quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Analisando Discografias - Clipse

                 

Lord Willin' – Clipse





















NOTA: 9/10


Voltando para 2002, foi lançado o álbum de estreia do duo Clipse, o Lord Willin'. Formado em Virginia Beach em 1994 pelos irmãos Gene "Malice" e Terrence "Pusha T" Thornton, o grupo chamou atenção ao se conectar com Pharrell Williams e Chad Hugo, os Neptunes, que na virada dos anos 2000 estavam no auge de sua influência. Eles iam lançar um disco, mas ele foi engavetado, e só com o suporte do selo Star Trak, recém-fundado por Pharrell, e um contrato com a Arista Records, o Clipse pôde relançar sua carreira oficialmente. A produção ficou por conta dos Neptunes, que criam aqui uma das sínteses mais afiadas do Rap do início dos anos 2000: graves enxutos, sintetizadores estranhos, grooves espaciais e refrões que misturam acessibilidade Pop com a crueza do Gangsta Rap com certo experimentalismo. O repertório é muito bom, e as canções são envolventes e profundas. No geral, é um belo disco de estreia e bastante coeso. 

Melhores Faixas: Grindin', When The Last Time, Let's Talk About It (música que é do Jermaine Dupri), Young Boy, Cot Damn 
Vale a Pena Ouvir: Gangsta Lean, Virginia, Ego

We Got It 4 Cheap Vol. 1 – Clipse





















NOTA: 5/10


Se passaram dois anos e foi lançada a mixtape We Got It 4 Cheap Vol. 1, que trazia várias coisas. Após o Lord Willin', que teve muita relevância com o hit "Grindin’", a trajetória do Clipse foi interrompida por problemas de gravadora: a Arista foi reestruturada, o contrato do grupo ficou preso em burocracias, e o aguardado 2º álbum acabou atrasado por anos. Nesse limbo, Malice e Pusha T decidiram não ficar parados. Junto com Ab-Liva e Sandman, formaram o coletivo Re-Up Gang. Para manter o nome vivo e mostrar força criativa, recorreram ao formato da mixtape. A produção, feita pelos Neptunes e Clinton Sparks, trouxe um reaproveitamento de instrumentais já conhecidos, sobre os quais o grupo entrega novos versos. A ideia era mostrar versatilidade, resistência e fome artística, adaptando ironia e flows cortantes a qualquer batida, apesar de muita inconsistência. O repertório é irregular, com canções legais e outras desconexas. Enfim, é um trabalho mediano, que faltou coesão. 

Melhores Faixas: You'll See, Radical (Sandman Solo Freestyle), Niggas Know, You Know My Style, Just A B-Boy 
Piores Faixas: I Shot Ya, Drop It Like It's Hot, Nothing Like It, Queen Bitch, Pussy (Remix)

We Got It 4 Cheap (Vol. 2) – Clipse




















NOTA: 9,5/10


Ai, no último dia do ano de 2005, foi lançado o Volume 2 do We Got It 4 Cheap, e aqui tiveram vários acertos. Após o Volume 1, o Clipse e o coletivo Re-Up estavam consolidando uma reputação sólida na cena. A gravadora ainda impedia o lançamento do segundo álbum oficial, criando uma espécie de “pressão criativa”: eles precisavam continuar ativos, mostrar crescimento artístico e manter o público engajado. Nessa mixtape, eles foram para um lado mais agressivo na lírica, com criatividade nas batidas e seguindo um caminho mais coeso. A produção foi praticamente a mesma, com instrumentais reaproveitados de hits da época. O Clipse se mostra extremamente versátil, entregando versos precisos sobre beats de artistas como 50 Cent, Kanye West e Jay-Z, entre outros, adaptando suas histórias de hustling, status e moralidade ambígua a qualquer instrumental. O repertório é ótimo, e as canções são bem agressivas e divertidas. No geral, é uma mix incrível, e acertaram em tudo. 

Melhores Faixas: What's Up, One Thing, Hate It Or Love It, Play Your Part, Daytona 500, Monopoly 
Vale a Pena Ouvir: Ultimate Flow, Maybe (Remix), Zen

Hell Hath No Fury – Clipse





















NOTA: 10/10


Então chegamos em 2006, quando enfim foi lançado o maravilhoso 2º álbum do Clipse, Hell Hath No Fury. Após as mixtapes We Got It 4 Cheap, o grupo queria sair da Jive Records, então processou a gravadora por se recusar a conceder a liberação de seu contrato. Essas questões legais só seriam resolvidas em maio de 2006, e com isso eles conseguiram que a Star Trak distribuísse esse disco. A produção, novamente assinada pelos Neptunes, veio com uma abordagem muito mais sombria e crua. Eles abandonaram o brilho Pop e os sintetizadores limpos em favor de beats secos, linhas de baixo pesadas, pausas dramáticas e atmosferas quase industriais. Cada instrumental funciona como extensão do lirismo do Clipse, amplificando tensão, paranoia e agressividade. O repertório é sensacional, parecendo quase uma coletânea, pois todas as canções são cheias de contexto. No fim, é um trabalho incrível, e todo esse experimentalismo o transformou em um clássico do Rap. 

Melhores Faixas: Momma I'm So Sorry, Mr. Me Too, Nightmare (tem a presença do Pharrell Williams), Keys Open Doors, Dirty Money, Wamp Wamp (What It Do) 
Vale a Pena Ouvir: Ain't Cha, Trill, Ride Around Shining

Til The Casket Drops – Clipse





















NOTA: 5,5/10


Três anos depois foi lançado o 3º álbum deles, intitulado Til The Casket Drops, que seguiu para um caminho mais comercial. Após o clássico Hell Hath No Fury, Pusha T e Malice focaram em expandir sua marca, reforçando o Re-Up Gang com Ab-Liva e Sandman, além de explorar novas sonoridades. Para esse disco, o duo mudou de gravadora e assinou com a Columbia Records, buscando maior liberdade criativa e melhor distribuição. A produção foi mais diversificada, contando, como sempre, com os Neptunes, além de Sean C & LV, DJ Khalil e Chin Injeti. Eles mantiveram aquele lado minimalista, mas adicionaram beats mais densos, linhas de baixo graves e alguns elementos de sintetizadores mais amplos, criando um equilíbrio entre o estilo clássico do Clipse e uma sonoridade mais acessível; porém, tudo acaba sendo bastante repetitivo. O resultado reflete em um repertório irregular, com canções boas e outras fracas. Enfim, é um disco mediano e que acabou sendo um fiasco. 

Melhores Faixas: Popular Demand (Popeyes) (Pharrell e Cam’ron aparecendo aqui), Kinda Like A Big Deal (ótima feat do Kanye West), Freedom, Counseling 
Piores Faixas: Life Change, Footsteps, Door Man, Champion

Let God Sort Em Out – Clipse





















NOTA: 10/10


Então chegamos neste ano, quando o Clipse retorna lançando o maravilhoso 4º álbum deles, o Let God Sort ’Em Out. Após o Til The Casket Drops, o duo entrou em um hiato: Malice se converteu e chegou a lançar alguns álbuns solo, enquanto Pusha T focou em sua carreira individual, que teve certo reconhecimento. Além disso, ele formou uma parceria com Kanye West, chegando a ser até vice-presidente da GOOD Music, posição que manteve até 2022. Depois de muita especulação, a dupla retornou e decidiu lançar este trabalho de forma independente. A produção, feita completamente por Pharrell Williams, apresenta uma sonoridade mais polida e grandiosa, com influências de sua experiência na Louis Vuitton, resultando em instrumentais refinados e cinematográficos, que se completam com os flows variados da dupla. O repertório é maravilhoso, e as canções são cheias de profundidade e reflexão. Em suma, é um baita disco e um dos melhores do ano. 

Melhores Faixas: Ace Trumpets, So Bet It, Chains & Whips (Kendrick arrebentando aqui), So Far Ahead, P.O.V. (Tyler indo bem demais), M.T.B.T.T.F. 
Vale a Pena Ouvir: Let God Sort Em Out / Chandeliers (ótima feat do Nas), F.I.C.O., Inglorious Bastards


                     Bom é isso e flw!!!     

Analisando Discografias - ††† (Croses)

                  EP † – ††† (Croses) NOTA: 7,5/10 Lá para 2011, foi lançado o 1º trabalho em formato EP do projeto Croses (ou, estilisticam...