quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Analisando Discografias - Djonga

                   

Heresia – Djonga





















NOTA: 9,8/10


No ano de 2017, Djonga lançava seu álbum de estreia, intitulado Heresia (com esta capa fazendo referência ao Clube da Esquina). O nosso querido mano Gustavin, criado nos bairros São Lucas e Santa Efigênia, na Região Leste de BH, sempre teve bastante influência da Black Music. Quando estava fazendo faculdade de História na UFOP, por volta de 2014, começou sua trajetória no Rap, lançando seu single Corpo Fechado e, depois, um EP em 2015, Fechando o Corpo. Ele também foi integrante do grupo DV Tribo, que o destacou, chegando a participar do 1º Poetas no Topo, da Pineapple Storm. A produção conduzida por Coyote Beatz, DJ Murillo, EL Lif Beatz, entre outros, que apostaram em uma estética minimalista, com influências do Boom Bap e do Jazz Rap: beats secos, samples contidos e batidas que valorizam os flows agressivos dele. O repertório é fantástico, e as canções são todas bastante reflexivas. No fim, é um baita álbum de estreia e um clássico do Rap. 

Melhores Faixas: O Mundo é Nosso (Djonga e BK pique Romário e Bebeto), Esquimó, Santa Ceia, Geminiano, Fantasma 
Vale a Pena Ouvir: Corre Das Notas, Heresia

O MENINO QUE QUERIA SER DEUS – Djonga





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, foi lançado o maravilhoso e sensacional O MENINO QUE QUERIA SER DEUS, seu 2º álbum. Após o clássico Heresia, aconteceu de tudo naquele período do ano lírico, e um deles foi o Perfil da Pineapple do Djonga. Olho de Tigre. Que é mais que uma música, é completamente um grito de antirracismo e, ainda para completar, antes de lançar seu próximo disco, ele participou do Poesia Acústica 4. A produção foi feita, em sua maioria, por Coyote Beatz, além de contar com DJ Cost e EL Lif Beatz, que apostaram em uma abordagem bem mais densa e orgânica, com beats que vão desde um lado mais envolvente e cadenciado até samples precisos, seguindo aquela estética do Boom Bap, Jazz Rap e explorando muito mais as influências do Trap, que tinha bem pouco no último álbum. O repertório é fantástico, e as canções são dignas de coletânea, fora as feats, que são todas muito boas. No final de tudo, é um trabalho incrível e certamente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: CORRA, SOLTO (Hot até que foi bem aqui), JUNHO DE 94, UFA (Sant e Sidoka encaixaram bem demais), CANÇÃO PRO MEU FILHO 
Vale a Pena Ouvir: ATÍPICO, 1010

Ladrão – Djonga





















NOTA: 9,6/10


Mais um ano se passou, e foi lançado seu 3º álbum de estúdio, o Ladrão, que foi para um lado mais imerso. Após O Menino Que Queria Ser Deus, Djonga continuava no topo e se consolidando como um dos rappers mais importantes da nova geração do Rap. Então, ele decidiu fazer um álbum que gira em torno do conceito da figura de Robin Hood: o “ladrão que pega de volta” para o seu povo. A produção foi aquela mesma de sempre, com beats mais marcantes, cadenciados e com samples mais obscuros, ainda seguindo a estética do Boom Bap e Trap. O mais engraçado é que aqui ele contou com backing vocals de Marina Sena e integrantes da Rosa Neon em alguns momentos. Ou seja, podemos dizer que ele meio que revelou Marina para a indústria musical (não sei se hoje ele se decepciona por conta da inconsistência). Enfim, o repertório ficou bem legal, e as canções são bem reflexivas e melódicas. Em suma, é outro belo disco e que foi realmente um hat-trick. 

Melhores Faixas: LEAL, LADRÃO, BENÇA, TIPO (MC Kaio até que foi bem, apesar de ficar só no refrão kkkk), HAT-TRICK 
Vale a Pena Ouvir: BENÉ, FALCÃO

Histórias Da Nossa Área – Djonga





















NOTA: 8,7/10


Em 2020, foi lançado seu 4º álbum de estúdio, o Histórias da Nossa Área, que trouxe algumas mudanças. Após o Ladrão, Djonga percebeu, quando começou a preparar seu próximo projeto, que estava contando "as histórias da minha área". Com isso, ele decidiu fazer um trabalho bem ambicioso, que já mostra na capa o rapper junto com quatro jovens vestidos com roupas de marca, como se ostentando, enquanto outros estão caídos e baleados no chão, uma metáfora visual poderosa para expressar a violência cotidiana nas periferias. A produção foi, como sempre, conduzida por Coyote Beatz, que incorporou uma sonoridade com elementos do Funk e Trap, adicionando um frescor ao estilo Boom Bap, que agora quase não aparece. O repertório ficou bem legal, e as canções são bem envolventes e, lógico, incluem aquelas mais profundas. No geral, é um ótimo trabalho, que infelizmente foi criminosamente subestimado. 

Melhores Faixas: Oto Patamá, Procuro Alguém, Todo Errado 
Vale a Pena Ouvir: Amr Sinto Falta da Nssa Ksa, Gelo (FBC e Borges na época pós-Fire Gang indo bem demais), O Cara De Óculos

NU – Djonga





















NOTA: 3/10


Indo para o ano seguinte, foi lançado mais um trabalho dele, intitulado NU, que, apesar da mineirice, teve alguns problemas. Após o subestimadíssimo Histórias da Nossa Área, ele continuou no topo e novamente participou de outro Poesia Acústica, o 9. Só que aí veio uma polêmica gigantesca, pois foi realizado um show lotado em dezembro de 2020, durante a pandemia do COVID-19, na Vila do João, na Zona Norte do Rio, e só retornou para anunciar este trabalho. A produção foi mais diversificada, contando com Maurício MDN, Nagalli, Thiago Braga e, claro, não podia faltar Coyote, e a sonoridade ficou mais orgânica e bem mais explosiva em comparação com os trabalhos anteriores do rapper, que eram muito mais voltados para o Trap, só que tudo fica bem repetitivo e, às vezes, parece que Djonga está imitando a voz do Nog, do Costa Gold. Já o repertório é muito fraco, com canções sem graça e poucas interessantes. Enfim, é um álbum bem ruinzinho, que faltou consistência. 

Melhores Faixas: Nós, Dá pra Ser? 
Piores Faixas: Ó Quem Chega, Eu, Me dá a Mão

O Dono Do Lugar – Djonga





















NOTA: 5,3/10


Pulando para o ano de 2022, foi lançado mais um álbum do Djonga, O Dono do Lugar. Após o NU, que ele chegou a dizer que poderia ser seu último álbum, obviamente isso não aconteceu. Naquele período, já surgiram alguns problemas com sua gravadora, Ceia, que começou a enfrentar dificuldades com os royalties, e, com isso, o rapper criou seu próprio selo, A Quadrilha, que, por sinal, lançou até o 1º álbum da Marina Sena. Para esse próximo trabalho, ele quis fazer algo mais crítico. A produção foi conduzida, como sempre, por Coyote Beatz, que também contou com Rapaz do Dread, Dallass e Honaiser, explorando uma sonoridade mais orgânica e diversificada, incorporando elementos do Trap e, às vezes, momentos puxados para o Cloud Rap; porém, há muitas falhas em alguns flows e beats repetitivos. O repertório é irregular, com canções genéricas e outras que são legais. Enfim, é um álbum mediano, que chega a cansar. 

Melhores Faixas: em quase tudo, dom quixote, penumbra 
Piores Faixas: tôbem, contatin (eu gosto do Vulgo FK, mas aqui ele e o Djonga não entregaram nada), do menor (Oruam estragou o som inteiro)

Inocente "Demotape" – Djonga





















NOTA: 2,5/10


E aí, no ano seguinte, Djonga lançava mais um trabalho, intitulado Inocente “Demotape”. Após O Dono do Lugar, o rapper encerrou seu vínculo com a gravadora Ceia, que praticamente decretou seu fim, e, com isso, focou no próprio selo, A Quadrilha. A partir daí, o rapper quis tentar fazer um álbum inteiramente composto por love songs e, por sinal, novamente fez referência a outra obra na capa, desta vez a Perfect Angel, da Minnie Riperton. A produção foi bem mais diversificada, mas sem a presença do Coyote (o que já foi um problemão). Aqui, participaram Nagalli, Bvga Beatz, Ajaxx e outros, criando beats bem mais cadenciados e com um lado mais introspectivo, puxado para o R&B, Trap Soul e até para o Jersey. Só que tudo é muito repetitivo e os flows do Djonga não ajudam nem um pouco. O repertório é terrível, com poucas canções se salvando, pois o resto é medíocre. No geral, é um álbum completamente medonho e foi um tropeço absurdo. 

Melhores Faixas: valeu a batalha, da lua (o Veigh até que foi bem aqui, já esse tal de Lisboa só ficou no refrão) 
Piores Faixas: depois da meia noite (Cabelinho tacou um foda-se aqui), coração gelado (TZ entregando nada), fumaça (essa deu até vergonha)

Quanto Mais Eu Como, Mais Fome Eu Sinto! – Djonga





















NOTA: 9,4/10


Então, foi só depois de dois anos, ou seja, neste ano, que foi lançado mais um trabalho do Djonga, intitulado Quanto Mais Eu Como, Mais Fome Eu Sinto!. Após o fraquíssimo Inocente “Demotape”, as coisas não estavam fáceis para o seu lado; até mesmo quando se apresentou na abertura da final da Libertadores de 2024, viu seu time perder a final (é foda, até hoje eu não aceitei isso). Para seu próximo projeto, ele decidiu retornar àquela sua vibe dos três primeiros discos. A produção contou com o retorno do Coyote e Rapaz do Dread, que contribuíram para criar beats mais dinâmicos, com uma abordagem quase minimalista, além de contar com samples marcantes. As influências voltaram a incluir Boom Bap, Jazz Rap, Trap e também Trap Soul em alguns momentos. O repertório ficou muito bom, e as canções são bem imersivas, trazendo novamente bastante mensagem. No fim, é um álbum incrível e certamente um dos melhores do ano. 

Melhores Faixas: JOÃO E MARIA, MELHOR QUE ONTEM, LIVRE, QQ CÊ QUER AQUI?, DEMORO A DORMIR (foi bem legal ver o Milton Nascimento aqui) 
Vale a Pena Ouvir: AINDA, FOME, PONTO DE VISTA

 

               Então um abraço e flw!!!                

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