quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Analisando Discografias - FBC

                 

S. C. A. – FBC





















NOTA: 8,9/10


Em 2018, o FBC lançava seu álbum de estreia, o S.C.A. (Sexo, Cocaína e Assassinatos). O rapper mineiro, que passou grande parte da sua vida em Santa Luzia, começou sua trajetória por volta de 2006, lançando a música Navio Negreiro. Só que ele começou a se aprofundar no ano seguinte, quando passou a participar das batalhas, algo que durou até 2015. Depois de várias vitórias, ele entrou no grupo DV Tribo, ganhando visibilidade pela Rap Box, e graças a esse destaque participou do Poetas no Topo 2, da Pineapple, além de ter a chance de fazer seu perfil pela label. A produção foi bem diversificada, contando com Coyote Beatz, Disstinto, DJ Spider, niLL e Oculto Beats, que optaram por uma abordagem bem orgânica, seguindo influências do Trap, Boom Bap e até um pouquinho do Drill, combinando com a temática agressiva de seus flows. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem reflexivas e críticas. No fim, é um ótimo álbum de estreia e bem coeso. 

Melhores Faixas: 17 Anos, Contradições, Sexo, Cocaína & Assassinatos, Não Duvide (ótima feat do Lord da ADL) 
Vale a Pena Ouvir: Poder, Pt. 2, Superstar

Padrim – FBC





















NOTA: 9/10


No ano seguinte, foi lançado o 2º álbum do FBC, intitulado Padrim, que meio que se tornou uma das suas alcunhas. Após o S.C.A., o rapper optou por uma abordagem mais íntima, falando abertamente sobre sentimentos, depressão e racismo estrutural. Ou seja, ele quis fazer um trabalho bem mais profundo, que pegasse todas as suas vivências e juntasse com tudo que ele tinha adquirido desde os tempos da DV Tribo. A produção, conduzida totalmente pelo Go Dassisti, com algumas ajudas do Gee Rocha e Attlanta, seguiu uma abordagem bem mais densa e orgânica, continuando nas influências do Trap, além de incorporar influências do Boom Bap e, algumas vezes, do R&B contemporâneo, tudo calcado em uma narrativa urbana pesada e engajada. O repertório é incrível, e as canções são bem profundas e com um toque envolvente. Enfim, é um belo disco e bastante consistente. 

Melhores Faixas: SE EU NÃO TE CANTAR, MONEY MANIN, IPHONE, CONFIO (Ebony sendo braba demais), $ENHOR (boas feats do BK’ e L7NNON) 
Vale a Pena Ouvir: ASSIM QUE SE SENTE, ODE A TRISTEZA

Baile – FBC & VHOOR





















NOTA: 10/10


Então se passaram dois anos, e foi lançado o maravilhoso Baile, que foi algo completamente surpreendente. Após o Padrim, o FBC começou a passar por um período em que quis explorar novas sonoridades; com isso, lançou dois trabalhos: o álbum BEST DUO, junto com Iza Sabino, e o EP Outro Rolê, que ambos são bem irregulares, mas traziam ele explorando diferentes sons, como Drill, R&B e Funk. Com isso, ele decidiu fazer um álbum que relembrasse a estética do Funk carioca do período de sua ascensão nos anos 90. A produção foi feita pelo rapper junto com VHOOR, onde apostaram no resgate da estética do Miami Bass, característico dos anos 80, com Roland TR-808 e graves potentes, combinados ao baile funk brasileiro, criando uma espécie de "ópera eletrônica e dançante" urbana, juntando toda a estética do Funk Melody e do Electro. O repertório é simplesmente maravilhoso, e todas as canções são incríveis. No final, é um baita disco e praticamente um clássico do Funk. 

Melhores Faixas: Delírios, De Kenner, Vem Pro Baile, Se Tá Solteira, Quando O DJ Toca, Rap Da UFFÉ 
Vale a Pena Ouvir: Polícia Covarde, Não Dá Pra Explicar

O Amor, O Perdão E A Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta – FBC





















NOTA: 9,2/10


Se passaram mais dois anos, e o FBC retorna lançando O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta. Após o clássico Baile, e depois de ganhar bastante reconhecimento da crítica por ter resgatado a essência do Funk dos anos 90, ele lançou junto com VHOOR um EP intitulado Dias Antes do Baile. Para seu próximo trabalho, ele foi ainda mais ambicioso, decidindo resgatar a estética da Disco music. A produção foi feita pelo próprio rapper junto com Pedro Senna, Pepito e, em sua maioria, Ugo Ludovico, que entregam uma sonoridade refinadíssima, integrando elementos analógicos e eletrônicos. O álbum remete à Black music, Nu Disco, Boogie e Dance-Pop, com toques de sintetizadores e batidas densas que evocam sensação de viagem cósmica, tendo algumas influências do Boogie Naipe do Mano Brown. O repertório é simplesmente incrível, e as canções são todas bem animadas. No geral, é outro belo disco, que já envelheceu bem. 

Melhores Faixas: ESTANTE DE LIVROS (interessante Don L aqui), ATMOSFERA, A NOITE NO MEU QUARTO, ANTISSOCIAL (nas duas o Abbot mandou bem), MADRUGADA MALDITA, QUAL A CHANCE? 
Vale a Pena Ouvir: QUÍMICO AMOR, AHAM, DILEMA DAS REDES

ASSALTOS E BATIDAS – FBC





















NOTA: 9,2/10


Então chegamos neste ano, quando foi lançado o último álbum até o momento dele, o ASSALTOS E BATIDAS. Após O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta, e depois de toda sua dose de experimentação no universo da Disco music, o FBC decidiu retornar às suas raízes, voltado ao Boom Bap clássico, com peso político e social renovado. O conceito, inspirado no livro Minimanual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella, reflete sua motivação política: esse trabalho convida à revolta e à denúncia das contradições brasileiras. A produção, feita por Coyote Beatz, Nathan Morais e Pepito, foi bem crua e pesada, com beats densos que seguem aquela estética do Boom Bap e até um pouco do Jazz Rap nova-iorquino dos anos 90, assegurando uma estética Lo-fi autêntica ao álbum. O repertório é magnífico, e as canções são pesadíssimas e bastante reflexivas. Em suma, é outro álbum maravilhoso e mais um acerto do Padrim. 

Melhores Faixas: Cabana Terminal, Assaltos e Batidas, Você pra Mim É Lucro, Estamos Te Vendo, A Voz da Revolução, Quem Sabe Onde Está Jimmy Hoffa? 
Vale a Pena Ouvir: Me Diga Quem Ganha, Qual o Som da Sua Arma?
  

            Então é isso e flw!!!       

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