sábado, 15 de novembro de 2025

Analisando Discografias - David Cross: Parte 1

                 

Memos From Purgatory – David Cross





















NOTA: 4/10


Voltando lá para 1989, David Cross lançava seu 1º álbum solo, intitulado Memos From Purgatory. Após sua saída do King Crimson, ele manteve atividades discretas: experimentos em improvisação livre, trilhas teatrais, colaborações ocasionais e um período de docência. Mas havia um impulso latente, um desejo de criar um trabalho autoral que refletisse sua visão mais pessoal de música. A produção, feita por ele mesmo junto com Matt Kemp e Sheila Maloney, privilegia as texturas: camadas de violino acústico e elétrico, violino processado, sintetizadores discretos, guitarras bem posicionadas e bases rítmicas que variam do sutil ao quase tribal. A sonoridade é típica do final dos anos 80, porém nada daquele modo comercial; porém, o problema é que há muita coisa repetitiva. O repertório é bem ruim, com canções chatíssimas e poucas se salvando. Enfim, é um trabalho fraquíssimo e faltou mais precisão em sua proposta. 

Melhores Faixas: The First Policeman, Basking In The Blue 
Piores Faixas: Animal, Bizarre Bazaar, New Dawn

The Big Picture – David Cross





















NOTA: 3,9/10


Três anos se passaram, e foi lançado seu 2º álbum solo, intitulado The Big Picture. Após o fraquíssimo Memos From Purgatory, havia nele um impulso ainda não desenvolvido: a intenção de integrar mais claramente sua linguagem de violino a estruturas mais sólidas, mais rítmicas e a uma interação mais direta com outros músicos. O início da década de 90 representou para Cross um momento de reconsolidação artística. A produção, feita por Tony Arnold, dá mais protagonismo a instrumentos que orbitam o violino: guitarras elétricas limpas ou saturadas, teclados que criam fundos harmônicos largos, bases rítmicas mais marcadas e uma utilização mais ousada de efeitos, algo bem interessante. Só que o problema, novamente, são as repetições excessivas, que fazem faltar aquela imersão e deixam o disco bem cansativo. O repertório é fraco; há canções boas, mas a maioria é bem genérica. Enfim, é um disco ruim e que ainda carece de mais dinâmica. 

Melhores Faixas: Minaret, Brake, Black Ice 
Piores Faixas: Grinfixer, Inc, Holly And Barbed Wire, Nurse Insane

Testing To Destruction – David Cross





















NOTA: 8/10


Dois anos depois, foi lançado mais um disco de David Cross, o Testing to Destruction. Após o também fraquíssimo The Big Picture, ele queria fazer um trabalho que aliasse emoção, densidade e agressividade, um disco que explorasse tanto a beleza quanto a ruptura e que colocasse o violino elétrico não só como narrador melódico, mas também como veículo de tensão, distorção e violência controlada, tentando sair um pouco do tradicionalismo do Rock progressivo e ir para um caminho mais experimental. A produção, feita por ele mesmo, constrói um som denso, mais comprimido emocionalmente, mais urbano e mais visceral. O violino elétrico de Cross, frequentemente processado com distorção, delays longos, efeitos granulares e filtragens, é colocado no centro da mixagem, mas cercado de guitarras afiadas e sintetizadores tensos. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem atmosféricas e imersivas. No fim, é um ótimo álbum, e aqui tivemos um acerto. 

Melhores Faixas: The Swing Arm Disconnects, Calamity 
Vale a Pena Ouvir: Abo, Cycle Logical

Exiles – David Cross





















NOTA: 8,3/10


Três anos depois, foi lançado mais um trabalho dele, o Exiles, que foi bem mais amplo. Após o Testing to Destruction, David Cross consolidou sua linguagem fora do King Crimson, explorando texturas mais sombrias e um rock experimental guiado por violino elétrico. Com uma banda de apoio estável, ele vinha aprofundando uma estética que misturava peso, ambientação, improvisação controlada e melodias tensas, algo que não seria diferente neste trabalho. A produção, conduzida pelo violinista junto com Mick Paul, coloca uma abordagem bem direta e orgânica, mantendo o foco nos instrumentos reais, com Cross privilegiando o violino em diferentes timbres: distorcido, limpo, tratado com delays e em camadas. A mixagem dá espaço para atmosferas amplas e linhas sutis que se acumulam sem esconder o peso da banda. O repertório é muito bom, e as canções são bem energéticas e cadenciadas. No final, é um ótimo trabalho e o melhor de sua carreira. 

Melhores Faixas: Troppo, Exiles 
Vale a Pena Ouvir: Hero, Tonk

Closer Than Skin – David Cross





















NOTA: 5/10


Pulando para 2005, foi lançado mais um álbum solo de David Cross, o Closer Than Skin (com a capa mais improvisada da história). Cross acabou meio que dando uma descansada de fazer algum material novo, e quando retornou decidiu voltar com uma obra que fosse uma tentativa de reconectar emoção e técnica, com maior foco no formato “canção”, sem necessariamente abrir mão das tensões harmônicas e das atmosferas densas. A produção é aquela mesma de sempre: apresenta um som limpo, definido e mais acessível que seus antecessores, porém sem perder a densidade emocional. A produção utiliza o violino não apenas como instrumento solista, mas como gerador de texturas. A guitarra e o baixo formam uma fundação mais moderna, com timbres levemente saturados, mas o grande problema é que há muitos clichês e falta dinâmica. O repertório até começa bem, mas depois decai drasticamente. Enfim, é um álbum irregular e cansativo. 

Melhores Faixas: States Of Deception, I Buy Silence, Are We One? 
Piores Faixas: Tell Me Your Name, Awful Love, Only Fooling

Starless Starlight – David Cross & Robert Fripp





















NOTA: 8/10


Dez anos se passaram e David Cross ressurge junto com Robert Fripp com um álbum colaborativo: Starless Starlight. Após o Closer Than Skin, Fripp e Cross decidiram se juntar e fazer um trabalho que relembra uma das faixas do álbum Red, do King Crimson, “Starless”, que foi composta num período em que o violinista ainda estava na banda, mas já não fazia mais parte quando o disco foi finalizado. Com isso, essa reunião seria uma junção da sonoridade que cada um aperfeiçoou ao longo desses 40 anos. A produção, feita por Cross junto com Tony Lowe, constrói um fluxo contínuo, quase cinematográfico, no qual o violino de Cross é o fio narrativo e as paisagens eletrônicas de Fripp funcionam como o tecido cósmico em que ele se move. A instrumentação é minimalista na superfície, mas altamente detalhada em camadas internas. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem meditativas e carregadas de imersão. No geral, é um trabalho interessante e bem preciso. 

Melhores Faixas: Starless Theme, In The Shadow 
Vale a Pena Ouvir: Starlight Trio, Starless Starlight Loops


                            Bom é isso e flw!!!       

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...