domingo, 8 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Bon Jovi e Marvin Gaye (RA: XXVIII)

                

Burning Bridges – Bon Jovi





















NOTA: 1/10


E logo vem mais um álbum novo do Bon Jovi que, novamente, segue a mesma cartilha ridicula do seu antecessor. Como eu tinha dito, o último trabalho acabou sendo decisivo nas internas da banda, pois o Richie Sambora acabou saindo e decidiu focar na sua carreira solo. Até mesmo o Desmond Child acabou deixando a banda depois de bastante tempo ajudando na composição. Além disso, a gravadora Mercury Records, com a qual a banda tinha uma longa parceria, avisou que não iria renovar o contrato com eles, mas o Bon Jovi estava devendo um disco para eles. Então eles foram para o estúdio novamente trabalhar com o mesmo produtor, mas não foram gravar material novo. Eles acabaram pegando um monte de músicas terríveis que não haviam sido lançadas nos álbuns anteriores e colocaram neste disco. O Jon Bon Jovi deu alguns esboços que ele não iria aproveitar e tentou deixar os arranjos de uma forma coesa. Quando ele foi entregar o álbum para a gravadora, eles acabaram percebendo que nem precisavam gastar dinheiro para fazer a capa, então ficou essa coisa horrorosa (que eu tenho umas 90 definições do que é isso). Falando sobre o repertório, ele é igual ao do disco anterior: péssimo, com muitas canções ridículas como A Teardrop To The Sea, We Don’t Run, Blind Love, Who Would You Die For e Life Is Beautiful que parecem demos de uma banda cover ruim de Coldplay. Sinceramente, não há o que falar, esse álbum é ainda pior que o anterior e não mostra um grau de esperança.

This House Is Not For Sale – Bon Jovi 





















NOTA: 2,3/10


Logo após uma grande mudança, o Bon Jovi retornou em apenas um ano com o This House Is Not For Sale, adotando uma abordagem diferente. Este acabou sendo o primeiro lançamento após a saída do guitarrista Richie Sambora em 2013. Em seu lugar, entrou Phil X. Além disso, este foi o primeiro álbum contando com Hugh McDonald como baixista oficial da banda. Ele já estava no Bon Jovi desde 1994, após a saída de Alec John Such, participando das turnês e até trabalhando nos discos anteriores, mas nunca tinha sido creditado. Foi somente naquela época que Jon Bon Jovi o efetivou oficialmente (sério, que coisa doida). Então, eles foram para o estúdio gravar um novo álbum, que seria exclusivo da gravadora Island Records. Trabalhando mais uma vez com o mesmo produtor de sempre e com uma pegada muito mais de Arena Rock com Pop, mesmo com todas essas mudanças e o clima de tensão, mais uma vez nada funcionou. O resultado foi um repertório maçante, com muitas canções nada a ver. Pelo menos ocorreu um milagre de haver 1 música boa, que é a esquecida The Devil’s In The Temple. O restante parece uma cópia de canções do Imagine Dragons, como Living With The Ghost, Roller Coaster e Walls, e também obviamente do U2, como a terrível faixa-título e Labor Of Love. Em suma, é mais um álbum ruim que acaba trazendo muito tédio e, mesmo se tivesse o Richie Sambora, nada seria diferente.

2020 – Bon Jovi 





















NOTA: 3/10


Quatro anos após muitas turnês, chega mais um álbum do Bon Jovi intitulado 2020, que também faz alusão ao ano de eleições nos Estados Unidos. Inicialmente, esse disco foi planejado para ser lançado em maio do mesmo ano, mas a data foi adiada devido ao estouro da pandemia de COVID-19, sendo lançado assim no mês de outubro. A proposta da banda foi ter uma abordagem abordando muito mais temas sociais e políticos. Nem preciso dizer que a produção foi relativamente a mesma de todos os últimos trabalhos e que também tinha aquela sonoridade de sempre, indo mais para o lado da música Country, mas não sendo tão predominante como foi o Lost Highway. Outra coisa as linhas vocais do Jon Bon Jovi já demonstram um desgaste e acabaram sendo mexidas para deixar de forma alinhada, mas realmente, de todo mundo aí, quem fez um trabalho excelente foi o guitarrista Phil X. Agora, o repertório é a mesma coisa problemática de sempre, muito ruim, tendo apenas duas músicas que ficaram boas: Do What You Can, que tem uma letra muito interessante falando daquele momento de pandemia, e Unbroken, que retrata os desafios enfrentados pelos veteranos de guerra ao retornarem à vida civil. Agora, o resto é muito ruim e sem qualquer tipo de coesão, como Limitless, Let It Rain e Blood In The Water, que mais uma vez parecem imitação ou de U2 ou de Coldplay. O fato é que é mais um álbum terrível e que não traz qualquer tipo de mudança para melhor.

Forever – Bon Jovi





















NOTA: 3,6/10


E aí chegamos no último lançamento do Bon Jovi, o Forever, que saiu faz uma semana e que acaba acompanhado por um documentário lançado sobre a banda este ano. Mas, antes de tudo isso, esse disco chega num momento em que Jon Bon Jovi enfrentou sérios problemas vocais, incluindo uma cirurgia nas cordas vocais que foi realizada dois anos antes, e também se tornou mais um trabalho em que a banda tenta trazer um lado mais de leveza e que não ficasse de um modo introspectivo. A produção do John Shanks ficou muito inconsistente e apresenta uma sonoridade do Rock mais tradicional, com aqueles elementos mais poderosos que a banda sempre teve. Só que vamos concordar que quem mais se salvou em todo esse trabalho foi o Phil X e o baterista Tico Torres, enquanto que os vocais do Jon Bon Jovi dá para ver que foram mexidos para ajustar as entonações e para que ficasse tudo de forma balanceada. O repertório, que eu nem preciso dizer que é muito ruim e estranho, tem muitas canções péssimas como Legendary, We Made It Look Easy e Waves, que têm arranjos muito confusos. Enquanto que as baladas Kiss The Bride e I Wrote You A Song, por mais que a intenção delas tenha sido boa, são muito genéricas. As únicas faixas que se salvam são Living Proof, Walls of Jericho e Living in Paradise, que relembram os velhos tempos da banda. Enfim, esse é mais um disco chato e que, junto com o anterior, parece mais álbuns da carreira solo do Jon.

The Soulful Moods Of Marvin Gaye – Marvin Gaye 





















NOTA: 8,5/10


Em 1961, foi lançado o primeiro álbum de um dos artistas mais importantes da Soul Music, que nessa época não tinha essa abordagem. Após sua dispensa da Força Aérea em 1957, Marvin e seu amigo Reese Palmer formaram o quarteto vocal The Marquees. Eles até conseguiram um contrato com uma gravadora, mas não deu em nada, tanto que o grupo se desfez. Logo depois, Marvin assinou com a Tri-Phi Records para ser músico de estúdio. Então, Marvin se apresentou na casa do presidente da Motown, Berry Gordy, em dezembro de 1960. Impressionado, Gordy procurou Harvey Fuqua, que concordou em vender parte de sua participação no contrato e, pouco depois, Marvin Gaye assinou com a Tamla, subsidiária da Motown. A produção ficou por conta do chefão da gravadora, que combinou o estilo jazzístico com o pop orquestrado. E a proposta era transformar Marvin em uma estrela do Jazz e do Pop tradicional, se assemelhando com Frank Sinatra e Nat King Cole, e já foi aí que começaram as desavenças internas entre o cantor e a gravadora. O repertório em si é composto em sua grande maioria por covers, todos eles muito bem interpretados, como My Funny Valentine, Witchcraft e How High The Moon, enquanto que as faixas originais são muito legais, no caso, Let Your Conscience Be Your Guide e Never Let You Go. Mas, apesar de ser um disco muito bom, ele acabou sendo um fracasso de vendas, sendo um começo com o pé esquerdo.

That Stubborn Kinda’ Fellow – Marvin Gaye 





















NOTA: 8,2/10


Dois anos se passaram e chega o 2º álbum de Marvin Gaye, após uma estreia que foi completamente ignorada pela grande mídia. Depois de não ter obtido um grande sucesso comercial, Marvin não desejava seguir uma carreira de R&B, imaginando que não teria muita exposição. Mas ele acabou sendo influenciado pelo som da Motown e pelo desejo de se tornar um artista de maior sucesso comercial, optando então por uma abordagem mais voltada para o R&B e a Soul Music, que era mais alinhada com o que estava fazendo sucesso na época. Então ele chamou William “Mickey” Stevenson para produzir esse disco, apresentando uma produção típica da era clássica da Motown, com arranjos vibrantes. Não só isso, eles acabaram colocando backing vocals dos renomados The Andantes e os famosos músicos de estúdio The Funk Brothers, que ajudaram a criar o som dinâmico e envolvente do álbum. Tendo agora um repertório totalmente composto por músicas originais e não apresentando mais nenhum cover, todas as canções têm temas adultos, longe daquele lado adolescente, e são mais contagiantes, como no caso da incrível faixa-título, além de Hitch Hike, Get My Hands On Some Lovin’ e Taking My Time, sem esquecer das ótimas baladas contidas em Wherever I Lay My Hat e Hello There Angel. No final de tudo, é mais um trabalho muito bom e que foi o ponto de virada da carreira do cantor.

When I’m Alone I Cry – Marvin Gaye 





















NOTA: 7,7/10


Pouco tempo depois, saiu mais um álbum do Marvin Gaye, seguindo novamente a mesma fórmula do álbum de estreia do cantor. Representando outra tentativa de Marvin de se estabelecer como um cantor de Jazz e Pop, em contraste com seu último trabalho de R&B e Soul pela Motown. Naquela época, Gaye estava determinado a seguir os passos de seus ídolos Nat King Cole e Frank Sinatra, mostrando um lado bastante teimoso. A produção, mais uma vez, ficou por conta de William "Mickey" Stevenson, apresentando uma rica instrumentação de Jazz, incluindo seções de cordas e metais que complementam a voz suave e emotiva do cantor. Tudo isso foi feito por arranjadores como Jerome Richardson, Melba Liston e Ernie Wilkins. O repertório novamente acabou sendo composto por covers, mas dessa vez por completo, e foi escolhido para seguir o estilo clássico de crooner (um termo usado para descrever cantores masculinos que se apresentavam usando um estilo suave, possibilitado por microfones que captavam sons mais silenciosos e uma gama mais ampla de frequências). As canções que mais se destacaram foram I Was Telling Her About You, Because Of You, When Your Lover Has Gone e I’ll Be Around. Por mais que seja mais um disco bom, ele não teve qualquer tipo de sucesso comercial, mostrando que Marvin estava forçando a barra em ser um cantor de Jazz.

Hello Broadway – Marvin Gaye 





















NOTA: 8,6/10


No final daquele mesmo ano, o último lançamento em 1964 foi mais um álbum de estúdio do Marvin Gaye, sendo quase uma continuação. Como já sabemos, o cantor já estava consolidando seu nome como uma das vozes mais promissoras da gravadora, especialmente com o sucesso de alguns singles anteriores. No entanto, Marvin ainda continuava querendo ser reconhecido como um cantor de standards e Jazz, igualmente ao Nat King Cole e Frank Sinatra. Ele queria fazer um trabalho que apresentasse uma coleção de clássicos da Broadway. A produção ficou a cargo da dupla Hal Davis e Marc Gordon, que era bastante promissora e em quem o chefão da Motown confiava bastante. Eles acabaram captando arranjos orquestrais sofisticados, com uma grande ênfase em cordas e metais, buscando capturar o glamour das canções desse gênero. Tendo mais uma vez um repertório repleto de covers, todas sendo canções muito conhecidas que tocavam nos teatros de Broadway, as que mais se destacaram foram On The Street Where You Live e This Is The Life. Apesar disso, houve outras faixas que ficaram muito boas também, como a faixa-título, Days Of Wine And Roses e My Way. E um detalhe em nenhuma das músicas há vocais de apoio. No fim, é um disco bastante interessante, por mais que ainda mostrasse a teimosia do Marvin, mas que apresentava uma sonoridade de Soul Music distante do que a gravadora buscava.

How Sweet It Is To Be Loved By You – Marvin Gaye  





















NOTA: 9/10


No primeiro mês do ano seguinte (de 1965), chega mais um disco do cantor após um último trabalho semelhante ao que Sinatra e King Cole faziam. Este álbum marcou um retorno ao som mais característico da Motown, depois de sua tentativa anterior de explorar standards da Broadway. Por mais que esse trabalho tenha sido gravado com a intenção de vender discos, ele carregava um dos singles que mais estava fazendo sucesso do cantor (que já, já eu chego nesse ponto). A produção do álbum foi comandada por uma equipe de produtores de alto calibre da Motown, incluindo William "Mickey" Stevenson, Brian Holland e Lamont Dozier (que ficariam conhecidos por fazer parte do trio de compositores e produtores Holland–Dozier–Holland, desta vez sem o envolvimento de Eddie Holland), e com a supervisão de Berry Gordy. Juntos, eles trouxeram mais batidas rítmicas, arranjos orquestrais exuberantes e novamente contaram com alguns grupos que fizeram os vocais de apoio. Outra vez, o repertório ficou composto apenas de canções originais, compostas naquele momento por Holland e Dozier, começando com as maravilhosas faixas You’re A Wonderful One e a faixa-título, que era o maior hit do cantor, apesar de ter tido outras canções muito boas como as baladas Need Your Lovin’ (Want You Back), No Good Without You e Now That You’ve Won Me. Sendo assim, este foi o primeiro grande trabalho de muito sucesso que Marvin Gaye fez e que mostrou bastante consistência.

A Tribute To The Great Nat King Cole – Marvin Gaye 





















NOTA: 7/10


Perto do final daquele ano de 1965, sai mais um álbum do Marvin, sendo um tributo a um de seus maiores ídolos e que o influenciou bastante. No caso, é uma homenagem ao icônico cantor e pianista Nat "King" Cole, que faleceu em fevereiro daquele mesmo ano, logo após o lançamento do disco anterior, How Sweet It Is To Be Loved By You. Este projeto marcou uma oportunidade para Marvin prestar tributo a um de seus ídolos musicais, ao mesmo tempo em que ele ainda queria explorar o lado dos standards e do Jazz. Mais uma vez, a dupla Hal Davis e Marc Gordon trabalhou com Marvin Gaye e trouxe uma abordagem que refletisse o estilo clássico de King Cole, com uso de cordas, piano e arranjos suaves que pudessem destacar as linhas vocais do cantor. Logicamente, por ser um tributo, o repertório tinha que ser só de canções de sucesso de King Cole, então apresentaria apenas covers. As melhores performances de Marvin foram nas canções Unforgettable, Calypso Blues e Mona Lisa, embora, em alguns momentos, alguns covers não tenham funcionado, predominando mais a instrumentação do The Funk Brothers, como no caso de To The Ends Of The Earth, Sweet Lorraine e It’s Only A Paper Moon. Mas mesmo assim, é um álbum bom e uma homenagem belíssima a uma das maiores lendas do Jazz.
 

Então é isso, um abraço e flw!!!

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