Chiclete – Pixote
NOTA: 8/10
No ano seguinte, é lançado o primeiro EP do grupo intitulado Chiclete, e, comparado aos últimos álbuns, tem muita coisa legal por aqui. Depois de dois lançamentos que não tiveram uma boa recepção, o Pixote precisava renovar as esperanças para não dar a impressão de que tinham se perdido totalmente e que suas letras românticas estavam ficando forçadas. O objetivo deste EP era renovar o repertório do grupo, trazendo músicas que falam de amor e relacionamentos com a característica mais antiga deles. A produção ficou muito bem-feita, e todos os arranjos foram bem trabalhados. Além disso, toda a sonoridade foi cuidadosamente elaborada para captar a essência do Pagode moderno. As músicas trazem uma total leveza, e quem trabalhou na masterização provavelmente pensou com muito carinho nessa parte, realizando o trabalho com total excelência. O repertório contém seis faixas, todas com temas românticos. As que mais remetem ao estilo antigo do Pixote são Ele e Ela e, claro, a faixa-título. Há também uma música voltada para a época atual que vivemos, com uma instrumentação brilhante, que é Você Tá no Celular. O repertório é simples, mas bem melhor que os últimos álbuns. Enfim, este trabalho é muito bom e finalmente apresenta algo totalmente coeso.
Drive In – Pixote
NOTA: 4/10
Samba Esporte Fino (Carolina) – Seu Jorge
NOTA: 8,7/10
Há exatos 23 anos, foi lançado o primeiro disco da carreira solo do Seu Jorge, intitulado Samba Esporte Fino. E sim, parece que vocês estão perdidos, mas assim eu acabei percebendo que planejei errado a base do meu cronograma de quem eu ia falar aqui, então o Pixote passou na frente do Seu Jorge e eu nem percebi. Então, só para corrigir esse erro, vou falar sobre a discografia dele de forma ocasional. Enfim, o cantor estava iniciando sua carreira solo após sair do grupo Farofa Carioca e foi trabalhar de forma independente com a gravadora Regata. Ele partiu para gravar seu primeiro álbum, que contou com o renomado produtor Mário Caldato Jr., conhecido por seu trabalho com os Beastie Boys e Marisa Monte. O cantor acabou trabalhando junto com ele e juntos fizeram uma sonoridade sofisticada combinando vários gêneros, não só o próprio Samba em si, mas também Samba-rock e Samba-funk, além, é claro, da MPB. Todos os arranjos foram muito bem trabalhados e precisos em todos os detalhes. Além disso, o repertório já mostra ser incrível e ele começa com o primeiro hit da trajetória do Seu Jorge, que é a sensacional Carolina (essa faixa deu o título para o lançamento desse disco internacionalmente). Além dela, tem Tu Queria, O Samba Taí, Samba Que Nem Rita a Dora e uma composição do Jorge Ben intitulada Em Nagoya Eu Vi Eriko, entre outras canções muito boas. Em suma, o disco de estreia do cantor é sensacional e já de cara fez ele se popularizar de forma rápida.
Cru – Seu Jorge
NOTA: 7,1/10
The Life Aquatic Studio Sessions – Seu Jorge
NOTA: 8,2/10
Após o Cru, Seu Jorge lança The Life Aquatic Studio Sessions, que é totalmente diferente dos dois primeiros discos. Isso se deve ao fato de que todo esse material é composto por covers acústicos em português das músicas de David Bowie, originalmente apresentadas no filme The Life Aquatic with Steve Zissou, dirigido por Wes Anderson. No filme, o cantor interpreta um membro da tripulação que frequentemente aparece tocando suas versões únicas das canções de Bowie. E toda essa estratégia foi tão bem pensada que deu bastante reconhecimento da crítica e dos fãs do cantor. A produção é muito simples, afinal a gravação inteira contém um estilo acústico simples, que demonstra Seu Jorge cantando e tocando violão, capturando a essência das músicas de David Bowie com aquele jeitinho brasileiro. O fato é que a sonoridade inteira é esplêndida e muito bem executada em seus arranjos. Com isso, o repertório contém 14 faixas, com apenas uma sendo original, a ótima canção Team Zissou. Já os covers, todos são bons, e os que mais se destacam são Rebel Rebel, Life On Mars?, Ziggy Stardust, Lady Stardust e Five Years, todas sendo bem descontraídas, até mesmo a penúltima faixa Quicksand. E todo esse trabalho rendeu e muito, tanto que o próprio Bowie apreciou esse disco, dizendo até que, se Seu Jorge não tivesse gravado suas músicas em português, ele nunca teria ouvido o grau de beleza contido nelas. Sendo assim, um ótimo álbum que demonstra a versatilidade do cantor.
América Brasil – Seu Jorge
NOTA: 9/10
Em 2007, chega o sensacional disco América Brasil, que acabou sendo o grande salto na carreira do Seu Jorge. Após alcançar reconhecimento internacional com o álbum Cru e suas contribuições para a trilha sonora do filme The Life Aquatic with Steve Zissou, e após ter feito alguns curtas-metragens, o cantor voltou suas atenções para um projeto que celebrasse e explorasse a diversidade musical do Brasil. Decidindo fazer um disco completamente pensado para mostrar a riqueza da música brasileira. Dessa vez, Seu Jorge produziu sozinho seu disco e trouxe uma sonoridade que equilibra elementos tradicionais e contemporâneos, combinando instrumentos acústicos com eletrônicos para criar um som autêntico e inovador. Além disso, o álbum mostra uma mistura de influências como Samba, MPB, Funk (logicamente o americano) e até um pouco do Rock mais tradicional. O repertório é completamente incrível e apresenta um grande nível de coesão, demonstrado em várias canções como as interessantes América do Norte e Trabalhador, que, apesar de terem letras sérias, são bem descontraídas, além de Mariana, Seu Olhar e Samba Rock, que trazem um lado mais melódico. E claro, os grandes hits Burguesinha e Mina do Condomínio, que, por mais que sejam chicletudas, têm letras bastante sérias e que se encaixam perfeitamente com seus arranjos. Esse disco é completamente espetacular e não é à toa que é um dos melhores trabalhos da carreira do cantor.
Seu Jorge e Almaz – Seu Jorge
NOTA: 8,6/10
Após o América Brasil, Seu Jorge lança um álbum colaborativo com o trio Almaz, que é basicamente feito para testar novos sons. Esse trio é composto pelo guitarrista Lúcio Maia e o baterista Pupillo, ambos membros da banda Nação Zumbi, e por Antônio Pinto, compositor de trilhas sonoras, que era o baixista desse projeto. Tudo isso surgiu quando eles estavam gravando a trilha sonora do filme Linha de Passe e convidaram o cantor para gravar os vocais em uma das faixas presentes nesse álbum. Com isso, eles acabaram decidindo gravar um disco juntos e se reuniram no estúdio Ambulante, de Antonio Pinto, gravando 18 canções ao vivo. Produzido pelo próprio trio Almaz e por Mario Caldato, esse trabalho foi gravado em um estúdio caseiro em São Paulo. A produção em si foi caracterizada por uma abordagem minimalista, que busca capturar a espontaneidade e a energia das performances ao vivo, combinando influências de grande predominância de Soul, Funk e, em determinados momentos, música psicodélica. Isso é refletido em um repertório onde todas as faixas são covers, e todos eles são muito bons. Os que mais se destacaram foram Saudosa Bahia, Ciranda, Pai João e Rock With You, todas muito bem interpretadas e com uma instrumentação totalmente imersiva. Outros covers muito bons são Juizo Final, que foi aquela canção gravada inicialmente por Seu Jorge e Cristina do Tim Maia. Sendo assim, é um trabalho muito legal e bastante interessante inclusive.
Músicas para Churrasco, Vol. 1 – Seu Jorge
NOTA: 9/10
Depois do seu trabalho com o trio Almaz, Seu Jorge lança o disco Músicas para Churrasco, Vol. 1, que até engana com seu título de coletânea. Após o sucesso que foi América Brasil, o cantor decidiu criar um projeto com uma abordagem mais leve e divertida, ideal para festas e especialmente os famosos churrascos brasileiros. Além disso, tudo foi planejado de uma forma conceitual que mostrasse a descontração da vida cotidiana brasileira. Mais uma vez, Seu Jorge trabalhou junto com Mario Caldato e, como sempre, destacaram toda aquela mistura de ritmos brasileiros com elementos de Funk, Samba e MPB, mas deixando a sonoridade muito mais vibrante e dançante, com arranjos que destacam a habilidade musical do cantor. Não só isso, todas as composições surgiram de vivências dele e todas elas se encaixavam de um modo que mostrasse o cotidiano do nosso país. Refletindo num repertório muito bem feito, começando com várias canções espetaculares como A Doida e Meu Parceiro, que são basicamente músicas relacionadas à sociedade atual, além da descontraída e cheia de humor Amiga da Minha Mulher, que foi o grande hit desse álbum, e uma canção relativamente bobinha com o nome de Japonesa. Fora isso, há outras músicas muito interessantes como Véia, que, apesar do seu título, é bem cativante, e Quem Não Quer Sou Eu, que até lembra um pouquinho daquelas canções lo-fi. No fim, é mais um trabalho excelente do Seu Jorge, muito bem escrito e planejado. E olha que vinha mais um por aí.
Músicas para Churrasco, Vol. 2 – Seu Jorge
NOTA: 8,6/10
E aí chegamos ao último trabalho até o momento do Seu Jorge, a continuação do Músicas para Churrasco, que foi lançado em 2015. Assim como o volume anterior, o Volume 2 mantém o espírito descontraído e festivo, com canções que celebram a cultura do churrasco brasileiro, a vida cotidiana e o romantismo. Por mais que esse álbum não tenha seguido seu antecessor em ser mais conceitual, aqui as coisas foram mais comuns; porém, os temas continuaram muito bem pensados. A produção foi a mesma de sempre, com a parceria de sucesso entre Seu Jorge e Mario Caldato. Os arranjos continuaram com aqueles ritmos abrasileirados, só que com toques mais modernos, além de elementos do Pop e da Soul Music. Mas a sonoridade continua animada, dançante e com muita descontração. Já o repertório ficou muito bom e inclui várias canções interessantes, como Na Verdade Não Tá, Motoboy e Papo Reto, que trazem um contexto que até sugere ser reflexivo. Além disso, temos as sensacionais canções Felicidade, que é super cativante, Ela É Bipolar, que tem um lado crítico bem rústico, e a curiosa Mina Feia, que apesar do título, tem uma ótima mensagem contida em sua letra. Após este álbum, não tivemos quase nenhuma novidade de algo novo, e aquela história de lançar um filme sobre esses dois últimos álbuns não chegou a sair do papel. Bom, no fim, este álbum é muito legal e tem o seu devido valor.
Cartola – Cartola
NOTA: 10/10
Em 1974, é lançado o disco de estreia de um senhor chamado Agenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola. Já consagrado no mundo do samba, especialmente como um dos fundadores da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, Cartola só lançou seu primeiro álbum aos 66 anos. Esse lançamento foi resultado de uma vida dedicada ao Samba, mas repleta de dificuldades financeiras e reconhecimento tardio. O surgimento dessa obra aconteceu após o cantor ter sido levado por Beth Carvalho, depois da gravação de As Rosas Não Falam, e ter conseguido falado com o pesquisador musical e publicitário Marcus Pereira. Então, João Carlos Botezelli (Pelão) produziu esse disco e o lançou pelo selo, Discos Marcus Pereira. A produção é simples, mas eficaz, destacando a voz suave e emotiva do cantor, acompanhada por arranjos sofisticados. O repertório é completamente maravilhoso e mágico, com muitas canções incríveis como Disfarça e Chora, Acontece e Alegria, além de outros clássicos como O Sol Nascerá, que foi criada após um improviso junto com Elton Medeiros, que também gravou essa música no seu álbum de estreia. Também tem a canção Alvorada, que foi criada após o cantor e Carlos Cachaça estarem descendo o Morro do Pendura a Saia, quando ficaram impressionados com os primeiros raios de sol que surgiram. O fato é que todas as canções tiveram ótimas inspirações. No final de tudo, é um disco maravilhoso e um dos verdadeiros clássicos da música brasileira.
Então é isso e flw!!!