sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Frank Sinatra (RA: XLIV)

                            

Sinatra and Swingin’ Brass – Frank Sinatra





















NOTA: 9/10


Após Point of No Return, o cantor lança o Sinatra and Swingin’ Brass, meio que um contraponto ao seu último trabalho, agora pela sua própria gravadora. Como esse era um lançamento pelo selo da Reprise, representou um afastamento dos álbuns orquestrais suaves e introspectivos que ele havia feito anteriormente na Capitol Records. Sinatra estava interessado em explorar diferentes estilos e sonoridades, e este álbum foi uma oportunidade para ele mergulhar no mundo do swing. Este álbum também marcou o início da colaboração de Sinatra com o arranjador Neal Hefti, conhecido por seu trabalho com Count Basie e outros grandes nomes do Jazz. O álbum foi produzido por Sonny Burke, outro colaborador frequente de Sinatra. Neal Hefti foi responsável pelos arranjos e conduziu a orquestra. Seu trabalho se caracterizou por uma energia vibrante, com ênfase nos metais, que dão ao álbum um som vigoroso e dinâmico, notável por sua inventividade e por como permite que a voz de Sinatra brilhe acima das seções de metais poderosas. Hefti utilizou técnicas de big band para criar um som que é simultaneamente sofisticado e eletrizante, mantendo o foco na melodia e no ritmo. O repertório é maravilhoso, com várias músicas boas como Goody Goody, Don'cha Go 'Way Mad e Ain't She Sweet, que são bem divertidas, além das incríveis They Can't Take That Away from Me, I Get a Kick Out of You e I Love You. É mais um disco excelente e bastante divertido.

All Alone – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,3/10


Indo para outubro, chega um dos trabalhos mais reclusos de Frank Sinatra, intitulado All Alone. Ao contrário de alguns de seus outros álbuns da Reprise, que exploraram o swing e o Jazz em um tom mais animado, esse álbum retorna ao estilo introspectivo e sombrio que Sinatra havia aperfeiçoado durante sua década na Capitol Records. De certo modo, esse trabalho é uma homenagem ao compositor Irving Berlin, já que quase todas as canções são de autoria dele. Originalmente, o título inicial era Come Waltz with Me. Embora o título e a faixa-título que o acompanharia tenham sido descartados antes do lançamento, o álbum permaneceu com um clima que lembra até um pouco uma valsa. Novamente, Gordon Jenkins acabou sendo o arranjador de mais um disco de Sinatra. Jenkins trouxe um toque orquestral delicado, focado em cordas e madeiras, que complementa a melancolia das letras. Tudo é bem minimalista, pois a ausência de uma seção de metais, característica dos álbuns de swing de Sinatra, permite que a voz do cantor esteja em primeiro plano, destacando as nuances de sua interpretação emocional. Então, apesar de toda a limitação, o que eles conseguiram fazer foi muito eficaz. Com um repertório de certo modo muito bom, as canções que mais se destacam são When I Lost You e Remember, cheias de melancolia, além de outras músicas como a faixa-título, Charmaine e Indiscreet. No final, é um ótimo álbum, apesar de ter sido bastante limitado.

Sinatra Sings Great Songs from Great Britain – Frank Sinatra 





















NOTA: 7/10


Mais alguns meses se passaram, e chega outro trabalho de Frank Sinatra, cujo conceito parecia uma coletânea. Durante uma turnê pela Europa naquele ano, Sinatra decidiu gravar um álbum na Inglaterra, algo que ele nunca havia feito antes. O projeto foi uma forma de homenagear o repertório musical britânico e, ao mesmo tempo, se conectar com seu público europeu. Este álbum foi gravado em uma época em que Sinatra estava ampliando seu alcance internacional, e esse disco demonstrava esse desejo. A produção foi a de sempre, mas com os arranjos do maestro Robert Farnon, um renomado compositor e arranjador canadense que vivia na Inglaterra. Farnon era altamente respeitado por seus arranjos orquestrais sofisticados, e seu estilo se adequava perfeitamente à abordagem de Sinatra para este álbum. Os arranjos de Farnon são suaves, com ênfase em cordas e madeiras, e sua orquestra refinadíssima permite que a interpretação emocional de Sinatra esteja sempre em primeiro plano. E só uma curiosidade: quem trabalhou como engenheiro de som foi Eric Tomlinson, que fez a trilha sonora da trilogia original de Star Wars. Mas o fato é que muitos arranjos soam muito parecidos. Então, apesar de o repertório ser interessante e ter canções sensacionais como The Very Thought of You e The Gypsy, há canções muito fracas, como We’ll Meet Again e A Nightingale Sang in Berkeley Square. Enfim, apesar de ser um trabalho que até é bom, ele é um dos mais fracos de toda a carreira do cantor.

Sinatra-Basie: An Historic Music First – Frank Sinatra





















NOTA: 9,2/10


Para finalizar aquele ano de 1962, Frank Sinatra lança o seu primeiro álbum colaborativo, o sensacional Sinatra-Basie: A Historic Music First. Como já sabemos, Sinatra, durante o início dos anos 1960, estava no auge de sua carreira. Count Basie, por outro lado, era uma figura central no mundo do Jazz, conhecido por sua orquestra de swing que definiu o gênero durante as décadas de 1930 e 1940. A ideia de um álbum colaborativo entre Sinatra e Basie surgiu como uma maneira de unir duas forças musicais distintas, mas complementares. Sinatra já havia mostrado sua afinidade pelo Jazz em seus trabalhos anteriores, e a energia da orquestra de Basie prometia uma sinergia perfeita. O álbum foi gravado em apenas dois dias de outubro, com arranjos de Neal Hefti, um colaborador frequente de Basie. Essa combinação entre os três resultou em um som refinado, com arranjos equilibrados, perfeitos entre a voz calorosa de Frank Sinatra e os brilhantes arranjos orquestrais de Count Basie. O fato é que o trabalho da produção neste disco é perfeitíssimo, e isso se reflete em um repertório magnífico, composto por canções de forte influência jazzística, como as excelentes Pennies From Heaven, (Love Is) The Tender Trap, e I’m Gonna Sit Right Down And Write Myself a Letter, que são calorosas e com uma melodia lindíssima. Além delas, há My Kind Of Girl e I Only Have Eyes For You, que trazem aquele lado mais romântico e recluso do cantor. Por fim, é um álbum fantástico e que traz aquele gostinho de quero mais da dupla.

The Concert Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,1/10


No ano seguinte, o cantor lança o majestoso The Concert Sinatra, que traz várias inovações e elementos importantes. Nesta fase de sua carreira, Sinatra já havia se consolidado como um dos maiores nomes da música popular americana. Ele vinha de uma série de álbuns de sucesso que exploravam diversos temas e estilos musicais. No entanto, esse disco se destacou por sua grandeza e complexidade orquestral, consistindo em showtunes tocados em um estilo de concerto "semi-clássico". A produção foi um empreendimento monumental. O álbum foi gravado no estúdio Goldwyn Studios Scoring Stage, em Hollywood, e contou novamente com a colaboração do renomado maestro e arranjador Nelson Riddle. Riddle utilizou uma orquestra de 76 músicos, a maior já reunida para um trabalho do cantor, para criar arranjos exuberantes que complementasse a voz de Sinatra, dando ao álbum uma atmosfera grandiosa e cinematográfica. Esse tipo de produção era incomum para álbuns populares da época e demonstrava o comprometimento de Frank Sinatra em entregar uma obra sofisticada. O repertório contém várias músicas excelentes, interpretadas de forma magistral, como I Have Dreamed, Lost In The Stars e You'll Never Walk Alone (que você conhece muito bem por ser o canto de torcida do Liverpool), além das impressionantes My Heart Stood Still e This Nearly Was Mine. No fim, apesar de trazer uma abordagem totalmente diferente, é um álbum muito interessante.

Sinatra’s Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,8/10


Dois meses depois, Sinatra retorna com o que hoje poderia ser considerado uma quase coletânea, intitulada Sinatra’s Sinatra. E por que estou dizendo isso? Simples, este álbum foi criado como uma espécie de retrospectiva pessoal, em que Frank Sinatra revisita e reinterpreta canções que se tornaram emblemáticas ao longo de sua carreira. É um álbum especial na discografia do cantor, pois é uma coleção de regravações de alguns dos maiores sucessos de sua carreira até aquele momento. A produção foi feita por Sonny Burke em colaboração com o arranjador Nelson Riddle, que mais uma vez participa de forma seguida um disco do cantor. Riddle, como sempre, fez arranjos que complementam o estilo vocal de Sinatra, trazendo novas versões para essas canções clássicas. A ideia da sua própria gravadora, a Reprise Records, era duplicar o sucesso oferecendo algumas músicas anteriores em som estereofônico, uma tecnologia que, em 1963, estava em crescente expansão. Além disso, o álbum dá um novo frescor à sonoridade do Jazz com Pop tradicional. Com um repertório excelente, o disco apresenta novas versões de In The Wee Small Hours Of The Morning, The Second Time Around, Young At Heart e Oh! What It Seemed To Be, além de incluir as duas únicas faixas inéditas: a animada Pocketful Of Miracles e a excelente Call Me Irresponsible. É um disco muito bom e divertido, apesar de não trazer muitas novidades.

Days Of Wine And Roses, Moon River And Other Academy Award Winners – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,7/10


Mais um ano se passou, e Frank Sinatra lançou outro álbum com um nome gigantesco, mais conhecido como Academy Award Winners. Esse disco é um reflexo desse período de experimentação, apresentando um repertório baseado em canções que ganharam o Oscar de Melhor Canção Original. Sinatra já havia colaborado extensivamente com o maestro e arranjador Nelson Riddle, cujo estilo sofisticado e elegante complementava perfeitamente a voz dele. Este trabalho foi produzido por Sonny Burke, com orquestração de Riddle, um dos arranjadores mais recorrentes na carreira de Sinatra. Toda a sonoridade desse álbum traz a sofisticação da era das big bands e dos crooners, mas também demonstra a habilidade de Sinatra em interpretar canções que eram populares tanto no cinema quanto na música. O ambiente de gravação, somado à orquestração de Riddle e à direção de Burke, resultou em um álbum estiloso, que revela um lado finíssimo do cantor. O repertório inclui várias músicas que são verdadeiros clássicos, como Moon River, The Way You Look Tonight e The Continental, todas interpretadas de forma sensacional por Sinatra. Além disso, o álbum também apresenta belas canções como Three Coins in the Fountain e Secret Love, além de uma nova versão de All The Way. No fim, é mais um disco muito interessante, mas que se tornou subestimado.

America, I Hear You Singing – Frank Sinatra 




















NOTA: 8/10


Em abril de 1964, foi lançado mais um álbum de Frank Sinatra, desta vez com um caráter altamente colaborativo. Seu surgimento ocorreu no ano anterior, quando os Estados Unidos ainda absorviam o choque do assassinato do presidente John F. Kennedy, e o país vivia uma fase de introspecção e celebração dos valores americanos, além dos conflitos com a União Soviética. Nesse contexto, a ideia de um álbum que celebrasse a América e suas canções patrióticas fazia muito sentido. Frank Sinatra chamou Bing Crosby e Fred Waring, três grandes ícones da música americana, para se unirem em um tributo ao espírito americano. O álbum foi produzido por Sonny Burke, um colaborador frequente de Sinatra na Reprise Records. A produção visava capturar um sentimento de patriotismo e reverência, com arranjos orquestrais grandiosos e coros que sublinhavam a gravidade e a emoção das canções. Cada faixa foi arranjada por uma pessoa diferente, incluindo nomes como Nelson Riddle e Hawley Ades. O repertório é bastante interessante, com cada faixa sendo interpretada por um artista diferente. Entre os maiores destaques, estão The House I Live In e Early American, interpretadas por Sinatra; This Land Is Your Land e A Home In The Meadow, por Crosby; e The Stars And Stripes Forever, por Fred Waring & The Pennsylvanians. No fim, é um disco melódico, patriótico e com um baita time de peso.

It Might As Well Be Swing – Frank Sinatra  





















NOTA: 9/10


Poucos meses depois, o cantor lança outro álbum colaborativo com Count Basie, desta vez uma espécie de versão final daquele trabalho maravilhoso. Esse disco chegou após o sucesso de Sinatra-Basie: An Historic Musical First, que foi certamente uma das melhores colaborações de sua trajetória. Como Sinatra já era uma estrela consolidada, sua vontade de inovar e colaborar com outros artistas o levou a unir-se novamente a Count Basie. A combinação de Sinatra e Basie contou com a presença de um indivíduo que, naquela época, ainda era desconhecido e que eles escolheram como arranjador: Quincy Jones. Embora Jones não tenha produzido o disco, que foi conduzido por Sonny Burke, ele já havia trabalhado com Basie e trouxe uma abordagem moderna e energizante para os arranjos, que se destacam pela precisão e criatividade. A colaboração entre Sinatra, Basie e Jones resultou em uma fusão perfeita de voz, Jazz e swing, com Sinatra navegando com maestria pelas complexas paisagens sonoras criadas por Basie e sua orquestra. O repertório é novamente excelente, começando com a sensacional e clássica Fly Me to the Moon (In Other Words), que, apesar de animada, é uma espécie de balada. Além dela, há também I Wish You Love, I Can’t Stop Loving You e The Good Life, que trazem melodias muito envolventes, além de The Best Is Yet to Come, que, apesar de ser hit, é apenas uma ótima canção. Enfim, esse álbum é maravilhoso e uma continuação coesa de seu antecessor.

12 Songs Of Christmas – Frank Sinatra 





















NOTA: 7,2/10


O tempo passa, e mesmo não estando nem um pouco perto do Natal, foi lançado na metade de 1964 o álbum 12 Songs Of Christmas, outro trabalho colaborativo do cantor. Como sabemos, Frank Sinatra já havia lançado discos natalinos anteriormente, e este foi lançado em um momento em que álbuns temáticos de Natal já estavam em completa decadência. Ele chamou novamente Bing Crosby, junto com Fred Waring e seu excepcional coral, para criar uma combinação de linhas vocais e arranjos. A produção seguiu exatamente o mesmo padrão do trabalho anterior que eles haviam feito juntos, marcado pela sofisticação e alta qualidade sonora. Os arranjos foram elaborados para capturar o espírito natalino, utilizando uma combinação de instrumentos orquestrais e vocais que criam uma atmosfera calorosa e festiva. No entanto, a sonoridade é bem mais do mesmo. Apesar da participação de Fred Waring & The Pennsylvanians ser crucial para o som do álbum, ele se baseia nas mesmas fórmulas que eram padrão na época. Embora o repertório seja interessante e tenha várias canções que ficaram bem como It's Christmas Time Again e Go Tell It on the Mountain, com interpretações perfeitas de Sinatra e Crosby, além de The Secret of Christmas, algumas músicas, como The Twelve Days of Christmas e Christmas Candles, ficaram muito chatas e sem graça. Enfim, apesar de ser um bom disco, ele basicamente não traz muita inovação e até parece ter sido feito de forma desnecessária.
 

     Então é isso, um abraço e flw!!!  

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