Dust And Dreams – Camel
NOTA: 8,3/10
Aí chega nos anos 90, e o Camel retorna com mais um novo disco, o Dust and Dreams. Após o Stationary Traveller, Andrew Latimer decidiu retomar o Camel de forma mais independente, fundando o selo Camel Productions em parceria com Susan Hoover. Agora, com uma formação em que ele assumia a maioria dos instrumentos junto com Colin Bass (baixo), Ton Scherpenzeel (teclados) e Paul Burgess (bateria), decidiu fazer mais um trabalho conceitual sobre a obra As Vinhas da Ira, de John Steinbeck, um clássico sobre a Grande Depressão e o êxodo de famílias do interior rumo à Califórnia. A produção, feita obviamente por Latimer, privilegia espaço, paisagens sonoras e continuidade temática. Há o uso de synth pads, guitarras limpas com delay, camadas discretas de orquestração sintética e trechos acústicos. O repertório é muito bom, e as canções são bem atmosféricas, trazendo aquele lado imersivo. Enfim, é um ótimo disco e foi um retorno decente.
Melhores Faixas: End Of The Line, Mother Road
Vale a Pena Ouvir: Go West, Hopeless Anger, Milk N' Honey
Harbour Of Tears – Camel
NOTA: 5/10
Cinco anos depois, foi lançado 12º álbum de estúdio do Camel, o Harbour Of Tears. Após o Dust And Dreams, Andrew Latimer e Susan Hoover começaram a trabalhar num novo conceito, desta vez ligado às origens familiares de Latimer. Seu avô materno era irlandês, natural de County Cork. Em pesquisas sobre a história da região, ele descobriu os relatos profundos e dolorosos do Porto de Cobh, último ponto de partida de muitos irlandeses que emigravam para a América. Agora com a presença do tecladista Mickey Simmonds partiram para mais um disco. Produção foi aquela de sempre, mas agora com um forte revestimento celta e um trabalho de texturas ainda mais refinado. A produção é extremamente atmosférica e construída com uma delicadeza grandiosa, o problema é que muita coisa fica bem arrastado e faltando mais variação. O repertório é irregular, tem canções legais e outras bem chatinhas. No fim, é um disco mediano e que faltou mais imersão.
Melhores Faixas: Eyes Of Ireland, Send Home The Slates, Coming Of Age, Under The Moon
Piores Faixas: End Of The Day, Cóbh, Generations, Irish Air
Rajaz – Camel
NOTA: 9,5/10
Três anos se passam, e foi lançado mais um trabalho novo do Camel, o maravilhoso Rajaz. Após o Harbour of Tears, a banda havia colocado Dave Stewart na bateria e o tecladista Ton Scherpenzeel retornou. Latimer desejava fazer um trabalho com um conceito mais abstrato e universal. Durante suas leituras, encontrou o termo ‘rajaz’, ligado à tradição dos povos do deserto. Em árabe, rajaz refere-se a um ritmo de poesia entoado pelos beduínos para acompanhar o balançar dos camelos ao atravessar longas caravanas no deserto. A produção, feita como sempre por Latimer, é cristalina e extremamente sensível. O foco é a guitarra do Andrew Latimer, que aqui assume uma expressividade épica, quase narrativa, com uma base em escalas orientais, ritmos repetitivos e hipnóticos, uso de percussões sutis e uma atmosfera desértica e contemplativa. O repertório é incrível, e as canções são profundas e melódicas. Enfim, é um belo disco e aqui as coisas funcionaram.
Melhores Faixas: Lost And Found, Shout, Rajaz, Sahara
Vale a Pena Ouvir: Straight To My Heart, Lawrence
A Nod And A Wink – Camel
NOTA: 8,7/10
Então chegamos a 2002, quando foi lançado o último álbum de estúdio do Camel, A Nod and a Wink. Após o Rajaz, Andrew Latimer entrou em um período de profunda reflexão pessoal. Nos anos seguintes, porém, Latimer enfrentou uma perda irreparável: a morte de seu amigo de longa data e cofundador da banda, Peter Bardens, em janeiro de 2002. Esse trabalho serviria como uma homenagem ao seu companheiro e, junto do baixista Colin Bass e dos novos integrantes Guy LeBlanc (teclados) e Denis Clement (bateria), partiram para fazer esse projeto. A produção, feita como sempre por Latimer, mantém a estética cristalina dos discos dos anos 90, mas com uma atmosfera mais suave, pastoral e acústica, com influências de Rock progressivo e Folk Rock presentes. O repertório é muito bom, e as canções são bastante intimistas. Enfim, é um ótimo e honroso disco de despedida, mesmo que a banda ainda continua fazendo alguns shows.
Melhores Faixas: A Boy's Life, For Today
Vale a Pena Ouvir: Fox Hill, Simple Pleasures