sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Analisando Discografias - Curtis Mayfield: Parte 4

                 

Do It All Night – Curtis Mayfield





















NOTA: 8/10


Indo para 1978, Curtis Mayfield lançava mais um álbum novo, o Do It All Night, e aqui tivemos várias mudanças. Após o Never Say You Can't Survive, o cantor chegava a um momento em que buscava reestabelecer a relevância comercial, que havia diminuído após a fase de ouro entre 1970 e 1974. Além disso, Mayfield havia deixado a Curtom Records, sediada em Chicago, e mudado suas gravações para Atlanta, passando a trabalhar com uma nova equipe técnica. A produção, feita como sempre por ele mesmo, teve um investimento em texturas eletrônicas, sintetizadores e linhas de baixo mais marcadas, além de uma engenharia de som que privilegia o brilho e o pulso, traços típicos da Disco music. Com isso, a sonoridade é mais ampla e “espacial” do que em seus álbuns anteriores. O repertório é bem curto, mas as canções são muito boas e sentimentais. No final, é um ótimo trabalho, mas que passou despercebido. 

Melhores Faixas: Party, Party, Do It All Night 
Vale a Pena Ouvir: In Love, In Love, In Love, No Goodbyes

Heartbeat – Curtis Mayfield





















NOTA: 8/10


Chegando ao final dos anos 70, Curtis Mayfield lança mais um álbum intitulado Heartbeat. Após o Do It All Night, Curtis se via novamente em transição. O final daquela década foi particularmente desafiador para artistas da Soul music tradicional, já que a ascensão da Disco music, da música eletrônica e dos arranjos sintéticos dominava as rádios e clubes. Enquanto alguns veteranos se perderam nesse novo território, Curtis soube encontrar um ponto de equilíbrio. A produção foi aquela de sempre, mas houve um uso mais extenso de sintetizadores, baterias eletrônicas e efeitos estéreo, que conferem uma textura aveludada e moderna. O resultado é um som mais limpo, com ênfase em linhas de baixo circulares, camadas vocais detalhadamente trabalhadas e uma abordagem de produção que lembra artistas contemporâneos. O repertório é bem agradável, com canções envolventes. Enfim, é um trabalho bacana antes de um período menos inspirado. 

Melhores Faixas: You're So Good To Me, What Is My Woman For? 
Vale a Pena Ouvir: Tell Me, Tell Me (How Ya Like To Be Loved), Heartbeat

Love Is The Place – Curtis Mayfield





















NOTA: 3/10


Entrando nos anos 80, Curtis Mayfield retorna lançando mais um disco, o Love Is The Place. Após o Heartbeat, o cantor passou por um período diverso e chegou a fazer um álbum colaborativo com a cantora Linda Clifford. O artista já havia deixado de lado as longas suítes sociais e espirituais dos anos 70, concentrando-se em um Soul mais intimista. Além disso, o contexto da indústria musical pressionava veteranos como ele a competir com novas gerações, de Rick James a Prince. A produção, feita por ele junto com Dino Fekaris, trouxe uma sonoridade mais compacta: baixo sintetizado, bateria eletrônica seca, cordas suaves e vocais em múltiplas camadas, gravados pelo próprio Curtis. Há uma fusão entre o Soul humanista e traços de Disco, e, apesar da boa ideia, tudo soa morno, parecendo faltar maior imersão. O repertório é fraco, e as canções são pouco inspiradas, com poucas realmente interessantes. No geral, é um trabalho bastante inexpressivo. 

Melhores Faixas: She Don't Let Nobody (But Me), You Mean Everything To Me 
Piores Faixas: Love Is The Place, Come Free Your People, Just Ease My Mind

Honesty – Curtis Mayfield





















NOTA: 2,5/10


No ano seguinte, foi lançado mais um álbum intitulado Honesty, que não trouxe tantas mudanças. Após o Love Is The Place, Curtis Mayfield, agora na casa dos 40 anos, buscava adaptar-se sem renunciar à sua integridade artística. Além das mudanças musicais, Curtis também enfrentava transformações estruturais: a Curtom Records, seu selo histórico de Chicago, estava praticamente inativa, e ele passou a licenciar seus álbuns para gravadoras menores, como a Boardwalk Records e a Buddah Records. A produção, conduzida como sempre por ele próprio, contou com a participação de músicos de estúdio experientes, mas com instrumentação centrada em sintetizadores analógicos, além de guitarras suaves tocadas pelo próprio Curtis. O som é mais atmosférico e bem mais simplista, mas tudo é excessivamente contido. O repertório é fraco, e as canções são medíocres, com poucas que realmente se salvam. No final, é um álbum ruim e esquecível. 

Melhores Faixas: Nobody But You, Dirty Laundry 
Piores Faixas: What You Gawn Do?, Hey Baby (Give It All To Me), If You Need Me

We Come In Peace With A Message Of Love – Curtis Mayfield





















NOTA: 2,9/10


Dois anos depois, foi lançado outro disco dele, o We Come In Peace With A Message Of Love. Após o Honesty, o cantor buscava um novo ponto de equilíbrio entre espiritualidade, romance e tecnologia. Esse trabalho foi o resultado dessa tentativa: uma obra que, ao mesmo tempo, reafirma sua essência lírica e vocal e abraça com mais decisão o som eletrônico dos anos 80 (algo que ele não dominava). A produção, feita junto com Norman Harris e Ron Tyson, foi mais expansiva: há grooves mais encorpados, camadas vocais mais elaboradas e uma atmosfera celestial, reforçada pelos coros femininos e pelos timbres luminosos de teclado. O som do álbum se aproxima do R&B contemporâneo, mas ainda foca no Soul tradicional. No entanto, mais uma vez, há momentos contidos e outros desconexos. O repertório novamente é fraco, com poucas canções interessantes e o restante sem destaque. Enfim, outro disco bastante esquecível. 

Melhores Faixas: Baby It's You, Everybody Needs A Friend 
Piores Faixas: Body Guard, We Come In Peace, Breakin' In The Streets


    Por hoje é só, então flw!!!   

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