Breathless – Camel
NOTA: 8,8/10
Mais um ano se passou, e o Camel retorna com mais um lançamento: Breathless, que trouxe uma mudança importante. Após o Rain Dances, ocorreram várias divergências criativas entre Andrew Latimer e Peter Bardens, que começaram a se intensificar ao longo das gravações. A banda estava exaurida por turnês, mudanças sonoras e transições de identidade, e isso se traduz intensamente no caráter múltiplo e às vezes disperso do disco, até porque a Decca Records pediu que eles seguissem para um caminho mais Pop. A produção, conduzida pela banda junto com Mick Glossop, apresenta um som limpo e voltado ao detalhamento das camadas instrumentais. A ênfase recai menos em atmosferas densas e mais na precisão: guitarras cristalinas do Latimer, teclados elétricos e brilhantes do Bardens, baixo fluido do Sinclair e a bateria sólida do Andy Ward. O repertório é muito bom, e as canções são melódicas e envolventes. Enfim, é um disco bacana e bem coeso.
Melhores Faixas: Wing And A Prayer, The Sleeper Vale a Pena Ouvir: Down On The Farm, Summer Lightning (mandaram bem fazendo Euro-Disco), Echoes
I Can See Your House From Here – Camel
NOTA: 7,2/10
Chegando ao final dos anos 70, o Camel lançava seu 7º álbum de estúdio, o I Can See Your House From Here. Após o Breathless, Peter Bardens, cofundador, tecladista e grande arquiteto das paisagens sonoras da banda, acabou sendo demitido pelos vários conflitos com Andrew Latimer, e com isso entraram dois tecladistas, Kit Watkins e Jan Schelhaas. O baixista Richard Sinclair também saiu e entrou Colin Bass, e a banda continuava pressionada pela gravadora. A produção, feita por Rupert Hine, apresenta uma sonoridade mais moderna, brilhante e eletrônica, já que a combinação entre Watkins e Schelhaas gera camadas densas com seus inúmeros sintetizadores, combinadas com as guitarras limpas e expressivas de Latimer, sendo basicamente uma junção do Rock progressivo com um lado bem mais Pop Rock. O repertório é bom, com canções legais, mas tem duas bem medíocres. Enfim, é um disco interessante apesar de suas falhas.
Melhores Faixas: Who We Are, Ice, Wait Piores Faixas: Remote Romance, Survival
Nude – Camel
NOTA: 9,2/10
Dois anos se passaram e, já estando nos anos 80, a banda retorna lançando mais um disco, o Nude. Após o I Can See Your House From Here, os dois tecladistas Kit Watkins e Jan Schelhaas acabaram saindo, e quem assumiu os teclados foi Duncan Mackay. Para esse trabalho, Andrew Latimer decidiu voltar a fazer um álbum conceitual inspirado no soldado japonês Hiroo Onoda, que permaneceu escondido por décadas acreditando ainda estar em guerra, uma narrativa carregada de solidão, dever, deslocamento e tragédia, sendo que a única mudança foi a troca de seu nome. A produção, feita pela banda junto com Haydn Bendall, trouxe uma sonoridade mais límpida e com forte presença de sintetizadores característicos do início dos anos 80. Aqui temos uma sonoridade mais orientada para o lado orquestral, remetendo aos velhos tempos da banda. O repertório, em sua maioria instrumental, é muito bom e apresenta canções imersivas. No fim, é um belo disco e bem amarrado.
Melhores Faixas: City Life, Changing Places, Captured, Lies, Reflections
Vale a Pena Ouvir: The Last Farewell, Beached, Drafted
The Single Factor – Camel
NOTA: 2,5/10
Então, no ano seguinte, chega mais um disco do Camel, o fraquíssimo The Single Factor, em um momento bem conturbado. Após o Nude, a crise de saúde mental e física do Andy Ward, que já ameaçava a estabilidade da banda desde o final da década de 70, chegou a um ponto insustentável, e Colin Bass também saiu. Com tudo isso, a gravadora Decca pressionava Andrew Latimer a fazer um álbum mais comercial, e ele decidiu realizar esse projeto que consistia nele mais alguns convidados. A produção foi a mesma, mas o som ficou mais polido, típico do início dos anos 80, com sintetizadores brilhantes, guitarras mais diretas e menos textura progressiva. A combinação de bateria eletrônica e acústica reforça a estética contemporânea, transitando entre o AOR e o Soft Rock, mas tudo é bem pasteurizado e com uma série de clichês previsíveis. O repertório é muito ruim, tendo poucas canções interessantes e outras terríveis. No geral, é um disco péssimo e que foi um fiasco.
Melhores Faixas: Heroes, Camelogue
Piores Faixas: Selva, Today's Goodbye, End Peace, You Are The One
Stationary Traveller – Camel
NOTA: 8,8/10
Então, em 1984, foi lançado o 10º álbum de estúdio do Camel, o Stationary Traveller. Após o péssimo The Single Factor, a banda parecia à beira do fim. Andrew Latimer era, na prática, o único membro fixo remanescente e contava apenas com convidados, embora ainda se mantivessem o tecladista Ton Scherpenzeel e o baterista Paul Burgess. Latimer, agora junto de sua esposa, decidiu fazer um álbum conceitual, desta vez de caráter mais político e humano, inspirado no contexto da Guerra Fria e no drama dos refugiados da Alemanha Oriental que tentavam atravessar o Muro de Berlim. A produção, feita inteiramente por Latimer, incorporou sintetizadores brilhantes, texturas densas e bateria com pegada Pop Rock, mas ainda assim com dinâmica, enquanto as guitarras, expressivas e limpas, contribuíam para a sonoridade progressiva. O repertório é muito bom, com canções profundas e melódicas. Em suma, é um ótimo trabalho e que parecia uma despedida decente.
Melhores Faixas: Refugee, West Berlin, Stationary Traveller
Vale a Pena Ouvir: Long Goodbyes, Vopos, Missing
Por hoje é só, então flw!!!




