In Our Lifetime – Marvin Gaye
NOTA: 8,9/10
Depois de três anos sem nenhum lançamento novo, chega o In Our Lifetime, que foge um pouco daquele lado experimentalista. Após o último álbum, Marvin Gaye enfrentava dificuldades financeiras e problemas com drogas que pioraram ainda mais, além de mais uma batalha com a Motown sobre controle criativo. Após o divórcio com Anna Gordy, Marvin se casou com sua namorada de longa data, Janis, em outubro de 1977, mas dois anos depois houve uma separação judicial devido ao comportamento do cantor. O disco em si passou por várias mudanças antes de seu lançamento final, como, por exemplo, seu título que inicialmente era Love Man. Dessa vez, Marvin decidiu produzir de uma forma totalmente diferente, desenvolvendo uma sonoridade que misturava Soul, Funk, Jazz e um pouquinho de Pop. Houve conflitos significativos entre o cantor e a Motown sobre o conteúdo e a visão do álbum. Mesmo com esses conflitos, o repertório é muito interessante, com várias canções muito boas como Praise, uma homenagem ao período em que ele frequentava a igreja em sua infância, seguido de Funk Me e Far Cry, que trazem temas mais melódicos e com um som mais sedutor, e depois vem Heavy Love Affair, que é uma das canções mais reflexivas do cantor. Mesmo assim, a Motown acabou lançando uma versão do álbum que Marvin não considerava finalizada, o que levou a mais desentendimentos. Apesar disso, é um ótimo disco e se destaca como um trabalho mais reflexivo.
Midnight Love – Marvin Gaye
NOTA: 9,4/10
Dream Of A Lifetime – Marvin Gaye
NOTA: 8,3/10
Um ano após o assassinato de Marvin Gaye, é lançado o primeiro trabalho póstumo do cantor, trazendo várias canções inéditas recentes. Como já foi dito, Marvin foi assassinado por seu pai após uma briga muito feia, que foi interrompida por sua mãe, e isso tudo aconteceu um dia antes do cantor completar 45 anos. Antes disso, este álbum foi montado a partir de material inacabado e demos que Marvin gravou durante os últimos anos de sua vida, algumas das quais já estavam sendo usadas. O trabalho dos produtores Harvey Fuqua e Gordon Banks foi muito difícil e desafiador, pois eles tinham que manter a integridade e a visão do cantor enquanto modernizavam as músicas para atrair o público da época. Com aquela sonoridade padrão de Funk, Soul Music e R&B, mas com sintetizadores e batidas eletrônicas, que era a direção musical que Marvin estava explorando antes de sua morte. O repertório é muito bem ordenado, e esse material inédito traz várias joias como Sanctified Lady, Savage In The Sack e Masochistic Beauty, que trazem aquele lado provocante e sedutor, mas que logo se quebram com canções bastante reflexivas como Ain’t It Funny (How Things Turn Around) e Life’s Opera, que infelizmente ficaram na sombra das outras canções. No final de tudo, é um disco muito bom, mas que acabou sendo criminosamente menosprezado pelos fãs, assim como seu sucessor.
Romantically Yours – Marvin Gaye
NOTA: 8,2/10
Vulnerable – Marvin Gaye
NOTA: 8/10
Em 1997, foi lançado mais um trabalho póstumo de Marvin Gaye que traz material inédito da década de 60. Nessa época, Marvin foi para Nova Iorque para gravar uma série de baladas com o arranjador Bobby Scott, enquanto continuava tentando se tornar um cantor Pop de sucesso. No entanto, Marvin ficou insatisfeito com o resultado. Em 1977, dois anos depois de comprar seu próprio estúdio, Marvin começou a finalizar o trabalho em seu projeto de baladas engavetado e ficou satisfeito com o resultado, mas não conseguiu lançá-lo a tempo. Como mencionado, a produção do álbum foi muito longa e complicada, conduzida não só pelo cantor, mas também com contribuições significativas além do Bobby Scott teve a presença de Amy Herot. Eles capturaram uma sonoridade caracterizada por arranjos orquestrais aveludados, que destacam o lado do Jazz e do Pop tradicional. O repertório é recheado de baladas clássicas que ficaram muito bem interpretadas, como Why Did I Choose You e Funny, Not Much, que têm um ritmo muito agradável. Além dessas, tem This Will Make You Laugh, I Wish I Didn’t Love You So e I Won’t Cry Anymore que apresentam vocais de Marvin muito mais carregados de emoção e melancolia. Após essas faixas, o disco apresenta três das canções citadas com vocais alternativos e improvisados. Em suma, é um disco muito legal e uma verdadeira joia raríssima.
You’re The Man – Marvin Gaye
NOTA: 8,7/10
Vinte e dois anos se passaram e chega um dos últimos trabalhos póstumos de Marvin Gaye, o You’re The Man, que tinha sido gravado no início dos anos 70. Originalmente, esse disco foi planejado para ser lançado em 1972 como um sucessor do aclamadíssimo What’s Going On, mas o cantor cancelou seu lançamento devido à recepção morna de um dos seus singles, bem como ao fato de que suas opiniões políticas eram diferentes das do seu chefe, Berry Gordy. A produção teve muitos colaboradores, como Willie Hutch, Hal Davis, The Mizell Brothers (Fonce e Larry Mizell), entre outros, que ajudaram Marvin Gaye a produzir todo esse disco, que seguia a mesma fórmula do que seria seu álbum antecessor. Após ter deixado de ser inédito, ele foi finalmente compilado, a mixagem foi atualizada e apenas preservaram a autenticidade das gravações originais. Com um repertório muito interessante e cheio de músicas maravilhosas, como Piece Of Clay, I’m Gonna Give You Respect e a versão mixada por Salaam Remi de I’d Give My Life For You, que são canções bastante ricas em detalhes, além das outras baladas como You Are That Special One e My Last Chance, que são mais suaves. Logo depois, vem até uma canção de Natal muito boa, a I Want To Come Home For Christmas, cuja letra é bastante dolorosa. No final de tudo, é um disco muito legal e que, sinceramente, não dá para entender como o chefão da Motown acabou subestimando esse trabalho.
Funky Nation: The Detroit Instrumentals – Marvin Gaye
NOTA: 7,1/10
Chegando no último álbum póstumo até o momento de Marvin Gaye, lançado há três anos, que contém material inédito de apenas instrumental. O trabalho foi gravado durante o verão de 1971, na época em que o cantor havia entrado em hiato após se recusar a fazer turnê do disco What’s Going On. Nesse período, ele buscou explorar novos sons e técnicas. Essas gravações instrumentais refletem a busca de Marvin por um som mais Funk e Soul, e todo esse material inédito ficou em fitas demo. Marvin Gaye mais uma vez trabalhou ao lado dos talentosos músicos de estúdio, The Funk Brothers. Toda a abordagem é emitida por grooves intensos, linhas de baixo pulsantes e ritmos complexos, que conseguiam criar paisagens sonoras envolventes e dinâmicas sem a necessidade de vocais, embora seja possível notar que alguns arranjos foram reutilizados em discos futuros. O repertório é composto, como já mencionado, apenas de faixas instrumentais, em sua grande maioria com ótimas melodias, como Chained, Doing My Thing, Help The People, que contém um arranjo de sopro, e Checking Out (Double Clutch), que no último álbum póstumo encerrou o disco com sua versão contendo vocais. Apesar disso, há algumas faixas fracas, como Country Stud, Jesus Is Our Love Song, Funky Nation e Struttin’ The Blues. Enfim, esse álbum pode até não ter um alto nível de coesão, mas não deixa de conter raridades belíssimas.
Gusttavo Lima – Gusttavo Lima
NOTA: 1/10
E agora chegamos ao álbum de estreia do tratado como a lenda da música sertaneja atual, o nada incrível Gusttavo Lima. Antes desse álbum, Gusttavo Lima, cujo nome real é Nivaldo Batista Lima, nascido em Presidente Olegário, Minas Gerais, já havia começado a construir uma carreira na música, participando de festivais e apresentando-se em pequenos shows. Em 2008, após uma de suas composições fazer um relativo sucesso com uma certa dupla, ele foi apresentado a Marquinho, dono da Audiomix, com quem assinou contrato e produziu seus discos durante seis anos. A produção desse álbum foi conduzida por Bigair Dy Jaime. Ele trazia aquela sonoridade de sertanejo universitário com um pouquinho de arrocha, que não deu certo. Sinceramente, a única coisa boa e que é comum nesses trabalhos são os músicos de apoio. Agora, o repertório contém 24 faixas super irritantes e terríveis, como no caso de Caso Consumado, a faixa-título entre aspas, que havia sido gravada pela pavorosa dupla João Neto & Frederico, Cor de Ouro, Arrasta e Mineirinha, que são muito tediosas, sem contar o hit desse o Rosas, Versos e Vinhos. Além disso, há certos covers como Papo de Jacaré, do terrível grupo P.O. Box, e Faz um Milagre em Mim, do cantor Regis Danese, que ficaram horríveis com a desafinadíssima voz do cantor. Enfim, esse disco, além de ser terrível, já mostra o quão ruim e limitado é o que chamam de ‘‘Embaixador’’.
Inventor dos Amores (Ao Vivo) – Gusttavo Lima
NOTA: 1/10
No ano seguinte, chega o primeiro álbum ao vivo do Gusttavo Lima, o Inventor dos Amores, que traz algumas músicas novas. Já vou adiantando que vocês sabem que eu desconsidero álbuns ao vivo, mas no caso do sertanejo não dá, porque tudo que é gravado de forma ao vivo vira álbum como se fosse de estúdio e faz parte da cronologia da discografia de tal dupla ou cantor. Mas focando, após o lançamento de seu álbum de estreia, Gusttavo Lima rapidamente ganhou reconhecimento no cenário sertanejo. O "talento" como cantor e compositor, combinado com uma forte presença de palco, atraiu a atenção de um público (muito burro) e da crítica. Dessa vez, o cantor produziu esse álbum com a ajuda não só de Bigair Dy Jaime, como também do renomado Maestro Pinocchio, continuando com a mesma sonoridade do antecessor. Lembrando que esse disco foi gravado durante a apresentação no Sol Music Hall, em Goiânia. O repertório conta com 22 faixas, algumas sendo regravações de seu álbum de estreia, como Caso Consumado, Rosas, Versos e Vinhos e Arrasta, que ficaram ainda mais terríveis, além das músicas novas como É Sempre Assim, Prazo de Validade e O Mundo É Uma Bola, que são muito chatas. Também há músicas com participações, como Jorge & Mateus na faixa-título, Super Homem com Edson (da dupla Edson & Hudson), e outras que não acrescentam em nada. Enfim, é mais um disco pavoroso que, sinceramente, não gostaria de relembrar que eu escutei.
Gusttavo Lima e Você (Ao Vivo) – Gusttavo Lima
NOTA: 1/10
Um ano se passou e foi lançado mais um álbum ao vivo do Gusttavo Lima, que continuava sendo a mesma experiência horrorosa de sempre. Como já sabemos, o cantor havia ganhado sua notoriedade com aquelas músicas irritantes que tocavam bastante nas rádios. Então, naquele início de ano de 2011, ele revelou que desejava gravar um DVD na cidade de Patos de Minas, onde se criou, e que estava realizando um sonho de infância: subir ao palco principal da Fenamilho (que, para quem não sabe, é a principal festa de Patos de Minas, assim como a maior festa agropecuária de Minas Gerais). Mais uma vez, o trabalho da produção ficou por conta do Maestro Pinocchio e do Ivan Miyazato, que juntos acabaram ajeitando o som. Como já dito, a gravação ao vivo foi feita durante o festival e a apresentação ocorreu no palco do Parque de Exposições. Vou te falar uma coisa o público presente nessa gravação chega a ser mais irritante do que nos dois últimos lançamentos, e ainda pior que a voz desafinada do seu Nivaldo. O repertório, mais uma vez, contém as músicas que estavam presentes nos últimos álbuns, como Caso Consumado, Inventor dos Amores e Arrasta, que continuaram as mesmas porcarias de sempre. Também havia músicas novas, cada uma mais terrível que a outra, como Fora Do Comum, 60 Segundos, Eu Te Achei e o insuportável hit Balada (com seu irritante Tchê Tchererê Tchê Tchê). Enfim, é mais um disco pavoroso que não apresenta qualquer tipo de avanço.