sábado, 7 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Pink Floyd e Bon Jovi (RA: XXVI)

              

Obscured by Clouds – Pink Floyd





















NOTA: 8,6/10


Mais um ano se passa, e chega mais um álbum de estúdio do Pink Floyd, que também serviu de trilha sonora para outro filme, La Vallée, que foi dirigido por Barbet Schroeder, que também havia criado o More. Este disco acabou sendo criado na mesma época, entre as sessões de gravação do que se tornaria seu icônico álbum The Dark Side of the Moon. E, como era uma trilha sonora, as músicas teriam que ser mais econômicas e curtas, sem todo aquele experimentalismo. O trabalho foi gravado no Château d'Hérouville, na França, em apenas duas sessões, em uma época em que a banda estava em turnê. Isso fez com que eles utilizassem equipamentos móveis de gravação para capturar o som em uma localização pitoresca, o que mostrou ser um álbum mais espontâneo. Além disso, esse disco ao todo foi gravado em duas semanas de fevereiro e foi apenas mixado em abril, durante os dias 4 e 6 daquele mês. Dessa vez, o repertório foi mais denso, agora contendo 10 faixas, todas com uma abordagem bem mais coesa do que a do More, como as melódicas Burning Bridges, Wot’s...Uh the Deal e Stay. Além delas, tem The Gold It’s in the... e Free Four, que vão para um lado mais de Folk. E claro, não podiam faltar as faixas instrumentais, todas elas sendo ótimas, como a faixa-título e Mudmen. No final de tudo, apesar de ser um trabalho muito interessante, ele acabou se tornando uma sombra do álbum posterior.

Wish You Were Here – Pink Floyd 





















NOTA: 9,8/10


Depois do grande sucesso que foi The Dark Side of the Moon, o Pink Floyd estava no auge e logo lançou outra maravilha. Este disco acabou sendo o segundo trabalho conceitual consecutivo, e o processo de gravação foi marcado por um som mais polido e melódico. Dessa vez, a banda trabalhou em conjunto com o engenheiro de som Brian Humphries. Tá, mas cadê o Alan Parsons? Bem, ele até foi chamado para trabalhar nesse disco, mas acabou recusando, pois havia recém fundado seu próprio grupo, o The Alan Parsons Project, e já estava trabalhando no seu disco de estreia. Durante as gravações, a banda recebeu uma visitinha de um velho conhecido que eles nem reconheceram de imediato. Ele estava mais gordo, careca e com as sobrancelhas raspadas. Esse indivíduo era nada mais nada menos que Syd Barrett. Quem acabou reconhecendo quem era ele foi o David Gilmour, e a sua presença deixou os membros da banda chocados e emocionados, especialmente porque estavam trabalhando em uma das faixas que era uma homenagem a ele. Falando no repertório, ele é maravilhoso e, novamente foi curto com 5 faixas, contendo canções que eram críticas à indústria musical, como Welcome to the Machine e Have a Cigar. A faixa-título que é outra homenagem a Barrett, e, logicamente, Shine On You Crazy Diamond, cuja parte 1 a 5 ficou no início e a parte 6 a 9 foi para o final. Enfim, esse álbum é excelente e se tornou outro clássico do Pink Floyd.

Animals – Pink Floyd 





















NOTA: 10/10


Passaram-se dois anos, e chega mais um disco maravilhoso do Pink Floyd, o Animals, com sua capa representando a Usina Termelétrica de Battersea. O contexto desse disco surgiu em um período de crescente descontentamento social e político na Grã-Bretanha. A banda já estava cada vez mais inclinada a explorar temas sociais e políticos, além de, é claro, se inspirar na fábula política A Revolução dos Bichos, de George Orwell, discutindo várias classes da sociedade como diferentes animais. Embora a banda ainda continuasse a produzir seus próprios trabalhos, este álbum acabou mostrando Roger Waters assumindo um papel dominante na composição e na direção criativa, o que criou um clima de tensão entre os membros. O repertório mais uma vez contém apenas 5 faixas, todas com conteúdo inspirado na obra já mencionada de George Orwell. Começa com a 1ª parte de Pigs on the Wing, que dá um começo melódico, seguida por Dogs, que tem um tema bastante obscuro e um instrumental absurdo. Depois segue com Pigs (Three Different Ones), que é bem agressiva, abordando os líderes políticos com um tom sarcástico. Sheep demonstra as massas submissas e manipuladas, além de a parte central da música ser uma paródia do Salmo 23 da Bíblia, distorcendo-o para ilustrar a manipulação e o abuso de poder. Por fim, o disco se encerra com a parte 2 da faixa inicial. Enfim, esse disco é perfeito e cumpre muito bem o seu papel de ser uma crítica feroz à sociedade.

The Wall – Pink Floyd























NOTA: 10/10


E aí chega outra maravilha, que é o clássico The Wall, que não foi só mais um álbum conceitual da banda londrina, mas sim uma ópera-rock. Tudo isso aconteceu devido ao fato de que a banda embarcou em uma longa turnê, que deixou Roger Waters cada vez mais insatisfeito com a experiência de tocar em grandes arenas. Essa insatisfação e o crescente distanciamento emocional de Waters tornaram-se catalisadores para a concepção de todo esse trabalho. O disco conta a história de Pink, uma estrela do rock cansada que constrói um "muro" psicológico de isolamento social, inspirado nessa fase que Waters estava passando e também por Syd Barrett. Para produzir esse disco, Waters assumiu o controle criativo quase total, e eles tiveram a ajuda do produtor Bob Ezrin para ajudar a moldar o álbum. Como descrito por ser uma história, o repertório precisava passar todo aquele sentimento de se sentir dentro dela, e cada contexto demonstra isso, como traumas explícitos em The Thin Ice e Hey You, The Happiest Days of Our Lives, que demonstra uma crítica social em cima de um sistema educacional opressor, e que logo vem acompanhado pelo clássico Another Brick in the Wall, Pt. 2. Mais à frente, vem o outro hit espetacular Comfortably Numb, que demonstra a alienação de Pink. Sério, todas as faixas são esplêndidas. Após isso, esse disco foi adaptado para um filme em 1982, similar ao que aconteceu com Tommy do The Who. Sendo assim, mais um trabalho que se tornou um clássico absoluto do Pink Floyd.

The Final Cut – Pink Floyd 





















NOTA: 5/10


Três anos depois do lançamento de The Wall, chega o 12º álbum do Pink Floyd em um momento totalmente conflituoso e conturbado da banda. Na época do álbum anterior, foi marcada a saída do tecladista Richard Wright, devido ao fato de que ele havia contribuído muito pouco durante o processo de criação e saiu logo após aquela turnê. A concepção desse álbum surgiu quando Waters planejou como trilha sonora para o filme The Wall. Mas, com o início da Guerra das Malvinas, ele o reescreveu como um álbum conceitual, explorando o que considerava a traição de seu pai, que morreu servindo na Segunda Guerra Mundial. A produção ficou marcada por conflitos entre Waters e Gilmour, resultando em um álbum que muitos consideram mais um projeto solo de Waters com o apoio de Gilmour e Nick Mason. Não é à toa, pois o restante da banda teve um papel menor, enquanto Michael Kamen e James Guthrie apenas fizeram trabalho deles de produzirem esse álbum, que acabou se tornando uma produção confusa e com uma sonoridade de Art Rock sem graça. Embora o repertório tenha faixas interessantes, como Paranoid Eyes, Not Now John e Your Possible Pasts, é dividido com outras faixas genéricas e chatas, como When the Tigers Broke Free, Two Suns in the Sunset, The Hero’s Return e a pavorosa The Gunner’s Dream. Sendo assim, um trabalho completamente mediano que demonstrou uma grande queda de qualidade.

A Momentary Lapse of Reason – Pink Floyd 





















NOTA: 2,7/10


Depois de algum tempo, chega mais um álbum do Pink Floyd, que é ainda mais problemático que o último lançamento. O problema já começou após Roger Waters ter anunciado a sua saída da banda, e o futuro do Pink Floyd parecia incerto. Mas David Gilmour decidiu continuar com a banda, tentando restabelecer a identidade do grupo sob sua liderança, junto com Richard Wright, que voltou a participar das gravações, embora ele não tenha sido reintegrado oficialmente à banda. Nessa época, eles haviam mudado de gravadora, estando agora na EMI, e gravaram esse álbum não só nos estúdios da Britannia Row em Londres, mas também no estúdio flutuante Astoria de Gilmour. A produção ficou por conta de Bob Ezrin, que tentou enquadrar a sonoridade contemporânea e mesclá-la com o som característico da banda, o que se tornou um problema gigantesco, pois os arranjos não se encaixaram de forma alguma. Isso é mostrado em um repertório totalmente apático, que na sua maioria é recheado de músicas que não trazem nenhum tipo de emoção e são muito fracas, como The Dogs of War, One Slip, Round and Around e Terminal Frost. Esses últimos são os instrumentais mais sem graça que eu já escutei na minha vida. No entanto, há três faixas boas que se destacam: a espetacular Learning to Fly, Yet Another Movie e Sorrow, que é um ótimo encerramento. Mas, no final de tudo, é basicamente um álbum completamente esquecível, faltando muita coisa para ser lapidado.

The Division Bell – Pink Floyd 





















NOTA: 8,8/10


Sete anos se passaram, e o Pink Floyd retorna com aquele que é tratado como seu último álbum, The Division Bell (em um momento eu explico o porquê). Após um último trabalho fraquíssimo, o Pink Floyd, agora composto por David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright, entrou em um período de estabilidade criativa. Lembrando que na metade das gravações do A Momentary Lapse of Reason houve o problema de Roger Waters iniciar um processo legal pelos direitos do nome Pink Floyd, que só foi resolvido vários meses após o lançamento, permitindo que eles se concentrassem mais na música, marcando também Wright oficialmente reintegrado à banda. A produção foi novamente liderada por Bob Ezrin, que se recuperou das cagadas cometidas no último álbum com aquele somzinho contemporâneo, e dessa vez trouxe uma abordagem mais orgânica e atmosférica. O processo criativo foi mais colaborativo, com contribuições significativas de Richard Wright, cujos teclados e composições ajudaram a moldar o som do álbum. E o repertório deste disco tem uma ordenação perfeita e todas as músicas são legais, como as hipnotizantes faixas instrumentais Cluster One e Marooned, e também as canções What Do You Want from Me, Wearing the Inside Out, Coming Back to Life e High Hopes, todas incríveis. E uma outra coisa: a canção Poles Apart é sim uma mensagem para Syd Barrett e Waters. Enfim, esse álbum é muito bom e demonstrou um tom de despedida da banda aos fãs.

The Endless River – Pink Floyd 





















NOTA: 8/10


Há quase dez anos atrás, chegou o último álbum de estúdio do Pink Floyd, que é totalmente diferente dos trabalhos anteriores. Mas o contexto era o seguinte: em 2008, Richard Wright acabou falecendo, vítima de um câncer no pulmão. Então, Gilmour e Mason, os membros que sobraram, decidiram fazer meio que um tributo. O material presente neste disco foi originalmente gravado durante as sessões do The Division Bell em 1993, e a produção em si foi mais uma vez liderada por David Gilmour, com a colaboração de Phil Manzanera, Youth e Andy Jackson. As gravações originais foram retrabalhadas, incorporando novos elementos e ajustes para criar uma experiência sonora coesa. Eles decidiram manter a essência do trabalho de Wright, destacando seus teclados atmosféricos e etéreos, que sempre foram uma marca registrada do som da banda. O repertório em si é basicamente composto de faixas instrumentais, todas muito boas e que surgiram de pequenas ideias. As que vale destacar são Things Left Unsaid, Anisina, Skins, Talkin' Hawkin' e Calling. Um adendo tem apenas uma faixa que contém letras, que é Louder than Words que é muito legal e traz uma reflexão, por ser a canção que finaliza esse álbum. Esse disco é legal, só que os fãs detestaram e o descreveram como sonolento, acabando por desconsiderá-lo como o último álbum da banda, o que não passa de uma tremenda besteira, da até pra você fazer dever de casa escutando esse álbum.

Bon Jovi – Bon Jovi  





















NOTA: 8/10


Exatamente trinta anos atrás, surgia uma banda em Nova Jérsei que ficaria bastante conhecida com o tempo e que lançava um disco de estreia, no mínimo, interessante. Formada um ano antes, no distrito de Sayreville, a banda começou após o vocalista Jon Bon Jovi ter feito várias demos e as enviado para gravadoras, mas não conseguiu causar impacto. Porém, quando ele foi para a estação de rádio local, o DJ Chip Hobart ouviu as demos e adorou uma certa canção (que já, já eu falo dela), e decidiu incluí-la na compilação da estação de talentos locais. Só que ele precisava de uma banda e resolveu ligar para seu amigo David Bryan, que por sua vez chamou o baixista Alec John Such e um experiente baterista chamado Tico Torres, ambos ex-integrantes do Phantom's Opera, e logo depois incluiu Richie Sambora como guitarrista. Após isso, eles assinaram com a Mercury Records e partiram para gravar, com o objetivo de criar um som polido e acessível. O repertório já começa com aquela canção que foi incluída naquela compilação, o primeiro hit da banda, Runaway, que começa esse disco bem e logo vêm outras faixas legais como Roulette, Breakout, Come Back e Shot Through The Heart, que não tem nada a ver com uma canção que viria futuramente. No final de tudo, é um ótimo disco de estreia e que mostrou ser um bom começo para a banda de Jon Bon Jovi e Companhia.

7800° Fahrenheit – Bon Jovi 





















NOTA: 8/10


Já no ano seguinte, é lançado o segundo trabalho da banda, o 7800° Fahrenheit, cujo título é uma referência à temperatura de fusão do rock, indicando a intenção da banda de produzir um som ainda mais quente e intenso. Apesar do sucesso inicial, a banda ainda precisava se afirmar no cenário do rock dos anos 80 e decidiu se encaixar ainda mais naquela onda de Hard Rock que acabou sendo descrita como "Hard Rock Farofa". Logicamente, eles ainda estavam tentando buscar um jeito de alcançar ainda mais sucesso. O álbum foi produzido apenas por Lance Quinn, que manteve a abordagem polida e acessível do álbum de estreia, demonstrando riffs de guitarra mais pesados de Richie Sambora e melodias cativantes, trazendo algumas influências de Pop Metal e Arena Rock. E, claro, a parte lírica estava cheia de romantismo. Mais uma vez, o repertório tem várias canções interessantes como In and Out of Love, Only Lonely, Tokyo Road, enquanto as melhores faixas desse álbum não são muito lembradas que é King of the Mountain e To the Fire, que têm arranjos mais acelerados. Enfim, esse disco é um dos mais subestimados da banda, tanto que anos mais tarde Jon Bon Jovi disse que ignorava a existência dele e afirmava que nessa época a banda não tinha identidade definida. Tendo ou não, é um trabalho legal.
 

Então é isso e flw!!!

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