Talkin' About! – Grant Green
NOTA: 8,4/10
Outro ano se passou, e foi lançado mais um álbum do Grant Green, intitulado Talkin’ About!. Após o Idle Moments, que mostrou seu amadurecimento e a consolidação de um estilo que combinava lirismo melódico, swing e uma sonoridade bluesy inconfundível, esse trabalho nasce justamente desse impulso experimental, um meio-termo entre o formato tradicional de combo com metais e a estrutura mais solta e introspectiva de um trio. A produção é bem mais técnica, e o cuidado estético é evidente: a captação da guitarra de Green é cristalina e quente, enquanto o órgão de Larry Young paira como uma névoa harmônica, e a bateria de Elvin Jones soa espaçosa, com uma reverberação que amplia a sensação de profundidade, revelando um Soul Jazz bem harmônico e envolvente. O repertório é muito bom, e as canções são divertidas e cadenciadas. Enfim, é um trabalho bacana e bem percussivo.
Melhores Faixas: You Don't Know What Love Is, Talkin' About J.C.
Vale a Pena Ouvir: I'm An Old Cowhand, People, Luny Tune
I Want To Hold Your Hand – Grant Green
NOTA: 9/10
Se passou mais um ano e foi lançado outro disco incrível de Green, o I Want To Hold Your Hand. Após o Talkin' About!, o Jazz estava em plena transição. O Hard Bop, que havia sido o motor da Blue Note desde os anos 50, começava a se misturar com influências externas: o Soul, o Gospel, o Rhythm & Blues e também o Pop Rock. A invasão britânica, liderada pelos Beatles, havia mudado o gosto popular, e até nomes do Jazz começaram a reinterpretar temas contemporâneos para dialogar com esse novo público. A produção foi mais calorosa e pura, o som é cristalino, com cada instrumento em seu espaço natural. O timbre de Grant Green é límpido e quente, com o toque preciso e emocional que o consagrou; o órgão de Larry Young paira em texturas sutis; Hank Mobley adiciona peso e doçura com seu fraseado redondo e swingado; e Elvin Jones é pura elasticidade rítmica. O repertório é muito bom, e as canções são bem dinâmicas. Enfim, é um trabalho maravilhoso e bem acessível.
Melhores Faixas: Speak Low, Corcovado (Quiet Nights)
Vale a Pena Ouvir: At Long Last Love
Street Of Dreams – Grant Green
NOTA: 9,4/10
Melhores Faixas: Lazy Afternoon, I Wish You Love
Vale a Pena Ouvir: Somewhere In The Night, Street Of Dreams
Carryin' On – Grant Green
NOTA: 8,2/10
Indo para 1970, Grant Green retorna lançando um novo disco intitulado Carryin' On. Após o Street of Dreams, entre 1965 e 1969, o guitarrista praticamente desapareceu: ele enfrentou problemas pessoais sérios, incluindo dependência química e instabilidade emocional, o que o afastou dos palcos e das gravações. A Blue Note, agora sob nova administração após a venda à Liberty Records, também havia alterado sua linha editorial, e o selo buscava um som mais comercial e contemporâneo, mirando o público jovem e as pistas de dança. A produção, feita por Francis Wolff, trouxe uma estética sonora mais quente e densa, voltada para o baixo elétrico e o balanço de pista, basicamente saindo daquele Hard Bop introspectivo e indo para um lado mais puxado para o Jazz-Funk, mas com influências do Soul Jazz. O repertório é muito legal, e as canções são bem melódicas e vão para um lado mais envolvente. Enfim, é um trabalho interessante, apesar de ser bem menosprezado.
Melhores Faixas: Hurt So Bad, Upshot
Vale a Pena Ouvir: Ease Back
Visions – Grant Green
NOTA: 9/10
Mais um ano se passa, e Grant Green lança mais um disco intitulado Visions, que foi mais acessível. Após o Carryin' On, ele estava ampliando o uso de instrumentos elétricos e apostando em grooves repetitivos que aproximavam seu som do R&B daquele período. Quando chegou o momento de registrar esse trabalho, Green já havia reencontrado sua forma e conquistado um novo público mais jovem, mais ligado ao circuito de clubes dançantes. A produção, feita por George Butler, foi para um som mais polido, com mixagem clara e um espaço generoso para o instrumento de Green, cuja guitarra soa cristalina e confiante. O clima do álbum é noturno, mas ao mesmo tempo luminoso, com uma formação em sexteto que firma bem toda a instrumentação, que vai para um caminho que segue o Soul Jazz, mas apresenta traços de Jazz-Funk e Smooth Jazz. O repertório é bem legal, e as canções são todas bem intimistas. No geral, é um disco interessante e mais amplo.
Melhores Faixas: Maybe Tomorrow, We've Only Just Begun, Mozart Symphony #40 In G Minor, K550, 1st Movement
Vale a Pena Ouvir: Blues For Abraham, Does Anybody Really Know What Time It Is?
Então é isso, um abraço e flw!!!




