segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Analisando Discografias - R.E.M.: Parte 1

                   

Murmur – R.E.M.





















NOTA: 10/10


No ano de 1983, foi lançado o álbum de estreia do R.E.M., o excepcional Murmur. Formada três anos antes em Athens, na Geórgia, pelo vocalista Michael Stipe, guitarrista Peter Buck, baixista Mike Mills e baterista Bill Berry, a banda surgiu numa cena universitária underground fervente, principalmente no sul dos Estados Unidos, que começava a se firmar como um espaço fértil para novas bandas. Com isso, eles se tornaram um dos primeiros do intitulado College Rock e, após o lançamento de alguns singles, assinaram com a I.R.S. Records. A produção foi feita por Don Dixon e Mitch Easter, que sabiam capturar a energia do grupo sem polir em excesso. Com isso, a guitarra do Buck tem um timbre limpo e dinâmico, e os vocais difusos do Stipe contribuem com aquela energia que era marca do Jangle Pop, com influências de Folk e Post-Punk. O repertório é sensacional, e as canções são bem divertidas e climáticas. No final, é um baita disco de estreia e certamente um clássico. 

Melhores Faixas: Radio Free Europe, Laughing, Catapult, Pilgrimage, Perfect Circle 
Vale a Pena Ouvir: Shaking Through, Moral Kiosk, We Walk

Reckoning – R.E.M.





















NOTA: 9,8/10


No ano seguinte, o R.E.M. retorna lançando seu 2º álbum de estúdio, o Reckoning. Após o maravilhoso Murmur, a banda rapidamente deixou de ser apenas um nome promissor do underground universitário para se tornar um dos grupos mais comentados da cena alternativa. Esse sucesso inicial trouxe para o R.E.M. a necessidade de mostrar consistência. Eles poderiam ter levado anos para compor e gravar o sucessor, mas escolheram o caminho contrário: em menos de um ano já estavam de volta ao estúdio para registrar esse novo trabalho. A produção contou, de novo, com Mitch Easter e Don Dixon, porém a decisão foi dar mais ênfase à energia bruta deles. Indo para um som mais claro e vibrante: a voz do Michael Stipe está um pouco menos enterrada, as guitarras do Peter Buck soam mais cristalinas, e a cozinha rítmica é mais encorpada. O repertório é incrível, e as canções ficaram mais melódicas e intensas. Enfim, é um belo disco, que mostrou a banda já amadurecendo. 

Melhores Faixas: So. Central Rain, Harborcoat, Second Guessing, Letter Never Sent, (Don't Go Back To) Rockville 
Vale a Pena Ouvir: 7 Chinese Brothers, Little America

Fables Of The Reconstruction / Reconstruction Of The Fables – R.E.M.





















NOTA: 9,3/10


Mais um ano se passa, e o R.E.M. lança mais um trabalho novo, o Fables of the Reconstruction. Após o Reckoning, a banda enfrentava uma fase de transição criativa, buscando expandir seu som e explorar novas temáticas sem perder a identidade que a tornara única. Com isso, eles decidiram fazer uma obra que mergulhasse em atmosferas mais sombrias, texturas densas e narrativas líricas mais literárias e regionais, inspirando-se em mitos, lendas e histórias folclóricas da região, transportando o R.E.M. para um território mais introspectivo e experimental. A produção, feita por Joe Boyd, trouxe uma perspectiva mais atmosférica, orgânica e até experimental, afastando-os de sua sonoridade limpa, agora indo de vez por um caminho mais alternativo, mas seguindo suas bases no Jangle Pop. O repertório é bem legal, com canções mais melódicas e outras que são bem mais sombrias. No geral, é um disco incrível, que seguiu um caminho mais ambicioso. 

Melhores Faixas: Driver 8, Old Man Kensey, Can't Get There From Here, Life And How To Live It, Wendell Gee, Kohoutek 
Vale a Pena Ouvir: Auctioneer (Another Engine), Maps And Legends

Lifes Rich Pageant – R.E.M.





















NOTA: 9,5/10


Outro ano se passou, e eles retornam lançando mais um álbum, o Lifes Rich Pageant. Após o Fables of the Reconstruction, o R.E.M. atravessava um período de reflexão e renovação criativa. Embora o disco tenha consolidado sua reputação como banda de credibilidade crítica, sua sonoridade mais obscura e introspectiva não teve a mesma aceitação comercial de seus antecessores. A banda percebeu que precisava de um álbum que mantivesse a densidade lírica e a experimentação, mas que também fosse mais acessível e direto. A produção, feita por Don Gehman, trouxe uma abordagem mais direta e limpa, com ênfase em guitarras claras e em baixo e bateria bem definidos, reduzindo o efeito nebuloso que caracterizava os primeiros álbuns. Ou seja, eles seguiram para o caminho do Rock alternativo, mas preservando sua característica Jangle. O repertório é muito bom, e as canções são mais dinâmicas e profundas. Enfim, é outro trabalho maravilhoso e mais claro. 

Melhores Faixas: Fall On Me, I Believe, Superman, These Days, Begin The Begin 
Vale a Pena Ouvir: What If We Give It Away?, Underneath The Bunker, Just A Touch

Document – R.E.M.





















NOTA: 9,8/10


Em 1987, foi lançado o 5º álbum de estúdio do R.E.M., intitulado Document, que foi bem mais variado. Após o Lifes Rich Pageant, e com a experiência acumulada de turnês e gravações anteriores, eles começaram a trabalhar no novo projeto. Havia um crescente interesse do mainstream por bandas alternativas, e o grupo estava consciente de que precisava criar um trabalho que preservasse sua integridade artística, mas que também tivesse maior potencial comercial. A produção, feita por Scott Litt junto com a banda, enfatizou guitarras nítidas, baixo e bateria bem definidos e vocais mais audíveis de Michael Stipe, sem sacrificar a densidade emocional. Reunindo todas as influências do Jangle e do Rock alternativo em direção a um caminho mais Pop, o disco trouxe uma sonoridade mais enérgica e letras carregadas de crítica. Com isso, o repertório é maravilhoso, e as canções são explosivas e profundas. Enfim, é outro disco incrível e mais um clássico. 

Melhores Faixas: It's The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine), The One I Love, Finest Worksong, Fireplace, Strange 
Vale a Pena Ouvir: Disturbance At The Heron House, King Of Birds, Exhuming McCarthy

Green – R.E.M.





















NOTA: 8,8/10


Pulando para o ano seguinte, foi lançado mais um disco deles, o expansivo Green. Após o excepcional Document, a banda já consolidava presença significativa no Rock alternativo e começava a se aproximar do público mainstream. Só que eles queriam um álbum que refletisse versatilidade musical, sem perder o carisma melódico que se tornara sua marca registrada. Além disso, saíram da gravadora I.R.S. e assinaram com a Warner. A produção contou com o mesmo produtor, mas agora seguindo um som mais expansivo e polido, mantendo a energia orgânica da banda. No processo, houve maior uso de overdubs, camadas de guitarra, teclados e arranjos orquestrais em algumas faixas. Peter Buck explorou timbres mais diversificados, mantendo o Jangle Pop característico, mas incorporando riffs mais agressivos ou atmosféricos. O repertório é bem interessante, alternando entre canções mais energéticas e meditativas. No fim, é um ótimo álbum, que acabou sendo muito subestimado. 

Melhores Faixas: Stand, Orange Crush, I Remember California, Turn You Inside Out 
Vale a Pena Ouvir: You Are The Everything, Get Up

Out Of Time – R.E.M.





















NOTA: 9/10


Indo para 1991, foi lançado o 7º álbum do R.E.M., o aclamado por muitos: Out of Time. Após o Green, a banda consolidou-se como uma das mais respeitadas do Rock alternativo e começou a atingir um público mainstream mais amplo. O grupo estava em um ponto de maturidade criativa, capaz de equilibrar canções Pop cativantes com experimentações líricas e instrumentais. Vendo que, naquele período, o Rock alternativo estava em seu ápice, decidiram que o próximo álbum deveria trazer mais variações. A produção, feita novamente por Scott Litt junto com a banda, buscou um som acessível e, ao mesmo tempo, ampliou o espectro sonoro, incorporando cordas, metais, instrumentos de sopro e percussões diversas. Somado a isso, a guitarra variada do Buck, a cozinha rítmica mais complexa e os vocais emocionais do Stipe geraram uma ótima coesão. Com um repertório muito bom, todas as canções soam cativantes. No fim, é um belo disco, que garantiu à banda um grande sucesso comercial. 

Melhores Faixas: Losing My Religion, Shiny Happy People, Texarkana, Near Wild Happen, Half A World Away 
Vale a Pena Ouvir: Radio Song, Country Feedback

Automatic For The People – R.E.M.





















NOTA: 10/10


No ano seguinte, foi lançado o sensacional e atemporal 8º álbum deles, o Automatic for the People. Após o Out of Time, o R.E.M. estava no seu auge, equilibrando hits comerciais com consistência artística. Michael Stipe começou a explorar temas de perda, envelhecimento, memória e mortalidade, enquanto Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry buscavam arranjos mais sofisticados e atmosféricos. Assim, surgiu um álbum que combina profundidade emocional com instrumentação refinada e arranjos orquestrais sutis. A produção, conduzida mais uma vez por Scott Litt junto com a banda, seguiu por um caminho mais refinado, no qual cada instrumento e detalhe vocal tem espaço para respirar, criando uma sensação de intimidade e profundidade. Aqui, as influências vão do Rock alternativo, Folk, Jangle Pop e até momentos acústicos. O repertório é espetacular, parecendo até uma coletânea. Em suma, é um álbum maravilhoso e certamente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: Man On The Moon, Drive, Everybody Hurts, Monty Got A Raw Deal, Nightswimming, Try Not To Breathe 
Vale a Pena Ouvir: Find The River, Sweetness Follows

 

               Então um abraço e flw!!!                 

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