The Witch Doctor – Art Blakey And The Jazz Messengers
NOTA: 9/10
Mais um ano se passou, e foi lançado mais um trabalho intitulado The Witch Doctor. Após o Like Someone In Love, a Blue Note decidiu resgatar mais um dos materiais antigos do Art Blakey & The Jazz Messengers, só que este sendo de 1961. No momento, estavam refinando um Hard Bop que já não era apenas explosivo e dançante, mas também sofisticado, com composições mais ousadas. Wayne Shorter, em particular, estava em ascensão como principal compositor da banda, criando temas com identidade própria. A produção foi aquela de sempre: cristalina, com a bateria de Blakey soando com impacto, os metais com brilho e o piano de Timmons cortando com clareza. A produção segue o padrão da gravadora, feita de maneira a capturar a energia quase “ao vivo” do grupo, sem polimentos excessivos. O repertório é muito bom, e as canções são bem coordenadas e dinâmicas. Enfim, é um trabalho bacana e bastante essencial.
Melhores Faixas: Afrique, Joelle
Vale a Pena Ouvir: The Witch Doctor
Roots & Herbs – Art Blakey And The Jazz Messengers
NOTA: 9/10
Então chega em 1970, quando foi lançado outro disco do Art Blakey & The Jazz Messengers, o Roots & Herbs. Após o The Witch Doctor, a Blue Note decidiu resgatar mais um material lá de 1961, com aquela mesma formação, explorando a todo vapor o Hard Bop. Mas a cena começava a apontar para outras direções, como o Modal Jazz, o Free Jazz (chato demais) e o Post-Bop. Wayne Shorter, inclusive, se tornaria um dos grandes responsáveis por levar a música do grupo a um patamar mais moderno. A produção foi a mesma de sempre: quente, próxima, dando destaque à percussão de Blakey, ao brilho metálico do trompete de Morgan e ao sax tenor encorpado de Shorter. O piano do Timmons, e às vezes do Walter Davis, Jr., tem uma presença rítmica marcante, e o baixo do Merritt sustenta tudo com firmeza. O repertório é muito legal, e as canções são bem mais divertidas e, de certo modo, imersivas. No geral, é um ótimo trabalho, que mostra a grandeza do grupo.
Melhores Faixas: Ping Pong, United
Vale a Pena Ouvir: Look At The Birdie
Album Of The Year – Art Blakey And The Jazzmessengers
NOTA: 8,2/10
Pulando para 1981, Art Blakey enfim retornou com o disco Album Of The Year (muita megalomania, graças a Deus). Após o Roots & Herbs, o baterista acabou meio que dando uma sumida, em um período dominado pela onda Fusion, que, por sinal, Blakey abominava. Nesse meio tempo, ele teve alguns trabalhos antigos lançados e focou em seus shows, só voltando a gravar com uma nova formação: Wynton Marsalis (trompete), Bill Pierce (sax tenor), Bobby Watson (sax alto), James Williams (piano) e Charles Fambrough (baixo). Produzido por Wim Wigt e lançado pelo selo Timeless, gravado em Paris, o som da gravação é limpo e potente, típico das produções da Timeless. Cada instrumento aparece com clareza, com destaque para o trompete cortante de Wynton Marsalis e o impacto da bateria de Blakey. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem dinâmicas. No final, é um trabalho legal e bastante esquecido.
Melhores Faixas: Ms. B.C., Little Man
Vale a Pena Ouvir: Soulful Mister Timmons
One For All – Art Blakey & The Jazz Messengers
NOTA: 8/10
Então chegamos ao último trabalho do Art Blakey, intitulado One For All, que surgia em um período derradeiro. Após o Album Of The Year, Blakey continuava suas apresentações, embora já estivesse debilitado pela saúde devido ao câncer, mas não perdeu nem o espírito nem a energia de conduzir a sua “Escola de Jazz”. O grupo de 1990 mantinha a tradição, reunindo jovens talentos que viam em Blakey não apenas um líder, mas também um mentor e figura paterna no gênero. Produzido por John Snyder e lançado pela A&M Records, o disco teve uma sonoridade moderna e nítida, diferente da textura calorosa dos clássicos da Blue Note. A produção valoriza a coletividade do grupo: há bastante espaço para os sopros em uníssono, para o baixo e o piano aparecerem, mas a bateria de Art Blakey continua sendo o coração pulsante. O repertório foi bem mais extenso, mas ficou muito bom, e as canções são todas aconchegantes. No fim, é um ótimo disco e uma despedida decente.
Melhores Faixas: Accidently Yours, Green Is Mean
Vale a Pena Ouvir: Theme For Penny, I'll Wait And Pray, Polkadots And Moonbeams