quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Frank Sinatra (RA: XLIII)

                            

Come Dance with Me! – Frank Sinatra





















NOTA: 10/10


Outro ano se passa, e mais uma vez, no comecinho do ano seguinte, Frank Sinatra lança mais um trabalho novo. Come Dance With Me! é uma espécie de celebração do swing, que já havia se consolidado como um dos estilos mais associados a Sinatra na década de 1950. O álbum segue um formato festivo e vibrante, refletindo o desejo de Sinatra de capturar a energia e a alegria do swing de forma sólida. Toda essa inspiração veio logicamente dos trabalhos anteriores, Songs for Swingin' Lovers! e A Swingin' Affair!, e neste álbum ele traz uma abordagem vivaz e cativante. A produção do álbum ficou novamente a cargo de Dave Cavanaugh, com Billy May como maestro e arranjador. O trabalho de May é exemplar, com uma orquestração rica e uma qualidade sonora impecável, que destaca a voz de Sinatra sobre uma base instrumental swingada. May conseguiu equilibrar a força dos metais e a suavidade das cordas, criando uma experiência auditiva dinâmica e envolvente. Vale destacar que a interação entre Sinatra e a orquestra é fluida, com Sinatra navegando pelas complexidades dos arranjos com sua habitual maestria vocal. O repertório é sensacional, com várias canções maravilhosas, como a faixa-título, Something’s Gotta Give, Just in Time, Dancing in the Dark, Day In, Day Out, e The Song Is You. No geral, todas as canções são muito envolventes. Enfim, mais um disco clássico e um dos melhores trabalhos do cantor.

No One Cares – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,7/10


Já na metade daquele ano de 1959, chega mais um material inédito de Sinatra, No One Cares, que se diferenciava de seu antecessor. Este álbum é marcado por um clima de melancolia e solidão, aprofundando o tom introspectivo que Sinatra explorou em seus álbuns anteriores, tanto que este trabalho é caracterizado como a continuação de Where Are You?. E isso se distingue como uma das obras mais sombrias do cantor, refletindo uma época em que ele parecia particularmente conectado às emoções da tristeza e da solidão. Frank Sinatra já havia se estabelecido como um mestre na interpretação de baladas melancólicas, e este álbum foi um veículo perfeito para ele explorar o lado mais sombrio da experiência humana. A produção ficou a cargo de Dave Cavanaugh, com arranjos do icônico Gordon Jenkins. Jenkins, que já havia trabalhado com Sinatra no álbum que eu já citei, ficou conhecido por seu estilo orquestral luxuriante, repleto de cordas que acentuavam a atmosfera melancólica das canções. Essa atmosfera é centrada em cordas dramáticas e em tons menores, reforçando o sentimento de desolação que permeia o álbum. Contendo um repertório mais uma vez muito bom, e com muitas canções interessantes, como When No One Cares, Stormy Weather, e I Can’t Get Started, que trazem bastante drama, e as sensacionais Where Do You Go? e Why Try to Change Me Now? que são bem eficazes. No fim, é um disco muito legal e que quebra todo o clima de seu antecessor.

Nice ‘n’ Easy – Frank Sinatra 





















NOTA: 9,1/10


Mais uma década começa a se iniciar, e chega mais um trabalho novo do Frank Sinatra intitulado Nice 'n' Easy. O álbum foi criado durante o auge da era do "álbum conceitual" de Sinatra, onde ele e seus colaboradores de longa data buscavam criar uma experiência coesa, em vez de apenas uma coleção de músicas. Seguindo novamente a melancolia de seu disco anterior, juntamente com as inspirações do Where Are You?, Sinatra optou por um tom mais suave e romântico nesse disco, mas com muito mais leveza, ainda assim carregado de profundidade. Dave Cavanaugh, mais uma vez, produziu este álbum, com o retorno do arranjador Nelson Riddle, que já havia trabalhado com Sinatra em inúmeros projetos bem-sucedidos. Mais uma vez, ele trouxe um equilíbrio entre a orquestração e o espaço necessário para que a voz de Sinatra brilhasse, além de deixar a sonoridade muito mais detalhada e mostrar uma atmosfera mais acessível, muito longe daquele clima sombrio que o No One Cares continha, mas ainda demonstrando que o som Jazz vocal contido nas canções funcionasse em todas as suas melodias. Isso se reflete num repertório muito bom e com muitas canções incríveis, como The Old Feeling, I've Got a Crush on You, Embraceable You e, claro, a faixa-título. Mas também há canções como How Deep Is the Ocean? e Mam'selle, que, apesar de terem um romantismo, mostram um lado mais elaborado. Apesar de tudo isso, é um disco muito interessante, trazendo uma sensibilidade em toda a sua concepção.

Sinatra’s Swingin Session!!! – Frank Sinatra





















NOTA: 9,4/10


Novamente, no comecinho de mais um ano, desta vez em 1961, foi lançado o icônico Sinatra’s Swingin’ Session!!!. Na época, Sinatra já havia consolidado seu status como uma das maiores vozes do século XX e ainda mantinha seu contrato com a Capitol Records. Este álbum chega após o sucesso do disco anterior, Nice 'n' Easy, que foi mais voltado para baladas, enquanto este disco aqui marca um retorno ao estilo vibrante e enérgico pelo qual Sinatra também era conhecido. E vale mencionar que o pessoal da gravadora não queria que ele fizesse um novo trabalho nesse estilo, o que começou as várias rixas que iriam acontecer. A produção do álbum ficou a cargo de Dave Cavanaugh, com a orquestração e arranjos de Nelson Riddle. A combinação de Riddle e Sinatra era conhecida por criar uma sonoridade sofisticada, com arranjos complexos que destacavam tanto a habilidade vocal de Sinatra quanto a rica instrumentação da big band. E toda essa sonoridade, mais uma vez swingada, traz um lado mais animado e energético, tudo isso combinado em uma fórmula mais puxada para o Jazz. O repertório é excelente, com várias canções sensacionais como When You’re Smiling, Blue Moon (para quem conhece de futebol, este título não é estranho), My Blue Heaven e Should I, todas com ótimas melodias, além das divertidas It’s Only A Paper Moon e September In The Rain. No fim, é mais um disco incrível e um dos mais divertidos que Sinatra fez.

Ring-a-Ding-Ding! – Frank Sinatra 




















NOTA: 8,9/10


Ainda naquele primeiro semestre de 1961, chega mais um disco de Frank Sinatra, que era mais diversificado. Antes do lançamento, o cantor estava em várias rixas com Alan Livingston, que era o chefão da Capitol Records, e chegou um momento em que Sinatra não aguentava mais e decidiu não renovar o seu contrato com a gravadora. Ele decidiu criar sua própria gravadora para ter mais controle criativo sobre sua música e carreira. O título Ring-A-Ding-Ding! reflete essa transição e a energia vibrante que ele queria capturar. Lembrando que esse disco foi lançado em um período de mudança no cenário musical, com o rock 'n' roll (ou melhor, o Rock) ganhando popularidade, mas Sinatra permaneceu fiel ao estilo que o havia consagrado. O álbum foi comandado e arranjado por Johnny Mandel, um maestro e compositor altamente respeitado, conhecido por suas contribuições ao Jazz e à música popular. Mandel incorporou uma sonoridade mais moderna e suave aos arranjos, mantendo a sofisticação que sempre caracterizou as produções de Sinatra. E todo o conceito inicial era "um álbum sem baladas", que consistia apenas em números de swing acelerados. Contendo um repertório muito interessante e com várias canções legais já no início, como a faixa-título, Let’s Fall In Love e Be Careful, It’s My Heart, além também de A Fine Romance, The Coffee Song e You and the Night and the Music, que eram irônicas. Enfim, é outro trabalho muito bom e que foi muito bem produzido.

Come Swing with Me! – Frank Sinatra 





















NOTA: 7,2/10


Naquele mesmo ano de 1961, o ano produtivo!!! Houve mais um lançamento de Frank Sinatra, o Come Swing with Me! (e olha que ainda virá mais). Este álbum surgiu em um momento de transição, com Sinatra já planejando sua nova fase criativa. Enquanto o álbum anterior, Ring-A-Ding-Ding!, lançado pela Reprise, destacava-se por seu frescor e inovação, esse novo álbum representa uma espécie de despedida da Capitol, onde Sinatra gravou alguns de seus maiores sucessos. Isso aconteceu porque ele ainda estava sob contrato para gravar com sua antiga gravadora, para completar seu compromisso contratual. Este trabalho traz novamente aquele lado de swing vibrante. A produção ficou a cargo de Dave Cavanaugh, com arranjos de Billy May e Heinie Beau. Ou seja, a produção em si foi bastante diversificada, mas seguindo aquela linha de arranjos enérgicos e com um foco no swing orquestral. O diferencial deste álbum é o uso de estéreo com canais divididos, onde os instrumentos de sopro e cordas são isolados em diferentes canais, criando um efeito sonoro mais envolvente e dinâmico. Apesar de inovador, teve alguns momentos que ficaram bem desequilibrados. O repertório é até legalzinho e inclui algumas músicas boas como Day By Day, On The Sunny Side Of The Street e Lover, mas há outras canções que parecem arrastadas, como Yes Indeed! e That Old Black Magic. No fim, apesar de ser um bom disco, ele tem suas irregularidades.

Swing Along with Me (Sinatra Swings) – Frank Sinatra 





















NOTA: 7,8/10


Lançado provavelmente no mesmo dia, chega mais um álbum de Frank Sinatra, o Sinatra Swings, e sim, o 4º lançado naquele ano de 1961. O álbum foi lançado logo após Ring-A-Ding-Ding! e veio em um momento em que Sinatra buscava novos horizontes musicais e reafirmar seu domínio no mundo do swing. Mas houve controvérsias, pois a Capitol Records, ao descobrir que esse álbum seguiria a mesma linha do seu antecessor, que Sinatra havia lançado anteriormente com eles, entrou em uma batalha judicial. O resultado foi a mudança do título original, Swing Along with Me, para Sinatra Swings. O pior é que a Reprise já tinha enviado os LPs com o título original, então eles imprimiram uma nova capa já com o título alternativo (olha só para você a treta). A produção foi liderada por Sonny Burke, com arranjos orquestrais de Billy May, que novamente trouxe seus arranjos enérgicos e orquestrações vivas. O uso de estereofonia, como já visto em Come Swing with Me!, continua aqui, aproveitando ao máximo o formato para criar uma experiência auditiva rica e imersiva. Mas, novamente, tinha os mesmos erros. Apesar de ter um repertório até melhor, com várias canções interessantes como Falling in Love with Love, Don’t Be That Way e It’s a Wonderful World, ainda havia canções com melodias arrastadas, como The Curse of an Aching Heart e I Never Knew. Apesar de ser um trabalho melhor que o anterior, ele comete os mesmos pecados.

I Remember Tommy – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,8/10


Para finalizar o SUPER produtivo ano de 1961, chega em outubro o quinto trabalho de Frank Sinatra naquele período, intitulado I Remember Tommy. Este álbum serve como uma homenagem a Tommy Dorsey, o lendário maestro e trombonista foi importante na carreira de Sinatra. Durante os anos 40, Sinatra foi o vocalista principal da orquestra de Dorsey, um período que ajudou a preparar sua carreira solo. Após a morte de Dorsey em 1956, Sinatra quis prestar uma homenagem ao mentor e amigo com quem aprendeu tanto sobre música e performance. O álbum foi produzido por Gregg Geller, com arranjos de Sy Oliver, que também foi arranjador e colaborador de longa data de Tommy Dorsey. A escolha de Oliver para fazer os arranjos foi fundamental para capturar a essência do som de Dorsey, ao mesmo tempo que permitiu a Sinatra trazer seu próprio estilo e maturidade às canções. As gravações ocorreram em um ambiente intimista, buscando preservar a autenticidade e a emoção das interpretações originais, mas com uma atualização para o estilo de Sinatra dos anos 60. Com isso, o repertório é magnífico, com várias canções sensacionais carregadas de emoções, como East of the Sun, I’ll Be Seeing You e The One I Love (Belongs to Somebody Else), mas também há canções que trazem uma leveza, como There Are Such Things, Without a Song e a fantasiosa Polka Dots and Moonbeams. Enfim, esse disco é maravilhoso, uma bela homenagem, e não cometeu os erros dos dois últimos lançamentos.

Sinatra and Strings – Frank Sinatra  





















NOTA: 8,6/10


Indo para o ano seguinte, que seria novamente muito produtivo, Frank Sinatra começa 1962 lançando o Sinatra and Strings. No início dos anos 60, Frank Sinatra já havia estabelecido sua reputação como um dos maiores cantores do século 20. Ele estava em um período de transição em sua carreira, então concebeu esse álbum como uma homenagem aos clássicos do Great American Songbook, revisitando canções que já havia gravado antes ou que eram famosas por outros intérpretes, mas agora com novos arranjos sofisticados de cordas. Este trabalho foi produzido e arranjado por Don Costa, que criou arranjos ao mesmo tempo elegantes e emotivos, ressaltando a profundidade das interpretações de Sinatra. Costa utilizou uma grande orquestra de cordas, o que deu ao álbum um som rico e luxuoso, característico do estilo de Sinatra. De qualquer forma, as influências do Pop Tradicional com Jazz vocal foram fundamentais para a imersão de toda a sonoridade. O repertório é muito interessante e inclui várias canções excelentes, como as baladas I Hadn’t Anyone Till You e Night and Day, e a introspectiva Prisoner of Love, com todo aquele drama amoroso. Também há Come Rain or Come Shine e All or Nothing at All, que têm melodias intensas e exalam emoção. No fim, é um disco muito bom que funciona muito bem por ser totalmente envolvente.

Point of No Return – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,7/10


Logo depois, em março, é lançado o Point of No Return, que foi o último material feito por Sinatra em sua antiga gravadora. Como sabemos, ele já havia lançado sua própria gravadora, a Reprise Records. Só que esse disco foi gravado para ser a despedida da sua antiga gravadora, a Capitol Records, assim como aconteceu com Come Swing with Me!, apesar de toda a treta que houve com o título de Swing Along with Me, que virou Sinatra Swings. O álbum foi produzido por Dave Cavanaugh e arranjado por Axel Stordahl, um colaborador de longa data de Sinatra, que havia sido o arranjador principal nos primeiros anos da carreira de Frank, durante a era da Columbia Records. Esta reunião entre Sinatra e Stordahl deu ao álbum um toque nostálgico, remetendo aos primeiros trabalhos de Sinatra, mas com uma maturidade e profundidade emocional adquiridas ao longo dos anos. Stordahl trouxe arranjos orquestrais suaves e melódicos, que complementam perfeitamente a temática melancólica do álbum. E olha que tudo isso foi feito às pressas, mas mesmo assim eles conseguiram entregar da melhor forma possível. O repertório é muito bom e tem várias canções excelentes como There Will Never Be Another You e Somewhere Along the Way, que são cheias de sofrimento por coração partido, mas também há outras diferentes como September Song, As Time Goes By e I'll Remember April. Enfim, apesar de vários problemas, é um disco bem legalzinho e que passa um clima até nostálgico.
 

        Por hoje é só, então flw!!! 

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