quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Analisando Discografias - Curtis Mayfield: Parte 3

                 

Got To Find A Way – Curtis Mayfield





















NOTA: 8,4/10


Dois anos se passam, e foi lançado mais um trabalho do R.E.M., intitulado Monster. Após o Automatic For The People, a banda estava consciente de que poderia se tornar repetitiva se não desviasse o rumo. Ao mesmo tempo, havia uma ansiedade pela primeira grande turnê mundial desde 1989. Assim, o R.E.M. planejou deliberadamente um álbum mais agressivo e voltado para a performance, além de aproveitar o hype que a grande mídia estava dando para as bandas do Grunge e do Rock alternativo, que tinham suas influências nos georgianos. A produção foi aquela de sempre: capturar uma sonoridade crua, mais próxima de ensaios e apresentações ao vivo. Peter Buck mergulhou em pedais de distorção e efeitos, criando camadas densas de guitarra, enquanto a cozinha rítmica foi mais criativa, combinando com os vocais mais íntimos do Michael Stipe. O repertório é muito bom, e as canções são bem dinâmicas e envolventes. No fim, é um trabalho bacana que continua sendo subestimado. 

Melhores Faixas: What's The Frequency, Kenneth?, Bang And Blame, Crush With Eyeliner, Let Me In 
Vale a Pena Ouvir:  Strange Currencies, Star 69, King Of Comedy

There's No Place Like America Today – Curtis Mayfield





















NOTA: 9,9/10


Indo para 1975, foi lançado outro álbum fenomenal de Curtis Mayfield, o There's No Place Like America Today. Após o Got To Find A Way, o cenário americano parecia corroído: o escândalo de Watergate, o aumento do desemprego e o colapso do otimismo da era dos direitos civis criaram uma sensação de vazio e descrença. O título foi inspirado em uma ironia cruel presente em um antigo pôster publicitário dos anos 30, no qual uma família branca viajava de carro sob o lema do “sonho americano”, enquanto, ao fundo, se viam filas de pessoas negras desempregadas. A produção soa meticulosamente equilibrada, com o uso de cordas, metais e teclados que confere ao álbum uma textura quase cinematográfica. O ritmo é deliberadamente lento e contido, o que reforça a atmosfera de desolação e introspecção. O repertório é incrível, e as canções são belíssimas e carregadas de profundidade. Em suma, é um disco maravilhoso e um verdadeiro clássico. 

Melhores Faixas: So In Love, Billy Jack, Hard Times 
Vale a Pena Ouvir: When Seasons Change, Jesus

Give, Get, Take And Have – Curtis Mayfield





















NOTA: 8,4/10


Passa-se mais um ano, e foi lançado seu 8º álbum solo, intitulado Give, Get, Take And Have. Após o There's No Place Like America Today, Curtis Mayfield já era um ícone consolidado do soul de Chicago. Seu nome estava ligado à ideia de música como comentário social, mas também a uma sofisticação artística que transcendera os limites do gênero. No entanto, a América daquele momento havia mudado no pós-Vietnã, e a Soul music começava a se fundir com o Disco, Quiet Storm e o R&B urbano, enquanto Curtis preferiu não abrir mão de sua sonoridade. A produção é primorosa, um exemplo perfeito de seu estilo pós-1973: som encorpado, arranjos orquestrais luxuriantes, ritmo contido e grooves de textura quente. A sonoridade é um Soul sofisticado, de andamento lento e atmosfera flutuante, sendo uma base que formaria o Quiet Storm. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem intimistas e envolventes. Enfim, é um ótimo disco e também bastante subestimado. 

Melhores Faixas: P.S. I Love You, Soul Music 
Vale a Pena Ouvir: Mr. Welfare Man, Party Night, This Love Is Sweet

Short Eyes - The Original Picture Soundtrack – Curtis Mayfield





















NOTA: 8/10


Entrando em 1977, veio mais um trabalho de Curtis Mayfield, que é a trilha sonora do filme Short Eyes. Após o Give, Get, Take And Have, ele passava por alguns problemas, já que sua gravadora, a Curtom, enfrentava dificuldades financeiras. O convite para compor a trilha de Short Eyes veio em um momento ideal. O filme era uma produção independente, filmada em uma prisão real de Nova York, e tinha roteiro de Miguel Piñero, um ex-presidiário porto-riquenho que transformou sua experiência no sistema carcerário em arte, e isso se encaixava perfeitamente com a obra de Curtis. A produção, feita como sempre pelo próprio Curtis, tem uma sonoridade bem polida, marcada por instrumentação refinada, arranjos de cordas exuberantes e uma cadência rítmica suave, típica do Soul sofisticado daquele período. O repertório é bem bacana, e as canções são todas dinâmicas e agradáveis. Enfim, é um trabalho legal, mas que não teve muito sucesso. 

Melhores Faixas: Need Someone To Love, Back Against The Wall 
Vale a Pena Ouvir: Short Eyes / Freak, Freak, Free, Free, Free, Another Fool In Love, A Heavy Dude

Never Say You Can't Survive – Curtis Mayfield





















NOTA: 8,2/10


Pouco tempo depois, foi lançado mais um trabalho de estúdio do Curtis Mayfield, o Never Say You Can't Survive. Após a trilha sonora do filme Short Eyes, Curtis Mayfield passava por problemas, já que sua gravadora, a Curtom, enfrentava dificuldades financeiras, e o cenário musical americano estava mudando. A Motown já se rendia à música de pista; Marvin Gaye e Stevie Wonder se voltavam para o experimentalismo, enquanto o Funk assumia tons mais agressivos e festivos, e ele não seguiu por esse caminho. A produção é aquela de sempre: bem polida, marcada por instrumentação refinada, arranjos de cordas exuberantes e uma cadência rítmica suave, seguindo a estética daquele soul mais sofisticado. Com isso, o álbum traz mais elementos percussivos e é puxado para uma elegância harmônica característica. O repertório é muito bom, e as canções são todas profundas e até variadas. No final, é um ótimo disco, mas que também não teve boas vendas. 

Melhores Faixas: All Night Long, Show Me Love 
Vale a Pena Ouvir: When We're Alone, Never Say You Can't Survive
  

        Então é isso e flw!!!         

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