Analisando Discografias - Don L: Parte 1

                 

Mixtape Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L – Don L

NOTA: 8,4/10

No ano de 2013, Don L lançava a mixtape Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L. O rapper cearense começou sua trajetória por volta de 2005, participando do grupo Costa a Costa, que não durou muito tempo. Com isso, ele se mudou para São Paulo, e nesse período se aprimorou, surgindo no cenário com uma proposta ousada: uma mixtape conceitual que tratasse a vida como experiência intensa e efêmera, explorando o amor, a dor, a violência, a tentação e o hedonismo. A produção foi diversificada, contando com Alexandre Basa, Billy Gringo, Papatinho e até o próprio Don L atuando, e eles criaram instrumentais que vão do Jazz ao Blues, passando por beats clássicos do Boom Bap, batidas futuristas e elementos de R&B contemporâneo. Há samples de música brasileira e estrangeira, interlúdios e referências cinematográficas. O repertório é muito bom, e as canções são bem diversificadas e profundas. Enfim, é um trabalho bacana e que é praticamente insano. 

Melhores Faixas: Depois Das Três, Morra Bem, Viva Rápido, Beira de Piscina (Remix) (ótima feat do Rael), Plástico, Caro Vapor 

Vale a Pena Ouvir: Gasolina e Fósforo (Nego Gallo aparecendo aqui relembrando os tempos de Costa a Costa), Slow Jam, Enquanto Acaba (Flora Matos até que foi bem), Rolê Dos Loko

Roteiro Pra Aïnouz (Vol.3) – Don L

NOTA: 9,7/10

Quatro anos se passaram, e Don L retorna lançando seu álbum de estreia, o Roteiro Pra Aïnouz (Vol.3). Após a mixtape Caro Vapor / Vida e Veneno, o rapper continuou participando de outros projetos, como no single do Funkero Espírito Vândalo, que contou também com Filipe Ret (basicamente, nosso Don Loco amassou Ret), e ele também participou da cypher Poetas no Topo 3.1 da Pineapple. Para seu próximo projeto, ele planejaria uma trilogia reversa. O nome do álbum faz referência ao diretor de cinema brasileiro Karim Aïnouz, conhecido por filmes como Madame Satã. A produção foi conduzida por ele junto com DJ Caique, Deryck Cabrera e outros, trazendo beats diversos, transitando por estilos que vão do Jazz Rap ao Trap e R&B contemporâneo, incorporando também elementos de música brasileira e experimental, o que deixa tudo cheio de imersão. O repertório é incrível, e as canções são bem críticas e profundas. No final, é um baita álbum, cheio de mensagens. 

Melhores Faixas: Aquela Fé (Nego Gallo amassando demais), Eu Não Te Amo (Diomedes Chinaski outro que amassou), Ferramentas, Laje Das Ilusões 

Vale a Pena Ouvir: Cocaína, Se Num For Demais

Roteiro Pra Aïnouz Vol. 2 – Don L

NOTA: 10/10

Mais quatro anos se passaram, e foi lançado Roteiro Pra Aïnouz Vol. 2, que seguiu um lado mais conceitual. Após o Roteiro Pra Aïnouz Vol. 3, Don L se consolidou como um dos rappers mais importantes da cena atual, e, após focar suas turnês, quando veio a pandemia ele começou a trabalhar nessa continuação, que abordaria uma hipotética revolução socialista brasileira, facilmente perceptível pelas menções a movimentos revolucionários e de resistência ao redor do mundo e no Brasil. A produção, feita mais uma vez por ele junto com 808 Luke, Daniel Ganjaman, Deryck Cabrera, Nave e WillsBife, trouxe beats bem mais melódicos e samples variados, transitando entre Rap tradicional, Trap, R&B alternativo e Drill, tudo cheio de contexto político e histórico em cada letra. O repertório é simplesmente maravilhoso, muito bem ordenado e imersivo. No final de tudo, é um disco incrível e que se tornou um clássico do Rap nacional. 

Melhores Faixas: primavera (ótima feat do Rael e desse tal de Giovanni Cidrani), vila rica, pela boca, contigo pro que for, favela venceu / citação: rap das armas (mc junior / mc leonardo), pânico de nada, volta da vitória / citação: us mano e as mina (xis) 

Vale a Pena Ouvir: bingo, auri sacra fames (Tasha & Tracie indo bem aqui, MILAGRE), élewood

        Então é isso, um abraço e flw!!!