Muse Sick-N-Hour Mess Age – Public Enemy
NOTA: 8,9/10
Depois de algum tempo, chega mais um novo álbum do Public Enemy e esse acabou sendo um trabalho totalmente diferente. Após o Apocalypse 91 ter sido muito mais polido que seus anteriores, devido as mudanças que Hip-Hop/Rap estava passando, já que o Gangsta rap estava dominando por conta das suas questões sociais e políticas sendo debatidas fervorosamente. Então o grupo utilizou este álbum para comentar sobre a nova direção do gênero e os problemas enfrentados pela comunidade afro-americana. Novamente, teve a mesma produção, apenas com a mudança de que eles estavam sob a base de duas gravadoras fortes, já que a Columbia, que estava desde o 1º álbum, teve seu vínculo terminado, e no lugar entrou a Polygram fazendo uma parceria com a Def Jam. Mais uma vez, as batidas são densas, com samples complexos e arranjos caóticos, combinados com letras afiadisssimas. A sonoridade toda, por mais que seja um Hardcore Hip Hop, tem momentos que ela vai para uma pegada mais alternativa. Além disso, o repertório é muito bom e tem várias faixas incríveis como What Side You On?, What Kind Of Power We Got? e So Whatcha Gone Do Now?. Além é claro da maravilhosa Give It Up, que tem uma letra bastante séria e tem também Thin Line Between Law & Rape que demonstra uma provocação sobre a brutalidade policial. O fato é que todas as faixas foram bem trabalhadas. No final, é um disco muito bom e que acabou sendo um trabalho muito injustiçado.
There's a Poison Goin' On - Public Enemy
NOTA: 5/10
Revolverlution – Public Enemy
NOTA: 7/10
Indo para o Revolverlution, que é o 8º álbum do Public Enemy, ele veio para ser uma tentativa de relembrar os primeiros discos. Após terem cometido muitos erros no seu último lançamento, eles sabiam que precisavam se adaptar, pois o Hip Hop/Rap estava se modernizando. Então, com tudo isso, o grupo preferiu fazer um disco que relembrasse suas raízes. O trabalho da produção foi conduzido especialmente por Gary G-Wiz, Professor Griff e Chuck D, que mesclaram uma variedade de estilos e técnicas de produção, desde batidas pesadas e samples tradicionais do Hip-Hop com aqueles mesmos elementos que estavam presentes no It Takes a Nation. Além disso, eles decidiram incluir alguns remixes de fãs e gravações ao vivo, o que foi uma estratégia para mostrar o quanto respeitavam seus fãs, por mais que pareça que os fãs sacanearam eles. O repertório até que é decente e tem um começo muito bom com as canções Gotta Give The Peeps What They Need, a própria faixa-título, Can A Woman Make A Man Lose His Mind? e sem contar a ótima What Good Is A Bomb, além de ter algumas faixas sensacionais como Put It Up, Son Of A Bush e uma versão ao vivo do clássico Fight the Power. Mas tem algumas faixas completamente medíocres como Welcome To The Terrordome, o ridículo remix de Public Enemy No.1 e uma desnecessária gravação do making of de Burn Hollywood Burn. Em suma, é um álbum bom, por mais que tenha cometido quase os mesmos erros do seu anterior.
New Whirl Odor – Public Enemy
NOTA: 2,5/10
How You Sell Soul to a Soulless People Who Sold Their Soul??? – Public Enemy
NOTA: 9,5/10
Depois de um disco completamente ruim, além de um álbum colaborativo com o rapper Paris (que um dia eu vou comentar quando chegar na discografia dele), o Public Enemy retorna com seu 10º álbum de estúdio. Após notarem que se perderam no último trabalho, decidiram não trabalhar novamente com aquelas povo e perceberam que, como estavam trabalhando de forma independente, parecia que estavam amarrados a uma gravadora que exigia que eles fossem comerciais. Assim, decidiram mudar essa chave e abordar mais temas de justiça social, desigualdade racial e crítica à indústria musical. Depois daquela produção horrível, voltaram a trabalhar com Gary G-Wiz, que mostrou o quanto entende da intensidade característica do grupo, além de trazer uma sonoridade experimental e utilizar uma combinação de batidas pesadas e arranjos densos que complementam as letras poderosas e provocativas, relembrando os velhos tempos dos anos 80. O repertório ficou sensacional e realmente muito bem feito do começo ao fim. Falo isso por conta das espetaculares canções Black Is Back, Sex, Drugs and Violence, Can You Hear Me Now, Harder Than You Think (que é uma das músicas do grupo que tem um som bem leve), e também a curiosa Frankenstar, que é uma verdadeira crítica ao culto às celebridades. Além disso, os interlúdios também ficaram muito bons. Enfim, este disco é maravilhoso e traz o grupo de volta com novas esperanças.
Most of My Heroes Still Don't Appear on No Stamp – Public Enemy
NOTA: 8,5/10
Cinco anos após o último lançamento, chega o Most of My Heroes Still Don't Appear on No Stamp, que é um disco ainda mais introspectivo. Lançado em um período em que o grupo estava reafirmando sua posição como voz importante na luta contra a injustiça social e racial, décadas após seu surgimento. Por mais que a gente lembre que naquela época o presidente dos Estados Unidos era negro, a desigualdade racial obviamente ainda continuava, e isso incomodava o Chuck D, ficando aparente no título do álbum que faz uma referência ao refrão da música Fight the Power e destaca o fato de que muitos dos heróis e figuras importantes na luta pelos direitos civis e sociais não são reconhecidos oficialmente. Mas enfim, a produção do álbum foi novamente liderada pelo grupo, com o apoio do Gary G-Wiz e outros colaboradores como C-Doc, DJ Pain 1 e afins. A sonoridade era uma completa mistura de estilos clássicos do Public Enemy com influências modernas, resultando em uma sonoridade que chega a ser nostálgica. Então, mais uma vez, eles fizeram um repertório ótimo e cheio de músicas muito legais como Get Up Stand Up, que tem uma boa participação do Brother Ali, a faixa-título que é meio que a versão 2.0 daquela canção já citada, Get It In, que é uma canção completamente caótica que tem a incrível participação do Bumpy Knuckles, além de Catch the Thrown, RLTK, que é um feat com DMC do clássico grupo Run-DMC, e Fassfood. No fim, é um disco muito bom, porém muito subestimado.
The Evil Empire Of Everything – Public Enemy
NOTA: 8,4/10
Ainda naquele mesmo ano de 2012, chega outro disco, sendo uma continuação do anterior e com um pouco mais de complexidade. Lançado poucos meses após o Most of My Heroes Still Don't Appear on No Stamp, que focava em homenagear figuras importantes da luta social, este disco tinha o conceito de se concentrar em criticar os males sistêmicos da sociedade moderna, como racismo, desigualdade e corrupção. A produção foi exatamente a mesma, diferenciando-se apenas nas questões dos beats, que ficaram mais agressivos e com samples e arranjos ainda mais complexos, criando um ambiente sonoro que reflete a urgência e a intensidade das mensagens nas letras. Além disso, mostrou que a sonoridade moderna não influenciou aquele som característico pelo qual todos conhecem o grupo. Refletindo assim em outro repertório muito bom, que chega a se igualar ao anterior devido às suas canções, como Don’t Give Up the Fight, que tem a participação do Ziggy Marley, filho da lenda Bob Marley, que juntos combinaram Reggae com Hip-Hop com uma total excelência, além de Beyond Trayvon e Riotstarted, com Tom Morello e Henry Rollins (que nem preciso dizer que é uma combinação perfeita), e também as incríveis faixas 1 (PEace) e 2 (resPEct). Um detalhe: esses dois discos foram lançados exclusivamente no iTunes. Sendo um disco ótimo e que é uma boa sequência.
Man Plans God Laughs – Public Enemy
NOTA: 8,7/10
Depois de lançarem dois discos muito bons, eles retornam com Man Plans God Laughs, que é bem diferente de todos os trabalhos do grupo. Este disco foi lançado em um período de intensa agitação social e política nos Estados Unidos, com movimentos como Black Lives Matter ganhando destaque (lembrando que desde essa época ele já existia). O Public Enemy, mais uma vez, decidiu fazer um disco complexo e com muitas críticas sociais intensas. Isso já é mostrado no título do álbum, que é uma adaptação de um provérbio yiddish, refletindo a ideia de que, apesar dos planos humanos, o destino ou forças superiores têm a palavra final. A produção do álbum foi liderada por Gary G-Wiz e Carl Ryder, que deixaram a sonoridade do álbum compacta e concisa em comparação com trabalhos anteriores, com faixas mais curtas e diretas, sendo esse o grande diferencial. Além disso, a sonoridade, por mais que fosse aquele Hip-Hop/Rap de sempre, tem uma junção de elementos como Trance e Crunk, que combinaram em um som diversificado que complementa as letras incisivas e politizadas do grupo, mostrando que era exatamente isso que eles queriam buscar em Revolverlution e New Whirl Odor. Já o repertório é muito bom e carregado de várias críticas políticas diretas, como No Sympathy From The Devil, Me to We, Those Who Know, Know Who, e Earthizen, além das complexas Give Peace a Damn e Corplantationopoly. Em suma, é uma obra bem legal e um dos trabalhos mais complexos do Public Enemy.
Nothing Is Quick in the Desert – Public Enemy
NOTA: 5/10
Dois anos depois, chega outro disco do Public Enemy, porém completamente o contrário da proposta do seu antecessor. O álbum foi lançado em comemoração aos 30 anos do grupo, e o título sugere a ideia de que, assim como no deserto, as mudanças significativas na sociedade não acontecem rapidamente. Esse trabalho refletia as contínuas preocupações do Chuck D com questões de desigualdade, racismo e opressão, porém de um jeito um pouco mais incisivo. A produção do álbum foi liderada especificamente por ele, além de ter contado com outras colaborações, sendo mais um álbum sem a presença do Gary G-Wiz. Eles decidiram fazer uma sonoridade que relembrasse o Hip-Hop clássico e os elementos eletrônicos tradicionais, deixando de fora todo aquele conceito que deu certo em Man Plans God Laughs. Porém, o resultado foi uma produção confusa e que pecava na questão do direcionamento dos arranjos. Com um repertório que, por mais que seja interessante, aparenta vários erros contidos em muitas faixas que são genéricas e muito abaixo do esperado, como Smash the Crowd, que tem feats do Ice-T e PMD do grupo EPMD, além de So Be It, Toxic e Feels Like Teens Hear It. Mas há algumas músicas boas, como sPEak, Yesterday Man e Rest in Beats (Part 1 & 2), que é um tributo a figuras importantes da música e da luta pelos direitos civis que já faleceram. Enfim, é mais um disco cheio de irregularidades e que mostrava uma dúvida: se o grupo não funcionava sem o Gary G por trás, mas isso seria mudado no disco seguinte.
Loud Is Not Enough – Enemy Radio (Public Enemy)
NOTA: 8/10
Em 2020, foi lançado um trabalho paralelo do Public Enemy intitulado Enemy Radio, com o disco Loud Is Not Enough. E por que estou falando disso? Porque isso foi meio que um preparativo para o próximo álbum do grupo. O Enemy Radio consiste em Chuck D, DJ Lord, Jahi e os S1Ws, mantendo a essência do Public Enemy, mas explorando novas direções musicais e líricas. Este álbum foi lançado durante um período de intensa agitação social e política nos Estados Unidos, com protestos contra a brutalidade policial e o racismo sistêmico (muito por conta do caso George Floyd). A produção foi feita novamente por Chuck D, que insistiu em batidas pesadas, samples ricos e uma abordagem agressiva e direta. Chuck e Jahi lideraram as composições, enquanto DJ Lord ofereceu uma mistura de scratches e beats que complementam a mensagem poderosa do álbum. Foi nesse momento que Chuck provou que ele sabia muito bem produzir um disco de forma direta e mostrando que o grupo conseguia se provar mesmo sem o Gary-G Wiz. E no repertório, eles acertaram bastante. É muita música boa desde seu começo com 2020, STD (Slavery Transmitted Disease) e Born Woke, além das incríveis Man Listen e Last Stand Caravan, que relembram os refrões contidos nas músicas do Fear of a Black Planet. Enfim, por mais que seja um trabalho à parte, ele é muito bom.