terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                  

Kansas – Kansas





















NOTA: 9/10


Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética diferente. A banda havia sido formada um ano antes, na capital do estado do Kansas: Topeka, e era composta por Kerry Livgren (guitarra e teclados), Steve Walsh (teclados e vocalista principal), Rich Williams (guitarra), Robby Steinhardt (violino), Dave Hope (baixo) e Phil Ehart (bateria). Eles surgiram como uma aposta do Don Kirshner para ser uma banda de Rock progressivo bem mais variada, capaz de competir com nomes como Pink Floyd e Genesis. A produção, feita por Wally Gold, mantém o espírito cru, mas ao mesmo tempo exibe complexidade e ambição nas estruturas progressivas, com o violino do Robby sendo o centro enquanto o resto da instrumentação serve de sustentação para arranjos que mostram um lado bem cinematográfico. O repertório é incrível, e as canções são imersivas e energéticas. Enfim, é um belo disco de estreia e já mostrava um grande potencial. 

Melhores Faixas: Belexes, Apercu, Journey From Mariabronn 
Vale a Pena Ouvir: Can I Tell You, Death Of Mother Nature Suite, Lonely Wind

Song For America – Kansas





















NOTA: 9,4/10


No ano seguinte, foi lançado o 2º álbum do Kansas, o clássico Song for America. Após o álbum de estreia, Kerry Livgren já se mostrava, desde o início, como um compositor com inclinações filosóficas e espirituais, e, após esse primeiro trabalho, ampliou ainda mais sua ambição. O Kansas também passou a se entender melhor como unidade: Walsh se firmou como vocalista e tecladista expressivo, Steinhardt como uma força dramática com o violino, e a banda compreendeu que sua identidade real estava no equilíbrio entre o peso americano e o progressivo europeu. A produção, feita agora por Jeff Glixman e Wally Gold, é bem mais ampla: os instrumentos são melhor distribuídos no espaço sonoro, o violino ocupa um papel central com maior clareza, e as performances vocais recebem mais espaço para harmonia e contraponto. O repertório é maravilhoso, e as canções são profundas e dinâmicas. No final, é um baita disco e um dos melhores da banda. 

Melhores Faixas: Song For America, The Devil Game 
Vale a Pena Ouvir: Lamplight Symphony, Down The Road
  

                                                                           Então um abraço e flw!!!                

Analisando Discografias - Colin Bass

                  

An Outcast Of The Islands – Colin Bass





















NOTA: 1,6/10


Voltando para 1998, Colin Bass lançava seu 1º álbum solo, intitulado An Outcast of the Islands. Após o lançamento do Harbour of Tears com o Camel, Bass vinha cultivando um interesse crescente por músicas de outros países, Folk europeu, texturas acústicas e melodias intimistas. Ele sempre teve um senso melódico muito forte, algo perceptível mesmo em suas contribuições discretas no Camel, e sentia a necessidade de criar um álbum solo onde pudesse explorar sua própria voz emocional como compositor. A produção, feita obviamente por ele mesmo, trouxe aquela abordagem refinada e elegante, optando pela construção de arranjos orgânicos dominados por violões acústicos, teclados atmosféricos e percussão suave, colocando essas influências de Folk em um lado mais progressivo, só que tudo soa como uma colcha de retalhos de ideias descartadas. O repertório é péssimo, e as canções são bem fracas. No final, é um disco terrível e sem brilho. 

Melhores Faixas: (................................) 
Piores Faixas: Second Quartet, Aïssa, Burning Bridges, Holding Out My Hand, The Straits Of Malacca

At Wild End – Collin Bass





















NOTA: 1,5/10


Então se passam 17 anos, e Colin Bass lança seu 2º e último álbum solo até então, o At Wild End. Após o horrível An Outcast of the Islands, Bass seguiu desenvolvendo um estilo muito seu, centrado em melodias emocionais, arranjos acústicos e letras que frequentemente abordam deslocamento, memória, viagens e observações sensíveis sobre o mundo. Para esse trabalho, ele quis expandir esse conceito e trazer coisas novas (ou ideias jogadas, infelizmente). A produção, feita novamente por ele mesmo, seguiu uma linha acústica, orgânica e calorosa, com foco quase absoluto na naturalidade dos instrumentos. Violões, contrabaixo acústico ou elétrico suave, pianos, harmonias vocais e instrumentos Folk tradicionais pintam o cenário sonoro do disco, só que, novamente, tudo é bem previsível e até sonolento, já que não há muita mudança de ritmo. O repertório é horrível, e as canções são bem medíocres. Enfim, é um disco péssimo e que não faz jus ao seu talento. 

Melhores Faixas: (...................................) 
Piores Faixas: Up At Sheep's Bleat, Walking To Santiago, In Another Time Szegereli Eternal, Bubuka Bridge

   

Analisando Discografias - Pete Bardens: Parte 3

                   

Big Sky – Pete Bardens





















NOTA: 2,6/10


Em 1994, foi lançado o último álbum em vida do Pete Bardens, intitulado Big Sky. Após o Further Than You Know, ele já não buscava mais provar nada a ninguém, nem seguir tendências comerciais: sua música se tornara quase uma extensão espiritual (do mais chato possível). Com esse trabalho sendo mais introspectivo, havia um desejo evidente de unir sensibilidade melódica, paisagismo sonoro e uma atmosfera cinematográfica. A produção foi feita mais uma vez por ele mesmo, que construiu camadas, sequências, atmosferas e arranjos praticamente sozinho. Sua abordagem para esse álbum é extremamente cinematográfica, tentando juntar as influências do Rock progressivo com a New Age, só que, como sempre, as coisas são bem arrastadas e com conceitos de ideias bem previsíveis. O repertório é muito ruim, e as canções são bem chatas, com pequenas exceções. No geral, é um disco péssimo e que fechou a trajetória de sua carreira de forma apática. 

Melhores Faixas: On The Air Tonight, The Last Waltz 
Piores Faixas: You've Got It, For Old Times Sake, Gunblasters, On A Roll

 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Analisando Discografias - Pete Bardens: Parte 2

                 

Peter Bardens – Peter Bardens





















NOTA: 8,2/10


No ano seguinte, foi lançado seu 2º álbum de estúdio, autointitulado, que trouxe mudanças drásticas. Após o The Answer, Bardens começou a buscar um caminho musical mais autoral, menos dependente de convidados estrelados e com maior ênfase no que era chamado de rock progressivo. Assim, fez um álbum que deixa clara sua busca por uma identidade mais madura, menos psicodélica e mais centrada em groove, atmosfera e composição. A produção, novamente feita por ele próprio, utilizou gravação analógica, guitarras limpas porém encorpadas, órgão Hammond denso, bateria com punch e um baixo grave e bem presente. O resultado é um disco com forte caráter de jam, porém sempre direcionado pela composição. O repertório é muito bom e as canções têm um lado mais variado. Enfim, é um ótimo disco que mostrou uma renovação. 

Melhores Faixas: My House, Down So Long 
Vale a Pena Ouvir: Tear Down The Wall, Simple Song

Heart To Heart – Pete Bardens





















NOTA: 8/10


Aí se passou bastante tempo e foi só em 1979 que ele lançou mais um álbum solo, o Heart to Heart. Após o álbum de 1971, Pete Bardens acabou entrando para o Camel, onde ficou por sete anos, até sair por divergências com Andrew Latimer. Com isso, decidiu voltar à sua carreira solo fazendo um som mais acessível, urbano e moderno. Ele abandona a estética progressiva mais expansiva e abraça influências de Soft Rock e até elementos discretos de Jazz Fusion. A produção, feita como sempre por ele mesmo, vai para um direcionamento mais limpo, mais linear e com menor dependência de longos arranjos progressivos. Bardens passa a trabalhar mais intensamente com os sintetizadores polifônicos da época; as guitarras têm um suporte mais melódico, e o baixo e a bateria seguem um lado mais sustentável. O repertório é muito bom, e as canções são bem envolventes e melódicas. No geral, é um disco interessante e com uma ótima temática. 

Melhores Faixas: Doing The Crab, Slow Motion 
Vale a Pena Ouvir: Heart To Heart, Raining All Over The World

Seen One Earth – Pete Bardens





















NOTA: 8/10


Pulando para 1987, Pete Bardens retorna com mais um disco novo, o Seen One Earth. Após o Heart to Heart, ele se afastou temporariamente dos holofotes, envolveu-se com pequenos projetos paralelos e começou a absorver as novas possibilidades eletrônicas da década de 80. Decidiu então fazer seu primeiro álbum inteiramente mergulhado em sonoridades eletrônicas modernas, unindo elementos de Rock progressivo, paisagens espaciais, New Age e música ambiente. A produção foi fortemente baseada em teclados digitais, sintetizadores analógicos tardios ainda em uso na época, samplers e máquinas de ritmo. Bardens explora pads extensos, texturas brilhantes, sequências eletrônicas complexas e efeitos de profundidade, usando tons quentes, harmonias suaves e uma abordagem emotiva que contrasta com a estética futurista. O repertório é muito legal, e as canções são todas cheias de dinâmica. Enfim, é um disco interessante e que vale a pena apreciar. 

Melhores Faixas: Seen One Earth, The Stargate 
Vale a Pena Ouvir: In Dreams, Man Alive

Speed Of Light – Pete Bardens





















NOTA: 3/10


Aí mais um ano se passou, e foi lançado mais um trabalho do Pete Bardens, o Speed of Light. Após o Seen One Earth, Bardens percebeu que havia um novo público interessado no tipo de paisagem emocional e futurista que ele era capaz de construir com os sintetizadores. O músico, já um veterano de enorme sensibilidade melódica, entrou em 1988 com ainda mais domínio das tecnologias digitais que agora estavam fortemente estabelecidas no mercado. A produção foi ainda mais ampla e totalmente imersa no universo digital dos anos 80. O álbum se destaca pela clareza cristalina dos sintetizadores, pelo uso profundo de reverbs espaciais, delays longos que dão sensação de movimento e pelo equilíbrio entre batidas eletrônicas e atmosferas ambientais, só que o problema é que muita coisa é arrastada e bem repetitiva. O repertório é bem fraco, com poucas canções boas e o resto é bem chato. Enfim, é um disco ruim e bem esquecível. 

Melhores Faixas: Whisper In The Wind, Gold, Heartland 
Piores Faixas: Black Elk, Speed Of Light, Columbine, This Could Be Paradise

Water Colors – Pete Bardens





















NOTA: 2,5/10


Passam-se dois anos e foi lançado mais um trabalho solo do Pete Bardens, o também fraquíssimo Water Colors. Após o Speed of Light, Bardens se dedicava à construção de paisagens sonoras voltadas a ambientes interiores: músicas que se prestam tanto à contemplação quanto a pequenos fluxos narrativos instrumentais, sempre amparadas por uma sensibilidade melódica muito própria. A produção foi bem mais cinematográfica, com foco evidente na criação de atmosferas: Bardens trabalha com trilhas que se expandem lentamente, utiliza repetições rítmicas, arpejos cintilantes e texturas que parecem se mover como ondas, o que dá essa vibe meio aquática, pena que tudo é bem repetitivo e falta muita imersão nas variações rítmicas. O repertório é muito ruim, e as canções são bem fraquinhas, com poucas se salvando. No fim, é mais um trabalho péssimo e cansativo. 

Melhores Faixas: A Higher Ground, Timepiece 
Piores Faixas: Ghostwater, De Profundis, Journey, Shape Of The Rain

Further Than You Know – Pete Bardens





















NOTA: 3/10


Mais um intervalo de dois anos se passa, e ele lança mais um disco, intitulado Further Than You Know. Após o Water Colors, Pete Bardens continuava nessa busca artística mais espiritualizada, refletida em discos que soam como meditações musicais. Com isso, ele decidiu fazer um disco que recuperasse um pouco da sonoridade que havia explorado lá na época do Heart to Heart, com aquelas influências mais Pop. A produção foi aquela de sempre, com uso de sintetizadores suaves, teclados atmosféricos, linhas melódicas limpas e camadas texturais cuidadosamente sobrepostas. O uso de reverberação é amplo, só que bem ajustado, e aqui temos muitas influências que lembram Yacht Rock e até algumas referências ao emergente Downtempo, só que muita coisa acaba sendo bem previsível e muito arrastada. O repertório, novamente, é fraco, com canções genéricas e poucas realmente interessantes. Em suma, é outro disco ruim e que mostrava sua decadência. 

Melhores Faixas: Sea Of Dreams, This Could Be Like Heaven, Sometime 
Piores Faixas: Rain Talk, Bad Boy (Redemption Song), Real Time, Further Than You Know


                     Bom é isso e flw!!!       

domingo, 30 de novembro de 2025

Analisando Discografias - Pete Bardens: Parte 1

                    

The Answer – Peter Bardens





















NOTA: 9/10



Em 1970, Pete Bardens lançava seu álbum de estreia intitulado The Answer, que trazia uma sonoridade psicodélica. Sua trajetória antes de entrar para o Camel mostrava que ele já tinha certo nome na cena britânica, tendo tocado com o Shotgun Express (ao lado de Rod Stewart e Peter Green), participado da cena de Blues britânico e se conectado com nomes que mais tarde definiriam o Rock progressivo. Com isso, ele decidiu fazer um álbum que fosse um híbrido do que a grande mídia focava, contando com músicos como Peter Green, do Fleetwood Mac, e Andy Gee. A produção, feita por ele mesmo, foi concebida num clima quase informal, mais próxima de uma jam expandida do que de uma obra cuidadosamente arquitetada. Prioriza órgão Hammond, pianos elétricos, guitarras com timbres macios e uma percussão rica, ocasionalmente quase tribal. O repertório é muito bom, e as canções são energéticas e fluidas. No geral, é um ótimo trabalho que já mostrava sua versatilidade. 

Melhores Faixas: The Answer, Let's Get It On 
Vale a Pena Ouvir: Homage To The God Of Light, I Can't Remember
 

    É isso, então flw!!!       

Analisando Discografias - Camel: Parte 3

                 

Dust And Dreams – Camel





















NOTA: 8,3/10


Aí chega nos anos 90, e o Camel retorna com mais um novo disco, o Dust and Dreams. Após o Stationary Traveller, Andrew Latimer decidiu retomar o Camel de forma mais independente, fundando o selo Camel Productions em parceria com Susan Hoover. Agora, com uma formação em que ele assumia a maioria dos instrumentos junto com Colin Bass (baixo), Ton Scherpenzeel (teclados) e Paul Burgess (bateria), decidiu fazer mais um trabalho conceitual sobre a obra As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, um clássico sobre a Grande Depressão e o êxodo de famílias do interior rumo à Califórnia. A produção, feita obviamente por Latimer, privilegia espaço, paisagens sonoras e continuidade temática. Há o uso de synth pads, guitarras limpas com delay, camadas discretas de orquestração sintética e trechos acústicos. O repertório é muito bom, e as canções são bem atmosféricas, trazendo aquele lado imersivo. Enfim, é um ótimo disco e foi um retorno decente. 

Melhores Faixas: End Of The Line, Mother Road 
Vale a Pena Ouvir: Go West, Hopeless Anger, Milk N' Honey

Harbour Of Tears – Camel





















NOTA: 5/10


Cinco anos depois, foi lançado 12º álbum de estúdio do Camel, o Harbour Of Tears. Após o Dust And Dreams, Andrew Latimer e Susan Hoover começaram a trabalhar num novo conceito, desta vez ligado às origens familiares de Latimer. Seu avô materno era irlandês, natural de County Cork. Em pesquisas sobre a história da região, ele descobriu os relatos profundos e dolorosos do Porto de Cobh, último ponto de partida de muitos irlandeses que emigravam para a América. Agora com a presença do tecladista Mickey Simmonds partiram para mais um disco. Produção foi aquela de sempre, mas agora com um forte revestimento celta e um trabalho de texturas ainda mais refinado. A produção é extremamente atmosférica e construída com uma delicadeza grandiosa, o problema é que muita coisa fica bem arrastado e faltando mais variação. O repertório é irregular, tem canções legais e outras bem chatinhas. No fim, é um disco mediano e que faltou mais imersão. 

Melhores Faixas: Eyes Of Ireland, Send Home The Slates, Coming Of Age, Under The Moon
Piores Faixas: End Of The Day, Cóbh, Generations, Irish Air

Rajaz – Camel





















NOTA: 9,5/10


Três anos se passam, e foi lançado mais um trabalho novo do Camel, o maravilhoso Rajaz. Após o Harbour of Tears, a banda havia colocado Dave Stewart na bateria e o tecladista Ton Scherpenzeel retornou. Latimer desejava fazer um trabalho com um conceito mais abstrato e universal. Durante suas leituras, encontrou o termo ‘rajaz’, ligado à tradição dos povos do deserto. Em árabe, rajaz refere-se a um ritmo de poesia entoado pelos beduínos para acompanhar o balançar dos camelos ao atravessar longas caravanas no deserto. A produção, feita como sempre por Latimer, é cristalina e extremamente sensível. O foco é a guitarra do Andrew Latimer, que aqui assume uma expressividade épica, quase narrativa, com uma base em escalas orientais, ritmos repetitivos e hipnóticos, uso de percussões sutis e uma atmosfera desértica e contemplativa. O repertório é incrível, e as canções são profundas e melódicas. Enfim, é um belo disco e aqui as coisas funcionaram. 

Melhores Faixas: Lost And Found, Shout, Rajaz, Sahara 
Vale a Pena Ouvir: Straight To My Heart, Lawrence

A Nod And A Wink – Camel




















NOTA: 8,7/10


Então chegamos a 2002, quando foi lançado o último álbum de estúdio do Camel, A Nod and a Wink. Após o Rajaz, Andrew Latimer entrou em um período de profunda reflexão pessoal. Nos anos seguintes, porém, Latimer enfrentou uma perda irreparável: a morte de seu amigo de longa data e cofundador da banda, Peter Bardens, em janeiro de 2002. Esse trabalho serviria como uma homenagem ao seu companheiro e, junto do baixista Colin Bass e dos novos integrantes Guy LeBlanc (teclados) e Denis Clement (bateria), partiram para fazer esse projeto. A produção, feita como sempre por Latimer, mantém a estética cristalina dos discos dos anos 90, mas com uma atmosfera mais suave, pastoral e acústica, com influências de Rock progressivo e Folk Rock presentes. O repertório é muito bom, e as canções são bastante intimistas. Enfim, é um ótimo e honroso disco de despedida, mesmo que a banda ainda continua fazendo alguns shows. 

Melhores Faixas: A Boy's Life, For Today 
Vale a Pena Ouvir: Fox Hill, Simple Pleasures

          

sábado, 29 de novembro de 2025

Analisando Discografias - Camel: Parte 2

                 

Breathless – Camel





















NOTA: 8,8/10


Mais um ano se passou, e o Camel retorna com mais um lançamento: Breathless, que trouxe uma mudança importante. Após o Rain Dances, ocorreram várias divergências criativas entre Andrew Latimer e Peter Bardens, que começaram a se intensificar ao longo das gravações. A banda estava exaurida por turnês, mudanças sonoras e transições de identidade, e isso se traduz intensamente no caráter múltiplo e às vezes disperso do disco, até porque a Decca Records pediu que eles seguissem para um caminho mais Pop. A produção, conduzida pela banda junto com Mick Glossop, apresenta um som limpo e voltado ao detalhamento das camadas instrumentais. A ênfase recai menos em atmosferas densas e mais na precisão: guitarras cristalinas do Latimer, teclados elétricos e brilhantes do Bardens, baixo fluido do Sinclair e a bateria sólida do Andy Ward. O repertório é muito bom, e as canções são melódicas e envolventes. Enfim, é um disco bacana e bem coeso. 

Melhores Faixas: Wing And A Prayer, The Sleeper 
Vale a Pena Ouvir: Down On The Farm, Summer Lightning (mandaram bem fazendo Euro-Disco), Echoes

I Can See Your House From Here – Camel





















NOTA: 7,2/10


Chegando ao final dos anos 70, o Camel lançava seu 7º álbum de estúdio, o I Can See Your House From Here. Após o Breathless, Peter Bardens, cofundador, tecladista e grande arquiteto das paisagens sonoras da banda, acabou sendo demitido pelos vários conflitos com Andrew Latimer, e com isso entraram dois tecladistas, Kit Watkins e Jan Schelhaas. O baixista Richard Sinclair também saiu e entrou Colin Bass, e a banda continuava pressionada pela gravadora. A produção, feita por Rupert Hine, apresenta uma sonoridade mais moderna, brilhante e eletrônica, já que a combinação entre Watkins e Schelhaas gera camadas densas com seus inúmeros sintetizadores, combinadas com as guitarras limpas e expressivas de Latimer, sendo basicamente uma junção do Rock progressivo com um lado bem mais Pop Rock. O repertório é bom, com canções legais, mas tem duas bem medíocres. Enfim, é um disco interessante apesar de suas falhas. 

Melhores Faixas: Who We Are, Ice, Wait 
Piores Faixas: Remote Romance, Survival

Nude – Camel





















NOTA: 9,2/10


Dois anos se passaram e, já estando nos anos 80, a banda retorna lançando mais um disco, o Nude. Após o I Can See Your House From Here, os dois tecladistas Kit Watkins e Jan Schelhaas acabaram saindo, e quem assumiu os teclados foi Duncan Mackay. Para esse trabalho, Andrew Latimer decidiu voltar a fazer um álbum conceitual inspirado no soldado japonês Hiroo Onoda, que permaneceu escondido por décadas acreditando ainda estar em guerra, uma narrativa carregada de solidão, dever, deslocamento e tragédia, sendo que a única mudança foi a troca de seu nome. A produção, feita pela banda junto com Haydn Bendall, trouxe uma sonoridade mais límpida e com forte presença de sintetizadores característicos do início dos anos 80. Aqui temos uma sonoridade mais orientada para o lado orquestral, remetendo aos velhos tempos da banda. O repertório, em sua maioria instrumental, é muito bom e apresenta canções imersivas. No fim, é um belo disco e bem amarrado. 

Melhores Faixas: City Life, Changing Places, Captured, Lies, Reflections 
Vale a Pena Ouvir: The Last Farewell, Beached, Drafted

The Single Factor – Camel





















NOTA: 2,5/10


Então, no ano seguinte, chega mais um disco do Camel, o fraquíssimo The Single Factor, em um momento bem conturbado. Após o Nude, a crise de saúde mental e física do Andy Ward, que já ameaçava a estabilidade da banda desde o final da década de 70, chegou a um ponto insustentável, e Colin Bass também saiu. Com tudo isso, a gravadora Decca pressionava Andrew Latimer a fazer um álbum mais comercial, e ele decidiu realizar esse projeto que consistia nele mais alguns convidados. A produção foi a mesma, mas o som ficou mais polido, típico do início dos anos 80, com sintetizadores brilhantes, guitarras mais diretas e menos textura progressiva. A combinação de bateria eletrônica e acústica reforça a estética contemporânea, transitando entre o AOR e o Soft Rock, mas tudo é bem pasteurizado e com uma série de clichês previsíveis. O repertório é muito ruim, tendo poucas canções interessantes e outras terríveis. No geral, é um disco péssimo e que foi um fiasco. 

Melhores Faixas: Heroes, Camelogue 
Piores Faixas: Selva, Today's Goodbye, End Peace, You Are The One

Stationary Traveller – Camel





















NOTA: 8,8/10


Então, em 1984, foi lançado o 10º álbum de estúdio do Camel, o Stationary Traveller. Após o péssimo The Single Factor, a banda parecia à beira do fim. Andrew Latimer era, na prática, o único membro fixo remanescente e contava apenas com convidados, embora ainda se mantivessem o tecladista Ton Scherpenzeel e o baterista Paul Burgess. Latimer, agora junto de sua esposa, decidiu fazer um álbum conceitual, desta vez de caráter mais político e humano, inspirado no contexto da Guerra Fria e no drama dos refugiados da Alemanha Oriental que tentavam atravessar o Muro de Berlim. A produção, feita inteiramente por Latimer, incorporou sintetizadores brilhantes, texturas densas e bateria com pegada Pop Rock, mas ainda assim com dinâmica, enquanto as guitarras, expressivas e limpas, contribuíam para a sonoridade progressiva. O repertório é muito bom, com canções profundas e melódicas. Em suma, é um ótimo trabalho e que parecia uma despedida decente. 
Melhores Faixas: Refugee, West Berlin, Stationary Traveller 
Vale a Pena Ouvir: Long Goodbyes, Vopos, Missing

     Por hoje é só, então flw!!!     

Analisando Discografias - Kansas: Parte 1

                   Kansas – Kansas NOTA: 9/10 Indo para 1974, o Kansas lançava seu álbum de estreia autointitulado, que trazia uma estética ...