domingo, 6 de outubro de 2024

Analisando Discografias - Cannibal Corpse e Sepultura *Extra do Public Enemy e Yunk Vino (RA: LI)

                 

A Skeletal Domain – Cannibal Corpse





















NOTA: 8,3/10


Dois anos se passam, e a banda lança seu 12º trabalho, A Skeletal Domain, que traz pequenas mudanças. Após o último álbum ter sido muito fraquinho e com muitos erros, eles decidiram trocar várias coisas, principalmente na concepção de seu futuro álbum, já que continuavam a se expandir no cenário, equilibrando brutalidade com técnica refinada. Este disco quis trazer uma abordagem ligeiramente mais moderna em termos de produção e composição, mas sem sacrificar a essência da banda. Dessa vez, Mark Lewis produziu o álbum, deixando Erik Rutan de lado, ele decidiu criar um trabalho mais balanceado, permitindo que cada instrumento fosse ouvido com clareza e impacto. As guitarras de Pat O’Brien e Rob Barrett estão muito mais técnicas, o baixo de Alex Webster é sólido, e a bateria de Paul Mazurkiewicz está mais articulada. O foco de Lewis foi na definição sonora, sem perder o peso brutal característico da banda. Basicamente, eles criaram uma sonoridade muito mais polida, mas que funcionasse para equilibrar todo aquele ritmo cadencioso da banda. O repertório é bastante interessante, trazendo canções mais precisas como High Velocity Impact Spatter, Kill or Become e Funeral Cremation, além, é claro, de Asphyxiate to Resuscitate, que é bastante dinâmica. Porém, as canções que mais se destacam são Sadistic Embodiment e Icepick Lobotomy, por conta dos seus riffs intensos. No final de tudo, é um ótimo trabalho deles, porém muito subestimado.

Red Before Black – Cannibal Corpse 





















NOTA: 9/10


Depois de algum tempo, a banda lança seu 14º álbum, o Red Before Black, que trouxe muita consistência. Após A Skeletal Domain, que apresentou um som polido, com uma produção um pouco mais refinada, mas ainda brutal, esse novo trabalho decidiu retornar com aquela energia insaciável e um compromisso inabalável com seu som brutal. Além disso, a banda voltou a trabalhar com Erik Rutan, que foi escolhido novamente devido à sua capacidade de capturar a essência brutal da banda. O trabalho da produção, como um todo, trouxe uma abordagem focada em destacar a performance crua da banda sem comprometer os detalhes da mixagem. Aqui, os vocais de Corpsegrinder são contundentes, com seu estilo gutural característico. Os riffs das guitarras de Rob Barrett e Pat O'Brien soam nítidos e incisivos, enquanto Alex Webster e Paul Mazurkiewicz exibem técnica impressionante no baixo e na bateria, respectivamente, fazendo coisas inacreditáveis. Apesar de todo o balanceamento, é possível sentir a entrega de cada um dos integrantes. O repertório é excelente, e as canções seguem um caminho mais agressivo, como se nota em Only One Will Die, Firestorm Vengeance e Destroyed Without a Trace. Há também outras faixas que levam a brutalidade a um nível ainda maior, como Code of the Slashers, Heads Shoveled Off, In the Midst of Ruin e, claro, a faixa-título, que são sensacionais. No final, é um baita disco e um trabalho muito interessante.

Violence Unimagined – Cannibal Corpse 





















NOTA: 8,6/10


O tempo passou, e, depois de quatro anos, o Cannibal Corpse retorna com Violence Unimagined. Nesse novo trabalho, a formação da banda passou por uma mudança com a inclusão de Erik Rutan como guitarrista. Vale lembrar que ele ainda continuava com sua banda Hate Eternal e também seria a mente por trás desse disco. Ele veio para substituir temporariamente Pat O’Brien após uns incidentes pessoais, mas sua chegada teve um impacto imediato, já que foi uma surpresa e trouxe uma expectativa de algo novo e técnico, considerando sua expertise tanto como guitarrista quanto como produtor. Como mencionado, Rutan produziu este álbum e, mais uma vez, trouxe uma clareza impressionante sem sacrificar a brutalidade característica. As guitarras soam complexas, o baixo de Alex Webster tem um peso e uma presença poderosos, enquanto a bateria de Paul Mazurkiewicz, embora tecnicamente eficiente, é totalmente precisa. Assim, toda a sonoridade é extremamente equilibrada, emulando aquele lado brutal e, ao mesmo tempo, técnico do Death Metal. O repertório é muito interessante, e as canções seguem por um lado mais denso, como é o caso de Necrogenic Resurrection, Surround, Kill, Devour, Slowly Sawn e a curtinha Overtorture. No entanto, as que mais se destacam são Murderous Rampage, Inhumane Harvest e Follow the Blood, que são devastadoras. Enfim, é um ótimo disco da banda, apesar de ser um pouco mais cadenciado.

Chaos Horrific – Cannibal Corpse





















NOTA: 8/10

E então chegamos ao último trabalho da banda, lançado no ano passado, o Chaos Horrific, que trouxe poucas mudanças. Após o Violence Unimagined, que foi para um lado mais balanceado. Após tudo aquilo, Erik Rutan substituiu definitivamente Pat O'Brien, e sua adição trouxe uma nova energia e técnica, sendo a peça que manteve o Cannibal Corpse afiado. A expectativa para esse novo trabalho era grande, não apenas por ser um álbum pós-pandemia, mas também porque havia a premissa de ser um pouco mais diferenciado que seu disco anterior. A produção foi novamente liderada por Erik Rutan, trazendo, mais uma vez, aquela clareza rara no Death Metal, permitindo que cada instrumento seja ouvido em toda sua brutalidade, sem que o caos sonoro se torne confuso, diferentemente do Torture. Porém, há muita coisa diferente, como as guitarras estarem mais afiadas e cortantes e as linhas vocais do Corpsegrinder estarem mais ferozes e imponentes, soando ainda mais intensas graças à clareza de toda a sonoridade. Atingindo um nível técnico altíssimo, o álbum reflete tanto a experiência de Rutan quanto a maturidade da banda. O repertório é ótimo, com toda aquela brutalidade, mas um pouco mais intenso em faixas como Overlords of Violence, Frenzied Feeding e na faixa-título. Ao mesmo tempo, o álbum vai para um lado mais técnico em músicas como as excelentes Blood Blind e Pestilential Rictus. No final das contas, é um álbum bem legal, apesar de ser uma continuação de seu antecessor.

He Got Game – Public Enemy 





















NOTA: 9,3/10


Bem, faltou apenas mencionar o outro trabalho que o Public Enemy lançou em 1998, o seu 6º álbum de estúdio, o He Got Game (acabei pulando sem querer). Além de ser mais um disco do grupo, ele serviu como trilha sonora do filme de mesmo nome, dirigido por Spike Lee e estrelado por Denzel Washington. Este álbum foi lançado em um período em que o Hip Hop/Rap estava passando por transformações. A era de ouro já havia passado, e o gênero estava se diversificando, tanto em termos de som quanto de conteúdo. Naquele intervalo de quatro anos, após terem lançado seus álbuns mais clássicos, eles voltaram a trabalhar com a Bomb Squad e também tiveram o retorno do Professor Griff. Esse álbum veio com uma expectativa e a tarefa de se alinhar com a mensagem do filme. A produção do álbum ficou majoritariamente nas mãos de Chuck D e da Bomb Squad, e a sonoridade é carregada com uma energia mais suave em comparação aos trabalhos anteriores do grupo, refletindo a temática do filme, mas mantendo a assinatura crítica e consciente. Os samples são dinâmicos, puxando para o Rock e o Funk (logicamente o americano). O repertório é excelente, e as canções são muito interessantes, cheias de críticas, como em Unstoppable, What You Need Is Jesus e House Of The Rising Son, mas as que mais se destacam são, logicamente, a clássica faixa-título e a energética Go Cat Go. No fim, esse trabalho é incrível, apesar de não ter tido grande sucesso comercial.

M.A.D 2 – Yunk Vino 





















NOTA: 8,8/10


Falando agora da nova mixtape lançada pelo Yunk Vino, que veio como a continuação da mix anterior, algo que fica claro no título Meu Amigo Diário, Vol. 2. O rapper vinha conquistando cada vez mais notoriedade na cena urbana desde seus primeiros lançamentos. Continuando com aquela estética visual forte e um flow característico, ele se destacou pela sua versatilidade em mesclar referências globais e nacionais. O volume 1 foi uma peça-chave para colocar o Vino em destaque na cena, pois o contexto dessas mixtapes era mostrar seu amadurecimento como artista e em sua vida pessoal. A produção contou, mais uma vez, com um monte de gente, os que mais apreceram foram Stuani, Neckklacke e Bvga Beatz, além de outros como Nagalli e Kenji. Todos seguiram a linha moderna do Trap, mas adicionaram camadas mais densas, com beats que exploram texturas mais atmosféricas e uma mistura de elementos melódicos e graves pesados. Toda a sonoridade é precisa e polida, criando uma experiência imersiva e totalmente conectada. O repertório novamente ficou muito bom, e algumas canções seguem um lado mais Hard, como Eu vs Me, além das excelentes US! e Get It. O uso do Plug é frequente em outras faixas, como Dueto, She Said No Words e a sensacional DVD, que conta com a ótima participação do Ryu, the Runner. Tudo aqui ficou muito coeso. No fim, apesar de o volume 1 ter sido melhor por ser mais reflexivo, a continuação ficou muito bem-feita.

Morbid Visions – Sepultura 





















NOTA: 8/10


Depois de lançarem seu primeiro trabalho no formato de EP, o Sepultura, no ano seguinte, acabou lançando o seu primeiro álbum, o Morbid Visions. Após o lançamento do Bestial Devastation, um trabalho que já dava indícios da inclinação deles para o Metal extremo, com influências de Venom, Slayer, Hellhammer e Celtic Frost, o contexto em que o Sepultura surgia era o de uma cena brasileira efervescente no Metal, apesar de todas as dificuldades de produção, equipamentos precários e a falta de apoio da indústria. A produção feita pela banda junto com Zé Luis, no estúdio Estúdios Vice Versa, em Belo Horizonte, acabou resultando em uma sonoridade abafada, com pouca clareza nos instrumentos, o que acabou sendo uma característica charmosa para fãs de Metal extremo, mas uma limitação técnica comparada aos padrões atuais. A bateria do Igor Cavalera, por exemplo, soa distante e pouco precisa em vários momentos, enquanto as guitarras de Max Cavalera e Jairo Guedz são cortantes, mas carecem de nitidez. Apesar de ter sido mal gravado, os temas abordados acabaram se encaixando com toda aquela pegada de Thrash Metal misturada com Death Metal e Black Metal. O resultado foi um repertório interessante, com algumas canções notáveis, como Troops of Doom, War e Funeral Rites, mas também tem algumas músicas sem graça, como Mayhem e Crucifixion. Em suma, apesar de ter sido mal gravado, é um bom disco (e olha que isso é raro de acontecer).

Schizophrenia – Sepultura 





















NOTA: 9/10


No ano seguinte, o Sepultura lança seu 2° álbum, o Schizophrenia, que veio com pequenas mudanças. Após o lançamento do álbum de estreia, a banda estava em transição, pois teve que lidar com a saída de Jairo Guedz. Em seu lugar entrou Andreas Kisser, que trouxe uma nova dimensão, algo que seria crucial na evolução do som da banda. O Sepultura, já começando a atrair atenção no cenário do Metal underground, buscava um som mais técnico e variado, em comparação com o estilo mais rudimentar do primeiro álbum. A produção foi feita por Tarso Senra junto com a própria banda. Dessa vez, a sonoridade é mais refinada, mas ainda mantém aquele lado mais cru. Além disso, eles se aproximaram mais do Thrash Metal, afastando-se um pouco do Death Metal. A qualidade ficou bem melhor que a do seu antecessor. A mixagem realça o som cortante das guitarras, o vocal abrasivo de Max Cavalera e a bateria precisa de Igor Cavalera. A adição de Kisser na guitarra trouxe riffs mais técnicos e solos inspirados na cena americana, que ajudaram a moldar a sonoridade característica da banda. O repertório ficou sensacional, e as canções são todas muito pesadas, como To the Wall, Escape to the Void e Septic Schizo, que são incríveis, além de outras músicas muito boas como From the Past Comes the Storms, R.I.P. (Rest in Pain) e a ótima faixa instrumental Inquisition Symphony. No final de tudo, é um baita disco, que se tornou um clássico do Metal nacional.

Beneath the Remains – Sepultura  





















NOTA: 9,6/10


Dois anos se passam, e o Sepultura lança o clássico Beneath the Remains, que vem cheio de grandiosidade. Após o Schizophrenia, que ajudou a estabelecer a reputação da banda na cena underground do Metal extremo, os dois primeiros discos, apesar de trazerem a crueza e agressividade típicas do Thrash e Death Metal, ainda mostravam uma banda em desenvolvimento. No entanto, foi após o lançamento do último álbum que eles despertaram a atenção da Roadrunner Records. Com o apoio da nova gravadora, o Sepultura teve a oportunidade de gravar esse álbum e alcançar maior divulgação fora do Brasil. A produção foi feita por Scott Burns, o renomado produtor da cena Death Metal da Flórida. Mesmo com um orçamento baixíssimo, a presença de Burns garantiu uma qualidade de produção muito superior à dos álbuns anteriores. Ele foi fundamental para capturar o som pesado, denso e técnico da banda, aprimorando a clareza dos instrumentos, especialmente a bateria de Igor Cavalera, sem perder a agressividade que caracterizava o som deles. O repertório é espetacular, começando com dois clássicos, que são a faixa-título e a lendária Inner Self, além de outras canções sensacionais como Sarcastic Existence, Slaves of Pain e Primitive Future. No remaster de 1997, eles incluíram um ótimo cover em inglês da canção A Hora e a Vez do Cabelo Nascer dos Mutantes. Enfim, esse disco é maravilhoso e um clássico do Thrash Metal.

Arise – Sepultura 





















NOTA: 9,9/10


Indo agora para Arise, que foi basicamente ainda mais agressivo que o álbum anterior. Após lançarem o clássico Beneath the Remains, que lhes deu reconhecimento fora do Brasil, o Sepultura se encontrou sob grande expectativa para o próximo lançamento. Eles quiseram expandir seu som, buscando ser mais do que apenas uma banda de Metal extremo tradicional. Este álbum também reflete uma maior maturidade nas letras, que se afastam um pouco dos temas de destruição apocalíptica e abordam questões mais amplas, como religião, política e controle social. Novamente, a produção ficou a cargo de Scott Burns, e eles foram gravar na Flórida, onde tiveram mais recursos técnicos e a oportunidade de trabalhar com equipamentos de ponta. Soando mais polido que seus antecessores, além de trazer uma sonoridade que ainda tinha bastante Thrash Metal, eles incorporaram elementos do Death Metal, influências industriais e até experimentações com percussão tribal, que se tornariam mais evidentes em trabalhos futuros. Mais uma vez, o repertório é magnífico, e já no início começa com a clássica faixa-título, seguida por Dead Embryonic Cells e Desperate Cry, que são sensacionais, além de outras como Altered State e Meaningless Movements. Não posso esquecer da faixa bônus, que é o cover de Orgasmatron do Motörhead, que ficou tão bom quanto a original. No fim, esse trabalho é mais um clássico da banda, mostrando o quanto a banda mineira estava voando.
  

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