terça-feira, 24 de setembro de 2024

Analisando Discografias - Ultraje a Rigor e Frank Sinatra (RA: XLI)

                          

Por quê Ultraje a Rigor? – Ultraje a Rigor





















NOTA: 7/10


Pouco tempo depois, a banda retornou com mais um álbum novo, que desta vez não continha material inédito. Após a relevância que o disco anterior conseguiu causar, a grande mídia já tinha perdido o interesse no Ultraje, até porque eles estavam numa fase de extrema decadência, além de o desgaste entre os membros já ser evidente. Com tudo isso, eles decidiram lançar um álbum de covers, feito para relembrar as influências mais antigas deles antes de ficarem famosos. Esse trabalho foi produzido por Paulo Junqueira e pelo próprio Roger. Mais uma vez, seguiram uma abordagem mais crua, refletindo a energia e a simplicidade características do Punk Rock, além, é claro, de várias influências da New Wave. O fato é que eles queriam fazer algo mais diversificado e todo o conceito foi muito bem elaborado, o que conseguiram pôr em prática. O repertório é muito bom, e foi difícil de montar, já que tinham 100 faixas covers e, no final, definiram um número de 16 faixas. Os covers mais legais são I Wanna Be Your Man dos Beatles, Walk Right Back dos Everly Brothers e Os Sete Cabeludos do Roberto Carlos, mas houve alguns que não ficaram bons, como El Cumbanchero de Rafael Hernández e Runaway do Del Shannon. Além disso, há apenas uma música inédita, Mauro Bundinha, que foi feita para tirar sarro de um amigo deles e curiosamente ficou uma ótima canção. Enfim, esse disco é muito interessante e bem descontraído.

Ó! – Ultraje a Rigor 





















NOTA: 8/10


Mais um tempo se passou, e o Ultraje a Rigor lançou seu 5º álbum, intitulado Ó, sim, apenas isso, nada muito chamativo. Após o último trabalho de covers, houve uma completa mudança no Ultraje, porque o baterista Leôspa, após se casar, já não estava muito afim de ensaiar e viajar, então ele vazou. O Sergio Serra saiu para montar sua própria banda, e o baixista Mauricio Defendi saiu de forma toda confusa. Pode-se dizer que a banda poderia ter acabado, mas isso não aconteceu, pois o Roger remontou o Ultraje com novos membros que eram Heraldo Paarmann, Flavio Suite e Serginho. Tudo parecia estar em seu devido lugar, só que havia um problema a relação da banda com a gravadora Warner não estava nada boa. Mais uma vez, o Roger produziu esse disco e fez um trabalho muito bom, considerando que teve que ser feito às pressas e com um baixo orçamento. Mesmo assim, ele deixou o som refinado e a sonoridade, apesar de seguir aquele lado meio New Wave, tinha muitas influências do Rock alternativo. O repertório é muito bom e inclui várias canções interessantes, como Ah, se eu fosse homem... que apresenta um questionamento de estereótipos de gênero, Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, que contém muita crítica social, e uma versão puxada para a bossa nova do hit Inútil. Além de outras canções sensacionais, como a sarcástica O Fusquinha do Itamar e a desabafante A Inveja é uma Merda. No final de tudo, apesar de ser um trabalho muito bom, acabou sendo completamente ignorado.

Os Invisíveis – Ultraje a Rigor 





















NOTA: 8,8/10


Após nove anos sem nenhum trabalho novo, o Ultraje a Rigor retorna com seu álbum Os Invisíveis, que mostrava a banda diferente. Após o último disco não ter tido uma boa vendagem e muito menos divulgação, além da treta com a Warner, que lançou uma coletânea muito antes contra a vontade do Roger, o vínculo entre eles acabou se encerrando. A banda só voltou a aparecer em 1999, primeiramente com seu álbum ao vivo, depois com a entrada do lendário baixista Mingau no lugar do Serginho. Eles se apresentaram junto com o Ira! na edição do Rock in Rio de 2001. Teve mais uma mudança de formação com a entrada do baterista Bacalhau e o retorno do Serginho. Agora, com uma nova gravadora independente e com novos ânimos, era hora de fazer mais um trabalho. O álbum foi produzido pelo Rafael Ramos, com muitas colaborações do Roger. A produção foi feita de forma independente, refletindo a maturidade artística do grupo e a liberdade criativa que buscaram após anos de estrada. Além de ter uma sonoridade que mais uma vez era influenciada pelo Punk Rock, Rock alternativo e com muitas puxadas para o lado do Surf Rock (o que é evidente na capa). O repertório é excelente, com muitas músicas legais como Esta Canção e Domingo Eu Vou Pra Praia, além das sensacionais faixas I’msorry, que tem uma vibe swingada, Me Dá um Olá e Agora É Tarde, que são bem chicletudas. Fora que os instrumentais também são muito bons. No fim, é um disco muito interessante e certamente é um dos mais legais da banda.

Por quê Ultraje a Rigor?, Vol. 2 – Ultraje a Rigor





















NOTA: 7/10


Após bastante tempo, em 2015, o Ultraje a Rigor lançou seu último álbum até o momento, que é o volume 2 do Por Quê Ultraje a Rigor?. Depois de 13 anos sem nenhum lançamento novo, eles enfim retornaram. Nesse intervalo, aconteceram várias coisas, como o lançamento do seu Acústico MTV. Em seguida, eles deixaram a gravadora Deckdisc para lançar um projeto novo de músicas gratuitas. Depois, começaram a servir de banda de apoio para talk shows, primeiramente no programa Agora é Tarde da Band, e depois no The Noite com Danilo Gentili no SBT, onde estão até hoje. Além disso, o guitarrista Serginho saiu da banda novamente, sendo substituído por Marcos Kleine. A produção do álbum em si contém uma simplicidade, mas tudo foi feito de forma muito bem elaborada. A sonoridade, além de polida, apresenta algumas sofisticações, alternando entre o Punk Rock e elementos que até remetem ao Rock Clássico. Quanto ao repertório, ele é basicamente composto de covers, mas todas as faixas, sem exceção, são instrumentais, e todas ficaram coesas e muito bem executadas. Exemplos disso são Rawhide, Arnold Layne do Pink Floyd, Walk Don’t Run do The Ventures e The Rise and Fall of Flingel Bunt. No entanto, as que mais se destacam são La Cumparsita e Perfidia. Por sinal, até o tema de abertura do The Noite está presente no álbum. No final das contas, o último álbum deles é muito bom e, em resumo, a discografia da banda é muito agradável, danda para ouvir sem preconceito.

The Voice of Frank Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


Agora vamos voltar quase 80 anos atrás, quando Frank Sinatra lançava o seu primeiro álbum de estúdio. Lançado em 1946, este foi o primeiro trabalho do jovem Frank Sinatra, que antes disso havia participado de um quarteto, sido preso por sedução, e só no início daquela década começou a ganhar destaque, devido ao seu trabalho com a big band de Tommy Dorsey. Este álbum marcou uma mudança significativa, apresentando-o como um artista sério, com um foco em baladas românticas que destacavam sua voz suave e expressiva. Uma curiosidade é que este é um dos primeiros álbuns de 78 rotações da música popular, dividindo-se em quatro discos de 78 RPM, cada um contendo duas canções. A produção foi extremamente cuidadosa e inovadora para a época. O álbum foi arranjado e conduzido por Axel Stordahl, que já havia trabalhado com Sinatra durante seus anos com a banda de Tommy Dorsey. Stordahl trouxe um estilo orquestral luxuoso e sofisticado, que contrastava com os sons mais enérgicos das big bands da época. As orquestrações são suaves e elegantes, com uso extensivo de cordas, criando um cenário sonoro perfeito para a interpretação vocal de Frank Sinatra. O repertório é bem interessante e já apresenta uma ótima ordenação. As canções que mais se destacam são These Foolish Things, I Don’t Know Why, Try a Little Tenderness e Someone to Watch Over Me, todas elas muito bem interpretadas. Enfim, o disco de estreia de Sinatra é sensacional, sendo esse apenas o primeiro de muitos.

Songs by Sinatra, Volume 1 – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


No ano seguinte, Frank Sinatra lançou seu 2º disco, intitulado Songs by Sinatra, Volume 1, que era uma continuação de sua estreia. Naquela época, Sinatra já havia solidificado sua reputação como um dos maiores crooners do mundo, com um estilo vocal inconfundível e uma habilidade incrível para interpretar baladas românticas. Este álbum captura o quanto que ele já era conhecido como "The Voice" e estava no auge de sua popularidade entre as muitas vezes chamadas de bobby-soxers (termo utilizado para descrever as fãs adolescentes loucamente entusiasmadas da música Pop tradicional dos anos 40). O álbum foi produzido e arranjado novamente por Axel Stordahl, e é importante lembrar que foi feito em uma época em que as gravações eram realizadas em mono e a qualidade sonora era limitada pelas tecnologias da época. No entanto, as gravações de Frank Sinatra se destacam pela clareza de sua voz e pela orquestração luxuosa que acompanhava suas performances. A produção, apesar de simples pelos padrões modernos, é refinadíssima. Refletindo sobre mais um ótimo repertório, as canções mais uma vez se conectam e foram bem interpretadas, como How Deep is the Ocean?, She’s Funny That Way, All the Things You Are e a sensacional Embraceable You. Todas as faixas basicamente mantêm a semelhança com o trabalho anterior. Enfim, é mais um disco muito bom que, pelo menos, não se tornou uma consequência que escorou no sucesso de seu antecessor.

Christmas Songs by Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 8/10


No final do ano de 1948, Frank Sinatra lançou seu terceiro álbum de estúdio, desta vez composto por músicas natalinas. Este trabalho já havia começado a ser gravado anteriormente, em diferentes sessões durante os anos 1940, quando Sinatra ainda estava na Columbia Records (todos os álbuns anteriores foram lançados por esse selo). Vale lembrar que, naquela época, era muito comum os discos temáticos de Natal, já que estavam se tornando populares nos Estados Unidos, impulsionados pelo desejo de proporcionar uma trilha sonora para as festividades. E era muito claro que Sinatra, que já era muito popular, precisava lançar um trabalho voltado para esse meio. A produção novamente contou com Axel Stordahl, um colaborador frequente do cantor, que mais uma vez incorporou arranjos orquestrais exuberantes e ricos, complementando a voz suave e expressiva de Sinatra. A sonoridade do Pop tradicional consegue capturar a essência do Natal através de sua produção clássica, com cordas, metais e coros que evocam uma sensação de nostalgia e conforto. Como mencionado, o repertório contém apenas músicas natalinas, sendo que a mais bem interpretada foi a clássica Jingle Bells, que traz um clima muito suave, mas também há outras canções que merecem destaque, como Silent Night, White Christmas e It Came Upon a Midnight Clear. No fim, é um disco muito legal e que vale a pena escutar (eu sei que não estamos no Natal, mas por que não fazer as coisas antes da hora?).

Frankly Sentimental – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,4/10


Mais um ano se passou, e chega mais um álbum de Frank Sinatra, agora retornando ao seu lado tradicional. Esse álbum foi lançado em um momento em que Sinatra estava consolidando sua carreira solo, após o grande sucesso que havia obtido nos anos anteriores. Ele já era uma figura icônica na música popular americana, mas estava em uma fase em que explorava mais profundamente canções de baladas e standards, consolidando sua reputação como um dos maiores intérpretes de sua época. Durante esse período, o cantor estava interessado em gravar músicas que refletissem o lado mais melancólico e introspectivo do amor. A produção foi a mesma de sempre, com Stordahl, que já havia se tornado um colaborador frequente e confiável do cantor. A produção do álbum reflete uma abordagem mais introspectiva, com arranjos orquestrais suaves que acentuam o caráter melancólico das canções, e uma mixagem que destaca a precisão da interpretação de Sinatra, mantendo o foco em sua voz enquanto os arranjos orquestrais servem como um pano de fundo delicado e envolvente. Novamente, o repertório é muito bom, e as canções mais interessantes foram One for My Baby e It Never Entered My Mind, que podemos dizer que são duas baladas que chegam a ser até modernas. Além delas, há também ótimas canções como Body and Soul e Laura (a música tema do filme de 1944 com o mesmo nome). Enfim, apesar de ser um trabalho muito bom, ele acabou sendo completamente injustiçado.

Delicated to You – Frank Sinatra  





















NOTA: 8,2/10


Indo para os anos 50, Frank Sinatra faz desse um ano bem produtivo, lançando Dedicated to You, mais uma continuação daqueles mesmos temas. Como já sabemos, Sinatra estava explorando uma ampla gama de baladas românticas, o que o consolidou como o "crooner" definitivo da época. Esse álbum segue a mesma linha, sendo uma coleção de canções que o cantor meio que dedica ao ouvinte, com um toque de intimidade e pessoalidade. Só que, naquela época, ele já estava vivendo o ponto mais baixo de sua carreira, envolvendo a morte do publicitário George Evans em janeiro de 1950, que foi crucial para sua carreira. Sua reputação estava em um declínio absurdo quando surgiram relatos, em fevereiro, de seu caso com Ava Gardner e da destruição de seu casamento com Nancy, por mais que ele tenha dito que o casamento com ela já havia acabado. Mas, enfim, a produção foi a mesma, só que estava em um clima bastante caótico. Porém, todo o trabalho de Axel Stordahl foi pensado para destacar a clareza e a pureza da voz de Frank Sinatra, com arranjos que são, ao mesmo tempo, simples e sofisticados, proporcionando um fundo perfeito para as baladas românticas contidas. O repertório é bem legal, e as canções, além de interessantes, têm um lado introspectivo, demonstrado em faixas como The Moon Was Yellow, Always e Strange Music. Enfim, é um disco que, apesar de caótico, é um ótimo trabalho.

Sing and Dance with Frank Sinatra – Frank Sinatra 





















NOTA: 8,8/10


E quase faltando dois meses para o fim de 1950, Sinatra lança mais um disco, Sing and Dance with Frank Sinatra, que trazia muitas novidades. Isso porque sinaliza uma transição no estilo do cantor, afastando-se das baladas mais melancólicas e introspectivas e optando por um lado mais animado e dinâmico, centrado em canções que não apenas celebram o romance, mas também convidam o ouvinte a dançar. Na época, Sinatra enfrentava dificuldades em sua carreira, com o declínio de sua popularidade. Além disso, ele havia sofrido um problema na voz que o impediu de se apresentar na boate Copacabana, em Nova Iorque, e as dificuldades financeiras eram tão perceptíveis que ele teve que pedir dinheiro à Columbia para pagar seus impostos atrasados. Mais uma vez, a produção esteve a cargo de Axel Stordahl, com arranjos orquestrais que diferem significativamente das baladas anteriores de Sinatra. Em vez dos arranjos mais lentos e orquestrais, Stordahl adotou uma abordagem mais animada e voltada para o swing. A orquestração é muito mais rítmica, proporcionando uma base energética que complementa a entrega vocal do cantor. O repertório é incrível, com canções muito legais como Lover e The Continental, além de faixas muito energéticas como It’s Only a Paper Moon, It All Depends on You e When You’re Smiling. No final, é um álbum muito interessante e que foi muito importante para a carreira de Frank Sinatra, apesar daqueles problemas.
 

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