segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Analisando Discografias - João Mineiro & Marciano, Ana Castela e Pixote (RA: XXXII)

                     

João Mineiro & Marciano - Volume 11 - João Mineiro & Marciano





















NOTA: 9,4/10


Em 1986, saiu mais um álbum da dupla João Mineiro & Marciano, um dos primeiros daquela leva de três discos intitulados apenas como Volume. Depois de lançarem um trabalho muito semelhante ao seu antecessor, que não trouxe muitas inovações, a dupla precisava se renovar para não ficar presa ao "mais do mesmo". Assim, foram para o estúdio gravar algo que refletisse um pouco da era raiz deles. A produção desse disco, mais uma vez, ficou a cargo do Zé Bettio. E ele conhecia muito bem aquela fase da dupla na época da Chororó Discos, decidindo criar uma sonoridade bem elaborada, com arranjos que incorporassem elementos tradicionais do Sertanejo, mas com uma produção mais contemporânea. A intenção era agradar aquela geração acostumada ao contexto e às características do gênero naquela época. O resultado foi um repertório espetacular e muito bem ordenado, com todas as músicas sendo verdadeiros clássicos da dupla. Destacam-se o grande hit Seu Amor Ainda É Tudo, composição de Moacyr Franco, além de Crises de Amor, No Mesmo Lugar (Coisa Estranha) e Whisky Com Gelo, que apresentam aquele romantismo característico e também incluindo canções sobre a vida no interior, como Caminhão É Assim e Amantes e Amigos. Sério, só tem música boa. Sendo assim, um dos melhores discos já feitos pela dupla, e todo o esforço valeu muito a pena.

João Mineiro & Marciano - Volume 12 - João Mineiro & Marciano 





















NOTA: 9,1/10


Dois anos depois, chega mais um álbum da trinca intitulada "Volume", sendo este o 12 (também apelidado com o nome da dupla e o ano de lançamento, que é 1988). Depois de lançarem um disco espetacular que se tornou um clássico da dupla, eles estavam completamente no auge. Além de fazerem um enorme sucesso no cenário Sertanejo, chegaram ao ponto de terem seu próprio programa de TV, que passava nas manhãs de domingo no SBT, intitulado "João Mineiro & Marciano Especial" (é isso que eu chamo de auge absoluto). Com todas essas conquistas, estava na hora de ir para o estúdio novamente. Com o mesmo produtor e equipe da Copacabana trabalhando novamente com a dupla, o conceito desse álbum seguiu a mesma linha dos seus anteriores. Além disso, todos os arranjos foram muito bem feitos, seguindo aquela fórmula que relembrava a sonoridade do Sertanejo raiz. Enquanto que o repertório é sensacional, cheio de músicas muito bem elaboradas e com diversos temas, como Não Se Bate Em Quem Se Ama e Beija-Flor, que têm mensagens reflexivas sobre a importância do respeito em um relacionamento, além das vivências no campo em O Cantor e o Peão. E, logicamente, o romantismo contido nas faixas Te Amo, Mas Adeus, Ainda Ontem Chorei de Saudade e O Quanto Eu Te Quero, todas sensacionais. Enfim, é mais um disco muito bom e excelente, que demonstrava o quanto João Mineiro & Marciano mereciam estar no topo.

João Mineiro & Marciano - Volume 13 - João Mineiro & Marciano 





















NOTA: 8,7/10


Em 1989, chega o último álbum daquela trinca intitulada apenas de ‘‘Volume’’, sendo esse o 13º disco da dupla. Depois dos 2 últimos trabalhos terem sido excelentes e com um bom recebimento, nesse novo disco houve uma mudança significativa, pois veio em um momento em que a música Sertaneja iria passar por transformações. Por exemplo, futuramente várias duplas novas como Bruno & Marrone e Zezé Di Camargo & Luciano estavam indo para um lado mais comercial. Coisa que, desde antes delas surgirem, as duplas mais antigas, como no caso de João Mineiro & Marciano, acabaram rejeitando ir para esse lado. E por mais que a gravadora Copacabana já forçasse isso, isso fez surgir os primeiros desentendimentos entre a dupla e eles. Enfim, a produção mais uma vez esteve a cargo do Zé Bettio e, junto com o arranjador Evencio Raña Martinez, trouxeram arranjos mais simples. Além disso, toda essa sonoridade simples combinou com a proposta da dupla que fez um trabalho mais reflexivo. O álbum contém um repertório muito bom e cheio de músicas bem legais como, por exemplo, Não Posso Sair e o hit Se Eu Não Puder Te Esquecer, que não chega a ser tão maravilhoso quanto as outras faixas como Distante dos Olhos, A Minha Cabeça Mudou e Eu Preciso De Um Amigo, que são lindíssimas. Esta última, inclusive, é uma canção que mostrou eles indo muito para o lado do Country americano. No final de tudo, apesar de ser o disco mais fraco dessa trinca, ele é muito bom e teve um ótimo conceito.

Saudade – João Mineiro & Marciano





















NOTA: 4,4/10


Em 1990, foi lançado o Saudade, o 14º disco da dupla João Mineiro & Marciano, e que acabou sendo o começo de uma queda para eles. Após o álbum anterior, estava perceptível que a relação entre a dupla e a gravadora já estava completamente por água abaixo. Além disso, naquela época, já estavam começando os grandes problemas que levariam ao desaparecimento completo da gravadora Copacabana. A dupla que é frequentemente lembrada por suas letras emotivas e melodias cativantes, mas, com os interesses da grande mídia naquela época já eram outros, todas as duplas e cantores sertanejos mais antigos tiveram que seguir um caminho mais comercial. A produção de Zé Bettio, apesar de manter o estilo tradicional da dupla, com arranjos simples e uma sonoridade bem-feita, não conseguiu evitar os problemas do álbum. O repertório desta vez ficou bem abaixo dos últimos trabalhos, apesar de haver algumas músicas legais como Milagre da Flecha, Cilada e a regravação da canção Esta Noite Como Lembrança, que teve apenas algumas partes do arranjo alteradas, mas no restante ficou muito boa. No entanto, as outras canções são muito chatas e, em alguns aspectos, bem ruins, como Esse Meu Coração Sem Juízo, A Pretendida e os irregulares covers de Se Eu Pudesse Conversar com Deus e Romaria. Enfim, esse disco é muito ruim e deu bastante errado.

Tarde Demais Para Esquecer – João Mineiro & Marciano 





















NOTA: 5,7/10


Ainda naquele mesmo ano, foi lançado o Tarde Demais Para Esquecer, que foi o primeiro disco com uma nova gravadora. Depois que a relação da dupla com a Copacabana Records estava completamente desgastada, eles assinaram com a gravadora Polygram, fazendo exatamente a mesma coisa que Chitãozinho & Xororó fizeram no ano anterior. Mas, apesar de terem mudado de gravadora, eles não mudaram de produtor; trouxeram Zé Bettio junto com eles para poder gravar seus futuros álbuns. Mais uma vez, a sonoridade continuou sendo a mesma, porém ainda dava para notar que harmonicamente eles erraram bastante em seus arranjos e, muitas vezes, as linhas vocais do Marciano se conflitavam demais com as do João Mineiro. Não duvido que isso já mostrava ser um grande problema na relação dos dois. Já o repertório, por mais que seja bem melhor do que o do disco anterior, contém várias músicas muito genéricas e com letras forçadas, como Só Quem Amou Fui Eu e Ninja Guerreira. As canções que mais se destacam são Porque Somos Iguais, Viola Está Chorando e Amor Clandestino. Um adendo: este disco não contou com a colaboração do Darci Rossi nas composições, e há um boato de que o álbum anterior foi lançado na mesma semana que este, mas isso não passa de um grande mito. No final, é um disco mediano que mostrava a dupla completamente sem inspiração.

Pra Não Pensar Em Você – João Mineiro & Marciano 





















NOTA: 4/10


No ano seguinte, chega mais um trabalho da dupla, completamente apático comparado aos dois últimos lançamentos. Depois dos últimos álbuns terem sido completamente mal planejados, a dupla ainda estava naquela fase em que tinham que fazer músicas que não condiziam com o que gostavam de fazer. Além disso, aquele programa de TV que tinham no SBT já havia acabado. No entanto, uma das coisas boas que estava acontecendo era o início da carreira internacional, e a expectativa era que este novo trabalho conseguisse atender às expectativas de ser algo brilhante. Mais uma vez, o trabalho da produção seguiu a linha das produções anteriores da dupla, focando em arranjos simples e eficazes que destacassem as linhas vocais, que, mais uma vez, se conflitaram, e desta vez, ainda pior. O repertório desta vez contém 11 faixas, diferente dos outros discos que tinham 12 no total. Apesar dessa mudança, o repertório é completamente horroroso, com muitas canções ridículas e que cativam tanto quanto uma procissão de uma missa de Corpus Christi, como Pra Não Pensar Em Você, Não Consigo Esquecer Minha Mulher, Cama Dividida e Fui Homem Demais, que é uma canção que eles gravaram antes do Zezé Di Camargo e Luciano e ficou muito ruim. As únicas exceções vão para as músicas Como As Ondas Do Mar e Contando Léguas. Enfim, este disco pode até ter tido um grande potencial, mas o resultado ficou tenebroso.

Dois Apaixonados – João Mineiro & Marciano 





















NOTA: 8,2/10


Pouco tempo depois, saiu aquele que foi o último álbum de estúdio da dupla João Mineiro & Marciano, o não tão lembrado Dois Apaixonados. Lançado em uma época totalmente difícil, a dupla estava completamente cansada após quase 20 anos de carreira e decidiu fazer um álbum que não seguisse aquela forçação de barra que estavam buscando. Desta vez, eles voltaram ao estilo que os fez conhecidos nacionalmente na metade dos anos 80. Novamente, Zé Bettio marcou sua presença neste último trabalho da dupla, ajudando a trazer aquela abordagem tradicional mais inocente que a dupla tinha, com uma sonoridade mais autêntica e emocional, abordando os mesmos temas de sempre, do jeito em que sempre apresentaram suas músicas. O resultado foi um repertório muito bom, com muitas canções interessantes como a faixa-título, Fica Comigo, Se Depender de Mim, Ave Ensinada e Te Amo Tanto, que, infelizmente, não são lembradas, até porque esse álbum foi um completo fracasso comercial. De forma inesperada, João Mineiro & Marciano acabaram se separando por motivos até hoje não esclarecidos. Alguns dizem que Marciano queria logo seguir uma carreira solo, enquanto outros falam que a dupla brigou e isso foi parar na justiça, mas tudo isso acabou sendo apenas suposições. Em suma, o último trabalho da dupla é muito bom e infelizmente acabou se tornando um disco desconhecido.

Boiadeira Internacional (Ao Vivo) – Ana Castela 





















NOTA: 1/10


Bem, como eu percebi que só iria avaliar os quatro últimos álbuns do João Mineiro & Marciano, então, para não ficar faltando um, eu decidi falar do disco de estreia dessa cidadã chamada Ana Castela. Nascida na cidade de Amambai, no interior do Mato Grosso do Sul, Ana acabou sendo criada na cidade vizinha de Sete Quedas. Ela começou a mostrar seu "talento" inicialmente no coral da igreja que frequentava aos 15 anos de idade. Foi só em 2021 que sua carreira começou, após um vídeo caseiro dela repercutir. Depois disso, ela se juntou à gravadora AgroPlay, lançou uns singles horríveis e então partiu para gravar seu primeiro álbum. Produzido por um tal de Eduardo Godoy, essa gravação ocorreu no Fespop. Toda a sonoridade contida, além do Sertanejo, juntava elementos de Funk, Rap e música eletrônica, e tudo isso foi chamado de Agronejo. Agora o repertório é completamente pavoroso, como esperado. Sério, todas as canções têm letras completamente ridículas e horripilantes, como Bonde das Boiadeiras, As Meninas da Pecuária, Morreu de Ana Castela e Chicletinho. Houve também participações terríveis, como na canção Lua, com Alok e Hungria Hip Hop, que só tentaram fazer o melhor que eles sabem, enquanto as outras canções contam com um certo pessoal péssimo do Sertanejo atual. Enfim, não há muito o que comentar, é só um trabalho tenebroso de uma cantora horrível.

Brilho de Cristal – Grupo Pixote  





















NOTA: 8/10


Em 1995, foi lançado o primeiro álbum de estúdio do até então chamado Grupo Pixote, em uma época em que era composto por um bando de adolescentes. Formado dois anos antes, o grupo começou com um monte de crianças que tocavam por diversão em uma praça na zona leste de São Paulo, na cidade de Tiradentes, onde o vocalista Dodô foi criado durante a infância. Junto com seus amigos Tiola, Thiaguinho, Mineirinho, Dú, Nito e Wallace Martins, eles formaram o grupo com o nome Revelação do Pagode. Logo após uma participação no Festival do Choppapo e assinarem com a gravadora Zimbabwe, eles mudaram o nome para Pixote. Nesse primeiro trabalho, a produção ficou a cargo do experiente Ubirajara de Souza, também conhecido como Bira Haway, que criou uma sonoridade padrão para o Pagode romântico dos anos 90, utilizando instrumentos como cavaquinho, violão, pandeiro e tantã, além dos vocais harmônicos do querido Douglinhas. Realmente, um trabalho muito bem feito. O repertório é muito bom e já de cara demonstra estar muito bem ordenado, começando com as ótimas Swing Maneiro e Exatamente Assim, e seguindo para as excelentes canções Mal de Amor, Amor Difícil, Cada Um Cada Um e, logicamente, a incrível faixa-título. No final de tudo, é um ótimo disco de estreia e mostrava que aquele grupo de crianças/pré-adolescentes tinha muito potencial.

Tão Inocente – Grupo Pixote 





















NOTA: 8/10


Dois anos se passaram e, já com a maioria do grupo na fase adulta, tirando o Thiaguinho que estava perto de entrar na pré-adolescência, é lançado o segundo trabalho do grupo. Após o disco de estreia, o Pixote já tinha ganhado uma base de fãs sólida e já era conhecido principalmente porque suas músicas já estavam tocando nas rádios, mesmo estando em uma gravadora independente. Então, eles novamente foram gravar uma continuação da sua estreia, sendo um pouco mais melhorado. Novamente, eles trabalharam com a mesma equipe de produção, uma estratégia para manter a qualidade enquanto trazia alguns elementos novos para refrescar seu som. Além disso, é de se notar que eles trabalharam ainda mais nos arranjos para conseguir uma sonoridade totalmente eficiente, graças à mixagem do Cláudio Farias. Já o repertório conseguiu ser tão interessante quanto o do disco anterior, porque tem muitas faixas belíssimas, todas com melodias que até lembram o pagode mais antigo, como Beijo Doce, Saudade de Nós, Franqueza, Cedo Pra Lhe Esquecer e Em Tua Direção. Chega a ser até difícil escolher qual dos dois primeiros discos tem um repertório melhor. Enfim, esse é mais um disco muito bom que mostrava que o grupo estava no caminho certo.
 

Por hoje é só, então flw!!!

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