Caught In The Crossfire – John Wetton
NOTA: 8/10
Em 1980, John Wetton lançava seu primeiro trabalho solo, intitulado Caught in the Crossfire. Após ter passado por várias bandas desde sua saída do King Crimson, ele queria provar que podia se sustentar como compositor e vocalista solo. Durante 1979, começou a compor material mais direto, voltado a um público amplo, mas sem abandonar a densidade emocional que marcava suas letras. Ele queria um disco pessoal, mais próximo do hard rock britânico do que da pompa progressiva. A produção, feita por ele junto com John Punter, traz uma sonoridade essencialmente orgânica: baixo e bateria firmes, guitarras bem espaçadas e teclados usados de forma discreta. O álbum soa, por vezes, como uma mistura entre o AOR americano e pitadas de Pop progressivo (até porque o bonitão queria tocar na rádio, ele não é burro). O repertório é muito bom, e as canções são bem melódicas e divertidas. Enfim, é um ótimo trabalho, mas que obviamente passou batido.
Melhores Faixas: Caught In The Crossfire, Baby Come Back
Vale a Pena Ouvir: I'll Be There, Get Away, Turn On The Radio
Wetton / Manzanera – Wetton / Manzanera
NOTA: 2,5/10
Sete anos se passaram, e John Wetton se uniu ao seu amigo Phil Manzanera para fazer um álbum colaborativo (que Jesus!). Após o lançamento do Caught in the Crossfire, Wetton se juntou ao Asia, mas saiu de lá de forma meteórica e com muitos problemas, inclusive o de conseguir confiança da indústria. Ele já havia trabalhado anteriormente com Manzanera, e ambos buscavam uma forma de escapar da imagem de “ex-membros de bandas lendárias”. A produção, feita pela dupla, é totalmente tematizada com baterias eletrônicas cristalinas, teclados cintilantes e guitarras limpas, por vezes processadas com chorus digital. A produção valoriza a voz de Wetton, sempre colocada em primeiro plano, enquanto Manzanera trabalha as camadas instrumentais como um pintor sonoro; o problema é que tudo isso não passa de um projeto de AOR genérico. O repertório é terrível, e as canções são terríveis, com poucas realmente interessantes. Enfim, é um álbum péssimo e totalmente esquecível.
Melhores Faixas: Do It Again, It's Just Love
Piores Faixas: Round In Circles, Have You Seen Her Tonight?, I Can't Let You Go, Suzanne (escola Toto de dar nome de mulher em baladas)
Battle Lines – John Wetton
NOTA: 9/10
Chegando em 1994, John Wetton enfim lançou seu 2º álbum solo, o Battle Lines. Após o execrável álbum com Phil Manzanera, ele entrou em um período marcado por crises pessoais e afastamento das grandes gravadoras. Mas também usou esse tempo para escrever de forma mais pessoal, afastando-se da pressão do formato AOR e aproximando-se de um rock adulto e reflexivo, algo próximo de Peter Gabriel ou Sting. A produção, feita por Ron Nevison, une clareza Pop e profundidade emocional, equilibrando vozes fortes e arranjos sofisticados, tudo pedido pelo próprio Wetton. A sonoridade é luxuosa, mas contida, com reverbs suaves, guitarras limpas, teclados envolventes e uma ênfase absoluta na voz, trazendo influências do Pop progressivo e de um AOR mais fiel às suas origens. O repertório é muito bom, e as canções são todas bem melódicas e imersas. No final, é um trabalho incrível e o melhor de sua carreira solo.
Melhores Faixas: Space And Time, Sea Of Mercy, Battle Lines
Vale a Pena Ouvir: You're Not The Only One, Crime Of Passion, Hold Me Now
Arkangel – John Wetton
NOTA: 8,1/10
Três anos se passaram e foi lançado mais um disco de John Wetton, intitulado Arkangel. Após o Battle Lines, Wetton começou a excursionar com formações pequenas, em shows intimistas, e a reconstruir lentamente sua carreira solo. O sucesso do álbum anterior, especialmente no Japão, onde ele mantinha um público fiel, o encorajou a seguir compondo, mesmo enfrentando problemas com alcoolismo e um período de solidão acentuada. A produção, feita junto com Billy Liesegang, busca um som grandioso, mas cuidadosamente controlado: guitarras densas, teclados atmosféricos e vocais tratados com reverência, emoldurados por arranjos que oscilam entre o Rock progressivo e o AOR. O álbum soa “etéreo”, mas não frio. Há profundidade nos timbres e uma qualidade quase litúrgica nas harmonias vocais. O repertório é muito legal, e as canções são todas bem dinâmicas e com aquele lado sentimental. No geral, é um ótimo trabalho e bem consistente.
Melhores Faixas: Nothing Happens For Nothing, Arkangel, After All
Vale a Pena Ouvir: The Celtic Cross, Desperate Times, Emma
Então é isso e flw!!!



