Iron City! – Grant Green
NOTA: 5/10
Em 1972, foi lançado mais um trabalho de Grant Green, intitulado Iron City!, que trouxe um material inédito. Após o Visions, esse álbum foi gravado por volta de 1967, quando o guitarrista enfrentava uma turbulência pessoal que o afastou temporariamente da Blue Note e das gravações. Esse afastamento, causado em parte por problemas de saúde e pelo envolvimento com drogas, fez com que muitos materiais gravados anteriormente fossem engavetados. Ainda assim, aqui se captura toda aquela sua essência de fraseado e o toque funkeado que o marcaria na década seguinte. A produção, feita por Joe Fields e lançada pelo selo Cobblestone, é simples e direta, sem os luxos e o tratamento acústico das gravações da Blue Note. Tudo aqui tem uma crueza quase documental; porém, ainda assim, há momentos em que falta dinâmica, deixando o som um tanto contido. O repertório é mediano: há canções boas e outras mais fracas. Enfim, é um trabalho irregular e impreciso.
Melhores Faixas: Iron City, Samba De Orfeu
Piores Faixas: Put On Your High Heels Sneaker
Easy – Grant Green
NOTA: 1,3/10
Melhores Faixas: (.................................................)
Piores Faixas: Three Times A Lady, Empanada, Wave
Matador – Grant Green
NOTA: 9,8/10
Só que, aí, no ano seguinte, foi lançado um dos vários trabalhos póstumos de Grant Green, o Matador. Após o Easy, o guitarrista estava muito doente e não se cuidava, e quando se preparava para tocar com George Benson em Nova York, acabou falecendo dentro de seu carro, vítima de um ataque cardíaco. Com isso, a Blue Note decidiu resgatar um material engavetado de Green, gravado por volta de 1964, quando ele mergulhava em texturas mais amplas. A produção, feita pelo lendário Alfred Lion, é simples e direta, sem overdubs nem manipulações de pós-produção. A guitarra de Green ocupa o centro do panorama sonoro, com timbre seco e articulado; McCoy Tyner vem com seu piano percussivo e luminoso, enquanto o baixista Bob Cranshaw oferece uma base sólida e elástica, e o baterista Elvin Jones fornece o drive necessário sem jamais sobrecarregar o grupo. O repertório é incrível, e as canções são melódicas e dinâmicas. No fim, é um baita disco e uma joia raríssima.
Melhores Faixas: Matador, My Favorite Things
Vale a Pena Ouvir: Bedouin, Green Jeans
Nigeria – Grant Green
NOTA: 9,4/10
E aí, no ano seguinte, foi lançado outro trabalho póstumo dele, intitulado Nigeria. Após o Matador, mais um material foi resgatado pela Blue Note, só que dessa vez voltando a 1962. Esse foi um período em que a gravadora o via como uma ponte entre o público do Jazz tradicional e o novo público do Soul Jazz: seu toque acessível, com raízes no Gospel e no Blues, tinha algo de terreno e espiritual ao mesmo tempo. O problema é que Green era tão prolífico que o selo acabou acumulando sessões em excesso. Com isso, a produção feita por Alfred Lion trouxe aquela sonoridade quente e intimista; a captação é cristalina. A guitarra de Green soa seca, próxima, com timbre limpo e articulado. O piano de Sonny Clark é percussivo e arejado, Sam Jones é audível e firme, e Art Blakey surge como uma força da natureza, sempre atento à dinâmica e empurrando o grupo com drive constante. O repertório é muito bom, e as canções são dinâmicas. Enfim, é outro trabalho incrível e coeso.
Melhores Faixas: I Concentrate On You, It Ain't Necessarily So
Vale a Pena Ouvir: The Song Is You, Airegin, The Things We Did Last Summer



