Moods Of Marvin Gaye – Marvin Gaye
NOTA: 9,2/10
Um ano se passa e chega Moods Of Marvin Gaye, que se tornou o álbum que sacramentou a abordagem pela qual Marvin ficaria conhecido popularmente. Esse álbum marca um ponto crucial na carreira do cantor, consolidando sua transição de um cantor de standards e Jazz para um artista de R&B e Soul mais robusto. A Motown estava no auge de sua popularidade e inovação musical, e Marvin estava no centro dessa revolução, mesmo que inicialmente ele estivesse trabalhando em um álbum junto com o produtor Bobby Scott, que novamente seria naquele estilo que ele queria, mas durante as sessões o projeto acabou não vingando e foi deixado de lado. Então, ele teve que gravar este álbum com a supervisão de alguns dos maiores nomes da Motown, incluindo Smokey Robinson, Brian Holland, Lamont Dozier e Clarence Paul, apresentando uma sonoridade polida e com arranjos orquestrados muito mais divertidos e cativantes. Tudo isso apresentado por um repertório maravilhoso cheio de faixas muito boas como I’ll Be Doggone, Night Life e You’ve Been A Long Time Coming, além de canções espetaculares que basicamente te hipnotizam, como Little Darling (I Need You), Take This Heart Of Mine, One More Heartache, Ain’t That Peculiar e Your Unchanging Love. No final de tudo, é um álbum maravilhoso com ótimas melodias e que mostrou que essa era a sonoridade perfeita na qual Marvin se encaixaria por completo.
United – Marvin Gaye & Tammi Terrell
NOTA: 9,5/10
In The Groove – Marvin Gaye
NOTA: 8,9/10
Indo para o ano de 1968, após dois anos de seu último lançamento solo, Marvin Gaye retorna com o In The Groove. Depois de ter lançado seus últimos álbuns, que contavam com duetos com duas cantoras de R&B diferentes a Kim Weston e Tammi Terrell (que já abordamos anteriormente), Marvin enfrentava vários problemas pessoais. O casamento do cantor com Anna Gordy (que para quem não sabe, ela era irmã mais velha do chefão da Motown) estava muito turbulento, assim como a vida na estrada, o que gerava uma enorme antipatia por parte do cantor. Além disso, já estavam ocorrendo desentendimentos com Berry Gordy, criando um clima de tensão na gravadora. Dessa vez, a produção ficou por conta de Norman Whitfield, Ivy Jo Hunter e Frank Wilson. Todos esses produtores tinham bastante proximidade com Marvin. Enfim, a sonoridade do álbum é caracterizada por melodias cativantes, arranjos orquestrados e seções rítmicas que culminaram em um disco totalmente de Soul Music. O repertório é muito interessante, sendo dividido entre covers como Some Kind Of Wonderful, Loving You Is Sweeter Than Ever e o clássico hit I Heard It Through The Grapevine e canções originais, como At Last (I Found A Love), It’s Love I Need e You’re What’s Happening (In The World Today). Assim, este é mais um ótimo trabalho do cantor, mesmo enfrentando um período bastante complicado em sua vida.
M.P.G. – Marvin Gaye
NOTA: 8,7/10
That’s The Way Love Is – Marvin Gaye
NOTA: 8/10
Indo agora para o 10º álbum de estúdio do Marvin, que é o That’s The Way Love Is, lançado naquela época de transição. Nesse momento, o cantor estava buscando controle artístico sobre sua música, e sua vida pessoal estava marcada por muito tumulto, principalmente porque ele já estava mal com o triste fim da Tammi Terrell, que estava com um tumor cerebral e que, meses depois, acabou falecendo. Outra coisa que eu esqueci de mencionar é que não fazia muito tempo que Marvin Gaye estava usando drogas e, em um determinado momento, ele teve uma overdose de cocaína, é pesado. Mas, mesmo passando por tudo isso, ele foi gravar esse disco, no qual ele trabalhou novamente com Norman Whitfield que deixou os arranjos mais ricos e continuou a arriscar um lado mais psicodélico naquela sonoridade que se tornou padrão na carreira do cantor, e que pode não parecer muito, mas esteve presente nos trabalhos seguintes. Agora, o repertório não chega a ser tão incrível quanto o dos dois últimos álbuns, mas tem muitas músicas interessantes, que em sua grande maioria são covers, como a própria faixa-título e Gonna Keep On Tryin’ Till I Win Your Love, que eram dos grupos queridinhos da Motown, além de outras canções como I Wish It Would Rain, Cloud Nine e Yesterday, que é o cover da canção dos Beatles e que ficou muito bom. Enfim, por mais que seja um disco sólido, ele foi muito importante para a criação do What’s Going On.
What’s Going On – Marvin Gaye
NOTA: 10/10
E aí chegamos ao clássico álbum What’s Going On, que se tornou o primeiro trabalho de Marvin Gaye de forma conceitual. Surgiu naquela virada da década de 60 para 70 e trouxe mudanças profundas na vida pessoal de Marvin, até porque nessa época ele estava completamente depressivo (tanto que isso é mostrado na capa desse disco, que já mostra o cantor com uma barba). Quando ele viu os acontecimentos da guerra do Vietnã, foi aí que ele sentou e falou: "Agora eu vou fazer um trabalho que vai fazer muito sentido". A produção do álbum foi inovadora e desafiou as normas da Motown. Marvin Gaye insistiu em maior controle criativo, sendo assim um disco em que ele foi creditado como produtor. Ele se juntou ao grupo de músicos The Funk Brothers, que forneceu a base instrumental para muitas das faixas. Além disso, ele criou uma sonoridade tão interessante que o resultado foi um som único que mesclava Soul, R&B, Jazz e até Funk (logicamente o americano). Agora, o repertório nem preciso dizer que é mágico, ele já começa com a incrível faixa-título, que era uma resposta aos movimentos de contracultura, além de Flyin’ High (In The Friendly Sky), que abordava o tema das drogas, e também a primeira música que falava de questões ecológicas, Mercy Mercy Me (The Ecology) e vale outros destaques para What’s Happening Brother e Inner City Blues (Make Me Wanna Holler). Enfim, esse álbum é uma verdadeira obra-prima, e um dos melhores discos de todos os tempos e muito essencial.
Trouble Man – Marvin Gaye
NOTA: 7/10
Logo após What’s Going On, foi lançado o Trouble Man, mais um disco de Marvin Gaye que serviu como trilha sonora para o filme de mesmo nome. Depois de lançar um dos maiores clássicos da Soul Music, ele fez um desvio para lançar um trabalho totalmente diferente. Marvin não apenas ganhou o controle criativo, como também renovou seu contrato com a Tamla, tornando-se o artista de R&B e Soul mais lucrativo de todos os tempos. Então, Marvin procurou aproveitar as oportunidades e, vendo os sucessos de trilhas sonoras de filmes como Shaft e Superfly, a Motown ofereceu ao músico a chance de compor sua própria trilha sonora de filme após ganhar os direitos de produção desse thriller policial. Como já dito, a produção foi completamente feita pelo cantor, que não apenas compôs e arranjou a maior parte das faixas, mas também tocou vários instrumentos. Isso trouxe uma sonoridade que misturou elementos de Jazz, Soul, Funk e música orquestral. O repertório não está muito bem ordenado, mas isso foi proposital e contém quase exclusivamente faixas instrumentais, incluindo cinco versões da faixa-título, com a exceção de uma que contém letra e não tem o título de "Main Theme". Além disso, há uma outra faixa muito interessante, Poor Abbey Walsh, que serve como um ótimo interlúdio para a faixa seguinte, The Break In (Police Shoot Big), embora outras músicas sejam bastante irregulares. No final de tudo, é um disco legal, mesmo que apresente alguns erros.
Let’s Get It On – Marvin Gaye
NOTA: 10/10
Logo depois de fornecer uma trilha sonora, chega o verdadeiro sucessor de What’s Going On, o outro clássico Let’s Get It On. Diferente do último álbum, que tinha um comentário social profundo, este foi para uma exploração mais íntima e sensual. Porém, pessoalmente, Marvin estava lidando com a separação de Anna Gordy, que o pressionou muito emocionalmente. Durante esse tempo, ele também tentou lidar com problemas que vinham desde sua infância, como o relacionamento abusivo que ele teve com seu pai. Então, ele foi gravar esse disco e não produziu tudo sozinho, contando com a colaboração de Ed Townsend. Juntos, criaram uma sonoridade de pura sensualidade, com um lado mais cru, arranjos suaves e sofisticados que destacassem as linhas vocais do cantor, e uma instrumentação totalmente imersiva que demonstra uma vibe totalmente íntima. Desta vez, não teve o apoio do grupo The Funk Brothers (já que eles tinham sido demitidos). Falando do repertório, ele segue a mesma magia do seu antecessor, começando com a maravilhosa faixa-título que, além de hipnotizar, acaba grudando na cabeça. Logo depois, surgem outras canções como Please Don’t Stay (Once You Go Away) e If I Should Die Tonight, que são duas baladas com um toque mais suave. Em seguida, vêm outras faixas mais animadas como Come Get To This e Distant Lover. Sinceramente, um repertório maravilhoso. Enfim, é mais um trabalho sensacional e que se tornou uma bela obra-prima.
I Want You – Marvin Gaye
NOTA: 9,7/10
Três anos se passaram e foi lançado mais um novo disco do Marvin, que é uma quase mescla de tudo o que ele já tinha feito em sua carreira. Durante esse período, ele estava profundamente envolvido em um caso com Janis Hunter, que se tornaria sua futura esposa. Além disso, o cantor estava lidando com pressões pessoais e profissionais, incluindo conflitos cada vez mais tensos com a gravadora. Dessa vez, quem trabalhou na produção junto com Marvin Gaye foi Leon Ware, um compositor e produtor muito talentoso que ajudava nas composições de outros colegas da Motown (como Michael Jackson). Originalmente, Ware escreveu a maioria das faixas para seu próprio álbum, mas após a Motown perceber o potencial comercial das músicas, elas foram passadas para Marvin. Que com uma bela estruturação, Marvin trouxe arranjos complexos de cordas e uma mistura suave de ritmos Funk e Soul. O repertório ficou outra vez muito bom e começa com uma faixa-título totalmente hipnotizante e sedutora, seguida por uma balada muito interessante a Come Live With Me Angel. Logo após vem o ótimo cover de I Wanna Be Where You Are do futuro Rei do Pop, além da romântica canção Soon I’ll Be Loving You Again e as duas versões de After The Dance (tanto instrumental quanto com vocal). Em suma, é mais um disco maravilhoso, que seguiu a fórmula de sucesso que seus anteriores conseguiram.
Here, My Dear – Marvin Gaye
NOTA: 9/10
Indo para o Here, My Dear, que foi o primeiro disco duplo lançado por Marvin Gaye, que todo o seu contexto veio do que ele passava em sua vida pessoal. Surgindo logo após o divórcio entre o cantor e Anna Gordy, a irmã do chefão da Motown, Berry Gordy, o divórcio foi complicado e muito público. Como parte de um acordo, Marvin concordou em ceder uma parte significativa dos lucros do próximo álbum para sua ex-esposa, criando assim uma obra profundamente pessoal e reflexiva sobre seu casamento e divórcio. Produzir esse disco foi uma tarefa desafiadora para o cantor, que gravou mais uma vez em seu próprio estúdio construído em Los Angeles. Com arranjos muito mais complexos e cheios de detalhes, as influências, escolha de instrumentos e a composição das faixas refletiam o estado emocional do cantor. O repertório, em sua primeira parte, mostra um lado mais intenso com as canções When Did You Stop Loving Me, When Did You Stop Loving You, I Met A Little Girl e Anger, que demonstram o quanto Marvin estava vulnerável. Já a outra parte mostra a tentativa de superação com faixas como Sparrow, A Funky Space Reincarnation e You Can Leave, But It’s Going To Cost You. No final, por mais que seja um trabalho mais pessoal de Marvin Gaye, ele é um ótimo disco.
Por hoje é só, então flw!!!