Toda, Só por uma Noite, Seu Lugar (aguentar a Duquesa é foda)

Além – Clara Lima





















NOTA: 8/10


Mais dois anos se passaram e ela retorna lançando seu 2º álbum, intitulado Além, que foi bem mais ousado. Após o fraquíssimo Só Sei Falar de Amor, ela decidiu retornar àquela sua estética mais agressiva e reflexiva, mas seguindo um lado moderno. Lançou o EP Som Que Vem da Alma, que serviu como base para o que seria seu próximo projeto, e outra coisa que ajudou a servir de inspiração foi ter passado duas semanas isolada com sua equipe no Guarujá (SP), um momento de “conexão, renovação e criação intensa”. A produção, feita por Rizzi Get Busy, trouxe beats bem mais orgânicos, seguindo uma estética mais puxada para o Trap tradicional, com alguns lampejos de Hard Trap. Aqui, a atenção ficou mais voltada para uma lírica bem afiada, que casa bem com todos os arranjos, refletindo num repertório muito bom, com canções que vão desde um lado ousado até o reflexivo. No fim, é um ótimo trabalho, bem estruturado. 

Melhores Faixas: Devo P**** Nenhuma, Suíte Master 
Vale a Pena Ouvir: Além, Filhas do Improvável, Água Rosè (MC Anjim indo bem aqui)

Jersey Culture BR – Clara Lima





















NOTA: 8/10


No ano seguinte, foi lançado outro EP dela, intitulado Jersey Culture BR, que foi bem mais específico. Após o Além, Clara continuou a explorar novas sonoridades até decidir seguir uma estética mais ousada, pegando toda aquela essência do Jersey e, mais precisamente, em um Rap mais focado em música eletrônica, quase nos estilos do Grime. A produção, feita por Rizzi Get Busy, RealLamak e DJ Guizin do Trem, foi bem mais variada, com arranjos envolventes e beats mais eletrônicos, seguindo toda a estética do Jersey Club, e com os flows de Clara Lima se encaixando muito bem. Certamente, uma das inspirações foi o álbum Toda Noite, do Abbot, mas aqui o trabalho seguiu um lado mais urbano e voltado para vivências das ruas. O repertório contém 6 faixas muito boas e envolventes. No geral, é um trabalho bem legal e que foi injustamente ignorado. 

Melhores Faixas: Jersey Culture BR, Chuva de Bala 
Vale a Pena Ouvir: Primeira da Lista

As Ruas Sabem – Clara Lima





















NOTA: 8,4/10


Então chegamos em 2025, quando recentemente foi lançado seu 3º álbum de estúdio, As Ruas Sabem. Após o Jersey Culture BR, Clara Lima continuou focada em explorar coisas novas e, depois de participar do Poetisas no Topo 4 pela Pineapple, anunciou que estava preparando o álbum que relembrasse todas suas raízes no início da carreira, voltando para aquele período das batalhas. A produção foi bem diversificada, contando com Coyote Beatz, Madre Beatz, BEATDOMK, TEAGA, entre outros, que seguiram toda a estética do Boom Bap e um pouco do Jazz Rap, colocando beats densos e orgânicos, com uma abordagem quase Lo-fi. Tudo é bem consistente e segue perfeitamente aquele lado mais improvisado que Clara sabe fazer muito bem, combinado com toda a imersão do Rap consciente. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem reflexivas, com uma lírica precisa. No fim, é um ótimo álbum e um dos melhores de sua carreira. 

Melhores Faixas: Demanda, Nível Profissional (Sant amassou demais), As Ruas Sabem, Praticando a Fé 
Vale a Pena Ouvir: Um Brinde Aos Reais, Bom Dia, Fumaça Pro Alto

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