terça-feira, 21 de outubro de 2025

Analisando Discografias - Grant Green: Parte 4

                 

Iron City! – Grant Green





















NOTA: 5/10


Em 1972, foi lançado mais um trabalho de Grant Green, intitulado Iron City!, que trouxe um material inédito. Após o Visions, esse álbum foi gravado por volta de 1967, quando o guitarrista enfrentava uma turbulência pessoal que o afastou temporariamente da Blue Note e das gravações. Esse afastamento, causado em parte por problemas de saúde e pelo envolvimento com drogas, fez com que muitos materiais gravados anteriormente fossem engavetados. Ainda assim, aqui se captura toda aquela sua essência de fraseado e o toque funkeado que o marcaria na década seguinte. A produção, feita por Joe Fields e lançada pelo selo Cobblestone, é simples e direta, sem os luxos e o tratamento acústico das gravações da Blue Note. Tudo aqui tem uma crueza quase documental; porém, ainda assim, há momentos em que falta dinâmica, deixando o som um tanto contido. O repertório é mediano: há canções boas e outras mais fracas. Enfim, é um trabalho irregular e impreciso. 

Melhores Faixas: Iron City, Samba De Orfeu 
Piores Faixas: Put On Your High Heels Sneaker

Easy – Grant Green





















NOTA: 1,3/10


No ano de 1978, foi lançado o último álbum em vida de Grant Green, intitulado Easy, e aqui as coisas foram nebulosas. Após o Iron City!, o disco representa uma fase tardia, marcada por arranjos maiores, produção mais “comercial” e um som que muitos julgam afastado da elegância minimalista de seu auge. O grande problema é que aquele período marcou um momento em que o guitarrista não estava bem de saúde, pois ele vivia entrando e saindo do hospital. A produção trouxe uma instrumentação bem maior do que os pequenos grupos de organ-trio ou quartetos dos anos 60 de sua carreira; com isso, os arranjos ficaram excessivamente polidos, dando tudo um caráter “mais arranjado”, “menos cru” e limitando a sua guitarra, que acabou caindo naqueles clichês do horrendo Smooth Jazz. O repertório, apesar de interessante, acabou muito mal interpretado por essa série de clichês. No final, é um péssimo álbum e uma despedida bem abaixo. 

Melhores Faixas: (.................................................) 
Piores Faixas: Three Times A Lady, Empanada, Wave

Matador – Grant Green





















NOTA: 9,8/10


Só que, aí, no ano seguinte, foi lançado um dos vários trabalhos póstumos de Grant Green, o Matador. Após o Easy, o guitarrista estava muito doente e não se cuidava, e quando se preparava para tocar com George Benson em Nova York, acabou falecendo dentro de seu carro, vítima de um ataque cardíaco. Com isso, a Blue Note decidiu resgatar um material engavetado de Green, gravado por volta de 1964, quando ele mergulhava em texturas mais amplas. A produção, feita pelo lendário Alfred Lion, é simples e direta, sem overdubs nem manipulações de pós-produção. A guitarra de Green ocupa o centro do panorama sonoro, com timbre seco e articulado; McCoy Tyner vem com seu piano percussivo e luminoso, enquanto o baixista Bob Cranshaw oferece uma base sólida e elástica, e o baterista Elvin Jones fornece o drive necessário sem jamais sobrecarregar o grupo. O repertório é incrível, e as canções são melódicas e dinâmicas. No fim, é um baita disco e uma joia raríssima. 

Melhores Faixas: Matador, My Favorite Things 
Vale a Pena Ouvir: Bedouin, Green Jeans

Nigeria – Grant Green





















NOTA: 9,4/10


E aí, no ano seguinte, foi lançado outro trabalho póstumo dele, intitulado Nigeria. Após o Matador, mais um material foi resgatado pela Blue Note, só que dessa vez voltando a 1962. Esse foi um período em que a gravadora o via como uma ponte entre o público do Jazz tradicional e o novo público do Soul Jazz: seu toque acessível, com raízes no Gospel e no Blues, tinha algo de terreno e espiritual ao mesmo tempo. O problema é que Green era tão prolífico que o selo acabou acumulando sessões em excesso. Com isso, a produção feita por Alfred Lion trouxe aquela sonoridade quente e intimista; a captação é cristalina. A guitarra de Green soa seca, próxima, com timbre limpo e articulado. O piano de Sonny Clark é percussivo e arejado, Sam Jones é audível e firme, e Art Blakey surge como uma força da natureza, sempre atento à dinâmica e empurrando o grupo com drive constante. O repertório é muito bom, e as canções são dinâmicas. Enfim, é outro trabalho incrível e coeso. 

Melhores Faixas: I Concentrate On You, It Ain't Necessarily So 
Vale a Pena Ouvir: The Song Is You, Airegin, The Things We Did Last Summer
  

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...