terça-feira, 4 de novembro de 2025

Analisando Discografias - Freddie Gibbs: Parte 1

                 

Thuggin' – Freddie Gibbs & Madlib





















NOTA: 7/10


Indo para 2011, foi lançado o 1º trabalho colaborativo do Freddie Gibbs com Madlib, o EP Thuggin'. Gibbs começou sua trajetória por volta de 2004 e, até 2011, lançou várias mixtapes, chegando a ser contratado pela gravadora CTE World. Nesse meio tempo, acabou conhecendo Madlib e eles formaram um duo também chamado MadGibbs. Para esse EP, foi pensado quase como um cartão de visitas desse projeto: uma cápsula densa com duas faixas principais, alguns instrumentais e remixes dependendo da versão. A produção tem samples de soul e funk raros que se chocam com beats esmerilados, sujos na medida certa, sem soar artificiais. Ele não tenta acompanhar Gibbs: ele o provoca. A produção tem muita textura, muita respiração e, ao mesmo tempo, deixa espaço para as histórias pesadas do rapper, tudo puxado para o Gangsta Rap. O repertório contém 6 faixas bem interessantes, entre instrumentais e cantadas. No geral, é um trabalho legal e que serviu como uma base. 

Melhores Faixas: Deep (Vocal), Thuggin (Vocal) 
Vale a Pena Ouvir: Cold On The Blvd

ESGN - Evil Seeds Grow Naturally – Freddie Gibbs





















NOTA: 5,9/10


Então se passam dois anos e é lançado o álbum de estreia do Freddie Gibbs, o ESGN – Evil Seeds Grow Naturally. Após o EP Thuggin’, ele acabou saindo da CTE World, cansado de promessas vazias da indústria e disposto a mostrar que conseguiria crescer sem depender de grandes selos. O título deixa isso claro: “sementes do mal crescem naturalmente”, como se a realidade dura de Gary, Indiana, cidade marcada por pobreza, crime e abandono, fosse o solo que o formou. A produção foi diversificada, contando com IDL Labs, Cardo, Tone Mason, entre outros, que entregaram um som sujo, carregado em bateria seca e samples que lembram trilhas de rua, sendo basicamente um Gangsta Rap, mas com influências de Trap que, de certo modo, combinam com a versatilidade vocal do Gibbs: ora cortante e rápida, ora pesada e cadenciada. Apesar disso, acontecem várias repetições. O repertório é bem irregular: tem canções legais e outras genéricas. No fim, é um álbum bastante mediano. 

Melhores Faixas: Eastside Moonwalker, I Seen A Man Die, Came Up, Paper, F.A.M.E., Hundred Thousand 
Piores Faixas: 9mm, Dope In My Styrofoam, The Real G Money, Certified Live, Lay It Down, D.O.A.

Deeper – Freddie Gibbs & Madlib





















NOTA: 7,2/10


Foi questão de dois meses para que fosse lançado outro EP do Freddie Gibbs & Madlib, o Deeper. Após o lançamento do ESGN, a dupla já preparava mais um EP que serviria de base para o futuro álbum colaborativo e, aqui, mostra um drama humano por trás do Gangsta Rap de Gibbs. Ele não fala apenas da rua como negócio e sobrevivência, mas das marcas emocionais que ela deixa quando se ama alguém nesse cenário. A produção foi aquela de sempre: recortes de Soul e R&B que parecem tirados de fitas antigas, ásperas, com ruídos e cortes abruptos que dão a sensação de lembrança machucada. Os beats aqui têm um sentimento melancólico intenso, mais do que nos EPs anteriores. Madlib cria um ambiente emocional e Gibbs mostra um liricismo frio e factual. O repertório novamente conta com 6 faixas bacanas e imersivas. No final, é um trabalho bem legal e que preparou terreno para algo gigantesco. 

Melhores Faixas: Deeper, Harold’s 
Vale a Pena Ouvir: Ups & Downs (Bonus Beat)

Piñata – Freddie Gibbs & Madlib





















NOTA: 10/10


Então chega 2014, quando foi lançado o atemporal álbum colaborativo do MadGibbs, o Piñata. Após o lançamento dos EPs, Gibbs mostrava uma trajetória de independência e endurecimento e estava no momento mais técnico e narrativo de sua carreira. Madlib, por sua vez, já era reconhecido como um dos maiores produtores da história do Hip-Hop/Rap, herdeiro de J Dilla, mestre do sample, do Jazz e da estética Lo-fi. A produção, conduzida por ele, mergulha numa junção de Soul, Funk, samples psicodélicos, trilhas italianas de crime e arranjos cinematográficos. Cada faixa é praticamente uma cena: ruídos de fita, vinil estalando, vozes recortadas, cortes bruscos que lembram colagens visuais, tudo se complementando com os flows variados de Gibbs, que se encaixa em alguns momentos no Jazz Rap, Boom Bap, Drumless e Chipmunk Soul. O repertório é simplesmente fantástico, parece até uma coletânea. No fim, é um álbum incrível e certamente uma obra-prima. 

Melhores Faixas: Shitsville, Deeper, Bomb (baita feat do Raekwon), High (feat sensacional do Danny Brown), Piñata (basicamente uma cypher, e o melhor verso é do Mac Miller), Harold’s, Real 
Vale a Pena Ouvir: Thuggin', Robes (Domo Genesis e Earl Sweatshirt indo bem), Scarface

Shadow Of A Doubt – Freddie Gibbs





















NOTA: 9/10


No ano seguinte, Freddie Gibbs lançava seu 2º álbum de estúdio, o Shadow of a Doubt. Após o excepcional Piñata, ele havia conquistado o respeito do underground e se tornado um nome fundamental no Rap contemporâneo, mas ainda vivia sob a sombra de ser visto como “o rapper do Madlib”. Com esse álbum, Gibbs mostra que não depende de nenhuma parceria consagrada para entregar um grande trabalho e que pode navegar por sonoridades mais atuais, com forte presença de Trap, Cloud Rap e elementos do Gangsta Rap moderno. A produção foi mais diversificada, contando com Speakerbomb, Boi-1da, Blair Norf, Murda Beatz, entre outros, que adicionaram uma sonoridade crua. O clima geral permanece sombrio: baixos grossos, baterias pesadas, ambiente tenso, mas com espaço para melodias mais suaves, enquanto o flow dele permanece bem cirúrgico. O repertório é muito bom, com canções pesadas e densas. No fim, é um trabalho incrível e subestimado. 

Melhores Faixas: Fuckin' Up The Count, Extradite (baita feat do Black Thought), Rearview, Careless, Insecurities 
Vale a Pena Ouvir: Forever And A Day, Narcos, 10 Times (ótima feat do Gucci Mane e E-40), Basketball Wives

                                                    Então é isso, um abraço e flw!!!              

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...