terça-feira, 14 de outubro de 2025

Analisando Discografias - Tulipa Ruiz: Parte 2

                 

Dancê – Tulipa Ruiz





















NOTA: 8,6/10


Três anos se passaram, e foi lançado seu 3º álbum, intitulado Dancê, que se mostrou mais variado. Após o Tudo Tanto, havia uma expectativa legítima de amadurecimento, não no sentido de virar outra artista, mas de reafirmar e ampliar uma assinatura sonora já reconhecível. Com isso, ela mostrou um desejo explícito de deslocar o centro da experiência do ouvinte para o corpo, ouvir com os pés, com o quadril, e de transformar a própria música em um convite ao movimento, temática que guia a concepção do disco. A produção, feita novamente pelo seu irmão, buscou preservar a clareza da voz e dos timbres, enquanto ampliava a paleta rítmica. Há um esforço técnico patente em dar espaço à percussão e às linhas de baixo, sem empurrar Tulipa para uma estética de dancefloor genérico, e as influências que lembram o Art Rock e o Funk americano são calibradas com precisão. O repertório é muito bom, e as canções são bem imersivas. Enfim, é um ótimo disco, coeso e consistente. 

Melhores Faixas: Proporcional, Jogo Do Contente, Virou, Tafetá 
Vale a Pena Ouvir: Elixir, Algo Maior

Tu – Tulipa Ruiz





















NOTA: 8/10


Em 2017, foi lançado mais um trabalho dela, intitulado apenas Tu, que se mostrou bem mais íntimo. Após o Dancê, para esse projeto, Tulipa decidiu fazer um deslocamento estético: de texturas densas e camadas, retorna-se a um cenário mais despido, mais essencial, como forma de reexaminar até canções antigas, junto com algumas novas, mas tudo de forma mais enxuta. A produção foi feita pelo irmão dela, junto com Stéphane San Juan, que preservaram o corpo das canções e expuseram o gesto vocal da cantora. Isso se reflete no arranjo esparso e na escolha de instrumentos reduzidos: voz, violão (ou guitarra acústica) e elementos percussivos pontuais, indo para aquele lado mais tradicional da MPB, com algumas influências do Indie Folk. No entanto, há muita coisa que é repetitiva e que até perde força. O repertório é bom, com canções interessantes, mas o rendimento cai em algumas faixas mais fracas. No geral, é um trabalho legal, apesar de suas inconsistências. 

Melhores Faixas: Desinibida, Pedrinho, Pólen 
Piores Faixas: Algo Maior, Dois Cafés

Habilidades Extraordinárias – Tulipa Ruiz





















NOTA: 9/10


Então chegamos a 2022, quando foi lançado o último álbum da Tulipa Ruiz até o momento, o Habilidades Extraordinárias. Após o Tu, a cantora acabou focando em outros projetos e em seus shows, e depois de todo aquele período da pandemia, ela decidiu fazer um disco que aposta em uma combinação de risco e acessibilidade, demonstrando, ao mesmo tempo, curiosidade por timbres distintos e confiança em composições que transitam entre o Pop, a MPB e experimentos rítmicos. A produção, feita junto com seu irmão Gustavo Ruiz, buscou nitidez, espaço para a presença vocal e, ao mesmo tempo, um trabalho textural cuidadoso, que permite incursões de eletrônica, percussões orgânicas e arranjos pontuais de sopros e cordas, chegando até a apresentar influências do Soul psicodélico e do Funk Rock. O repertório é muito bom, e as canções são divertidas e cheias de poesia. Enfim, é um trabalho incrível e bem competente. 

Melhores Faixas: Pluma Black, O Recado Da Flor, Acho Que Hoje Mesmo Eu Dou, Kamikaze Total, Habilidades Extraordinárias 
Piores Faixas: Não Pira, Estardalhaço

  

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...