terça-feira, 20 de agosto de 2024

Analisando Discografias - Nirvana e Bob Marley & The Wailers (RA: XVI)

      

In Utero – Nirvana





















NOTA: 9,9/10


Após um período cheio de sucesso, mas já tendo se passado 2 anos e nada de um novo trabalho, é enfim lançado mais um álbum, o clássico In Utero. Antes mesmo de ser lançado, esse disco já trazia uma banda que estava num estrelato absurdo, com Kurt Cobain se tornando um porta-voz daquela geração. No entanto, sua vida pessoal já estava bastante delicada, lutando contra problemas de saúde mental e seu vício em drogas. Quando o Nirvana finalmente foi gravar seu terceiro álbum, ele acabou sendo gravado em apenas 2 semanas, incluindo sua mixagem. Desta vez, o disco foi produzido por Steve Albini, uma escolha do próprio Kurt para trazer uma sonoridade mais crua e própria, voltando às raízes mais punk da banda. É claro que o disco inteiro basicamente abrange tudo o que o vocalista estava passando, e isso se reflete em várias canções deste repertório maravilhoso, como o clássico Heart-Shaped Box, Serve The Servants, Dumb, Pennyroyal Tea e All Apologies. Mesmo após um grande sucesso deste disco, shows lotados e um MTV Unplugged memorável, infelizmente, em abril de 1994, Kurt Cobain foi encontrado morto em sua casa, após ter tirado sua própria vida com um tiro de espingarda na cabeça. Isso, entre outros fatores, declarou o fim do movimento Grunge. Mas apesar disso, é um álbum maravilhoso que, infelizmente, encerra muito bem a história da banda.

The Wailing Wailers – Bob Marley & The Wailers 





















NOTA: 4,2/10


Em 1965, foi lançado o primeiro álbum da carreira de Bob Marley & The Wailers, que na época era chamado de The Wailing Wailers e tinha um título autointitulado. A banda começou como um trio composto pela futura lenda Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer, originários da cidade de Kingston, na Jamaica. Depois de lançarem alguns singles, eles foram gravar este álbum em uma das gravadoras jamaicanas mais renomadas, a Studio One, com uma produção que capturou arranjos mais simples. No entanto, a verdade é que o trabalho da produção ficou bastante defasado e a mixagem das músicas é totalmente abafada. A sonoridade inteira deste álbum é muito mais focada no Ska, com um som quase sendo um Rockabilly. O repertório está cheio de canções ainda mal executadas, mas também inclui outras canções que estão muito mais prontas e à frente das outras, como What’s New Pussycat?, Love and Affection e a primeira versão da música One Love, que tinha um som nada parecido com a versão mais popular e conhecida de um disco que veio muito tempo depois. Mesmo que este álbum tenha marcado o começo da trajetória lendária daquele trio e também tenha sido um marco da música jamaicana, ele mostra bastante suas irregularidades. Mostrando assim, um disco de estreia bem ruim, mas essa situação poderia ser recuperada em trabalhos futuros.

Soul Rebels - Bob Marley & The Wailers 





















NOTA: 7/10


Cinco anos depois, chega o segundo álbum do trio que, após a divulgação do disco anterior, conseguiu novamente se tornar uma banda, e dessa vez com o nome apenas de The Wailers. Depois de várias tretas que tiveram com seu antigo produtor, eles acabaram vazando de sua antiga gravadora e demoraram para encontrar uma nova gravadora para produzir seu novo disco. Acabaram encontrando um super produtor que era Lee "Scratch" Perry e que trouxe uma sonoridade mais experimental e própria da banda, fazendo assim com que Bob Marley e sua banda deixassem de lado as influências de Ska e fossem para o Reggae que conhecemos bem. As letras agora tratavam não só de canções sobre amor, mas também falavam mais sobre questões sociais e espirituais. Um dos maiores defeitos desse álbum foram os erros em suas mixagens e as canções que têm letras fora do ritmo, como My Cup e No Water. No entanto, outras canções foram agraciadas com ótimos arranjos e são bastante hipnotizantes, como as maravilhosas It’s Alright e 400 Years, e por que não mencionar a faixa-título, que também é muito boa. Após um começo bastante abaixo, esse disco acertou muito mais e corrigiu alguns defeitos do seu antecessor.

Soul Revolution Part II - Bob Marley & The Wailers





















NOTA: 8,6/10


Em pouco tempo, mais um álbum é lançado, o Soul Revolution Part II, que também é conhecido apenas como Soul Revolution, sendo quase uma continuação do último trabalho da banda. Novamente, eles foram gravar com o produtor Lee "Scratch" Perry, que mais uma vez não fez feio e evoluiu ainda mais a sonoridade da banda, mostrando mais influências em seu som. O repertório está cheio de músicas boas dessa vez, eles não erram em nada em seus arranjos, dando uma identidade um pouco mais melódica. Cada canção é um verdadeiro grito pelas questões que são mostradas em suas letras, como Keep On Moving, Kaya e Sun Is Shining, sem contar que incluíram uma 4ª versão de Duppy Conqueror, só que desta vez ela tem um clima alternando entre instrumental e os vocais de Marley, Tosh e Wailer. Enfim, isso mostrou que esse foi o trabalho mais profissional da banda, trazendo bastante inovação para outras bandas que iriam surgir e mostrando uma leveza em seu som. Pena que este foi o último trabalho com o produtor que fez eles melhorarem muito. Sendo assim, um baita disco e essencial para quem é fã do gênero jamaicano.

The Best Of The Wailers - Bob Marley & The Wailers 





















NOTA: 7,2/10


No mesmo ano do Soul Revolution, foi lançado o The Best Of The Wailers. Antes de você reclamar assim: "Pô, tu tá ouvindo coletânea, pra que você tá fazendo isso?" Primeiro, apesar do título, não é uma coletânea, tanto que as pessoas até hoje confundem. E segundo, é um disco cheio de coisas inéditas. Por que esse álbum foi gravado antes mesmo do 2º e 3º álbum, sendo que ele foi produzido por Leslie Kong e lançado pelo selo da Beverley’s e há de se notar uma sonoridade novamente mais simples e cheia de problemas que só foram corrigidos nos trabalhos seguintes. Tendo um repertório bastante interessante, com canções muito boas que não são muito lembradas, como Stop The Train e Can’t You See, tirando também algumas canções ruins, principalmente as antepenúltimas, que quase encerram o disco de forma ruim, mas é salvo pela brilhante música Do It Twice. Um fato curioso é que uma semana após o seu lançamento, o produtor Leslie Kong acabou morrendo vítima de um ataque cardíaco, e após isso, a gravadora acabou fechando. Enfim, apesar de ter tido canções interessantes e com letras profundas, é um disco até legal, mas é bastante confuso.

Burnin’ - Bob Marley & The Wailers 




















NOTA: 9,5/10


Após o grande sucesso do Catch a Fire, tanto na Jamaica quanto internacionalmente, foi lançado outro álbum sensacional o Burnin’. Este chegou numa época que já vinha de bastante conflitos entre os membros da banda, o que ocasionou numa futura bomba que viria após o lançamento, mas isso fica para depois. Mais uma vez, a produção ficou com Chris Blackwell, que continuou explorando ainda mais a qualidade sonora da banda e trazendo um som ainda mais cru e próprio, realmente um trabalho muito bem feito pelo fundador da Island Records. Tendo um repertório mais uma vez muito bem ordenado e recheado de músicas boas, com letras tendo muito mais críticas sociais e políticas, como Get Up, Stand Up, I Shot the Sheriff, Put It On e Small Axe, que inicialmente era tratada como uma colaboração de Bob Marley com o antigo produtor Scratch, só que com o tempo passou a ser apenas creditada para Bob Marley, e sua letra demonstra a luta constante por liberdade do povo jamaicano por justiça e liberdade. Também há mais uma versão de Duppy Conqueror, tendo uma sonoridade mais técnica, que é praticamente perceptível nas guitarras de Peter Tosh. Em suma, é um disco maravilhoso que seguiu a mesma fórmula do anterior, sendo memorável e mais um clássico de Bob Marley & The Wailers.

Natty Dread – Bob Marley & The Wailers 





















NOTA: 9,2/10


Em pouco tempo, é lançado mais um álbum da banda, só que agora de vez com o nome de Bob Marley & The Wailers. Lembra que eu falei que nas gravações do Burnin’ os membros da banda estavam sempre brigando e que após o lançamento desse disco uma bomba iria estourar? Pois então, ela estourou, pois Peter Tosh e Bunny Wailer acabaram saindo da banda, e ambos, com o tempo, acabaram reclamando que o motivo de suas saídas se devia às atitudes do produtor Chris Blackwell. Mesmo após isso, Bob Marley não se abateu e decidiu continuar com a banda, mantendo os membros remanescentes, como, por exemplo os irmãos Aston e Carlton Barrett. A produção não só continuou com o mesmo produtor, mas também teve muita contribuição da banda inteira, que trouxe mais influência de Roots Reggae, um subgênero que abordava letras mais focadas no cotidiano, mantendo a mesma profundidade. Isso foi um acerto e tanto para várias canções, como No Woman No Cry, Them Belly Full (But We Hungry) e Talkin’ Blues, e outras menos lembradas que abordam a devoção de Marley ao Rastafari, como Lively Up Yourself e a faixa-título. Sendo assim, mais um ótimo disco, marcando uma nova fase na carreira de Bob Marley e, claro, não é um trabalho a ser tratado como obra-prima.

Rastaman Vibration – Bob Marley & The Wailers 





















NOTA: 9,4/10


Esse álbum aqui é ainda mais acima da média que o anterior, pois trouxe muito mais das crenças espirituais que Marley tinha, o que influenciou bastante nas sessões desse disco. Todo o som dele tem mais implementação de guitarras mais skanking (que se fala assim devido a estar associado com o gênero Ska, que traz um som mais animado e dançante), e o baixo e a bateria têm muito mais técnica e poder, o que resultou em arranjos muito bem feitos. Tudo isso foi produzido e mixado por eles mesmos, tendo letras ainda muito mais políticas e sociais. Isso foi um fator essencial para o álbum posterior, mas isso fica para depois. Bom, enfim, o jeito que esse disco começa com as canções Positive Vibration e Roots, Rock, Reggae é algo que não só te deixa ‘‘chapado’’, mas também te faz ficar hipnotizado. Ainda é incorporado no Who The Cap Fit e Rat Race, sendo que há uma canção aqui que é War, inspirada num discurso do ex-imperador da Etiópia, Haile Selassie, perante a ONU em 1963, e que transformou ela numa música perfeita e cheia de detalhes. Tudo isso mostrou um álbum ainda mais memorável, que mostrou a essência do movimento Rastafari e que envelheceu muito bem.

Exodus – Bob Marley & The Wailers  





















NOTA: 10/10


E aí chegamos a outro disco atemporal, o Exodus, que surgiu numa época bastante conturbada para o cantor jamaicano. Bob Marley estava enfrentando pressões políticas em seu país e havia sofrido uma tentativa de assassinato dias antes do Smile Jamaica Concert, quando sete homens armados invadiram sua casa e atiraram em sua esposa, em seu empresário e no funcionário da banda, além dele próprio, que levou dois tiros, um passou de raspão e outro acertou seu braço, mas felizmente ele sobreviveu. Após isso, ele deixou a Jamaica e se exilou com sua banda em Londres, onde gravaram essa maravilha. Este álbum trouxe, como eu já havia mencionado, uma sonoridade inspirada no Rastaman Revolution, trazendo uma vibe muito mais política. O disco é dividido em uma primeira metade abordando política religiosa e uma segunda metade focada em amor, positividade e igualdade. O repertório mais uma vez é maravilhoso, parecendo uma coletânea recheada de canções maravilhosas como os hits Three Little Birds, One Love/People Get Ready e Jamming, e também outras músicas que complementam tudo o que é abordado, como a faixa-título, Guiltiness, Waiting In Vain, que traz uma abordagem muito mais de decepção amorosa misturada com tensões de incertezas políticas. Sério, todas as faixas são cuidadosamente trabalhadas nos mínimos detalhes. Sendo assim, um dos melhores discos de todos os tempos, trazendo um auge na carreira de Bob Marley.

Kaya – Bob Marley & The Wailers 





















NOTA: 8,6/10


Depois do Exodus, chegou o décimo álbum de estúdio da banda, que veio cheio de grandes expectativas comparado ao seu antecessor. No entanto, ele chegou em uma época de bastante incertezas na vida de Marley. Há de se notar as influências introduzidas nesse disco, como a sua paixão pela erva que vocês sabem muito bem de qual estou falando. Novamente, esse disco foi gravado em Londres, no mesmo estúdio da Island Records, trazendo um som mais experimental e arranjos muito mais animados. No entanto, isso acabou fugindo demais da proposta apresentada desde o penúltimo álbum, e tendo algumas canções em seu repertório que não condizem com as outras, como no caso de Crisis e Time Will Tell, que encerram esse disco de forma bem abaixo. Nem mesmo Running Away, que está no meio dessas duas, conseguiu salvar alguma coisa. No entanto, é claro que isso não desmerece o início, que chega a ser até melhor que o do anterior, com Easy Skanking, a própria faixa-título e um dos maiores hits da carreira inteira de Bob Marley, a clássica Is This Love. Esse repertório inclusive também contém algumas novas versões de músicas do Soul Revolution Part II. Apesar de já mostrar um pequeno retrocesso, é um álbum que não deixa de ser muito legal.

Então é isso e flw!!!

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