domingo, 30 de novembro de 2025

Analisando Discografias - Pete Bardens: Parte 1

                    

The Answer – Peter Bardens





















NOTA: 9/10



Em 1970, Pete Bardens lançava seu álbum de estreia intitulado The Answer, que trazia uma sonoridade psicodélica. Sua trajetória antes de entrar para o Camel mostrava que ele já tinha certo nome na cena britânica, tendo tocado com o Shotgun Express (ao lado de Rod Stewart e Peter Green), participado da cena de Blues britânico e se conectado com nomes que mais tarde definiriam o Rock progressivo. Com isso, ele decidiu fazer um álbum que fosse um híbrido do que a grande mídia focava, contando com músicos como Peter Green, do Fleetwood Mac, e Andy Gee. A produção, feita por ele mesmo, foi concebida num clima quase informal, mais próxima de uma jam expandida do que de uma obra cuidadosamente arquitetada. Prioriza órgão Hammond, pianos elétricos, guitarras com timbres macios e uma percussão rica, ocasionalmente quase tribal. O repertório é muito bom, e as canções são energéticas e fluidas. No geral, é um ótimo trabalho que já mostrava sua versatilidade. 

Melhores Faixas: The Answer, Let's Get It On 
Vale a Pena Ouvir: Homage To The God Of Light, I Can't Remember
 

    É isso, então flw!!!       

Analisando Discografias - Camel: Parte 3

                 

Dust And Dreams – Camel





















NOTA: 8,3/10


Aí chega nos anos 90, e o Camel retorna com mais um novo disco, o Dust and Dreams. Após o Stationary Traveller, Andrew Latimer decidiu retomar o Camel de forma mais independente, fundando o selo Camel Productions em parceria com Susan Hoover. Agora, com uma formação em que ele assumia a maioria dos instrumentos junto com Colin Bass (baixo), Ton Scherpenzeel (teclados) e Paul Burgess (bateria), decidiu fazer mais um trabalho conceitual sobre a obra As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, um clássico sobre a Grande Depressão e o êxodo de famílias do interior rumo à Califórnia. A produção, feita obviamente por Latimer, privilegia espaço, paisagens sonoras e continuidade temática. Há o uso de synth pads, guitarras limpas com delay, camadas discretas de orquestração sintética e trechos acústicos. O repertório é muito bom, e as canções são bem atmosféricas, trazendo aquele lado imersivo. Enfim, é um ótimo disco e foi um retorno decente. 

Melhores Faixas: End Of The Line, Mother Road 
Vale a Pena Ouvir: Go West, Hopeless Anger, Milk N' Honey

Harbour Of Tears – Camel





















NOTA: 5/10


Cinco anos depois, foi lançado 12º álbum de estúdio do Camel, o Harbour Of Tears. Após o Dust And Dreams, Andrew Latimer e Susan Hoover começaram a trabalhar num novo conceito, desta vez ligado às origens familiares de Latimer. Seu avô materno era irlandês, natural de County Cork. Em pesquisas sobre a história da região, ele descobriu os relatos profundos e dolorosos do Porto de Cobh, último ponto de partida de muitos irlandeses que emigravam para a América. Agora com a presença do tecladista Mickey Simmonds partiram para mais um disco. Produção foi aquela de sempre, mas agora com um forte revestimento celta e um trabalho de texturas ainda mais refinado. A produção é extremamente atmosférica e construída com uma delicadeza grandiosa, o problema é que muita coisa fica bem arrastado e faltando mais variação. O repertório é irregular, tem canções legais e outras bem chatinhas. No fim, é um disco mediano e que faltou mais imersão. 

Melhores Faixas: Eyes Of Ireland, Send Home The Slates, Coming Of Age, Under The Moon
Piores Faixas: End Of The Day, Cóbh, Generations, Irish Air

Rajaz – Camel





















NOTA: 9,5/10


Três anos se passam, e foi lançado mais um trabalho novo do Camel, o maravilhoso Rajaz. Após o Harbour of Tears, a banda havia colocado Dave Stewart na bateria e o tecladista Ton Scherpenzeel retornou. Latimer desejava fazer um trabalho com um conceito mais abstrato e universal. Durante suas leituras, encontrou o termo ‘rajaz’, ligado à tradição dos povos do deserto. Em árabe, rajaz refere-se a um ritmo de poesia entoado pelos beduínos para acompanhar o balançar dos camelos ao atravessar longas caravanas no deserto. A produção, feita como sempre por Latimer, é cristalina e extremamente sensível. O foco é a guitarra do Andrew Latimer, que aqui assume uma expressividade épica, quase narrativa, com uma base em escalas orientais, ritmos repetitivos e hipnóticos, uso de percussões sutis e uma atmosfera desértica e contemplativa. O repertório é incrível, e as canções são profundas e melódicas. Enfim, é um belo disco e aqui as coisas funcionaram. 

Melhores Faixas: Lost And Found, Shout, Rajaz, Sahara 
Vale a Pena Ouvir: Straight To My Heart, Lawrence

A Nod And A Wink – Camel




















NOTA: 8,7/10


Então chegamos a 2002, quando foi lançado o último álbum de estúdio do Camel, A Nod and a Wink. Após o Rajaz, Andrew Latimer entrou em um período de profunda reflexão pessoal. Nos anos seguintes, porém, Latimer enfrentou uma perda irreparável: a morte de seu amigo de longa data e cofundador da banda, Peter Bardens, em janeiro de 2002. Esse trabalho serviria como uma homenagem ao seu companheiro e, junto do baixista Colin Bass e dos novos integrantes Guy LeBlanc (teclados) e Denis Clement (bateria), partiram para fazer esse projeto. A produção, feita como sempre por Latimer, mantém a estética cristalina dos discos dos anos 90, mas com uma atmosfera mais suave, pastoral e acústica, com influências de Rock progressivo e Folk Rock presentes. O repertório é muito bom, e as canções são bastante intimistas. Enfim, é um ótimo e honroso disco de despedida, mesmo que a banda ainda continua fazendo alguns shows. 

Melhores Faixas: A Boy's Life, For Today 
Vale a Pena Ouvir: Fox Hill, Simple Pleasures

          

sábado, 29 de novembro de 2025

Analisando Discografias - Camel: Parte 2

                 

Breathless – Camel





















NOTA: 8,8/10


Mais um ano se passou, e o Camel retorna com mais um lançamento: Breathless, que trouxe uma mudança importante. Após o Rain Dances, ocorreram várias divergências criativas entre Andrew Latimer e Peter Bardens, que começaram a se intensificar ao longo das gravações. A banda estava exaurida por turnês, mudanças sonoras e transições de identidade, e isso se traduz intensamente no caráter múltiplo e às vezes disperso do disco, até porque a Decca Records pediu que eles seguissem para um caminho mais Pop. A produção, conduzida pela banda junto com Mick Glossop, apresenta um som limpo e voltado ao detalhamento das camadas instrumentais. A ênfase recai menos em atmosferas densas e mais na precisão: guitarras cristalinas do Latimer, teclados elétricos e brilhantes do Bardens, baixo fluido do Sinclair e a bateria sólida do Andy Ward. O repertório é muito bom, e as canções são melódicas e envolventes. Enfim, é um disco bacana e bem coeso. 

Melhores Faixas: Wing And A Prayer, The Sleeper 
Vale a Pena Ouvir: Down On The Farm, Summer Lightning (mandaram bem fazendo Euro-Disco), Echoes

I Can See Your House From Here – Camel





















NOTA: 7,2/10


Chegando ao final dos anos 70, o Camel lançava seu 7º álbum de estúdio, o I Can See Your House From Here. Após o Breathless, Peter Bardens, cofundador, tecladista e grande arquiteto das paisagens sonoras da banda, acabou sendo demitido pelos vários conflitos com Andrew Latimer, e com isso entraram dois tecladistas, Kit Watkins e Jan Schelhaas. O baixista Richard Sinclair também saiu e entrou Colin Bass, e a banda continuava pressionada pela gravadora. A produção, feita por Rupert Hine, apresenta uma sonoridade mais moderna, brilhante e eletrônica, já que a combinação entre Watkins e Schelhaas gera camadas densas com seus inúmeros sintetizadores, combinadas com as guitarras limpas e expressivas de Latimer, sendo basicamente uma junção do Rock progressivo com um lado bem mais Pop Rock. O repertório é bom, com canções legais, mas tem duas bem medíocres. Enfim, é um disco interessante apesar de suas falhas. 

Melhores Faixas: Who We Are, Ice, Wait 
Piores Faixas: Remote Romance, Survival

Nude – Camel





















NOTA: 9,2/10


Dois anos se passaram e, já estando nos anos 80, a banda retorna lançando mais um disco, o Nude. Após o I Can See Your House From Here, os dois tecladistas Kit Watkins e Jan Schelhaas acabaram saindo, e quem assumiu os teclados foi Duncan Mackay. Para esse trabalho, Andrew Latimer decidiu voltar a fazer um álbum conceitual inspirado no soldado japonês Hiroo Onoda, que permaneceu escondido por décadas acreditando ainda estar em guerra, uma narrativa carregada de solidão, dever, deslocamento e tragédia, sendo que a única mudança foi a troca de seu nome. A produção, feita pela banda junto com Haydn Bendall, trouxe uma sonoridade mais límpida e com forte presença de sintetizadores característicos do início dos anos 80. Aqui temos uma sonoridade mais orientada para o lado orquestral, remetendo aos velhos tempos da banda. O repertório, em sua maioria instrumental, é muito bom e apresenta canções imersivas. No fim, é um belo disco e bem amarrado. 

Melhores Faixas: City Life, Changing Places, Captured, Lies, Reflections 
Vale a Pena Ouvir: The Last Farewell, Beached, Drafted

The Single Factor – Camel





















NOTA: 2,5/10


Então, no ano seguinte, chega mais um disco do Camel, o fraquíssimo The Single Factor, em um momento bem conturbado. Após o Nude, a crise de saúde mental e física do Andy Ward, que já ameaçava a estabilidade da banda desde o final da década de 70, chegou a um ponto insustentável, e Colin Bass também saiu. Com tudo isso, a gravadora Decca pressionava Andrew Latimer a fazer um álbum mais comercial, e ele decidiu realizar esse projeto que consistia nele mais alguns convidados. A produção foi a mesma, mas o som ficou mais polido, típico do início dos anos 80, com sintetizadores brilhantes, guitarras mais diretas e menos textura progressiva. A combinação de bateria eletrônica e acústica reforça a estética contemporânea, transitando entre o AOR e o Soft Rock, mas tudo é bem pasteurizado e com uma série de clichês previsíveis. O repertório é muito ruim, tendo poucas canções interessantes e outras terríveis. No geral, é um disco péssimo e que foi um fiasco. 

Melhores Faixas: Heroes, Camelogue 
Piores Faixas: Selva, Today's Goodbye, End Peace, You Are The One

Stationary Traveller – Camel





















NOTA: 8,8/10


Então, em 1984, foi lançado o 10º álbum de estúdio do Camel, o Stationary Traveller. Após o péssimo The Single Factor, a banda parecia à beira do fim. Andrew Latimer era, na prática, o único membro fixo remanescente e contava apenas com convidados, embora ainda se mantivessem o tecladista Ton Scherpenzeel e o baterista Paul Burgess. Latimer, agora junto de sua esposa, decidiu fazer um álbum conceitual, desta vez de caráter mais político e humano, inspirado no contexto da Guerra Fria e no drama dos refugiados da Alemanha Oriental que tentavam atravessar o Muro de Berlim. A produção, feita inteiramente por Latimer, incorporou sintetizadores brilhantes, texturas densas e bateria com pegada Pop Rock, mas ainda assim com dinâmica, enquanto as guitarras, expressivas e limpas, contribuíam para a sonoridade progressiva. O repertório é muito bom, com canções profundas e melódicas. Em suma, é um ótimo trabalho e que parecia uma despedida decente. 
Melhores Faixas: Refugee, West Berlin, Stationary Traveller 
Vale a Pena Ouvir: Long Goodbyes, Vopos, Missing

     Por hoje é só, então flw!!!     

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Analisando Discografias - Camel: Parte 1

                 

Camel – Camel





















NOTA: 9,9/10


Em 1973, foi lançado o álbum de estreia autointitulado do Camel (e não, a banda não era patrocinada pela marca de cigarro). Formado em Guildford, em Surrey, na Inglaterra, a partir do trio The Brew, composto por Andrew Latimer (guitarra, flauta, vocais), Doug Ferguson (baixo, vocais) e Andy Ward (bateria), e com a entrada de Peter Bardens (teclados), a banda ganhou um eixo melódico muito mais sofisticado. Com isso, depois de várias andanças, eles assinaram com a MCA Records. A produção, feita por Dave Williams, colocou uma sonoridade crua e orgânica, com a guitarra de Latimer aparecendo com enorme clareza e os teclados analógicos de Bardens servindo de base. A bateria de Andy já mostra sua destreza técnica, enquanto Ferguson sustenta tudo com linhas de baixo econômicas, tudo dentro desse caldeirão de Rock progressivo com um lado mais sinfônico. O repertório é incrível, e as canções são bem melódicas. No final, é um belo disco de estreia e bastante direto. 

Melhores Faixas: Mystic Queen, Never Let Go, Slow Yourself Down 
Vale a Pena Ouvir: Curiosity, Separation

Mirage – Camel





















NOTA: 10/10


Então chega o ano seguinte, quando foi lançado o atemporal 2º álbum deles, o Mirage. Após o álbum de estreia, o Camel entrou em uma turnê intensa, afiadíssima, e dessa pressão criativa nasceu esse trabalho. Com a entrada deles na Deram Records, o selo percebeu o potencial da banda e deu aos músicos mais liberdade artística. Isso abriu caminho para composições mais longas, complexas e arquitetadas. A produção foi feita por David Hitchcock, que colocou um som mais refinado e manteve o clima orgânico, mas agora com maior amplitude de timbres: Bardens usa sintetizadores e pianos elétricos com mais ousadia, enquanto Latimer explora guitarras mais cheias, flauta com maior presença e alguns efeitos discretos. A bateria do Andy Ward está mais viva, e o baixo do Ferguson aparece com mais clareza, sustentando as harmonias com elegância. O repertório é sensacional, contendo 5 faixas incríveis. Enfim, é um álbum maravilhoso e uma obra-prima. 

Melhores Faixas: Lady Fantasy (minha parte favorita dessa peça: Encounter), Freefall 
Vale a Pena Ouvir: Nimrodel / The Procession / The White Rider (um exemplo de suíte perfeita), Supertwister

The Snow Goose – Camel





















NOTA: 9,6/10


Mais um ano se passou, e foi lançado o 3º álbum do Camel, o The Snow Goose. Após o Mirage, a banda buscava um projeto que os diferenciasse ainda mais dentro de um cenário progressivo já repleto de obras grandiosas. Inspirados pelo livro The Snow Goose, de Paul Gallico, o Camel decidiu criar um álbum inteiramente instrumental, baseado na história lírica e melancólica envolvendo o eremita Rhayader, a jovem Fritha e o ganso-branco que os une. A produção, feita mais uma vez por David Hitchcock, teve o uso de orquestrações arranjadas em colaboração com o maestro David Bedford, o que adiciona profundidade cinematográfica às composições. O som é cristalino e equilibrado: o álbum soa como uma suíte contínua, com peças interligadas que formam uma narrativa musical fluida. O repertório é espetacular, e as composições são todas bem atmosféricas e relaxantes. No final de tudo, é outro disco sensacional e que também é um clássico. 

Melhores Faixas: Rhayader Goes To Town, Rhayader, Flight Of The Snow Goose, Dunkirk, The Snow Goose, La Princesse Perdue 
Vale a Pena Ouvir: Preparation, Sanctuary, Migration (única faixa que apresenta vocal)

Moonmadness – Camel





















NOTA: 10/10


Outro ano se passou, e foi lançado mais um álbum espetacular do Camel, o Moonmadness. Após o The Snow Goose, o Camel finalmente se estabeleceu como uma das bandas mais respeitadas do Rock progressivo britânico. Para esse novo trabalho, eles decidiram unir a temática dos álbuns anteriores a uma nova camada de sutileza atmosférica. Os vocais retornaram e mantêm um clima conceitual mais sutil, com cada faixa representando um dos integrantes da banda de forma mais ou menos alegórica. A produção, feita por Rhett Davies junto com a banda, apresenta uma sonoridade mais aerada, com muito uso de reverberações naturais, sintetizadores e overdubs delicados. Os teclados do Bardens ganham mais espaço. A guitarra do Latimer está mais limpa e melodiosa. A flauta ganha papel central, sendo tratada quase como um segundo vocal. O repertório é simplesmente sensacional e até parece uma coletânea. No geral, é um baita disco e certamente outra obra-prima deles. 

Melhores Faixas: Song Within A Song, Chord Change, Air Born 
Vale a Pena Ouvir: Aristillus, Another Night

Rain Dances – Camel





















NOTA: 9/10


Chega 1977, e foi lançado o 5º álbum do Camel, intitulado Rain Dances, que trouxe mudanças. Após o Moonmadness, tornou-se claro para a banda que eles estavam se aproximando de um limite natural daquele estilo. O baixista Doug Ferguson preferia a vertente mais pastoral e tradicional, enquanto Andrew Latimer e Pete Bardens mostravam crescente interesse por novos horizontes, como o Jazz. Com isso, ele acabou saindo, dando lugar a Richard Sinclair, vindo da cena de Canterbury, que sempre inspirou a banda. Houve também a inclusão do saxofonista Mel Collins. A produção, feita novamente por Rhett Davies junto com a banda, tem um som limpo, cristalino e refinado, priorizando dinamismo e camadas: cada instrumento tem espaço, com os teclados variados do Bardens e a bateria definida do Andy Ward. O repertório é muito bom, e as canções são bem intimistas e com uma pegada futurista. Em suma, é um trabalho legal e mais multifacetado. 

Melhores Faixas: Metrognome, Skylines, Unevensong 
Vale a Pena Ouvir: First Light, Rain Dances, Tell Me
  

               Então é isso e flw!!!          

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Analisando Discografias - The Buggles

                  

The Age Of Plastic – Buggles





















NOTA: 9,9/10


Em 1980, foi lançado o álbum de estreia do duo The Buggles, o excepcional The Age of Plastic. Formado em 1977 pela dupla Trevor Horn e Geoffrey Downes, em Londres, eles surgem em um momento em que o Post-Punk se consolidava, a New Wave avançava e a música eletrônica deixava de ser experimental para começar a conquistar o mainstream. Decidiram fazer um álbum conceitual sobre a “era do plástico”, marcada pela artificialidade, pela cultura mediada pela tecnologia, pelos ícones fabricados e pelas ilusões criadas por meios eletrônicos. A produção, feita pela própria dupla, trouxe um som simultaneamente Pop e futurista, com uso intenso de sintetizadores analógicos, baterias programadas e técnicas de estúdio avançadas para a época, criando assim uma junção da New Wave com o que era chamado de Technopop, que depois se tornou o Synth-pop. O repertório é maravilhoso, e as canções são todas bem envolventes. No final, é um baita disco e um clássico. 

Melhores Faixas: Video Killed The Radio-Star, Living In The Plastic Age, Clean, Clean!, Elstree 
Vale a Pena Ouvir: Kid Dynamo, Johnny On The Monorail

Adventures In Modern Recording – Buggles





















NOTA: 7,6/10


Então, no ano seguinte, foi lançado o 2º e último álbum do The Buggles, o Adventures in Modern Recording. Após o incrível The Age of Plastic e o sucesso estrondoso do hit Video Killed the Radio Star, Trevor Horn e Geoff Downes foram convidados a integrar o Yes em 1980. Essa experiência fez com que Downes não retornasse ao duo, entrando para o Asia e deixando apenas Horn e seu laboratório de ideias. A produção foi feita inteiramente por ele próprio, que combinou uma elegância futurista com uma certa melancolia pós-moderna, muito mais refinada do que no primeiro álbum. Horn também explorou intensamente técnicas de sampling, que ainda eram incipientes na época, juntando-as a camadas de sintetizadores e a algumas influências progressivas. O repertório é interessante, com canções legais e outras duas que são bem fracas. Enfim, é um disco bom, só que com alguns erros, e, após isso, Trevor Horn partiu para sua aventura como produtor. 

Melhores Faixas: Lenny, On TV, Vermilion Sands 
Piores Faixas: Rainbow Warrior, Beatnik
  

                                                                        Então um abraço e flw!!!               

Analisando Discografias - Asia: Parte 3

                 

Omega – Asia





















NOTA: 8,4/10


Dois anos se passam, e o Asia retorna lançando mais um disco intitulado Omega. Após o Phoenix, o grupo decidiu buscar um disco mais polido, tematicamente consistente e melódico, explorando também referências à cultura oriental, algo sugerido já no título, que é um símbolo grego tradicionalmente ligado ao “fim”, mas que, no contexto do álbum, ganhou um sentido mais filosófico: ciclos, encerramentos e renovação. A produção, feita por Mike Paxman, trouxe uma sonoridade ainda mais refinada: teclados cristalinos, guitarras mais contidas, mas sempre elegantes, bateria seca e articulada, e vocais de Wetton em destaque absoluto, fazendo com que toda aquela estética de AOR meio sinfônico funcionasse perfeitamente. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem melódicas e imersivas. No fim, é um ótimo álbum, que relembrou os velhos tempos de sucesso da banda. 

Melhores Faixas: Finger On The Trigger, End Of The World 
Vale a Pena Ouvir: I Believe, Holy War, I’m Still The Same, Light The Way

XXX – Asia





















NOTA: 9,4/10


Mais dois anos se passaram, e foi lançado o excepcional XXX (pronunciado triple-x). Após o Omega, o Asia surgia agora como uma entidade madura e artisticamente consciente de sua identidade. Com essa base sólida, esse trabalho nasceu como uma comemoração simbólica dos trinta anos do supergrupo, daí o título, “trinta” em numerais romanos. A banda queria um disco que captasse o brilho melódico dos primeiros álbuns, mas com a clareza e a sobriedade adquiridas ao longo das décadas. Com produção conduzida, como sempre, por Mike Paxman, o som é mais poderoso, aberto e incisivo, como se buscasse recuperar a grandeza radiofônica dos primeiros anos da banda. Trata-se de um disco mais assertivo e vibrante, com guitarras contidas e uma cozinha com mais textura, além dos vocais melódicos de Wetton. O repertório é incrível, e as canções são bem dinâmicas. Em suma, é um belo álbum e certamente o melhor deles. 

Melhores Faixas: Bury Me In Willow, Face On The Bridge, No Religion, Al Gatto Nero 
Vale a Pena Ouvir: Ghost Of A Chance, I Know How You Feel

Gravitas – Asia





















NOTA: 8/10


Então chegamos em 2014, quando foi lançado o último álbum do Asia, o Gravitas. Após o incrível XXX (triple-x), Steve Howe decidiu sair da banda para se dedicar aos trabalhos futuros do Yes, e, em seu lugar, foi contratado o talentosíssimo Sam Coulson. A sua entrada cria um contraste: em vez do fraseado vintage e elegante do Howe, surge uma guitarra moderna, com técnica limpa e abordagem mais objetiva. A produção, feita por John Wetton e Geoff Downes, é mais densa, atmosférica e carregada de texturas; sua sonoridade é mais moderna, com timbres limpos e distorções suaves, além de solos curtos, porém expressivos, com uma instrumentação que dá um ar cinematográfico ao conjunto. O repertório é muito legal, e as canções são todas bem intimistas. No geral, é um ótimo disco de despedida, e essa definição se confirmou após o falecimento de Wetton, vítima de um câncer em 2017, apesar de a banda ainda continuar só que com outra formação. 

Melhores Faixas: Nyctophobia, I Would Die For You
Vale a Pena Ouvir: Heaven Help Me Now, Gravitas

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...