What You Gonna Do When The Grid Goes Down? – Public Enemy
NOTA: 8,2/10
Em setembro do mesmo ano, saiu o último disco até o momento do Public Enemy, com muitas coisas impactantes. Surgindo naquele período de intensa agitação social e política nos Estados Unidos, com movimentos como Black Lives Matter ganhando destaque mundialmente, o grupo canalizou essa energia para criar uma obra que aborda temas de justiça social, política e a necessidade de resistência coletiva. Além disso, esse trabalho marca o retorno do Public Enemy à Def Jam Recordings, a lendária gravadora onde lançaram seus álbuns mais icônicos. A produção foi feita por Chuck junto com a ajuda do Flavor, e eles fizeram um trabalho que combina a estética clássica do Public Enemy com influências modernas. Toda sonoridade é crua e direta, com muita batida pesada e arranjos muito bem trabalhados. Refletindo num repertório muito bom, com várias participações ambiciosas. As melhores foram com o sensacional grupo Cypress Hill e George Clinton em GRID, Nas, Rapsody, Black Thought, Jahi, YG e Questlove no remix de Fight The Power. Tem também uma nova versão de Smash The Crowd que ficou muito boa. Na verdade, várias músicas do Nothing Is Quick in the Desert foram refeitas e ficaram bem melhores, como é o caso de Toxic. Mas das músicas inéditas, a que mais vale destacar é State Of The Union (STFU) com DJ Premier. No final de tudo, é um ótimo disco, muito bem produzido e que até pode se tornar um clássico do grupo.
Toto – Toto
NOTA: 9/10
Hydra – Toto
NOTA: 9/10
No ano seguinte, eles retornam com outro álbum incrível, o Hydra, que trazia a banda num lado de Rock progressivo. Após o sucesso comercial do seu álbum de estreia, a banda buscou expandir seus horizontes musicais e experimentar novos sons e estruturas. E como já dito, esse disco é frequentemente visto como uma tentativa de mostrar um lado mais progressivo e até ambicioso da banda. A produção foi novamente feita pela banda, com a colaboração de Tom Knox e Reggie Fisher. E o trabalho em si foi muito bem detalhado, incorporando uma variedade de instrumentos e arranjos elaborados que refletem o desejo do grupo de experimentar e inovar. Além de uma mixagem impecável, permitindo que cada elemento sonoro tenha seu espaço, resultando em um som denso e complexo. Contendo um repertório tão incrível quanto o do seu antecessor, cheio de músicas incríveis como, no início, as meio psicodélicas faixa-título e St. George and the Dragon, e também a canção 99, que foi inspirada no filme de ficção científica THX 1138 e que traz uns arranjos muito suaves. Além disso, tem também as boas baladas A Secret Love e Lorraine (já adianto que tem muita música com nome de mulher, então se acostumem) e o brilhante Hard Rock contido em All Us Boys. No fim, é um disco maravilhoso e que, por mais que não tenha tido o mesmo sucesso comercial do seu antecessor, é um baita disco.
Turn Back – Toto
NOTA: 8,5/10
Toto IV – Toto
NOTA: 8/10
Então, no ano seguinte, eles lançam o ótimo e icônico álbum Toto IV, que foi certamente um dos trabalhos mais importantes da banda. Após o último disco não ter tido um grande sucesso, a banda estava sob forte pressão da Columbia Records para entregar um álbum de sucesso, pois, caso contrário, corriam o sério risco de serem desligados da gravadora. Determinados a fazer um grande retorno, eles se concentraram em criar um álbum que tivesse a mesma fórmula de sucesso de sua estreia. Assim, novamente, eles próprios produziram esse disco com a ajuda do Greg Ladanyi. Essa produção é um exemplo clássico do som polido e altamente profissional que caracteriza muitos álbuns dos anos 80. Esse trabalho é conhecido por sua produção cristalina, que equilibra perfeitamente os instrumentos e os vocais, destacando os arranjos complexos e o virtuosismo técnico da banda, enquadrando uma sonoridade que é uma combinação de Hard Rock, Pop Rock e até influências de Jazz. Mas esse disco tem um grande problema, que é seu repertório: por mais que todas as músicas sejam boas, como é o caso da sensacional Africa, a ótima Rosanna, e a melancólica It’s a Feeling, há uma imensa falta de ordenação, pois elas deveriam abrir o álbum, enquanto I Won’t Hold You Back deveria encerrá-lo. Sinceramente, eles erraram muito na ordem das faixas. Mas, apesar disso, é um disco muito bom e realmente é um dos melhores trabalhos da banda.
Isolation – Toto
NOTA: 7,8/10
Indo para Isolation, que é o 5º álbum de estúdio do Toto, que chega com várias mudanças e coisas novas. Após o sucesso do último disco, o baixista David Hungate deixou a banda para seguir uma carreira de estúdio/produção, e outro dos irmãos Porcaro entrou em seu lugar, o Mike Porcaro. Já o vocalista Bobby Kimball enfrentou um processo por acusações relacionadas a drogas. E por mais que elas tenham sido retiradas, Kimball foi demitido da banda em 1984 devido à dificuldade de gravar vocais e inúmeras sessões perdidas, o que foi um grande erro na minha visão. Em seu lugar entrou o Fergie Frederiksen, que era da banda LeRoux. Mais uma vez a banda produziu seu próprio disco, e toda sua sonoridade foi moldada de uma forma sofisticada, com grandes influências de Rock de Arena. E assim eles fizeram isso para deixar tudo de uma forma grandiosa, tentando carimbar tudo que eles conseguiram fazer em seu antecessor. O repertório desse álbum contém ótimas músicas, apesar de que muitas delas até se encaixariam perfeitamente naqueles filmes de férias daquela época, como é o caso de Stranger in Town e Angel Don’t Cry, ambas maravilhosas, além da boa balada contida em How Does It Feel e na energética Mr. Friendly. No entanto, tem umas músicas medianas que são Endless e a faixa-título, que têm uma grande falta de ritmo. Enfim, esse disco é muito bom, mas é claro que dá para notar uma tentativa de se enquadrar nas canções de sucesso dos anos 80.
Fahrenheit – Toto
NOTA: 8,7/10
Mais dois anos se passaram, e é lançado o Fahrenheit, mais um disco da banda que vem com mais algumas mudanças. Após Isolation, Fergie Frederiksen foi demitido, já que ele estava com muita dificuldade em gravar com eles. Então a banda fez uma audição com Joseph Williams, filho do compositor de cinema John Williams e da atriz Barbara Ruick, e ele foi escolhido para assumir os vocais principais no início de 1986. A produção foi exatamente a mesma, porém a sonoridade ficou muito puxada para um lado ainda mais Pop e principalmente seguindo as tendências da grande mídia, no caso eles fizeram o máximo para se aproximar da New Wave, embora tivesse influências muito mais de Rock de Arena, com R&B e até Funk Rock. O álbum também apresentou contribuições de músicos convidados, como Michael McDonald, David Sanborn, Paulinho da Costa, entre outros, que incluíram camadas adicionais em algumas faixas. Enquanto que o repertório é o que mais se aproximou dos outros discos, com muitas faixas interessantes como Till the End, Can’t Stand It Any Longer e Somewhere Tonight, que são bem diferenciadas em seus arranjos, além da lindíssima balada Without Your Love, Lea, que é uma canção injustamente subestimada, e logicamente o grande hit desse disco I’ll Be Over You. E só um detalhe, eles acertaram muito na ordem das faixas. No fim, é um disco incrível e um dos trabalhos mais interessantes da banda em seu auge.
The Seventh One – Toto
NOTA: 7,3/10
Pouco tempo depois, foi lançado The Seventh One, um trabalho ainda mais diversificado que o anterior. Após o Fahrenheit, que foi um álbum onde a banda tentou repetir o mesmo sucesso do Toto IV, notava-se que eles estavam completamente pressionados pelas tendências da época. Quando começaram a gravar este disco, o tecladista Steve Porcaro anunciou que estava deixando a banda. Sua decisão foi parcialmente influenciada por acreditar que suas contribuições não estavam bem representadas e, além disso, ele queria se dedicar a produzir trilhas sonoras para o cinema. A produção do álbum foi conduzida por George Massenburg, com colaborações da banda e do Bill Payne. Eles gravaram em estúdios de alta qualidade, com arranjos complexos e uma sonoridade polida que ia para um lado completamente Pop, mas que continuava a explorar elementos de Rock de arena e isso foi ideia do próprio Massenburg, lembrando que Steve Porcaro contribuiu para as gravações desse álbum. O repertório em si é interessante, com algumas músicas muito bem pensadas, como a melódica Pamela, You Got Me, onde os vocais de Joseph Williams fazem parecer uma música do Michael Jackson, a maravilhosa Stop Loving You e a interessante balada Only the Children. No entanto, há canções que são bem amarradas e que chegam a ser tediosas, como Mushanga, Stay Away, These Chains e a desnecessária Home of the Brave. Apesar de ser um disco legal, ele peca completamente em todo seu conceito.
Kingdom of Desire – Toto
NOTA: 2/10
Quatro anos se passaram, e chega o Kingdom of Desire, que era um trabalho completamente diferente e que tentava trazer coisas novas. Este álbum marcou uma mudança significativa no som da banda, movendo-se para um estilo muito mais tendencioso. Eles demitiram Joseph Williams e tentaram encontrar um novo vocalista, mas, por grande pressão, Steve Lukather acabou assumindo os vocais. Quando faltavam poucos meses para o lançamento deste álbum, o baterista Jeff Porcaro faleceu, vítima de uma doença cardíaca. Felizmente, ele teve tempo de gravar este disco. O álbum foi produzido pela banda em conjunto com Danny Kortchmar, e eles tentaram deixar a sonoridade mais direta, além de tornar as canções mais imersivas e técnicas, inserindo várias influências de Hard Rock, Blues Rock, Funk Rock e, em determinados momentos, até Heavy Metal (por incrível que pareça). No entanto, nada disso acabou funcionando, pois ficou forçado demais e não havia qualquer nível de coesão. O resultado foi um repertório que é um compilado de músicas sem brilho e que beiram ao tédio. Muitos desses casos são evidentes nas péssimas faixas She Knows The Devil, The Other Side e o instrumental completamente sem graça intitulado Jake to the Bone. Além disso, as baladas até tinham potencial, mas acabam beirando a chatice, como How Many Times e Only You. No final de tudo, o último trabalho da banda com Jeff Porcaro é um completo desastre.
Tambu – Toto
NOTA: 8/10
Após o último álbum, que foi completamente desastroso, eles retornam com Tambu, que resgatou um pouco da essência da banda. Este disco marca uma fase de transição para a banda, sendo o primeiro após a morte do baterista Jeff Porcaro e com a entrada de Simon Phillips como seu substituto, por mais que isso pudesse nem ter acontecido, já que o Toto quase acabou. Mas foi por conta da família de Jeff que eles decidiram continuar. O título desse disco se deve a uma referência a um tambor africano, refletindo uma certa exploração de ritmos e estilos diversos. A produção foi em conjunto com Elliot Scheiner, um produtor renomado que já havia trabalhado com artistas como Steely Dan e The Eagles. O trabalho ao todo foi muito mais sofisticado e bem planejado, com uma clara ênfase na qualidade sonora e nos arranjos detalhados. Trazendo uma sonoridade muito mais certeira e fiel, misturando influências de Hard Rock com Pop, o que foi aquilo que os fez ficarem conhecidos, só que, é claro, o som estava modernizado. Dessa vez, o repertório desse disco é muito bom e todas as músicas continuaram sendo longas, mas, desta vez, tinham muito mais qualidade, como I Will Remember, If You Belong to Me, Baby He’s Your Man e Time Is The Enemy, que são bastante contagiantes. Além disso, há também uma ótima balada, The Other End Of Time, e a eclética Drag Him To The Roof. Enfim, este álbum é muito legal e eles praticamente conseguiram fazer algo que não conseguiram com seu antecessor.