Cenas Do Próximo Capítulo – Belchior
NOTA: 5/10
Quatro anos se passaram até que Belchior retornasse com mais um disco, o Cenas do Próximo Capítulo. Após o Paraíso, o cantor buscava novas liberdades estéticas e maior controle sobre sua obra. Com isso, ele estava com o caminho livre e pôde lançar seu próximo trabalho de forma independente, explorando um caminho bem mais experimental, conectado às tendências de fora do Brasil. A produção, conduzida pelo cantor junto com Dino Vicente e Ivo de Carvalho, mistura arranjos enxutos com leves experimentações eletrônicas e elementos de Forró e Folk, refletindo tanto a herança nordestina quanto a curiosidade por timbres urbanos e eletrônicos, como, por exemplo, os da New Wave, apesar de apresentar momentos irregulares e falta de dinâmica. O repertório é mediano: tem canções boas e outras bem esquisitas. Enfim, é um trabalho fraco e bastante esquecível.
Melhores Faixas: O Negócio É O Seguinte, Ouro De Tolo (ótimo cover da música do Raul Seixas), Onde Jaz Meu Coração
Piores Faixas: Beijo Molhado, Canção De Gesta De Um Trovador Eletrônico, Rock-Romance De Um Robô Goliardo
Melodrama – Belchior
NOTA: 6/10
No ano seguinte, ele retorna lançando mais um trabalho novo, intitulado Melodrama. Após o Cenas do Próximo Capítulo, que mostrava um Belchior cada vez mais distante do pessoal da MPB e, de certo modo, chegando até um pouco perto do Rock nacional dos anos 80, este trabalho emerge como uma tentativa de reposicionamento estético, de experimentação com texturas mais urbanas e contemporâneas, sem abandonar a densidade poética característica dele, além de marcar seu retorno a uma grande gravadora, a Philips. A produção foi feita por Antônio Foguete, que buscou um equilíbrio entre sofisticação instrumental e os recursos contemporâneos disponíveis nos estúdios dos anos 80, com arranjos elaborados e uma dinâmica até convincente, apesar de alguns momentos previsíveis. O repertório é irregular, com boas canções e outras genéricas. Em suma, é um trabalho mediano, que careceu de maior complementação.
Melhores Faixas: De Primeira Grandeza, Tocando Por Música, Em Resposta A Carta De Fã
Piores Faixas: Lua Zen, Bucaneira, Os Derradeiros Moicanos, Jornal Blues
Elogio Da Loucura – Belchior
NOTA: 4/10
Em 1988, mais uma vez Belchior retorna com um disco novo, o Elogio da Loucura (parecendo capa de álbum do Amado Batista). Após o Melodrama, o cantor voltou rapidamente ao estúdio, mantendo seu lirismo e densidade poética, mas dialogando com timbres mais contemporâneos, sem sucumbir totalmente às fórmulas comerciais dos anos 80, às quais ele não aderiu em nenhum momento. A produção foi praticamente a mesma, adotando uma sonoridade que dialoga com o Pop da década, mas sem abandonar a densidade de sua poesia. Ou seja, há presença de teclados, efeitos e ambientações que remetem à década, embora tudo soe um tanto apático e faltem novamente momentos mais dinâmicos, mostrando muita previsibilidade. O repertório desta vez é ruim, e as canções são medíocres, com poucas se salvando. Em suma, é um trabalho fraquíssimo, que representou um tropeço.
Melhores Faixas: Recitanda, No Maior Jazz, Elegia Obscena
Piores Faixas: Tambor Tantã, Os Profissionais, Amor De Perdição, Kitsch Metropolitanus
Divina Comédia Humana – Belchior
NOTA: 8,5/10
Pulando para 1991, Belchior retorna lançando um álbum de regravações, intitulado Divina Comédia Humana. Após o Elogio da Loucura, o cantor quis fazer um registro de reinterpretação de seus próprios sucessos, em arranjos mais simples de voz, violão e guitarra, oferecendo uma espécie de “volta às origens” ou reavaliação intimista do repertório. Até porque a fase dos anos 80 não foi muito fácil para sua carreira, além de ele ter se afastado da grande mídia. A produção foi feita por ele próprio, com os arranjos elaborados por Fernando Melo e Luiz Bueno, trazendo uma sonoridade leve e intimista, que remete aos seus tempos mais antigos, nos anos 70, com muita influência da MPB e do Folk contemporâneo, em um som atmosférico e, de certo modo, bem temático. O repertório é ótimo, e as canções são todas bem reinterpretadas e carregadas de emoção. Enfim, é um bom disco e coeso.
Melhores Faixas: Divina Comédia Humana, Apenas Um Rapaz Latino-Americano, Galos, Noites E Quintais, Na Hora do Almoço
Vale a Pena Ouvir: Paralelas, Como Nossos Pais, Fotografia 3x4
Vício Elegante – Belchior
NOTA: 4,2/10
Então chegamos ao que foi praticamente o último álbum de Belchior, o Vício Elegante. Após o Divina Comédia Humana, ele decidiu lançar esse trabalho como um gesto de reaproximação com o público, ao mesmo tempo em que assume uma postura de intérprete, revisitando repertórios alheios e gravando uma canção inédita, já que naquele período estava mais focado em seus shows e em algumas aparições esporádicas. A produção foi conduzida, como sempre, por ele mesmo, resultando em uma sonoridade bem mais ampla que respeita os arranjos originais, mas com influências que vão desde a MPB, Pop Rock e Reggae até elementos de Tango, por incrível que pareça. No entanto, o repertório, apesar de interessante, tem poucos momentos memoráveis e apresenta interpretações bastante frágeis. Após isso, Belchior acabou se afastando, chegando a desaparecer duas vezes, até que veio a falecer em 2017. É uma pena que seu álbum de despedida tenha sido tão apático.
Melhores Faixas: Almanaque, Chame Do Mundo, Paixão, Aliás
Piores Faixas: Esquadros, Eternamente, Táxi Boy (Garoto de Aluguel), Aparências, Panis Angelicus




